Poesia sobre o Inverno
É sempre inverno no coração de quem escreve. Mas foi no verão que fiz amor com a poesia. Eu quis trancar todas as minhas assombrações no guarda roupas. Couberam as lembranças, as cartas ridículas, a saudade, o ócio. Foi difícil fazê-las entrar. Tranquei até a alma que te dei. Eu desenhei todo o meu amor nos papeis que estão na gaveta e que você não leu. Eu me desfiz de todas as roupas com seu cheiro. Desfiz-me das telas, tintas e pincéis que usei para retratar sua barba. Ah! Minha excitação por barba, você provocou. Agora meus pensamentos são ondas de ócio num mar de mesmice. Eu me perdi dentro de mim mesma só para estar despedaçada nos lugares mais improváveis. Eu estava no seu bolso, no galho de árvore que aponta pra sua janela, no ponteiro do relógio, no corrimão da escada da saída de emergência, na estante atrás dos livros, e até dentro, na página em branco. Veja quanta coisa há nesse guarda roupas, virou uma prisão de sentimentos, cores e intensidade num volume extraordinariamente proporcional ao que eu tenho no meu peito. Escute o barulho que eles fazem, já não consigo mais dormir á noite. E nem me atrevo a citar seu nome. Seria ensurdecedor. Permita que eu compartilhe contigo a luta que travei comigo mesma para voltar a ser alguém normal. Entenda que a saudade me bate, violenta, imperdoável. Eu tento contê-la. Tudo isso é pesado demais pra mim. A minha lanterna ilumina o chão que pisarei, pois o caminho já percorrido me fez calos nos pés. Você me fez calos, a dor me calou, só a poesia me salvou.
[Das coisas que fugiram do meu guarda roupa]
As brisas das frias noites
Apagam minha paixão.
Os ventos do triste inverno
Congelam meu coração.
As portas estão fechadas
A luz não consegue entrar
Me isolo de todo o mundo
E me esqueço de como amar.
Prefiro sofrer assim
Do que nas mãos de um alguém qualquer
Prefiro desistir da vida
A estar com qualquer mulher.
Quando eu nasci
Pensei que era inverno
Porque senti tanto frio
Que me deu um calafrio
Que fiquei arrepiado
Meio desconfiado
Ouvi uma coisa estalando
Duas pessoas falando
Quando senti um ardor
Foi uma palmada danada
Que comecei a chorar
Eita que vida sofrida
Já comecei apanhar
Depois chegou uma mulher
Toda vestida de branco
Traga ele pra Ca
Me enrolou numa toalha
Gritou que nem uma gralha
Traga uma tesoura pra Ca
Fiquei todo arrepiado
Será que ela vai me cortar
Me abraçou com as mãos
Cortou um tal de cordão
E disse; Agora você vai mamar
Thadeu alencar
"ARITMÉTICA NOITE"
É sempre assim, nas noites de chuva
Noites de frio no inverno que dói
Desta solidão imensa
Em que o choro se torna eterno
Lembranças doces, que escorrem
Em forma de lágrimas da minha alma
A tua partida vai doer como dói agora
Como a fina chuva de inverno
Noites frias que congela as minhas lágrimas
Esta vida tem uma estranha aritmética
Desta dor que nos abate e tortura
Que julgamos que muitas vezes não ter cura
Que destino nos impôs e impõe
Esta alegria que nos dá desejos de abraçar o mundo
De chorar, de rir e que nos põe tristes sem querer
Depois, esta estranha sensação da vida
Que parece ciência, parece arte
Afinal quem pode compreender esta dor
Que eu não a entendo, dor que mata na escuridão da solidão.
Aceitar a nova estação, que está chegando, o inverno da vida não é, realmente, fácil para nós que somos um povo Ocidental...
Daí, corremos para consumir produtos, que prometem retardar todos esses efeitos e são produtos caros, mas, na realidade, a maioria não funciona...
Deixamos nossa verdadeira essência de lado, para buscar o ilusório, aquilo que fantasia a realidade...
Enxergamos o que é falso, já que o espelho não fala, não sabe dizer que estamos fora da realidade...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "A BELEZA DA FELICIDADE
Bom mesmo seria se aprendêssemos
com as flores, a nos despedaçarmos a cada outono e inverno, e renascêssemos a cada primavera e verão de nossas vidas.
DESPOJADA
Despojada de mim, atravesso o tal inverno
Na existência de uma flor, desconheço o nome
No regresso ao esquecimento, espelho vazio
Cega de uma tal solidão, na pureza abandonada
O tempo flui no que procuro sem procurar
Demanda do que sou, foi ou talvez, seja ainda
Eu já sei que o teu desejo espreita o meu corpo
Ele refugia-se nas trevas, num triste, belo sonho
Sono de uma batalha, travada na madrugada
Corpo ferido, que escorre de mim nas trevas
Refugio-me no corpo vazio, de que disponho
Sendo réu e o meu próprio juiz do desencanto.
Desafios
Nas intermináveis noites geladas do inverno no Sul do país, ao redor da imensa mesa da cozinha, minha família ficava por horas ouvindo os conselhos de nosso sábio pai. Um dia ele nos disse que se não fossemos competitivos e não aceitássemos os desafios que a vida nos oferecesse, nunca iríamos ter o sabor agradável de uma grande vitória. Muito pequena ainda fui estudar em um colégio de freiras, que era internato e semi-internato. E não sei se pelas palavras de meu pai, ou por que nasci competitiva, sempre que aparecia algo que parecia ser um grande desafio, ficava rezando para ser chamada a enfrentar as pendengas. Fosse o que fosse. Gostava de vencer os obstáculos e levar o troféu da vitória. E no transcorrer de minha longa vida, prossegui sempre assim. Aceitando com garra tudo o que mais difícil aparecia. E até hoje não me contento com uma palavra cruzada fácil, precisa ser um desafio para eu me sentir bem, porque só os grandes desafios e as grandes derrotas nos fazem crescer para uma vida melhor. Assim, penso que, lutar significa estarmos vivos e aptos para desfrutar dessa caminhada que se chama vida. Quanto maiores os desafios, melhores serão as sensações de prazer pela vitória.
