Poesia dos 40 anos
No Brasil até o sucesso tem que ser bissexto,
ocorrer paulatinamente no máximo de 4 em 4 anos.Agora o fracasso este pode ter em excesso, sem culpa e sem medo, com muito prazer por que todo mundo erra o tempo todo nesta diuturna e frenética busca insana dos acertos.
Quem ri por último, ri melhor!
Estou com 70 anos, esperando pacientemente na fila.
Acho que vou me escangalhar de rir, logo mais.
Combinei com o meu filho autista, que viverei até os 108 anos, portanto, mais 37, sendo que, até os 106 irei com muita energia, depois, quero descansar 2 anos para morrer em paz. Ele aceitou.
Ele sabe que se não der certo, terá sido uma rasteira do Destino, mas está preparado para compreender da mesma forma, e continuará a nossa caminhada.
Aos 20 anos, você acha que pode mudar o mundo.
Aos 80, você tem certeza de que consegue, pelo menos, morrer tentando.
Curiosa, minha filha Júlia de três anos, perguntou-me com ares de segredo: "Pai; o que é uma surra?". Gaguejei. Baixei a voz e quis saber onde ouvira a palavra. Ouvira de um coleguinha na escola em que a mãe trabalha, que dissera ter levado uma. Pelo tom da voz, a Júlia sabia que não era boa coisa, e certamente o coleguinha surrado não fez boa expressão, ao dar a notícia.
Não tive coragem de dizer. Talvez devesse, não sei o que diriam os "educocratas", mas não tive. Convergi nossa conversa para coisas mais produtivas. É claro que ela saberá logo o que é uma surra, não graças a mim, mas acho que posso adiar um pouco. E na verdade, fico feliz por ter uma filha que vive num mundo (o de nossa casa) que ainda não registrou a palavra em seu glossário.
PETER PAN
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Um menino passado a lutar contra os anos,
uma vida enguiçada em balneário impróprio,
sob as perdas e os danos que o tempo confirma
sem acesso aos apelos do mundo irreal...
A criança que teima num corpo de adulto
é um vulto esquecido numa solitária;
um assombro que brinca de brincar de fato;
um retrato que pensa que pensa e que vive...
Tenho dó do menino que jamais cresceu,
distorceu a passagem do tempo na pele
sobre a gasta estrutura de puro tamanho...
Perguntar não constrange, se faço ao meu fundo;
em que rua do mundo acabou a saída;
a que horas da vida ele vai acordar...
NATAL SECRETO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Anos e anos de procura, e não encontrei a versão do meu natal no meio das cores fartas e sintéticas que saturam as ruas da cidade. Nem mesmo nas cartas de crédito e consumo que chegam à caixa de correspondências de minha casa e me chamam pras lojas enfeitadas por itens e gentes. Ou só por itens, porque afinal, pessoas também são itens no brilho superficial dos shoppings que se enchem de afetos para todos os gostos e poderes aquisitivos.
O natal com que sonho desde criança, e que não casava com os sonhos de outras crianças, nunca veio ao meu encontro. Talvez porque não exista, e porque os sonhos de meninos e adultos alienígenas não podem mesmo se realizar, para que o mundo não seja desarrumado. Jamais me achei, nem ao meu natal disforme, sob as ondas da paz comercial desse amor que se apresenta nos moldes emergenciais da velha data instituída.
Com o tempo, precisei adequar meu egoísmo à normalidade cívica e dogmática do natal que polui os olhos e dentro em pouco poluirá lixeiras, esquinas, encruzilhadas e guetos. Quando a minha esquisitice lamber os restos de abraços, discursos e sorrisos, meus olhos verão pessoas ainda mais esquisitas e carentes revirarem o lixo em busca dos restos gastronômicos do natal. Para essas pessoas, afetos de fim de ano são presentes de outro mundo.
AMIZADE PLATÔNICA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Foram anos de olhares tão só meus,
de carinho isolado, sem resposta,
uma cumplicidade no vazio
de quem gosta e não gosta; só se deixa...
Fui amigo platônico, distante,
mesmo próximo, pleno de presença;
tive afetos restantes dos descuidos
ou de surtos da tua solidão...
Sob as perdas, os danos que sofri,
rabisquei as versões de realidade
que não vi, mas vivi de não viver...
Minha mente seguiu meu coração
sob o vão das imagens afetivas,
e teus nãos me nutriram de silêncios...
O AMOR E O TEMPO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Apesar dos desgastes ou ações dos anos,
das verdades maiores do que todo encanto,
desse quanto se foi do que fomos um dia,
quero nosso destino sob os nossos pés...
É com todas as perdas e os danos da vida,
os desvios do mundo, as ilusões frustradas,
que me sinto sem chão ao me pensar sem ti;
perco minhas estradas e caio de mim...
Um amor todo entregue às erosões e o limo,
sem o mimo dos dias mais frescos do amor
nem aquele desejo incontido no corpo...
Mas escavo as vivências e nos recupero,
quando menos espero dos fósseis do tempo
entre os quais não deixamos de pulsar por nós...
A FORÇA DA FARSA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Foram anos e anos do que jamais foi
para quem desenhei na quimera tão minha,
tão acima do quanto poderia ser
a não ser pra quem perde a noção e o bom senso...
Foi assim que te amei numa espera infinita,
fiz de conta e me fiz acreditar no conto,
fiquei pronto pra quando chegasse o momento
esperado por nós; na verdade, por mim...
Você foi essa força que tirei da farsa,
uma praça de sonhos que plantei sozinho
pra perder o meu tempo e não me ver passar...
Fui a sua certeza de alguém por aí,
caso fosse preciso ancorar em um cais;
nada mais do que algo pra ser menos um...
CONSTATAÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Durante muitos anos, ela o aceitou exatamente como ele dizia ou confessava ser, sem qualquer disfarce ou rodeio. Só passou a rejeitá-lo, com todas as forças do seu íntimo, quando constatou que, de fato, ele era exatamente como dizia ou confessava ser.
SÓ UM CONTO QUASE DE AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Durante anos e anos, em todos os reencontros ocasionados sempre por ele, depois de longos afastamentos, ela dizia que o amava. Com todas as forças do seu ser. Toda sua verdade. Parecia mesmo que ela o amava, pela comoção demonstrada; os abraços desmedidos; a multiplicação das mãos; os beijos que não escolhiam quais partes do corpo.
Eles eram amigos íntimos; muito íntimos. Deitavam juntos inteiramente nus; se acariciavam sem fazer sexo; frequentavam campos, recantos e cachoeiras desertas, onde mais pareciam no jardim do Éden. Trocavam juras de amizade perpétua, sempre assim: sem permitirem que um romance pusesse tudo a perder. Que as nominatas e os arremates físicos os tornassem proibidos, porque ambos já tinham em separado, perante a sociedade, nominatas formais incompatíveis com quaisquer outras.
Um dia, ela não reconheceu sua voz numa ligação telefônica. E quando ele se anunciou, disse que lá não havia ninguém com aquele nome; portanto, era engano. Certo de que o engano era seu, e de muitos anos, o velho amigo desligou o aparelho e seguiu sem fazer queixumes.
Bem vivido, com uma larga experiência de mundo e formado em seres humanos pela escola do tempo, aquele homem sobreviveu ao baque. Não a culpou e compreendeu que a grande amiga se rendera finalmente às nominatas, mesmo sem os arremates. Fora convertida pela sociedade sempre correta, imaculada, religiosa e defensora de nomes.
SOLIDÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre achei que o silêncio dos anos a fio
calaria este grito que já calo em mim;
este frio na espinha, esta chama na pele
que não sei abafar quando encontro teus olhos...
Presumi que teria os favores do tempo,
dos empenhos do mundo ao abrir horizontes,
ao expor tantas pontes pra todas as margens
de verdades mais fortes do que meu segredo...
Tantos anos e o sonho de ao menos um dia
reservar um instante para ser só nosso
e fazer a magia tomar corpo em nós...
O que sonho é bem pouco, somente o rascunho
do cenário e da cena que desenho a esmo
com o punho cansado desta solidão...
