Poesia sobre Silêncio
por mais que você tenha me deixado vagar por um vale profundo
berrarei em silencio para que no eco atordoado ouça minhas últimas palavras
carrego vagas lembranças na memória
em minha garganta palavras incompreendidas
em meu peito a dor do vazio
em minha costa espadas que suas afiadas palavras foram cravadas
em minha mão a sua pesada carta
em meus pés arrasto as pesadas correntes preso em um amor
mas deixo-lhe meu rastro de sangue se acaso queira me encontrar
e por fim, em meus olhos estará você, que onde quer que meu olhar se esvair, verei eternamente sua imagem que escorre lentamente sobre a face de um homem cansado.
SER
Se um dia o som for o silêncio cante com a alma, pois ela entende a poesia e a sonoridade daquilo que não podemos ver e nem ouvir, mas que certamente conseguimos sentir.
Além dos olhos, além do toque, além de todos os sentidos, nos conectamos com o que é infinito através da alma. O que não se pode explicar, nem pontuar ou definir, existe no tempo e na imensidão daquilo que infinitamente nos multiplicamos a sermos, e os que virão sempre virão e os que se foram sempre estarão lá em algum lugar da nossa memória, da nossa alma.
Pois, podemos ver os olhos, mas não definir seu brilho, ouvir a voz, mas, não podemos desenhar a sonoridade, podemos comer mas o gosto cada um terá diferente. Somos seres únicos e infinitamente plurais e mesmo sem saber quem somos, o que gostamos e aonde iremos, nos somos e queremos. Queremos o melhor para ser melhores, sem parâmetros e analogias, somente o melhor que achamos ser.
DOR
Se o vento soprar silêncio
E me perguntar o que é a dor
Direi no vão momento
Que é ausência de amor.
Mas, se insistir o que é tristeza
Causa de nos magoar
Direi então é a beleza
De sorrir para não chorar
Que são fagulhas de espinhos
Que penetram minh´alma
É a distância do carinho
Do tudo que fez-se em nada
Posso dizer sentida
Que a dor é pranto que cai
Que é todo o mal que fica
Quando todo bem se vai.
Silêncio.
Quero ouvir. Só oiço o que está aqui fora
Por dentro nada.
Escuto atentamente.
Respiro. Respiro novamente com consciência do que estou a fazer.
E volto a escutar.
Sondo: varro tudo dentro de mim.
Nada.
Tudo sereno. Só tenho percepção do movimento do tórax: dilata, expande, e colapsa controladamente.
Fecho os olhos para melhor sondar.
E ponho-me novamente à escuta.
Espero.
Só a presença do nada aflora.
Fico na presença.
E escuto então: vem de dentro, das paredes interiores, a vontade de partilhar. Porque partilhar também é ser. Ser no mundo.
O mundo dentro de mim.
O ser que sou na presença desse mundo.
Só sou eu a ser presença.
A vontade de ir regressou até às suas origens.
E eu escuto novamente a presença desse nada.
Nenhum verbo serve.
Nenhuma acção...
A presença não é. Está!
Estar é consciência das paredes de onde nasce a origem.
Escuto novamente. O peito dilata, expande, retém. Para colapsar, de seguida, controladamente.
O que saiu, escapou. Existiu!
Uma arte de se esconder...
Decisões importantes são tomadas no mais absoluto silêncio e tendo a solidão como companheira. A solidão não faz mal, muito pelo contrário, nestas horas consegue-se uma percepção totalmente diferente com relação a gente mesmo.
Solidão não machuca e nem assusta como muitos pensam. Além do mais aprendi que é um bom conselheiro em várias situações. Vejo a solidão como uma forma de ouvir a voz de Deus. Impossível não ouvir e sentir. Podemos até estar rodeados de pessoas e nos sentindo totalmente solitários, enfim, vida que segue.
Vivenciar a solidão é a arte de se esconder dentro de você mesmo, as vezes por medo, as vezes para se auto proteger, sempre haverá uma razão ou motivo. O importante é saber conviver com ela e extrair lições para se ter uma vida melhor.
Marcelo Martins
Pra obter o sucesso, mantenha-se sempre atento, em silêncio e orando. Ninguém deve saber das suas lutas, vitórias e principalmente quem são seus aliados.
A regra é essa e não há excessão.
@DW Saldanha Fontelles
Aprender a ficar em
silêncio também faz parte da evolução.
Você precisa entender que nem todos que te escutam torcem por você.
Eu Nasci -
Eu nasci do silencio das nortadas
que se adensa pelos campos solitários,
das tormentas, aguaceiros, trovoadas,
das tristes badaladas dos velhos campanários.
Eu nasci daqueles que nunca morrem
mas convivem com a morte dia a dia,
do silencio daqueles que não dormem,
das mães que os filhos choram, da poesia.
