Poesia que Falam de Paz
Nada de latitude. Indiferença nem pensar; nada de longitude, dessa coisa bem longe do abraço. O amor precisa de atitude.
Cada vez mais se confunde "silêncio" com "silenciamento". Um dia desses comentei entre amigos que o silêncio é a alvenaria da escuta ou o prelúdio da sabedoria e o silenciamento, a porta dos fundos para a chegada da barbárie. Um desses amigos me disse que eu deveria compartilhar a reflexão - é o que estou fazendo agora. Salva uma mudança no final do texto: acredito que seja a porta da frente para a chegada da barbárie e a dos fundos para a naturalização da mesma.
Porque todo papa antes de ser papa quando ainda não tem cara de papa fica com cara de papa depois de ser papa?
Sonhamos todos os dias. Lembramos pouco, mas sonhamos sempre. Tenho a imperfeita impressão que quando dormimos, morremos. O sonho é a lembrança para se manter vivo; é o alimento do sono. Mas, a era virtual matou o sonho e transformou a vida real em fuga débil. Estamos passando uma fome onírica, sem precedentes.
E eu que penso e não existo através do espelho, calculei sem muito gasto sináptico o tempo que se perde no selfie para encontrar a posição (projeção) idealizada de si. Foi, pois que o resultado é: esse tempo é muito maior que o tempo no qual as pessoas rapidamente encontrarão seus mais perfeitos defeitos. As virtudes, no entanto demorarão uma vida inteira para lhe devolverem à altura de sua imagem sonhada ou pesadelo indescritível.
Há de se desconfiar de uma sociedade quando a preocupação passa de "to be or no to be" para "curtir ou não curtir".
Eu, brisa, quando vejo um vento forte, cheio de vida, dou-lhe a última porção de ar que me resta para que ele se torne um furacão
Estou chegando a conclusão (tardia é verdade, mas que sempre me ocorreu) que as pessoas querem sempre algo de nós, mas nunca nos querem.
O tamanho da solidão de um criador é proporcional à abrangência que ele deseja para o êxito de suas obras e personagens.
Havia um tempo em que o espetáculo da humanidade era a própria vida, mas agora a vida se tornou espetacularizada e desumanizante. A vida não existe mais, porém, curiosamente, está a todo instante sendo filmada.
A euforia é a manifestação violenta no público de um vazio do ente privado. A alegria é o canto do eu na sensível harmonização da plateia.
Escrever é talvez a arte mais solitária de todas e, por isso, a que habita uma possibilidade incrível de escuta interna e reinvenção de mundos e de si. É escrever com você, contra você, através de você e a partir do outro, sem o outro saber que lhe faz companhia nessa travessia.
Política social como assistência. Democracia como privilégio. Cidadania como tutela. Burocracia como atraso. Complicado Brasil!
Não gosto de mar manso. Não gosto de gente mansa. Gente mansa é mar traiçoeiro. Mar manso é mar morto.
Tenho insistido nesse ponto: a Escola e tantas demais instituições de ensino tem que estar mais atentas em relação a outras formas de talento - há talento para afetividade.
Quem interroga exclamação tem problema de interjeição. Quem exclama interrogação tem problema com perguntas. Agora: quem se compõe de atitudes vírgulas tem muitos problemas com ponto final. Fazer pequenas pausas não é ruim, aliás, pode ser prudente; mas "gente aspas" é muito reticente no meu ponto de vista.
Em princípio paradoxalmente, as pessoas (muitas das vezes) não se mostram quando estão na sua frente, elas se mostram para valer pelas suas costas (longe da presença do outro). Pela frente, elas apenas se exibem. Ou, como se costuma dizer por aí: elas "se amostram", ou seja, mostram uma pequena parte de si. Essa exibição inicial confunde a realidade ou totalidade do sujeito com sua performance de entrada, a introdução ou epígrafe de si. E é por isso que costumo citar que a primeira impressão não é a que fica, essa pode ser a segunda ou terceira. A primeira é a que chega. Uma amostragem grátis pode às vezes nos custar caríssimo.
Não é a palavra que perdeu a verdade. É talvez o orador que tenha se perdido da verdade ao proferi-la.
Quem nunca pensou em desistir do sonho? Mas, a vontade do sonho sempre foi maior que a vontade de desistir, não é verdade?