Poesia sobre Arte
Se em coisas banais repousar o meu silêncio, ali viverei.
A luz já não precisa ser branca, luminosa, transparente, não tem que provocar nada, não necessita de aprovação.
A luz é só luz de novo, intimista, queimada de amarelo, uma teoria antiquíssima, um trajeto percorrido repousando numa clareira. Entre o ser e o estar, o que existe, entre a onda e a partícula, a incandescência.
Um repouso trabalhado, desejado, esperado por milênios, uma torre alta e o vento que nos rouba o ar. Os feixes de realidade decompostos em manchetes criminosas que aquecem os sonhos das fachadas cinzas, de homens raquíticos e empoeirados.
Onde tudo é verde a força é natural e despreparada, a luz é filtrada, e o canto dos pássaros nos distrai..
Quando a tristeza chegar, não se acanhe.
Se apegue a melodia, e cante.
Porque como diz o ditado:
"Quem canta seus males espanta".
Crie uma ilusão, distraia o inimigo alocando sua atenção no supérfluo e quando ele achar que está no domínio,brindi-o com uma bela punhalada nas costas.
Assim é o jogo,assim é a guerra.
Dos gases às águas
Dos ares às algas
Da areia à praia
Da flor à mata
Dos peixes aos primatas
Da fome à caça
Do fogo à prata
Da fala à arte
Da roda à máquina
Do amor ao ódio
Da dor ao ópio
Sou
Transbordo a expressão do ser no tempo
Sou essa interação, esse senso
Sou essa liberdade, esse contato integrado
O tempo passa e eu penso, quando eu penso o tempo passa.
Mas já até perdeu a graça.
Viver de forma indigesta com a face que disfarça!
Dançar...
(Nilo Ribeiro)
Dançar,
é estar em poesia,
é poder se entregar
de corpo à sintonia
é o elevo da alma,
é a paz do espírito,
é se cobrir de calma,
em detrimento ao conflito
é entrega sonora,
sem tempo, sem hora
é o equilíbrio do ser,
unindo mente e corpo,
é um doce prazer,
um sereno conforto
é a grande união,
do profano e o sagrado,
é a prova da paixão,
da amante e o amado
dançar,
é troca de intimidade,
momento de confidenciar,
é se dar com verdade
a dança contém magia,
é a arte com amor,
são versos na poesia,
expressando seu esplendor
a dança reverbera a vida,
ela cura toda ferida,
não há quem a resista,
é a delicadeza que conquista
venha, vamos dançar...!!!
não decline ao meu convite,
venha me acompanhar
nesta arte de requinte
danço porque preciso
e dançando me sinto vivo...
A Noite!
Já é noite, ainda estou pela rua
Na calçada, sentado admiro a lua.
Pois quando a vejo,
Logo me vem aquele desejo.
Que faço, componho, mas não entendo!
O porque dessa paixão,
De poesia fazer, de poesia entoar!.
Meu caderno me chama,
A escrever e pensar,
Pois hoje vai nascer,
Mais uma para recitar!
Hoje a noite é clara, lua cheia.
Hoje nasce sátira.
Prosa e poema.
Hoje nasce mistérios, e grandes histórias.
Hoje tem romance.
Literatura e loucuras.
A noite, tem versos em compasso.
Cheio de hipérboles e Descompassos.
Formo contos e desvendo casos.
Hoje tem saudade, de tempos passados,
Tempos de criança, recordados.
Tempos em que lembro dos meu primeiros passos.
A noite, não é escura e tenebrosa.
A noite, é a melhor hora para poesia e prosa.
A noite, não é fria e sozinha.
A noite, é reflexão e sonhos para melhorar o outro dia.
Uso a noite para escrever, compor e criar.
De dia vêm as ideias.
E de noite, escrevo linhas tortas, linhas retas.
A noite, é meu estilo.
Pois nela produzo com meu dom e minha arte.
Porque a noite, é liberdade não exilio!
Iusão
E quando a vida se fez pesar
Eu triste, machucado a chorar
Não hesitei em me reinventar
Fiz da mágoa, da tristeza, uma arte
Uma personagem
Em defesa do meu coração
Fiz-me forte e confiante
Mera e pura ilusão
Logo eu, um ser amante
E com tão pouca razão
Assim sigo vivendo
Escravo dessa amarga solidão
Quando a vida tende a machucar
Minha personagem continua a gritar
Essa fictícia vida de satisfação
A lágrima que por vezes brota nos olhos
Luta, faz de tudo para cair
Porém, a mente amarga e egoísta
Faz a lágrima retrair
Dando força a ilusão de não sentir
Mesmo sentido
E assim continuar sorrindo
Dando vivência ao ser que mente
E sempre sorrindo mente pensando que é feliz.
Há muita facilidade em se atirar pedras...
Difícil é lapidá-las e transformá-las
em uma obra de arte.
Epigrama
Sim, ser escravo da Beleza –
mais filho do escuro que encontro
do que escrevo da gente
e da contingência.
Procura-se
a custos exorbitantes
a órbita ao menos
da palavra justa
e resta quitar-se ao lado
do quanto a palavra custa.
