Poesias Fáceis de Decorar de Mário Quintana

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Meu Deus, por que será que nos sentimos tão culposos diante desse olhar interrogativo que nos lançam, às vezes, os cães? Mas culposos de quê?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Talvez a poesia não passe de um gênero de crônica, apenas: uma espécie de crônica da eternidade.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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As lagartas não podem acreditar na lenda das borboletas – tão antiga entre o seu rastejante e esforçado povo... mas sua felicidade consiste em relembrar, às vezes, o absurdo e maravilha desse velho sonho: o de se transformarem, um dia, em borboletas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Não se devia permitir nos relógios de parede esses ponteiros que marcam os segundos: eles nos envelhecem muito mais que o ponteiro das horas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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E chegará um tempo em que os militares inventarão um projétil tão perfeito, mas tão perfeito mesmo, que dará volta ao mundo e os pegará por trás.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Os sonhos têm luz própria, uma luz que não vem de nenhum sol, de nenhuma lua, de nenhum foco. Está em toda parte. Na próxima vez que sonhares, procura ver se o teu vulto projeta alguma sombra. E se a tua imagem se reflete nalgum espelho. Tolice minha! Nos salões do sonho nunca há espelhos...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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O dia passa, a vida continua. E os que pensam que a vida muda com o gosto devem pensar também que o corpo se transforma com as modas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Às vezes, nos dias calmos, apenas se nota uma leve ondulação na relva: são os cavalos do vento que estão pastando.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Livro bom, mesmo, é aquele de que às vezes interrompemos a leitura para seguir – até onde? – uma entrelinha... Leitura interrompida? Não. Esta é a verdadeira leitura continuada.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Um dos motivos que me fazem acreditar em nossa origem extraterrestre é que o homem é o único animal que aprecia olhar os incêndios.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Os extrovertidos são julgados normais. Quanto aos introvertidos, chegam a submetê-los a tratamento. Mas para curá-los de quê? De não poderem ser chatos, como os outros?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Não sou desses que um dia pensam uma coisa e no outro dia pensam outra coisa muito diferente. Eu penso as duas coisas ao mesmo tempo. Duas ou mais. Não tenho culpa de ser ecumênico.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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O que há de terrível nos robôs não é como eles se parecem conosco, mas como nós nos parecemos com eles.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Um dia de chuva é bom para a gente comprar livros de poemas... Quem perguntar por que, de nada lhe adianta comprar um livro de poemas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Não deves acreditar nas respostas. As respostas são muitas e a tua pergunta é única e insubstituível.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Assim devia ser a relação de autor para leitor: uma face nua num espelho límpido. Mas é tão difícil... Ou a face está mascarada ou o espelho embaciado.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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A vida está cheia de interferências indébitas, de acasos estúpidos, de personagens errados que travam conosco desencontrados diálogos de surdos, a vida está atravancada de pormenores inúteis, a vida parece um romance malfeito!

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Com a adição de mais um dia nos anos bissextos – esse indesejado 29 de fevereiro – a gente sempre desconfia que na verdade foi vítima de uma subtração.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Havia um tempo em que o céu mirava-se nos meus olhos e não meus olhos no azul do céu, o que não é nenhuma novidade, porque todo o mundo já passou por essa fase: só tem que nem todos se lembram.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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