Poesias de Chico Buarque

Cerca de 168 poesias de Chico Buarque

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim

"Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes.."

"Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão."

Chico Buarque

"Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar. E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar, e nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar"

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mais nem porquê
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

⁠Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da
sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...

Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa...

agora falando sério..
preferia não falar
nada que distraísse o sono difícil,
como acalanto
eu quero fazer silêncio
um silêncio tão doente do vizinho reclamar
e chamar polícia e médico e o síndico do meu prédio pedindo para eu cantar..

Seis da tarde
Como era de se esperar
Ela pega
E me espera no portão
Diz que está muito louca
Prá beijar
E me beija com a boca
De paixão...

Inserida por usuario270136

Prometo te querer
até o amor cair doente, doente.
Prefiro, então, partir
a tempo de poder
a gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder, te encontro
com certeza.
Talvez, num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada, nada aconteceu;
apenas seguirei, como encantado,
ao lado teu.

Inserida por rogermello

....E AO LHE VER ASSIM CANSADO
MALTRAPILHO E MALTRATADO
AINDA QUIS ME ABORRECER....
QUAL O QUE....
LOGO VOU ESQUENTAR SEU PRATO
DOU UM BEIJO EM SEU RETRATO
E ABRO MEUS BRAÇOS PRA VOCÊ....

Inserida por nazare5

Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

Inserida por SabrinaNiehues

“Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado.”

Inserida por karlacosta

Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
E ela sempre se perguntava qual era o problema
Amava muito?
Sofria muito?
Sentia muito.
Vovó a colocou no colo e explicou a situação:
Amar não é problema
As pessoas são.

Inserida por usuario507722

Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Inserida por katiacristinaamaro

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia...

Inserida por katiacristinaamaro

Dorme, minha pequena
Não vale a pena despertar

Eu vou sair por aí afora
Atrás da aurora mais serena

Chico Buarque

Nota: Trecho da música Acalanto.

Inserida por pensador

E um dia, afinal,
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava Carnaval

Chico Buarque
Trecho da música Vai passar.
Inserida por pensador

Não solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar.

Inserida por katiacristinaamaro

Receita para virar a casaca

Amigo ciro muito te adimiro
o meu chapeu pra ti eu tiro
muito humildemente minha petiz agradece a camisa que lhe deste a gulsa de gentil presente

mas caro nego
um pano rubro negro é presente de grego
não de um bom irmão
nós separados nas arquibancadas
temos sido tão chegados na desolação

amigo velho
amei o teu conselho
amei o teu vermelho que é de tanto ardor
mas quis o verde que te quero verde
é bom pra quem vai ser um bom sofredor

pintei de branco o teu preto
ficando completo o jogo da cor
virei-lhe o inlustrado do peito
nasceu deste geito um outro tricolor.

Inserida por amantedapoesia60

Até agora eles estavam comandando o meu destino e eu fui, fui, fui, fui recuando, recolhendo fúrias.
Hoje eu sou onda solta e tão forte quanto eles me imaginam fraca.
Quando eles virem invertida a correnteza, quero saber se eles resistem à surpresa, quero ver como eles reagem à ressaca.
In Gota D'água, de Paulo Pontes e Chico Buarque

Inserida por NiravaGulaboBeth