Poesia sobre poesia
Todo homem só deve morrer quando for cabalmente instruído sobre a sua insignificância na eternidade!!!
Evan do Carmo
SEM REFLEXÃO O HOMEM NÃO EVOLUI
O que me faz crer na razão sobre o instinto? Numa análise instintiva e descuidada eu diria que são as obras de artes humanas. A Nona Sinfonia de Beethoven, Dom Quixote, a Odisséia e a Ilíada de Homero, o mundo perdido de Proust, Hamlet, a inteligência crítica de Voltaire.
Mas todo este argumento me cai sobre terra, quando analiso nossos frutos podres, os das religiões, da política e da guerra.
Somos apenas instinto violento, o mais, a parte boa são animais esquizofrênicos.
A METAFÍSICA DA FÊNIX
Sobre o mito da fênix, mito que não é grego originalmente, antes fora, como tudo de que os gregos se dizem autores, tem Roma como coautora. Contudo, se cavarmos mais fundo, encontraremos as suas cinzas no oriente, como mito cristão do renascimento espiritual, mito reinventado e adaptado do Egito, como o mito do cordeiro, ambos trazidos ao ocidente por Platão, segundo nos conta Voltaire.
Um mito tosco, que tenta explicar um ato de superação humana. Não pode ser possível que alguma coisa saia voando das suas próprias cinzas. O fogo sempre foi e será o símbolo perfeito e real de destruição, nada pode surgir do fogo com vida.
Todavia, creio que este mito tem muito a ver com a crença numa metafisica universal, a da sobrevivência da alma após a morte. Não nos serve como uma filosofia de vida, resta contudo entender a sua real aplicação.
Para mim tem efeito contrário, das cinzas nada pode surgir, nem mesmo como simples simbologia, é decadente e arcaica esta preposição para se superar, falo sobre o espírito humano, não se faz necessário chegar ao clímax da decadência para se reerguer, podemos reagir para outro estado de espírito e de consciência, do ponto em que nos encontramos, sem ter que descer ao fundo do poço da existência...
A fênix, todavia nos serve como modelo de ato de coragem, pelo fato de ter força moral para mergulhar no abismo, no fogo simbólico, onde intenta buscar algo novo, ou nova vida, outra chance de existência, que no seu caso é a inexistência das cinzas...
SOBRE LIVROS E FILHOS
Escrever o prefácio do seu próprio livro, é, a meu ver, o maior enfrentamento moral para um homem, pelo fato de que ninguém melhor que o pai sabe da índole do seu filho, dos seus defeitos e virtudes, vícios e tendências para o bem ou para o mal.
Sem, contudo, negar que muitos dos defeitos que os filhos têm, não raro, sem via de regra, são heranças dos seus pais-genitores.
Desta forma, portanto, somos responsáveis pela conduta dos filhos, ainda mais quando estes filhos são livros, que vieram à luz do mundo em surtos de loucura consciente ou em momentos de delírios de vaidade.
Dos meus filhos-livros, sei muito mais do que sei dos meus filhos espirituais e carnais. Contudo, o livro é, quando bem escrito, a imagem e semelhança do seu criador...
Disse em algum momento da minha prole literária, que todo romance é confissão e toda obra um livro só, uma autobiografia de quem o escreve, só os livros ruins são invenções bem elaboradas, ficção inútil de quem não tem coragem de se revelar por inteiro, nem de se comprometer por escrito.
SOBRE AMIZADE
"Se tenho interesse genuíno em tua pessoa, deixo em ti, marcas impossíveis de serem removidas com o tempo. Todavia, se o interesse for recíproco, deixaremos indeléveis marcas um no outro, como que escritas com sangue, em nossas almas..."
SOBRE MEU FARO PARA AS VIRTUDES CRIATIVAS
Reconheci Kafka, Nietzsche, Goethe,
quando os vi à primeira vista.
Não foi necessário apresentação,
para Saramago e Camus.
Já Dostoieveski e Tolstoi
estes, por exemplo, me foram apresentados
por Machado de Assis, aliás,
Machado me apresentou também
Voltaire, Honoré de Balzac,
Vitor Hugo e Stendhal.
Assim ainda mantenho meu faro
para bons escritores e poetas, contudo,
lendo sobre alguns outros,
por quem tenho real interesse
percebi que suas histórias são semelhantes
quanto ao sofrimento, ao talento e criatividade.
Para se tornar grande, penso, que é preciso
trilhar caminhos tortuosos e espinhosos,
pois acredito, que assim como a ostra,
na vida, o artista não produz pérolas
sem muita dor, estudo da sua própria situação
e muita paciência...
SONETO
A PONTE DA SAUDADE
Havia uma ponte sobre um rio,
Um rio que cortava uma cidade
A carne que gemia, um calafrio
Na ânsia de sentir uma saudade.
A ponte de tão frágil, caiu na` água
Só mágoa, num suspiro se afogou
Agora se travessa o rio a nado
Corrente dos desejos se quebrou.
As almas traspassadas em dores cruciantes
o rio e a cidade afastados hoje choram
a sorte esquecida, da ponte e dos amantes.
Mas a ponte da esperança não tem chão
na mente dos amantes que se encontram
distante da cidade do desejo e da ilusão.
"Ainda sobre a beleza e sua razão de existir. Ela existe porque a notamos, contudo toda beleza se desvanece quando a tocamos, com mãos imperfeitas e cruéis...
Para que o encanto persista e nos conceda vida e certa medida de paz, deixemo-a em seu trono, inexoravelmente distante dos nossos íntimos afetos e contatos carnais e profanos, não a toquemos, para que sua majestade nos conduza ao mundo perfeito da ilusão do possuir..."
SOBRE A BELEZA, NA ARTE DE CRIAR E DE VIVER
"É quase impossível conciliar razão e emoção, especialmente para um artista. Isto acontece pelo fato de que o poeta quer se apoderar de tudo o que é belo, e quando não o encontra o inventa, com sua arte, o mesmo ocorre nas suas relações com as pessoas...
Ainda sobre a beleza e sua razão de existir. Ela existe porque a notamos, contudo toda beleza se desvanece quando a tocamos, com mãos imperfeitas e cruéis...
Para que o encanto persista e nos conceda vida e certa medida de paz, deixemo-a em seu trono, inexoravelmente distante dos nossos íntimos afetos e contatos carnais e profanos, não a toquemos, para que sua majestade nos conduza ao mundo perfeito da ilusão do possuir..."
SOBRE O FASCÍNIO DA BELEZA
Pessoas comuns são materialistas, possuem e são possuídas por outros iguais, elas não sabem apreciar o que é belo e bom, sem contudo, ter o desejo ardente de possuir, de absorver com seu ventre insaciável, tudo o que lhes encanta os olhos.
O espírito livre não domina nem se deixar dominar, no entanto exerce o seu poder de atração sobre a beleza e a virtude, e os conduz, com liberdade suprema para o seu mundo particular, e é lá onde encontra a paz sublime da contemplação superior.
Enquanto os outros desejam ter e até matam para conseguir, o homem livre se compraz e se regozija apenas com o vinho doce da admiração dionisíaca
Evan do Carmo
Numa análise mais cuidadosa sobre aquilo que escrevo como simples exercício de cognição, portanto sem nenhuma presunção de ser dono da verdade, acredito que uma criatura de inteligência um pouco acima da média vai perceber aquilo que o silêncio das minhas interrogações não consegue falar...
Detesto polêmicas, ideologias de qualquer natureza... Não gosto de futebol nem de política, gosto de samba bem feito, e de poesia, desde que seja a verdade de toda alma e não esforço para parecer grande e inteligente, gosto de tudo que a simplicidade produz.
Evan do Carmo
SOBRE A AMIZADE.
Não tenho dúvida sobre o valor superior da amizade, com relação ao amor romântico. Não se trata, portanto, de sexualidade, nem de gênero, os sentimentos são desenvolvidos pelas afinidades que existem entre as almas afins. Contudo, quando acontece entre sexos opostos, a amizade, muitas vezes, quase sempre é confundida. Isto ocorre pelo poder da cultura, homem e mulher devem nutrir apenas sentimentos românticos uns para com os outros.
Todavia, quando acontece uma grande amizade entre sexos iguais, tanto entre dois homens quanto entre duas mulheres, percebe-se, no entanto, que a amizade supera o amor romântico, tanto em força e maturidade emocional quanto em vigor moral, a paixão que une duas pessoas de sexos opostos. Não raro, relacionamentos assim, quando são desfeitos tornam estas duas pessoas, outrora apaixonadas em ferrenhos inimigos.
A história e a literatura nos revelam, que com as relações de amizade não acontece a mesma coisa. Dizem até, isto alguns bons poetas, que a amizade é “um tipo de amor que dura para sempre, ” não vamos, contudo, aceitar de pronto esta afirmação romântica. Algumas boas amizades já foram desfeitas, mas nunca com a mesma paixão com que se desfazem os relacionamentos românticos.
Pensando sobre isso, me veio uma expressão de outro poeta, ele diz: A amizade é tão sublime que podemos afirmar, que se trata de um tipo de amor angelical, poderíamos dizer, sem exageros poéticos, e isto encontrará consenso entre as pessoas afortunadas que chegaram a conhecer e usufruir uma verdadeira amizade, que a amizade é o amor romântico que existe entre seres assexuados, entre anjos, entre seres evoluídos, especialmente para quem entende desta forma.
Sobre a vaidade dos poetas:
Todo poeta ruim pensa
que é melhor que os demais.
Todavia, o poeta bom
tem absoluta certeza!
SOBRE O DINHEIRO
A vida é um fazer pra ter, um olhar pra ver, mas há uma coisa que eu nunca vou saber se é verdade ou mito!
É a expressão apregoada,: “dinheiro não traz felicidade” geralmente dita por quem não tem muito dinheiro!
SOBRE A NEUTRALIDADE
Algumas doutrinas que se dizem cristãs
não ensinam a neutralidade plena
sobre todos os aspectos
das disputas mesquinhas entre os homens.
Com isso, ao contrário do Cristo
elas alimentam as gueras
atiçam o fogo dos instintos
humanos e animalescos,
que residem na politica,
nas guerras patriotas
em em toda forma de
competição humana.
SOBRE O OTIMISMO
Otimismo não deve uma crença fanática de que o futuro será magnífico. Otimismo deve ser a confiança de que o amanhã pode ser uma grande possibilidade de superação, uma oportunidade única de fazer melhor que ontem, pois primeiro se tem o hoje, o amanhã é só para quem valoriza a chance de viver outro dia com firme esperança de aperfeiçoamento pessoal!!!
Evan do Carmo
SOBRE A PAZ
"Para quantas pessoas
você fala por dia? Ensine-as
algo proveitoso, incentive-as
à paz e ao respeito mútuo.
O mundo precisa de pacificadores,
já temos muitas guerras inúteis."
SOBRE AMIZADE
Já tive dúvidas, quanto a saber se meus amigos cabiam na palma da minha mão. Contudo, hoje tenho certeza que não cabem, minha mão não é suficientemente aconchegante para acomodar o amigo que almejo. Todavia ainda espero encontrar algum que caiba e queira morar dentro do meu coração.
MAIS UMA SOBRE PLATÃO.
Se por caso você soubesse
De tudo que às vezes eu sinto
Do quanto tenho que fingir
Para não revelar meus sentimentos.
Quanto sofro, aqui calado
Com uma dor infame no meu peito
Quantas noites não durmo
Pensando em você, no que poderíamos ter sido
Se juntos vivêssemos a ilusão do amor perfeito.
Você nunca saberá do meu tormento
Da aflição que é amar alguém secretamente
O amor é uma ilusão poética
Filosofia platônica, um canto sacrossanto
Que minha alma mesmo atônita
ainda canta pra você...
Evan do Carmo 26/09/2019
SOBRE A CONTRADIÇÃO HUMANA.
Poeta: - Estou muito novo pra morrer.
Filósofo: - Estou velho demais pra viver.
Homem comum: Nunca é tarde pra viver nem cedo pra morrer.