MATIZES
verdejava tão lindo no inverno
sentimentos tão ternos verdejavam
num chover constante
de alagar as emoções...
azulava quando azulava o céu
porque o dia azulava de feliz
azulavam os bichos
num gorjear, num zurrar, num mugir
num clarear como a flor de lis
enrubescia num vermelhar de rosas rubras
porque a primavera florescia as paixões
laranjas nas mãos, rubro nos cabelos
colorindo novas emoções...
988169679
Cansei de esperar-te...
Não quero mais inverno e de sentir frio...
O vento dói em meus ossos...
Não quero mais esse enorme e insurgente sentir
Do amor nada mais quero ...
Sei que virão dias longos de sol ardente mas serão longos dias...
Onde talvez esteja aprisionado este pobre coração
Porque me perdi no tempo esperando por ti...
Pelo teu sorriso...pelos teus abraços...
Não quero mais que o vento devolva esta ansiedade
Pra mim!
A frieza parece me dominar agora
O inverno chegou, e não quer ir embora
A primavera demora, parece mais distante a cada hora.
Lhe entreguei todos meus sentimentos,
E você os jogou fora.
"O dia amanhece sob uma tênue neblina. É inverno, amor. Os pássaros gorjeiam um silvo arrastado. Eu estou a mercê do frio. E o riso se revela congelado na fotografia".
(Em Sofia búlgara e o tabuleiro da morte - Kelps, GO - GO, 2011)
Soneto do inverno no cerrado
O cerrado amanhece no inverno
Dias mais frios, frio árido e tardio
A sequidão no seu ápice bravio
E as manhãs num vento galerno
Em enigmática bruma sobre o casario
Com o sol dessemelhante e alterno
E a sensação de frescor sempiterno
O cerrado se faz em mistério e fastio
O verde transfigura em cinza superno
O céu se enroupa tremulante e alvadio
E as temporãs flores finta o quaterno
As folhas hibernam num cerrado vazio
Tão ébrio, gélido e de um poetar interno
Numa canção de chuva qualquer e estio
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
01 de maio de 2016
AMA-ME
Aconchega-te nos lençóis
Neste fria noite de inverno
Cobre-me com o teu olhar
Como um rio que percorre
Para o mar de tanto desejar
Eu sei bem que te provoco
Tu sabes que dentro de mim
Lavas-te da tua faminta fome
Aconchega-te e beija-me só
Os olhos, antes que fique tarde
Esconde-me nos teus sentidos
Veste-me no orvalho da manhã
Com o teu corpo, amando-me.
* ¸.•* * ¸.•* * ¸.•* *
Um dia de inverno,
Um bom agasalho
Um quente sorriso
Um grande abraço
Há quem merece
Nem todos o tem
No tempo padecem
Esperam de alguèm
Que neles pensem
E doém, quem tem
Reflitam e procurem
No armário, sem uso
No caminho ajudem
Um mendigo confuso
E façam um bem !!!
Gana
O inverno gélido se inicia
E imagino nosso corpos a bailar.
À medida que o frio intensifica-se
A vontade e o querer aumentam exponencialmente.
Imaginar sua pele clara e empalidecida
Com as baixas temperaturas e intenso frio
Me faz sentir um imenso calor e desejo
de presenciar o contraste de nossas epidermes.
Despi-la apesar das baixas temperaturas
E fazer subir na base do amor
O calor que vem de dentro de nós
E que nos cala a voz e nos faz sussurrar.
Me abrigue com ardor e querer
Em seu aconchegante ventre
E receba todo o meu amor e gana
De forma real e intensa.
Edson Luiz, Junho de 2016
Soneto do cerrado no inverno
Chegaste, inverno no cerrado árido
Manhãs mais frias, ventos cortantes
As seriemas e seus cantos fascinantes
Noticiam o entardecer não mais cálido
Os pássaros engurujados e suplicantes
Pousam nos galhos tortos e desfolhado
O rubro céu pelo acinzentado é trocado
Do inverno no cerrado e seus instantes
A melancolia toma conta do dia gelado
Noites mais longas e mais pensantes
Oferece pinga pra aquecer o agrado
No fogão de lenha prosas fumegantes
Aquenta a alma e ao inverno versado
Propício aos sentimentos mais amantes
Luciano Spagnol
14 de junho, 2016
Cerrado goiano
BEM-VINDO
Deixei a minha solidão
Pelos rios do inverno
Onde seguiam ferozes
Os meus pensamentos
Senti o murmúrio a delirar
Era o verão que já tinha
Chegado ao meu coração
Olhei para o céu, senti o mar
Agradeci ..bem-vindo seja o verão.
♥ ✿❀༺༻❀✿ ♥
"Nesta noite de inverno seu corpo junto ao meu,
beija minha boca e sussurra que nesta noite de lua serei sempre sua."
SALSTÍCIO DO INVERNO
No solstício do inverno, a luz solar
aparentemente, pode mais iluminar,
que seja, para clarear e ornar,
o afeto entre todos...
Trazendo sentimento terno,
olhar abrasador e aos corações
amor eterno...
Seja bem vindo solstício do inverno!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano