Poesias que falam de Olhos
OLHOS MORTOS
Quando te beijei naquela manhã,
Trazias nos olhos um regato de água,
Seco.
Estéril.
Forjado.
Senti em ti rios de desprezo
Subtis,
Hostis,
A correr sem destino,
Mal cheirosos,
Pelas margens do teu rosto,
Dos teus olhos covardes, mortos,
Por não olharem os meus.
Na sede que eu tinha da tua água,
Nem reparei que a tua estudada mágoa
Se misturava com o PH da tua acidez,
Sempre que queres magoar quem te fez.
Minha querida estátua que já és
Para mim tão absorta e estarrecida,
Nas tuas gélidas palavras sem sortida,
Um ser que não conheço nem de frente
Nem já de revés,
Eu que fui o obreiro da tua própria vida.
Um pai, já dizem não valer de nada
Agora neste mundo podre, sem guarida,
Houvera tempo de vida atrás voltada
Que nunca eu te geraria, nem cerzida.
(Carlos De Castro, in Há um Livro Por Escrever, em 31-07-2023)
CORRE MEU VELHO
Anda, poeta velho!
Escarcavelado!
Escaravelho!
Pingarelho desarmado
De olhos cerados,
Magoados,
Galga, meu velho!
Secaram-te as lágrimas,
Brotaram-te as águas
No leito do teu rio,
Tão vazio
E tão cheio de mágoas.
Não durmas mais a sesta.
Caminha,
Noutro caminho
E foge de mansinho
Da prisão desse lar
Em que te querem encerrar,
Sem te ouvir
Se queres ficar ou desistir
De pensares,
De sonhares...
Foge!
Foge!
Corre, meu velho!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 10-08-2023)
SE OS MEUS OLHOS
Ai, se os meus olhos dissessem
O que viram quando eu via,
As coisas sacras e profanas
Das procissões das vaidades
E cortejos de perversidades…
Nos convívios só de apelido,
De carneirinhos em sentido
À espera da ordem mestra
De chefes, gente que não presta,
Sem carácter nem humildade.
Era assim na mocidade
E hoje também não falha,
Nas feirinhas desta canalha
Velha, sem idoneidade.
Ai, se os meus olhos dissessem
O que viram quando eu via,
Outro galo então cantaria
Mesmo que mordaças houvessem.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 01-10-2023)
DOÇURAS
Beijar teus cabelos,
Encostar os teus olhos aos meus,
Quentes,
Roçar a tua boca
Sôfrega,
Nos meus lábios
Sequiosos,
Tanger os teus seios
Com os meus dedos
Nervosos,
Entrar no teu ventre
Ofegante,
Através do rosado
Da abertura
Arfante,
Onde perdemos os sentidos
Num instante,
Do prazer que é rei
Dos nossos fluidos,
Que eu sei.
OLHOS D'ÁGUA
Sempre que te olhava
No pranto
Quase como quebranto
Mais que feitiço
No teu olhar em derriço,
Nessa lágrima que brotava
Dos teus olhos d'água,
É que eu compreendi
De vez e a horas,
Que quando ris, choras,
Sempre que eu choro por ti.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 30-01-2024)
SEM RESPOSTA
Te salvo, princesa morena,
Aquela dos olhos tristes,
Diz-me, porque resistes
À minha triste novena?
Nove dias sem te ver...
Ou vens ter comigo
Aos quereres
Dos nossos apeteceres
Fatais,
Ou então já eu te digo:
Não acreditarei jamais
Nos infiéis juramentos
E no feitiço do teu olhar,
Nos cheiros de embriagar
Dos perfumes de enfeitiçar,
Que me trazem sofrimentos.
Não respondes?
Oh, não precisas de o fazer...
Basta-te só compreender
Que mais esse teu açoite
Não evita que o meu dia
Mesmo sem o teu querer,
Já começa à meia-noite,
Na luz que a lua irradia.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 17-02-2024)
Aos olhos dos homens que não sabem do meu universo, concluem estes senhores debilmente, que não consigo terminar o que começo.
É que toda rotina e gestos repetidos me enfadam. Por isso me tornei escritor, neste contexto criativo, posso com um ponto final, por fim em um projeto, seja este um conto, um romance ou um verso.
Todavia nunca termino meus trabalhos textuais com ponto final, prefiro sempre uma breve interrogação. Sou um escritor medíocre ou um gênio preso nas grades do anonimato?
evandocarmo.com
A porta aberta
A porta se abriu, de repente
tudo se revelou, o mundo se expôs
aos olhos do homem,
que se encontrava preso.
Quebraram-se os grilhões
as marravas, removeram
a venda dos seus olhos.
Mas o homem não tinha pernas
nem braços para abraçar o mundo
foi lhe dito que poderia ir, estava livre,
enfim cumprira sua pena.
Mas o homem continuou mudo
não disse palavra. Por dias e noites
ficou espantado com o tamanho do mundo
e com a liberdade da porta aberta em sua frente.
Até que seu carcereiro lhe disse:
Vaz embora ou ficarás aí até morreres de fome e de sede?
O homem tentou respondeu, mas não teve fôlego nem voz.
Então, com olhar triste de profundo desânimo
olhou para suas amaras, vendas e grilhões
e, apontando-os, fez um sinal de que preferia a prisão
pois havia perdido o intersere pela liberdade.
no fundo dos olhos
mora um abismo
que a alma atrai
viril e otimista
não há segredo
que afugente
o encantamento
da segunda vista...
SEM FALAR EM SAUDADE
Foi sem falar em saudade
que lembrei de você
dos seus olhos pequenos
a me enlouquecer
do seu corpo moreno
do seu beijo veneno
a me adormecer.
