Poesia sobre o Inverno
A existência está atrelada a um ininterrupto processo de florescimento, de tal forma similar as estações do ano. Simbolizados por árvores, com raízes fincadas no solo da “vida”. O destino é florir e fornecer frutos formosos, doces como o amor que carrego em meu coração.
Folhas secas de “outono” caem de encontro ao solo, sou preenchido pela paz… Me desapego do passado, enquanto me organizo para um novo recomeço.
Mesmo diante das madrugadas silenciosas do “inverno”, tendo a melancolia como inquilina na minha vida. Chega o momento de se retirar… Mesmo que o meu coração possa congelar, habita em minha essência um “verão” imensurável, capaz de incinerar a frieza de minha alma.
Chega a “primavera”... tempo de florescer, renascer e se transformar.
Assim como uma aquarela, é hora de colorir a sua vida fazendo o uso do pincel do amor-próprio. Hora de desabrochar essa é a tua natureza! faz parte da tua essência florir independente de onde esteja.
Quando ela sorri ela transforma o meu dia de nublado, para ensolarado. Ela ama o verão, por que na sua vida ela sempre foi o raio de sol. Nada será capaz de extinguir a luz do teu olhar, brilho que se assemelha ao pôr do sol de Campinas…
OUTONO!
Somos feitos de pedaços que sobram de outros pedaços.
Somos as flores das árvores que aos poucos vão caindo no chão. Somos belos e encantadores até não sermos mais nada além de raiz e caule.
Chegam os dias frios em que é perceptível a falta de interesse, de empatia, de afeto e de amor. Chegam os dias frios em que é perceptível, que a alma gela e qualquer coisa é mais importante que aquilo que antes era a razão do calor dos nossos dias.
Por isso prefira sempre os dias quentes aos de inverno.
Nesta quarta estação que tem o ano,
aprecio este mundo ultramoderno,
e nas chuvas que me sobram do inverno
faço um esboço de um poema puritano...
No inverno tudo soa a transparência,
desde os dias que antecedem o Natal,
porque um homem exercita a paciência
e até o frio nos parece mais natural…
Sacudo os altos ventos que me restam
para cima desse frio que me regela,
tentando dar à luz uma só estrela
enquanto os vendavais se manifestam…
Farei uma caraça de improviso,
com a lama que abunda no meu rosto,
e prometo modelar um bom sorriso
no Entrudo que aí vem com todo o gosto…
Será honesta a grande quadra de folia,
os borguistas nunca foram tão sinceros,
pois deixamos de adorar pantomineiros,
adorando um vasto mundo de alegria…
E hoje, com tais nuvens tão cinzentas,
neste dia tão cinéreo quanto breve,
vou sair e reforçar a vestimenta,
porque a chuva pode vir em tons de neve.
Diante de um abismo,
às vezes, um coração congela,
o sentimento fica frio,
não com uma frieza que mata,
mas que preserva
como as águas de um rio
que congelam sua superfície no inverno,
entretanto, continuam vivas por dentro.
Ela tem um olhar instigante,
um corpo atraente,
longos cabelos,
uma presença marcante
um jeito bastante envolvente
às vezes, até parece ser fria,
mas na verdade,
tem sentimentos calorosos
como uma paixão ardente
e um desejo audacioso,
quiçá um pouco selvagem,
então, deixa-me facilmente extasiado
com estas intensas qualidades
que percebo
como se fosse um dia ensolarado
durante o frio do inverno.
Uma mesma árvore floresce,
enfrenta altas temperaturas
e às vezes ainda serve de abrigo
com uma sombra acolhedora,
aguenta algumas tempestades,
solta suas folhas na hora certa,
uma renúncia necessária
para alcançar seu avivamento,
um exemplo natural de resiliência,
suporta a frieza do inverno,
tudo isso, graças a Deus,
sem perder suas raízes, sua essência, assim resiste a cada estação
com a naturalidade da sua persistência
Falta menos de um beijo
mas falta tanto, que nem sei
entretanto, se um dia der certo
amém
se não der
amém também
Deus sabe o que faz
e desfaz...