TÉCNICAS DE LUTA EMOCIONAL
Demétrio Sena - Magé
Descobri há poucos anos, que sou capaz de suportar pelo menos uma hora dos insultos de uma pessoa. E por escrito, pelo menos umas quatro laudas de bombardeio. Isso vai depender da minha leitura do grau de carência, desequilíbrio emocional, fragilidade ou, em última instância, do grau de periculosidade que tal pessoa demonstre.
A periculosidade que meço nunca está na força física, no poder socioeconômico nem na "brabeza" do indivíduo. Está na sua fragilidade assim confessada, involuntariamente, pela carência e o desequilíbrio. Alguém assim representa um perigo para si mesmo e, em decorrência, para nós. Imagine uma criatura enfartar porque você a deixou ainda mais estressada. Ou você agredir fisicamente alguém mais frágil, que não está cabendo em si... a tal ponto que já nem é responsável pelos próprios atos. Os exemplos variam e se diversificam. Deixo a cargo de sua imaginação.
Depois de mais ou menos uma hora ou quatro laudas, minha valentia é me retirar. Se logo após isso, precisar me defender física, policial ou judicialmente, serei sempre técnico, pela questão que faço de saber o quanto fiz para que ninguém chegasse às vias de fato comigo. Quem quiser arrumar um problema sério para mim, terá que recorrer à calúnia... Sem provas.
PRA REVIVER
Demétrio Sena - Magé
Desta vez entendi que o que sinto é tão só;
tantos anos perdida no seu faz de conta,
que minha'lma ficou embevecida e tonta
por um laço que a mágoa transformou em nó...
De repente o castelo ao vento se desmonta,
como todos os sonhos se tornaram pó;
minha voz perde as notas, o que tenho é dó,
mas nem é musical; a música me afronta...
Sairei desta sombra, porque sempre o fiz;
tantos tombos na vida me deram destreza
pra seguir outra vez e tentar ser feliz...
Entre todos os meios de chegar ao fim,
decidi que não vou me render à tristeza
por alguém que brincava de gostar de mim...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
Tristes dos diamantes que se tornam mais brutos ao longo dos anos, precisarão de golpes cada vez mais fortes!
Felizes dos que entenderam que se têm que deixar lapidar, aceitando os golpes necessários para brilhar!
A sabedoria que reside na ignorância...
muitos levam anos para obtê-la e poucos com sua humildade levam segundos para compartilhá-la
Pensei:
Apesar dos meus setenta vou continuar fazendo o que fiz ao logo dos anos: dar aulas, palestrar, ministrar a palavra da fé. Subitamente sofri um AVC - Isquêmico, que atingiu o centro da memória.
- Onde estou? Quem sou eu?…
Fui parar no hospital.
Relato médico:
morreram milhares dos seus neurônios.
- E agora doutor?
- Neurônios não ressuscitam, mas, com o tempo vão surgir os novos…
- Ainda me sinto perdido, esquecido, mas saudando-os com boas-vindas!
* Gratidão!
Posso dormir e acordar, passar os dias e os meses,
Viver anos e até séculos, renascer e novamente viver,
Eu vou continuar te amando, mesmo estando longe de você,
A distância é apenas um número, fácildeseresolver;
O tempo é um evento, que se torna lento ao te ver,
E mesmo esse único segundo, parecendo mil a se correr,
Ainda não é o suficiente para a saudade saciar,
Pois estar ao seu lado é o que eu maisqueroalcançar;
E se o tempo teimar em passar e me afastar,
Meu amor por você jamais deixará de brilhar,
Pois, na certeza de um dia te reencontrar,
Vou te amar, sempre, semnuncahesitar.
Quando a reforma aconteceu, Calvino tinha apenas 9 anos de idade, não foi Lutero quem aderiu ao calvinismo, foi Calvino quem aderiu a reforma!
Os personagens da reforma são: John Wycliff (1325-1384), John Huss (1372-1415), Jerônimo Savonarola (1452-1498), conhecidos como pré-reformadores, combateram irregularidades e imoralidades do clero católico romano; já Martinho Lutero (1483-1546) foi quem colocou a reforma em curso, juntamente com Filipe Melanchton (1497-1560) e os professores de Wittemberg!!!
O calvinismo é apenas uma ramificação desajustada, deturpada e distorcida da reforma!!!
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