Foi sem querer que a tristeza
chegou com a canção
que eu fiz pra você
naquele verão
onde fiz dos teus olhos
minha única razão
de viver, de sorrir, de sonhar
de paixão.
Foi sem falar de saudade
que me veio a lembrança
que perdi a esperança
de voltar a te ver.
VOZ DOCE DA POESIA.
Amputaram-me os pés,
amputaram-me as mãos
depois furaram-me os olhos
em seguida amputaram-me a língua
perguntaram-me se ainda sentia dor.
Eu não podia andar, era fato,
nem podia ver, nem apalpar
contudo, meu melhor sentido
ainda permanecia, não se alterara
ainda podia ouvir o som do vento,
e a voz doce da poesia.
“Há um brilho e uma luz,
Que só o amor produz,
Nos olhos de quem descobriu.
Que o amor enche a vida de sentido
Enche riso de razão
Enche o amar e enche o rio
Transborda no coração.
NEM NERUDA SABERIA
Teus olhos são estrelas
de uma constelação
joia rara, equidistante
do apelo da razão.
Tão longínqua
quanto penso
sobre a vida
em outro canto,
longe do frescor
e do encanto
da brisa do teu sorriso
sobre a paz entre os humanos
sobre a eternidade tão sonhada,
de Adão no paraíso.
O teu corpo em movimento
impossível é a descrição
pobre Neruda tentou
com sonetos de amor
que dirá de um poeta
tão infértil como eu
que tenta juntar palavras
que nunca se apaixonou?
Mas sobre a cor dos seus olhos
ainda não sei dizer, se são de mel
se são doces e nocivos
se são de mar, azuis reflexivos
se são da terra, se são do céu.
eu disse pra ela
de forma singela
com a roupa que estava
de blusa amarela.
eu quero teus olhos
na minha janela
comer tua língua
no meu desjejum.
de noite na cama
debaixo de acoite
morder teu umbigo
e junto contigo
construirmos um.
castelo de areia
de frente pro mar
correndo perigo
é este o castigo
de quem quer amar.
eu como a tua alma
e bebo o teu corpo
licor de mangaba
meu vinho do porto.
a cor dos teus olhos
é tão inconstante
depende do jeito
que olhas pra mim.
às vezes tão perto
ás vezes distante
eu entro em delírio
não sei se consigo
ser mais que amante.
A beleza é a flor que colore o mundo,
É como um raio de sol em tarde nublada
Ela encanta os olhos, consola a alma
E nos brinda com momentos de felicidade.
A beleza mora na natureza,
No sorriso de uma criança inocente
E no abraço sincero de um amigo.
Ela é a essência que transcende o tempo.
A beleza é mais do que beleza em si
É a luz de paz que ilumina a vida
É a esperança que faz o coração sorrir
E é a promessa de uma vida plena e colorida.
Por isso, que encontremos cada dia
A beleza que existe em toda via.
Oh, divina mulher de olhos negros!
Imponente como a noite escura,
Tua beleza é um mistério que encerra
A força de um amor que é tão puro.
Teus olhos, sedutores e profundos,
São como o céu noturno sem igual,
Só quem te contempla se inebria,
E não consegue evitar o mergulho total.
Talvez nem mesmo a poesia que exalta,
Consegue traduzir com fidelidade,
A beleza e o encanto que em ti habita,
Tu és a musa da nossa inspiração,
Uma verdadeira divindade,
Que enche nossa alma e nosso coração
Mulher de olhos verdes, és obra divina
De curvas suaves e pele macia
A tua beleza é qual doce melina
Que embriaga o coração dia após dia
Teus lábios carnudos, vermelhos como o sol
Despertam em mim um desejo voraz
E em teus abraços eu me sinto no rol
De um sonho eterno, que nunca se desfaz
Teus olhos brilham, como estrelas no céu
E chamam-me a eles, como um farol
Que me guia de noite, quando tudo é breu
Mulher de olhos verdes, tu és a doçura
Que alegra minha vida e me inspira a ternu
Dos olhos negros que lançam encantos,
Surge a paixão que inflama os corações,
E nos seus traços, suaves e brandos,
A beleza que encanta as multidões.
No semblante, um sorriso iluminado,
Que exprime a alma plena de ternura,
E o corpo, esculpido com pecado,
Atiça o desejo e a loucura.
Oh mulher de olhos negros, divinal,
Que arrebata todos os sentidos,
E faz vibrar o amor em todo o ser!
Com seu magnetismo sedutor e fatal,
És a rainha dos apaixonados,
E tua graça, em verso e prosa, há de viver!
De olhos negros que brilham como o mar,
E curvas que fazem o sol suspirar,
Ela caminha graciosa e serena,
Tão bela que até mesmo a aurora inveja.
Seus cabelos negros como a noite,
Refletem estrelas em seu rosto encantador,
E sua pele morena como o barro,
Traz à mente do poeta a pureza do amor.
Oh! Como ela é bela, inspira mais paixão,
Com lábios vermelhos como a rosa rubra,
E seu sorriso tão encantador como a canção.
Como um feitiço a envolver, ela conquista,
Acalentando o coração do homem
Que admira a beleza, que há quem resista.
Meu coração arde em chama, é amor,
E em teus olhos vejo o brilho do céu,
Anseio teus lábios e o teu calor,
E em teus abraços sou prisioneiro, réu.
És um sonho que se torna real,
Com tua beleza e graça sem fim,
Minha paixão por ti é tão leal,
Que nunca mais serei feliz assim
A cada olhar que troco contigo,
Sinto meu peito bater mais forte,
quando me tocas, o mundo é só isso.
Neste amor intenso, de vida e morte
Juntos seguiremos o mesmo caminho
Até o fim, lado a lado, com essa sorte