Poesias Fáceis de Decorar de Mário Quintana
Pensamento para o teu aniversário
Nem todos podem estar na flor da idade, é claro! Mas cada um está na flor da sua idade.
Aula de filosofia
Eu só te poderia dar uma noção do nada se não tivéssemos nascido. Agora é tarde, é muito tarde, minha filha... Ah, deliciosamente tarde!
Meditação para o dia de Natal
Ah! Aquela confiança que tem uma criança rezando... Inocente confiança. Alegria. Quem é de nós que reza com alegria? Parece que só existe mesmo o Deus das crianças... Deus é impróprio para adultos.
Diálogo inútil
– Mas por que tu não fazes um poema de amor?
– Todos os poemas são de amor.
Alegria
Não essa alegria fácil dos cabritos monteses
Nem a dos piões regirando
Mas
Uma alegria sem guizos e sem panderetas...
Essa a que eu queria:
A imortal, a serena alegria que fulge no olhar dos santos
Ante a presença luminosa da morte!
Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página:
Por isso a palavra escrita é sempre triste...
Interrogações
Nenhuma pergunta demanda resposta.
Cada verso é uma pergunta do poeta.
E as estrelas...
as flores...
o mundo...
são perguntas de Deus.
Descobertas
Descobrir continentes é tão fácil como esbarrar com um elefante:
Poeta é o que encontra uma moedinha perdida...
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Segunda canção de muito longe
Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa…
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas…
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos…
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras…
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!…
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!
As civilizações
As civilizações desabam
por implosão...
Depois,
como um filme passando às avessas
elas se erguem em câmera lenta do chão.
Não há de ser nada...
Os arqueólogos esperam, pacientemente,
A sua ocasião!
Não basta saber amar…
Neste mundo, que tanto mal encerra,
não basta saber amar,
mas também saber odiar,
não só servir a paz, mas também ir para a guerra.
Seguiremos assim o próprio exemplo
de Jesus, que tanto amor pregou na Terra...,
quando Ele,
num ímpeto de cólera,
a relhaço expulsou os vendilhões do templo!
A mudança
A alegre, a festiva agitação das panelas e tachos
A inútil zanga dos velhos armários de mogno, solenes,
Achando tudo aquilo uma grande palhaçada...
As xícaras e pires fazendo tlin-tlin-tlin-tlin
As gaiolas dos passarinhos cantando em coro com os
próprios passarinhos
Oh! a alegria das coisas com aquela mudança
Para onde? Não importa! Desde que não seja
Este eterno mesmo lugar!
Dia 02 de Novembro. Dia de amados.
Hoje eu não vou a cemitérios.
Hoje é o dia que escolhemos para homenagear nossos mortos.
Dia em que muitos se dirigem aos cemitérios, visitam túmulos, os enfeitam, relêem as inscrições nas lápides...
Muitos reservam alguns momentos nesse único dia, para lembrar, aqueles que morreram e já foram esquecidos, acho isso um tanto hipócrita e totalmente desnecessário.
Não que eu também não tenha meus próprios mortos, para lembrar ou revisitar, mas faço isso, no cotidiano, mantendo-os vivos em mim e buscando as referências, de suas vidas, em suas obras...
Hoje eu não vou a nenhum cemitério.
Aos esquecidos, seria desonesto, tal fingimento e aos que mantêm-se vivos em mim ou em suas obras, seria completamente desnecessário.
Não vou a cemitérios.
Tenho pra mim que, assim como, Mario Quintana, aqueles que um dia viveram, não estão lá.
Fragmentos de um tempo
Eu não sou homem (...).
Sou um anjo incompreendido,
Sombra doce do anoitecer,
Um tesouro desnudo... Avulso...
Consumido por um prazer inquietante.
Vou seguindo em frente...
Sou um pássaro simples
Às vezes triste...
Eu volto... Pouso... Canto...
Vejo o tempo cantarolar momentos...
Meus enigmáticos modos... Adoro!
O papel me olho com deboche
Risquei com raiva e medo
Com esse café preto
Aqui no canto esquerdo
Ri e escrevi com zelo
Novamente
Tinta escorrendo livremente
Sem qualquer compromisso
Apenas deprimente
Melancolia novamente
Tudo novamente
Melancolia, Mario Quintana já dizia:
Sofrimento romântico
E eu discordaria?
Apenas entoo o velho cântico
Romântico.
Fantasmas
Vejo pelas vidraças da janela
Na antiga igreja
Um menino a brincar na chuva
Será ele um fantasma?
Pois só um morto
Consegue aproveitar a vida
Que os vivos mataram...
Mario Quintana diz que a amizade é um amor que nunca morre. Eu concordo e penso que é preferivel ter milhões de amigos, penso que o amor, aquele, narcisico, esse, ou melhor a intimidade, ah essa acaba com o amor, antes ser aternos amigos, porque dificilmente um amor acaba em amizade, mais uma amizade será sempre amor!
Mario Quintana certa vez classificou os sonhos como um despertar interno. Digo não importar quais sejam os seus, a verdade é que devem ser perseguidos. Neste dia especial quero compartilhar este momento eternamente mágico e único, princípio de um compromisso cada vez mais raro e esquecido que é a formação de uma família, base de uma sociedade mais humana e digna. Que este sonho mútuo seja copioso, farto de respeito, carinho e dedicação desta contemporânea ligação. Um brinde a esta nova vida, duplicada pela celebração do amor, da confiança, da esperança que nunca deve nos abandonar. Minha irmã Nanda Costa, meu cunhado Joel Olivindo desejo uma caminhada de muita harmonia, paz, sucesso e frutos. Que o acordar interior dessa nova história seja infinitamente feliz e vigorosa, esses são os votos deste irmão que te ama!
Como disse Mario Quintana, "A amizade é um amor que nunca morre". Deixe o gosto de saudades por onde você passar.