Não vivemos em um mundo de aparência, não mais!
Antigamente importava; dinheiro, aparência física e casas de luxo. Hoje em dia o feio virou arte, estamos retrocedendo, vamos voltar para cavernas e usar clavas chamadas "app´s" para conquistar uma garota. Sem chocolates, frio na barriga e serenatas
Tirar a lucidez das palavras
para que reste só poesia
esconder-se inteiro num poema
consciência demais do ser
tanto tão pouco
as palavras contam
(quase tudo)
entretanto
entre tantos instantes
há coisas que permanecem
silenciosas e presentes
tocaias de sonho
poemas-flechadas
no meio do coração
pinceladas de eternidade
por toda a parte
arte .
IMPRESSÕES DE MAIO
.
AS pétalas caem como um banjo,
Um violão, um som vazio,
Lembrando a queda de um anjo
Na foz vertente de um rio.
.
Um silvo escapa pelas costas
Que a gente ouve sem saber
Que a foz e rio são opostas
À direção que se quer ter.
.
A tarde suave, um fio imenso
Recolhe as pétalas da aurora
Não gosto nada do que penso
Nem penso em nada nessa hora.
IMPRESSÕES DE JULHO
.
Frio! Tudo constantemente frio
É assim que o dia me parece
Não há mais chuvas, nem estio,
Tudo que sei - tudo que esquece.
.
Festas de julho, sem folguedos
Sem o amarelo dos balões
Sem transeuntes, sem brinquedos
no canto ausente dos salões.
.
É tudo assim, me diz se não,
A noite alta se assemelha
Às serenatas sem paixão
De um coração que se ajoelha.
dos olhos-nos-olhos, és meu abrigo;
dos sorrisos sinceros, a paz que eu preciso;
e dos abraços, a união de nossas almas que criou asas
num voo infinito para o amor eterno !
pediste me uma declaração de amor
Que fosse em forma de arte..
Desenhei sua linda face
Por todos os cantos da cidade
em meu coração seu nome foi tatuado
Deixei minhas digitais em tua alma
e com meu suor seu corpo autógrafado .
Hummm...
Cheirinho de café posso sentir no ar.
Só de pensar, chego a salivar.
Café fresquinho,puro,pingado,macchiato,cappuccino...
Na cafeteira ou coado.
Café na fazenda.
Sozinho ou no boteco
com um amigo.
Sabotagem
Eu aqui
Presa dentro de mim
Com correntes muito mais fortes que as convencionais
Aquelas que atravancam a alma
Eu aqui perdida em algum lugar difícil de encontrar
A escuridão e a sombra pairam em meu corpo fugaz
Eu aqui mutilada
Sem voz
Silenciada em minha arte
Em nome de uma suposta possessividade inoperante
Ou de uma corrupção ativa em que torna o poder mais valioso que o talento
Não entendo essa mania de sabotagem
De passar a perna
De tentar possuir o impossível
Em tentar roubar o sacrifício alheio
Ou quem sabe o brilho
Eu aqui no canto escuro
Calada, silenciada
De punhos e pernas amarrados
Esperando o circo pegar fogo.
"Em volta da mesa estava ele, aguardando que os convidados chegassem. Aos poucos foram chegando; assentou-se o amor, arrastou suavemente a cadeira, a elegância. A leve (e forte) luz acendeu o candelabro para o jantar. E a harmonia reinou absoluta na cabeceira. Todos os convivas se olharam e se amaram, como se fosse a primeira vez." (Convidados - Victor Bhering Drummond)
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E se os moinhos de Dom Quixote forem verdade?
E se eu tiver um dom que choque a sociedade?
Busco uma pseudoverdade que me empolgue
Faço minha arte e não dou ouvidos, igual Van Gogh
Oscilações
Oscilações:
É isso que eu sou!
Começo a indagar-me...
Mas do que adianta dizer quem ou o que sou agora?
Amanhã já não serei mais a mesma.
Fui o que quis ser
Fui o que não quis também
Fui o que minha mãe tanto temeu e odiou,
Fui Paul Sartre, Dalai Lama, Clarice. Lispector,
Fui tudo aquilo que admirei
Hoje eu mudei.
Sou Da Vinci, Van Gogh,
Sou as próprias obras dolorosas de Frida Kahlo,
Sou Mozart e Salieri,
Sou o caráter e a corrupção.
Este é o meu destino:
Ser o que não sei quem sou.
Continuo sendo o que minha mãe não quer
Mas amanhã posso ser o que ela mais ama.
O que sou hoje já não tem mais sentido,
Durmo tarde e acordo cedo,
Trabalho mais que me divirto.
E ainda assim,
Consigo achar-me a mais feliz de todas as mulheres!
Sou os meus amigos
E os meus inimigos também.
Consigo dar mais voltas que o mundo,
Ter mais fases que a Lua,
Consigo brilhar mais que o Sol,
Pois eu sou Oscilações.
Amanhã... o que serei?
Lembro que muitos admirei
E hoje sou admirada
Mas assim como os esqueci
Serei esquecida
Ou pior...
Serei substituída.