Poesias de Carlos Heitor Cony

Cerca de 13 poesias de Carlos Heitor Cony

Biquínis e mensagens devem ser curtos para aguçar o interesse e longos o suficiente para cobrir o objeto.

O capital existe, se forma e sobrevive à custa da sociedade que trabalha e nem sempre é recompensada pelos lucros que gera.

Carlos Heitor Cony
A hipoteca social. Folha de S.Paulo, 18 nov. 2008.

Todo conhecimento humano é relativo. Cada subida prepara a queda proporcional. Cada fossa abre espaço para a altura equivalente. No final da estrada estamos no mesmo ponto de onde saímos, no zero, no nada.

Antes da frase do de Gaulle, todo brasileiro sério já sabia disso.

(sobre a frase atribuída a de Gaulle: "O Brasil não é um país sério")

O homem não pode trair o escritor, mas o escritor deve sempre trair o homem. Quando assume a condição de escritor, ele deve ficar acima do homem.

Não dá para viver sem um truque. A noite, enquanto espera o sono, esboce novos planos que lhe tragam, se não a glória, pelo menos o suficiente para continuar a fazer novos planos para um amanhã. Pode ser um amanhã simples, modesto, que seja apenas um amanhã.

Não dá para viver sem um truque. Eu me declarei morto. É uma sensação tranquila essa da gente se saber morto. Clandestino morto. Insuspeitado morto. Na tripulação do mundo já não me sinto comprometido com nada, mas continuo como testemunha do espetáculo. Não mais como cúmplice e nem vítima. Este é o meu truque.

A vida longe das privações é lastimável justamente porque nos dá uma perspectiva para julgá-la. Cada vez que lavo as mãos penso nisso. E me absolvo.

Jornalista é peixinho de aquário: colorido e faz gracinhas. O escritor é o peixe de mar profundo. O sol não entra, mas ele tem o oceano todo.

Carlos Heitor Cony
Revista Isto É, Edição n.º 1786.

"Não levarei saudade de mim mesmo, dos meus fracassos e dívidas. Finalmente, não terei saudades dos milagres dos pastores evangélicos nem de um mundo que cada vez fica mais imundo".

Inserida por iedamariasilva

Os inventores precisam da pobreza e do vazio como incentivo para pensarem num mundo mais confortável e digno para abrigar a faina humana.

Inserida por Hob

Ano novo, vida velha. Ainda bem. Falar mal do ano que se foi é obrigação, uma praxe basicamente adotada por todos. Esperar bem-aventuranças do futuro seria, na pior das hipóteses, mais moderno e mais jovem. Mas a vida – principalmente a minha – nada tem a ver com o calendário, os fusos, as órbitas gravitacionais da Terra em que fomos – segundo a bela prece cristã – desterrados num vale de lágrimas.

Carlos Heitor Cony
Vésperas do fim. Folha de S.Paulo, 1 jan. 2010.
Inserida por pensador

...o nosso mestre deu-nos livre arbítrio para errar o passo e o compasso, e dobrar as esquinas erradas

Inserida por santari