Eu nasci do Sol-Poente que desponta
a cada dia, orgulhoso, sobre o mar
e se deita, sempre, sobre as águas a chorar.
E tanta madrugada que a Minh'Alma conta
em que na demência dos sentidos me perdi,
apodrecido, jaz no ventre de quem nasci.
Silêncio que me abraça -
Vislumbrei o teu olhar
por entre dor e escuridão
mas o caminho p'ro tocar
só podia ser o coração.
Por ali a solidão
parecia não ter dono
perdi de vista o coração
fiquei só, ao abandono.
E minha vida hoje segue
como segue tanta vida
ora triste, ora alegre
ora aqui, ora perdida.
Também segue o desespero
que se aninha a quem amar
e as horas que te espero
custam muito a passar.
Até a vida já não passa
nem a morte é certeza
e o silencio que me abraça
é mais triste que a tristeza.
O mestre do ventos
Ele contempla o silêncio
Meditar a paz que sossega a alma
Conduz as palavras em folhas em brancos
Para que sabe um dia declamar.
Olhos de Silêncio -
Nos meus olhos de silencio
há dois ecos de saudade
dois martírios consagrados
pelo peso da idade ...
Nos meus dedos levo a culpa
dos amores que não toquei
e se a culpa me matasse,
estava morto, eu bem sei ...
E porque fomos mal-amados,
nunca fomos bons amores,
só Poetas ilibados ...
Mas "ser Poeta é ser mais alto!"
É ser dono das minhas dores
quando aos versos nunca falto!
Pedido -
Dá-me um pouco de amor
que o silencio já não basta
leva tudo, leva a dor
por onde a vida me arrasta.
Dá-me um pouco de Lua
que a noite não é minha
a culpa não é tua
perdi a Alma que tinha.
Dá-me um pouco de vida
porque a morte vai chegar
levará, de mim, perdida,
a luz do meu olhar.
Dá-me um pouco de paz
ó Senhor da Cruz de pau
pois de mim o que será
se o meu caminho for mau!
Dá-me um pouco de esperança
p'ra vencer a solidão
que me tira a confiança
e me afunda o coração.
Ó Senhor dos meus cansaços
ó Senhor do meu Destino
toma sempre nos teus braços
cada passo do caminho.
Detalhes -
Naquela casa ao fundo
vim à vida como sou
e lá morreu o meu avô
num silencio profundo.
Alta noite em solidão
passa a vida em sopro lento
passo eu e passa o tempo
só não passa o coração.
Faz doer lembrar que a morte
nos deixa secos e tão sós
naquela casa , por sorte,
sempre lembro os meus avós.
E quando um dia eu partir
não me chorem por favor
já me basta toda a dor
de ter vivido sem sorrir.
A dor persiste, como um abismo de saudade.
Parece até maldade o teu silêncio.
A falta dos teus braços
me sufoca, a falta do teu corpo
me revolta.
O mundo é triste, o tempo insiste em me dizer
que é tudo em vão.
Que o amor ideal
não existe, o que resiste,
e não desiste é a solidão.
Toda lágrima que cai
Escorrendo o sentimento leal do amor
Vozes e pensamentos ditos em silêncio
O coração declama as cifras magoadas
Responsáveis por aguentar a dor
Essa alma por um instante... para
Na melodia da vida
O carinho fraterno não tem preço
É ofertado de graça
Idas e vindas, o sentimento que um belo dia era eterno
Cede e desaba!
Porém a fé na plenitude do novo amanhã
Surge e põe em teste a nova causa
Questionar os erros da antiga paixão
Alimentando com toda devoção
O querer, o fazer viver...
A vida expõe se medo a nova emoção
Ė o ciclo, aliado ao destino, regando sempre a menina dos olhos para uma nova relação.
Se acusarem de algo que pratica, não se ofenda.
Se não pratica fique em silêncio, pois nunca haverá provas.
RUÍDOS CALADOS
Demétrio Sena - Magé
Minha ética geme num silêncio rouco
de gritar pra si mesmo que seja de fato;
há um louco bem lúcido dentro de mim
sussurrando boatos de que tudo passa...
Uma estética fria tenta me conter
dos ruídos calados ferventes em mim,
é um fim que não para de recomeçar
e repor o sentido que tudo não faz...
Este cético tenta encontrar uma fé
que me livre da força de minha fraqueza,
faça o pé se firmar na crueza dos fatos...
Meu arquétipo interno de moralidade
se rendeu à verdade sobre ser quimera;
entretanto quem dera o coração saber...
No silêncio que precede o estrondo, há quem fure os próprios tímpanos.
Os fatalmente entediados não admitem perturbações que não o ruído seco das pás com que, diligentemente, cavam as próprias covas; e caso olhássemos nos olhos dessa gente, veríamos estampada a fronte melancólica da covardia.