Poesia sobre Arte
Não há arte patriótica nem ciência patriótica. As duas, tal como tudo o que é bom e elevado, pertencem ao mundo inteiro e não podem progredir a não ser pela livre ação recíproca de todos os contemporâneos e tendo sempre em contra aquilo que nos resta e aquilo que conhecemos do passado.
A arte de interrogar é bem mais a arte dos mestres do que as dos discípulos; é preciso ter já aprendido muitas coisas para saber perguntar aquilo que se não sabe.
A arte é visão ou intuição. O artista produz uma imagem ou um fantasma: e quem aprecia a arte volta o olhar para o ponto que o artista lhe indicou, observa pela fenda que este lhe abriu e reproduz dentro de si aquela imagem.
Não é apenas a arte que põe encanto e mistério nas coisas mais insignificantes; esse mesmo poder de relacioná-las intimamente conosco é reservado também à dor.
A política... há muito tempo deixou de ser ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se arte da conquista e da conservação do poder.
A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é aí que se encontra o seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá-lo.
Todo o fantasma, toda a criatura de arte, para existir, deve ter o seu drama, ou seja, um drama do qual seja personagem e pelo qual é personagem. O drama é a razão de ser do personagem; é a sua função vital: necessária para a sua existência.
A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado.
Uma das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não conseguiu satisfazer totalmente.
A arte de persuadir consiste tanto mais em agradar do que em convencer, quanto os homens se guiam mais pelo capricho do que pela razão.
Ninguém presta à sua geração maior serviço do que aquele que, seja pela sua arte, seja pela sua existência, lhe proporciona a dádiva de uma certeza.
A arte serve a beleza, e a beleza é a felicidade de possuir uma forma, e a forma é a chave orgânica da existência; tudo o que vive deve possuir uma forma para poder existir, e, portanto, a arte, mesmo a trágica, conta a felicidade da existência.
A igualdade é a escravatura. É por isso que amo a arte. Aí, pelo menos, tudo é liberdade neste mundo de ficções.
A arte sempre foi isto - interrogação pura, questão retórica sem a retórica - embora se diga que aparece pela realidade social.
O talento desenvolve-se no amor que pomos no que fazemos. Talvez até a essência da arte seja o amor pelo que se faz, o amor pelo próprio trabalho.
Mais importante do que a obra de arte propriamente dita é o que ela vai gerar. A arte pode morrer; um quadro desaparecer. O que conta é a semente.
Se tivéssemos uma verdadeira vida não teríamos necessidade de arte. A arte começa precisamente onde cessa a vida real, onde não há mais nada à nossa frente. Será que a arte não é mais do que uma confissão da nossa impotência?
Faz-se crítica quando não se pode fazer arte, como quem se torna delator quando não se pode ser soldado.
Toda a forma de arte é uma tentativa para racionalizar um conflito de emoções no espírito do artista.
Uma escola onde os alunos mandassem seria uma escola triste. A luz, a moralidade e a arte serão sempre representadas na humanidade por um conjunto de mestres, uma minoria que guarda a tradição do verdadeiro, do bem e do belo.