Poesia de Lua

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⁠Gaiola

Tec tec tec
bicava o poleiro
o pequeno Bem-te-vi
simulando ser os galhos dos pinheiros
por onde vida toda a cidade
Nunca esquecera aquele dia
em que uma mão muito ágil
olhou para si, elogiou seu canto
e o levou para bem longe daquelas árvores
Cada vez que recordava,
era tec tec tec
bica bica bica
canta canta canta
"Bem-te-vi, Bem-te-vi, Bem-te-vi"
enganando o tempo
fingindo ser um cantor
e não um prisioneiro.

Inserida por luapinkhasovna

⁠Tempo!
Palavra vasta..
Perceber que de repente tens tempo..
Para olhar para ti, para prestar atenção no caminho, para sentir mais, para contemplar, criar, amar a si próprio, pensar melhor.
Tempo, para semear.
Tempo, para deixar tudo para trás.
Tempo, para começar de novo!
Tempo...
... Tão valioso é o Tempo!

_Acredite!!!

Inserida por Luaperello

⁠dói o modo como você me machuca
e logo depois finge
que nada disse

-psicopatas
matam e nada sentem, é isso que você faz

Inserida por luaeosol

⁠querida mamãe,
não me mate
e depois tente me fazer rir
porque dói,
você sempre me faz o favor
de acabar de com o que resta
de amor próprio em mim,
se um dia você
quiser parar de ir a farmácia
buscar um pouco de serotonina
para mim,
cure-me com seu silêncio

Inserida por luaeosol

⁠Verborragia

É nos confins das mentes silenciosas
Que adormecem os verbos pungentes
Inflamados por salivas raivosas
São ricos em sentimentos latentes

Os sons que os ouvidos guardam
Reverberam pelos séculos encerrados
Emergem em meio a noites nubladas
E transbordam nos travesseiros

As noites longínquas agonizam em meio às luzes oscilantes da lua cheia
Solitária e flutuante
Despede-se no raiar do dia enquanto deixa seus apaixonados carentes

No embalar da melancolia
Em meio aos minutos escorridos
Com a cabeça latejando o vácuo
O grito se torna inaudível

O peito refreia todas aquelas emoções
Adormecidas
Mas os ouvidos inocentes
Não possuem proteção contra os sentimentos penetrados

E no epílogo do corpo
Eles são apenas a porta de entrada das emoções
Não são eles que sentem
Os sons são carregados pela veias que os levam até o coração

Esse quieto e dormente
Sente mesmo com sua derme grossa
Roupa que o veste
E sua clava de ossos na frente

Sua eclosão se dá para o corpo inteiro
Da ponta dos dedos
Percorrendo pela pele
Passa pelo rosto
Chega até a cabeça

Assim seus circuitos são acionados
Suas sinapses erram os trajetos corriqueiros
Uma tropa de pensamentos de berço
Voltam a sibilar raivosas na mente

As letras liquidificam-se
Perdem-se entre as vísceras
Preenchem os espaços
Até não mais caber e sair pelas chuvas torrenciais do corpo

A alma não escuta, não fala,
Pois quem sente é a carne
Que se desmancha em gotas pela face
Quando as palavras perversas,
Deveras diretas, a fazem pingar.

Inserida por luapinkhasovna

⁠Léxico dos Sentidos

Cansei de regras
Teoremas
Cansei das ênclises
Próclises
E sempre detestei as mesóclises

Querer-te-ei?
Como poderia querer-te no futuro?
Ter você agora seria o único presente mais que perfeito aceito pelas minhas linhas

Preciso criar um novo tempo pro pretérito
Um que eu possa usar em qualquer texto
E sirva para todos os momentos com você

Eu quero rasgar o verbo
Expulsar todas as minhas hipérboles
Como alforria
Quero gritar interjeições
Sem analogias
Quero a palavra nua
E sentir todos os paradoxos da minha existência saindo pela boca

Não quero o uso correto do idioma
Quero gaguejar
Me lambuzar nos erros
E delirar entre as palavras tão livres expressadas

Quero cuspir palavrões
Buscar o sentido pejorativo
Escrever fora das linhas
Rabiscar tudo escrito
E quem sabe rasgar a folha

Quero me libertar da minha forma humana
Amar outras espécies
Afiar minhas presas
Usar minha prosopopeia
E me transformar em quem
talvez seja quem de fato sou

Eu quero a sinestesia
Aprender
Prender
A tua língua em mim
E jamais usar amar no verbo oculto
Eu quero abusar dos neologismos
E encontrar a palavra exata que sirva como palíndromo
Que mesmo que você leia de outras direções, o sentido será o mesmo

Mas antes, não se esqueça de respeitar meus parágrafos
Pois são eles que definem o começo
das minhas histórias

Então, engula minhas reticências
Não pause nas vírgulas
Saboreie cada silêncio
E você estará sentido o verdadeiro gosto do meu léxico
E o que vem depois serão palavras sinceras
sem pontos finais.

Inserida por luapinkhasovna

⁠Novos objetivos
Sentimento de esperança
vem e vão
Objetivos nunca compridos
e o medo vem
E as esperanças
se vão

Inserida por Luacx

Ninguém sabia me dizer

Por céus e mares eu ando
Vejo o poeta e vejo o rei
Mas ninguém sabe me dizer
Ninguém sabe fazer o meu coração disparar e ficar seguro
Eu cansei de passar por céus e mares
E nunca saber o que é o amor
O que é o amor?
O amor dói?
Ou o amor é o espinho que não se vê em cada flor?
O que é o amor?⁠

Inserida por analuaa

Quanto mais ouço pessoas falando, mais calado prefiro ficar.
É impressionante o quanto a palavra é nociva na boca de quem não sabe usar.

Inserida por jurasecreta

Procure desesperadamente por ti próprio!
Todo o resto, te encontrará depois que você se encontrar...

Inserida por Luaperello

⁠deixo a flor
a carta
a memória
deixo o poema
esculpido
em dor
deixo o início
o fim
a história
deixo tudo
e não me deixo
vou

Inserida por Lua84

Dizem que sempre tem um que ama mais, mas eu ainda não descobri quem de nós dois é esse um…
E se for recíproco na mesma intensidade?

Inserida por GabrielaLua

Quem sabe de mim sou eu.
Minhas atitudes não condizem com o que eu falo. Meus pensamentos não são meus sentimentos.
Meus sentimentos são minhas atitudes. O que eu falo são meus pensamentos.
Os pensamentos são os sentimentos, e as atitudes são minhas palavras.
No final, é tudo ao contrário. Eu vim pra confundir, e não pra me explicar.
Eu sou assim. Eu me invento.

Inserida por GabrielaLua

E das coisas mais secretas sobre mim, estão nos papéis, no coração, na minha caixa de segredos. E ninguém achará a chave!

E é isso que eu deixarei para o mundo quando não fizer mais parte dele.

Inserida por GabrielaLua

Meu bem, fico feliz em ter a certeza de que a vida dá o troco, e vem com força total. Pare, perceba, olhe pra trás. É ironico, não?
Aqui se faz, aqui se paga. Nuncá sairia ileso, sabia disso.

Inserida por GabrielaLua

O futuro existe, e tá aí pra provar que quem não tem garra, fica pra trás, como eu já fiquei. A luta começa, e vou provar pra mim mesma o quanto sou capaz.

Mesmo na contra-mão, vou buscar a melhor direção pra minha vida.

Inserida por GabrielaLua

Sobrevivendo

E eu sobrevivia intensamente naquela liberdade doente de múltiplos sorrisos e lágrimas cristalizadas que tornavam-se estrelas a cada lua que passava

Inserida por linelua

BIG BANG

Provocada pelo filho do vento


Disforme e rejeitado


A partir da erupção quente e densa


Do vulcão dantesco


A expansão dos meus dissabores


Arranca minha pele


Dilacera minha carne


Deixa expostos meus temores.










Com a alma em carne morta, eu existo


Nascida da explosão vazia


Que ecoa num grito expressionista


Da arte demente de Munch


E percorre, tortuoso, o papel


Misturando letras com lágrimas


De água e óleo na pedra calcária


Imprimindo meu pesar


Em recitativa ária










De uma diestesia evoco o grande Shaman


Que cala todos os sinos para que eu vire poeta


Transformando em arte a minha agonia


Porque o Big Bang da Alma é a poesia

Inserida por linelua

IMORTAIS

No fim do arco multicolorido


da Mensageira de Hera


Me aguardava leviano


O anjo que combinava o som com o silêncio


Que sucedeu a morte dos filhos de Urano






A voz grave e melódica


De coração dissonante


Cantava o silêncio de força orquestral


Que profetizava o arranjo final.






O anjo enfermo que quer curar


E se cura


Almas expostas que sangram


E sangrando se misturam


Até se tornar singular






E a alma ensolarada e siamesa


Regra os excessos e duplica sua força


Surgida do vazio original


Amparada por Eros percorre do Caos ao Cosmo


Se tornando imortal.

Inserida por linelua

MÚSICA ALTA

Ontem eu fui ao inferno em busca de aventuras


O som estava alto do jeito que eu gosto


O cheiro era morno, a cerveja era quente


Risadas histéricas, uma loira gelada


Dançando lindamente






O inferno acolhe em seus braços


Bancando o indulgente


As almas enfermas, de olhar embebido


Em água e sódio


Que carregam o triste sorriso do incoerente


E celebram para abortar o ódio






O inferno te envolve em um enredo


Te lambe sem segredo


Com sua língua bifurcada e repelente


Enquanto a vida, obediente


Segue o curso que seguiria se você não tivesse o medo


De viver e de ser gente.






Tudo o que você ama e preza


O inferno ignora


O vendedor do ingresso te despreza


Quem você amava, morreu


A bússula que te norteava


Agora só aponta para baixo


As crianças cresceram e não carregam nada seu.


Você agora é um morto-vivo


Que passa os dias olhando sua vida estagnada


Através de uma janela trincada pelo calor


Você não sente nada.






A música fica alta demais quando você quer descansar.

Inserida por linelua