Rastros de sua luz perduram
perpetuado por um castiçal dourado
impregnado de um beijo
de adeus,reles lembranças me consomem
no orvalhado olhar que mirou o paraíso
hoje um semblante aflito, destemido
é acovardado pela solidão
resigna-se â sorte
pois quem sabe a morte não traga a paz
a vida que procrastinou a guerra
encerra um feito
em um leito feito de aquarela
é muita dor que jaz
no afastado silencio da terra
ontem vivi o sonho,
hoje acordo sem ela...
AMANHECER (soneto)
O sol do cerrado, hoje nasceu no cantinho
da página do horizonte, e o vento friorento
opaco, a chiar na fresta, com olhar sedento
abraçando o dia e, brindado com remoinho
E no cantinho da pauta do céu, momento
dum novo alvorecer, engrunhado, mansinho
encimando o inverno no sertão torvelinho
num ritmo trêmulo, mas cheio de elemento
E o coração na janela d'alma observando
suspenso nos pensamentos, devaneando
enquanto o tempo tingia o olhar de magia
Neste amanhecer da vida de sol brando
que nasce ali no cantinho, dia formando
meus sonhos vão sonhando em romaria...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2017, junho – Cerrado goiano
apenas um breve
no invernado do cerrado, ipês, flóreo
num gesto leve, pintando o dia
a surpresa do encanto deste arbóreo
redigi no devaneio, sutil poesia
matizado o chão de fugaz fragilidade
onde decanta a vida em romaria
e a natureza recita-se em suavidade
num cântico breve de doce magia
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
IPÊ ROSA (soneto)
Cálice róseo de fugaz formosura
Donde vem teu matizado, o tom
Que o árido cerrado te escultura
No agreste, num veludo crepom
Sois volúpia em flor, tal bravura
Doidas da "sequia", audaz dom
Onde catou a tua cor, ó candura
Belo buquê em poema tão bom
Teus segredos ao olhar rouxinol
Em um canto dum verso e prosa
O teu frescor abrigo no avido sol
Ó almas feitas, casta, tal estriga
Copiosas a esvoaçar ipês, rosa
Na savana goiana toada cantiga
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
FRIO (soneto)
Arrefece o cerrado dentro do frio
E cada bafejo é o frio no caixilho
Da ventana, escorrendo no ladrilho
Mais frio, n'alma causando arrepio
Me encolho neste frio chorrilho
Que ascende o inverno em feitio
Ouvindo em anexo um assobio
Do vento, eriçando até o fundilho
E lá fora é frio que atulha o vazio
Cá dentro o gelado em trocadilho
Em coro com o friasco tão bravio
Sinto chiar na vidraça num gatilho
De frio, sombrio este tal tão vadio
Aquentado com o chá e sequilho
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
CHUVA NA CIDADE
Quando chove na cidade,
tudo fica alagado,
tem rua com tanta água,
que eu fico naufragado.
Troco carro por um barco,
pra ver se eu não encharco
e não fico ensopado.
Não aprendi dizer adeus Mas tenho que aceitar Sem lágrimas no olhar O inverno vai passar E apaga a cicatriz
Nosso amor é tão gostoso quanto chocolate quente no inverno, delicioso como um jantar em família, e quente como o calor de um cobertor que aquece nossos corpos.
Somos estações… Se verão… Se inverno ou outono… Sempre haverá primavera… Estão flores por toda parte… Alegrias… Enfeitadas e coloridas… Para cada estação… Momentos de sabedoria… Pois cada página desse livro… Será Legado para nossas lembranças.
O frio está para ausência de calor, assim como o medo e a ira está para o amor. No inverno, ainda que sem alguém para ser seu cobertor, se tem amor próprio, investirá certo seu valor.
"E esses olhos de verão em pleno inverno? O calor dos nossos corpos muda qualquer estação, faz florescer os sentimentos mais instintivos."