Poesias de Robert Louis Stevenson
Se eu fosse um fabricante de livros, faria um registo comentado das diversas mortes. Quem ensinasse os homens a morrer, ensiná-los-ia a viver.
Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas grandes qualidades, mas pelo uso que sabe fazer delas.
Nada há de mais belo e legítimo do que o homem fazer o bem e como deve ser, nem ciência tão difícil do que saber viver esta vida bem e naturalmente; e, de todas as nossas doenças, a mais terrível é desprezar o próprio ser.
O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram mas como deviam ser; e o historiador há-de escrevê-las, não como deviam ser e sim como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade.
O amor, que não é mais do que um episódio na vida dos homens, é a história inteira da vida das mulheres.
Come pouco ao almoço e menos ainda ao jantar, que a saúde de todo o corpo constrói-se na oficina do estômago.
Como a luz numa masmorra faz visível todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza.
Os raios caem sobre os montes mais elevados, e onde encontram mais resistência é onde provocam o maior dano.
Assim como o médico não deixa ver nada das suas apreensões ao seu paciente, da mesma forma o advogado mostra sempre uma fisionomia cheia de esperança ao seu cliente. É um desses casos raros em que a mentira se torna virtude.
Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações - mesmo as boas.
As mulheres vêem tudo ou não vêem nada, segundo as disposições da sua alma: a única luz delas é o amor.
Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.
Não há homem completo que não tenha viajado muito, que não tenha mudado vinte vezes de vida e de maneira de pensar.
O homem honrado nunca jura; contenta-se com dizer: isto é ou isto não é. O seu caráter jura por ele.
A tecnologia moderna é capaz de realizar a produção sem emprego. O diabo é que a economia moderna não consegue inventar o consumo sem salário.
Muitos homens têm um orgulho que os leva a ocultar os seus combates e apenas a mostrarem-se vitoriosos.
Temos na filosofia uma medicina muito agradável, pois, nas outras, sentimos o bem-estar apenas depois da cura; esta faz bem e cura ao mesmo tempo.
A beleza na mulher honesta é como o fogo afastado ou a espada de ponta, que nem ele queima nem ela corta a quem deles se aproxima.
O infortúnio é um degrau para o gênio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco.
Quando não podemos gozar a satisfação da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude.