Poesia sobre o Inverno
O rigor do inverno desfolhou-me completamente. E foi ali no aconchego das folhas secas e amareladas que vi-me (flo)rir novamente.
Assim como as folhas das árvores caem no outono para poder suportar o inverno, nós também nos modificamos para seguir vivendo.
Somos ciclos... Primavera, verão, outono e inverno. Depois de nos vermos podados pelas provas da vida, renascemos em flores com as lições aprendidas... Brilhamos como o sol ao passá-las adiante. Começamos então a ver nossas flores e folhas, antes tão belas, amarelarem e caírem, pois novas lições estão prestes a serem aprendidas, então, no frio da insegurança de nossas aprendizagens, nos fechamos, esperamos o mau tempo passar... Com ele, novos brotos começam a surgir e logo, logo as flores de uma nova primavera...
Se os teus problemas são como noites de inverno que insistem em se estender, seja como o sol que insiste em nascer.
A primavera tem as cerejeiras da noite. O verão tem as estrelas do céu, que iluminam os olhos. O outono tem a lua cheia refletida na água. O inverno tem a neve, que flui na relva. Bastam essas coisas simples para que o saquê seja delicioso. Se, mesmo assim, o gosto do saquê não for bom então quer dizer que há algo de errado dentro de você.
Desculpa, mas nossa vida é marcada por estações. Há momentos que o verão predomina, vem o calor, os ventos bons, mas há momentos que o inverno chega e traz a tempestade e parece destruir o nosso jardim.
Um quadro de minha existência mostraria uma inútil estaca de madeira coberta de neve, cravada, numa escura noite de inverno, inclinada e sem muita firmeza, num campo lavrado à beira de uma imensa planície.
À medida que os anos vão passando,
mais a idade vai aumentando,
e com ela, nossa vivência...
Devemos sempre viver um dia de cada vez,
sem temer o inverno da vida...
Se o inverno é a estação mais fria do ano,
poderemos viver nosso inverno sem perder o calor da alma...
INVERNO OU INVERNO?
Marcial Salaverry
Não tenha medo do inverno,
de sua frialdade,
pois como a idade,
quando ao inverno chegamos,
mais sábios nos tornamos...
Se com a neve do tempo,
os cabelos branqueamos,
isso não é contratempo,
pois mais sábios nos tornamos...
Não tema esse inverno,
aguarde-o... desfrute-o...
aproveite a experiência,
aprenda a ter paciência...
encare a passagem da idade,
não como velhice,
mas como idosidade...
Não devemos temer o inverno da vida...
Apenas aceitá-lo, e vivê-lo,
fazendo de cada dia,
sempre um lindo dia...
Marcial Salaverry
Nos falamos no inverno
Nos vimos no inverno
Nos tocamos no inverno
Mas meu amor por você
É tão lindo quanto as flores da primavera
É tão quente quanto o ar do verão
E tão entregue e cuidadoso quanto a
brisa que envolve cada folha de outono.
O inverno será longo
Tudo começou do jeito que deveria, o sol nascendo, brilhando e se pondo como sempre. Até que um dia um castelo foi construído, tão bonito, o tempo foi passando... E o castelo já não tinha mais ninguém, só um templo de pedra que um dia foi vivido. O verão passou, mas dessa vez tudo aquilo que estava construído, ali ficou... esperando a próxima tempestade, a próxima estação que o aguardava, o inverno chegou trazendo consigo o que nunca deveria ter deixado descongelar.
Essa é a penúltima escrita, a ultima carrega o subtítulo de, "uma prosa que você não leu".
Folha Morta
A manhã de outono, varrida pela ventania, anunciava o inverno que daqui a pouco chegaria, o salgueiro quase desfolhado, um estranho "Ser" parecia, já era tardinha e sua última folha caia.
Outrora verde, macia, agora, sem vida, sem cor, a última folha morta, do salgueiro se despedia, sem destino certo, levada pelos ventos, perdida entre prados e cercanias, uma nova história escreveria.
Nessa viagem que a vida é, nas breves paradas, transformada, muitas coisas viveu, a folha morta, da chuva o besouro protegeu, um casulo em sí, a lagarta teceu, com outras se juntou, o ninho da coruja se formou.
Folha morta largada ao léu, entre a terra e o céu, se fez leito pro viajante errante que sua amante deixou, amanheceu o dia, o vento que nada sabia, pra longe a levou, a folha morta, do salgueiro lembrou.
Nessas andanças, arrastada de lá pra cá, a folha morta seus pedaços, aos poucos perdia, não reclamava, ela sabia que outras vidas servia, lá no fim da tardinha, solitaria, em algum lugar se escondia.
Ela mesmo morta vivia, levada pelos ventos pra casa voltou, debaixo do salgueiro, em mil pedaços se deixou, adubando a terra, o salgueiro alimentou, na sombra frondosa sua história terminou.
Autor
Ademir de O. Lima
Meu Amor...
O teu sorriso é como um raio de sol
Que atravessando os rigores do inverno
Vem aquecer os recantos mais escondidos
Do meu coração..... Te Amo...
"Não posso levar o mundo nos ombros se mal suporto o peso do meu casaco de inverno."
(Esta frase pertence a uma carta que Kafka escreveu a Milena no fim da vida, expressando o desejo de recuperar seu passado judeu. Ele justificava assim sua incapacidade de levar a cabo um projeto que nunca concluiu.)
Eles dançaram durante o dia
E noite adentro através da neve que varreu o corredor
Do inverno ao verão, e em seguida, o inverno novamente
Até as muralhas de fato desmoronarem e caírem
ANTAGÔNICA
Anoitece lá fora
Enquanto eu amanheço
É inverno do outro lado da porta
O sol me aquece por dentro
No verão deixo que caiam minhas folhas
No inverno floresço
Na primavera aqueço
Desabrocho em qualquer ocasião
Já não obedeço estação
Não me adequei aos padrões
Sermões se tornaram vazios
Se desejam calor
Eu faço frio.
E mais um inverno mostra os seus sinais!
Num domingo de sol, aqui, bem ao sul do equador,
pessoas afortunadas e devidamente protegidas,
desfilam seus casacos, botas e boinas rumo à missa da manhã.
Certamente o percebem como a estação romântica;
própria para o aconchego, para o amor e para a boa mesa.
Tudo muito lindo! Mas há os que sofrem nas calçadas, tendo como único agasalho o cobertor "corta febre" que em nada aplaca o vento cortante da noite e que não minimiza o risco de não acordarem pela manhã. Há os que anseiam pelo calor do fogo, por um chocolate quente ou por qualquer coisa que venha amenizar o frio que lhes enrijece o corpo e a alma.
É preciso um olhar mais sensível ao que sofre;
é preciso que nos solidarizemos,
que abramos nossos armários
e tiremos de lá os tantos agasalhos
que tomam espaço e que não nos farão a menor falta,
para deixarmos, sem alardes, ao lado de quem precisa.
Bastará um gesto discreto, ninguém precisará perceber,
pois já basta ao que sofre, o fato de depender do auxílio de outrem.
Cika Parolin
Escapismo
Na alegria, na tristeza,
na ira, na calma,
no verão, no inverno,
no outono e primavera,
estou aqui.
Escapando das realidades,
vivendo minhas identidades,
descobrindo as habilidades,
criando amizades,
navegando nas novidades.
Um costume que aderi
e agora necessito.
Uma tecnologia que move
não só a outra,
mas a vida.
Hoje
Os dias são de inverno
No inverno
os dias sempre são mais curtos
Mas existe a solidão lá fora
Embora
ela esteja aqui dentro há tempos
Pois os tempos não voltam
E as lembranças remontam
O meu dia aos avessos
E a cada dia mais frio
Tão frio quanto a madrugada
Desses dias de frio inverno
Resta escrever poesia
Fria, em seus mornos versos
O latido de cães
E as cantigas de roda de outrora
Agora, tudo isso
é coisa por demais antiga
Saudade verdadeira
Verdade da boa
O forno de pão
O chão de terra batida
Violão e conversa
Lembranças tão dispersas
Quanto estrelas no Céu
Isso é a vida
No início
Um papel em branco
... e bonito
No final
Um livro escrito de qualquer jeito
Com direito à notas de rodapé
Em tempos de outra estação
Infância de poetas
São sempre as mais felizes
ou talvez as mais tristes
de vez que o poeta existe
Pra que elas sejam sempre algo mais
Mesmo que sejam somente
as mais distantes
tão distantes que agora
Não existe diferença
entre as verdades e as mentiras
O vento sopra e a roda gira
Uma longa lista de lembranças
As quadras,
cantigas de roda
e canções pra lá de antigas
Pondero
Que nunca mais eu cantei como antes
Pois a dura vida de ontem
vivida de hora em hora
Eu vejo agora
Parece que durou
somente um mero instante.
Edson Ricardo Paiva.
Frio cortante que bate
Inverno que vem
O som da rua é o cachorro que late
pedindo ajuda aos que mais tem