Poesia de Lua
Deixar morrer
Sim, eu sei que vai morrer
A lembrança de mim em você
E eu vou deixar seguir
Apesar de ter em ti algo como luz e vida
A luz ficou no passado
A luz hoje esta perdida
Mas é verdade meu bem,
Há muito de você em mim
Há muito de mim em você
Não adianta negar
Não adianta mentir
Mesmo separados
Quem nos impedirá de sentir?
Mas nessa noite e por muitas outras
Vamos esse sentimento omitir
E assim lentamente deixar morrer
O passado em mim
O passado de você
Lembro da primeira vez que te vi
Ligeiramente por entre um por do sol alaranjado
Assim começou o nós aqui em mim
Uma paixão dessas que a gente não escolhe
Rasga o peito atravessa a alma
Aqueles breves dias que estivemos juntos
Recordações que jamais esquecerei
No dia em que seguimos caminhos diferentes
Yndaiá... Doeu demais
Afinal tem dores e sabores que não se explicam aos mortais
* Som
Sempre e sempre e sempre
As vezes eu sinto fome
As vezes eu sinto frio
As vezes eu sinto saudade
As vezes eu sinto um arrepio
As vezes eu sigo o relógio
As vezes eu sigo a razão
As vezes eu sigo a beleza
As vezes eu sigo o coração
As vezes eu penso em mim
As vezes eu penso em você
As vezes eu penso em nós
As vezes eu penso sem porquê
As vezes eu choro de raiva
As vezes eu choro de dor
As vezes eu choro de medo
As vezes eu choro de amor
Sempre que as vezes eu sentir a saudade
Sempre que as vezes eu seguir o coração
Sempre que as vezes eu pensar em nós
Sempre que as vezes eu chorar* de amor
Estarei sempre feliz
*(aquele choro bom que só conhece quem ama e é correspondido)
VERSÃO
Odeio o modo como fala comigo
E como usa regata
Odeio como corrige o meu português
Odeio seu sotaque e quando pronuncia a palavra contexto
Odeio seus braços e mãos e seu sorriso alinhado
E como consegue me tirar do sério
Eu odeio tanto isso em você
Que até me sinto doente
Odeio como me irrita
E odeio quando você mente
Odeio quando me faz rir muito
Mais quando me faz chorar...
Odeio a geografia
E o fato de estarmos distantes
Odeio o número 3 mil e toda a estrada que tem até sua porta
Odeio a linha do Equador
E o fato de não me ligar
Odeio quando somes
E o fato de enviar me dias de paz e luz
Mas eu odeio principalmente
Não conseguir te odiar
Nem um pouco
Nem mesmo por um segundo
Nem mesmo só por te odiar
*SOM *VERSÃO
O tempo, ah, o breve tempo.
A arte, ah, a belíssima arte.
O tempo
Ding-dong, ding...
O que tu fizeste ontem?
O que irás fazer hoje?
Arte de viver?
Arte de sonhar?
Arte de se reinventar?
Arte...
Arte...
Arte, apenas a arte de se movimentar.
Entre tantas mil pessoas,
Ser diferente:
No olhar.
No andar.
No falar.
Ser diferente:
No sentir.
No sorrir.
No se permitir.
O tempo, breve como o vento.
Breve como um piscar de olhos,
Ao mesmo tempo
Infinito, infinito para aqueles que conseguem conduzir - se junto à ele
Com a imensa arte de ser feliz.
Fogo cruzado
Anoiteceu
E na boca da favela
O pequeno grupo dos moleques se reúnem
Mães dobram os joelhos
Diante da imagem do santo
Invoca o nome do Deus Pai
Aguardando a volta
Do filósofo do morro
O bagulho na boca
Os olhos fixos na outra dimensão
Pra fugir da realidade desse mundo cão
A metralhadora na mão
Daquele que não parcela no cartão
O filho da mãe
Pede perdão
E um outro bagulho na mão
Não paga a dívida não
Eles querem reembolso
Do bagulho que venderam
Na bocada do Mato Grosso
E tem Pedro de 14
Tem João de 16
Os menor não trabalha não,
Aprenderam desde cedo
Que o sistema não é esse não.
Não quis enriquecer os truta de terno
Ajudou o irmão lá dentro do inferno
Pra ser apunhalado sem dó nem piedade
E ele morreu dizendo: - "eu faria tudo outra vez pra não viver essa dura realidade. Mãe, fé em Deus".
Na multidão encontrei
A única boca que me fez triunfar
Aquela a qual eu quisesse beijar
Novamente? Sim.
Não te calas
Quando chamo
Não finge que não sente
Quando sente e tem medo
Perdoa esse meu jeito
Meio torto e louco
E não desiste
Do que estar por vir.
Em ti me agrada
Cada fio branco
Tua melanina
Os óculos de uma mulher sábia
As marcas que estão em ti
De um caminho de muitas batalhas vencidas
Marcas de dor
Sofrimento
Mas principalmente marcas de um lindíssimo caminho de muito amor
Tuas primaveras
Se completam
E todos os corações se alegram
Tua delicadeza é permanente em cada toque seu.
Tua lesura é bonita de se ver
Não existe pressa no seu roteiro de vida
O cuidado que existe dentro de você
Com cada palavra
É simples
É mulher
É Sebastiana.
Sobrevivendo
E eu sobrevivia intensamente naquela liberdade doente de múltiplos sorrisos e lágrimas cristalizadas que tornavam-se estrelas a cada lua que passava
BIG BANG
Provocada pelo filho do vento
Disforme e rejeitado
A partir da erupção quente e densa
Do vulcão dantesco
A expansão dos meus dissabores
Arranca minha pele
Dilacera minha carne
Deixa expostos meus temores.
Com a alma em carne morta, eu existo
Nascida da explosão vazia
Que ecoa num grito expressionista
Da arte demente de Munch
E percorre, tortuoso, o papel
Misturando letras com lágrimas
De água e óleo na pedra calcária
Imprimindo meu pesar
Em recitativa ária
De uma diestesia evoco o grande Shaman
Que cala todos os sinos para que eu vire poeta
Transformando em arte a minha agonia
Porque o Big Bang da Alma é a poesia
IMORTAIS
No fim do arco multicolorido
da Mensageira de Hera
Me aguardava leviano
O anjo que combinava o som com o silêncio
Que sucedeu a morte dos filhos de Urano
A voz grave e melódica
De coração dissonante
Cantava o silêncio de força orquestral
Que profetizava o arranjo final.
O anjo enfermo que quer curar
E se cura
Almas expostas que sangram
E sangrando se misturam
Até se tornar singular
E a alma ensolarada e siamesa
Regra os excessos e duplica sua força
Surgida do vazio original
Amparada por Eros percorre do Caos ao Cosmo
Se tornando imortal.
MÚSICA ALTA
Ontem eu fui ao inferno em busca de aventuras
O som estava alto do jeito que eu gosto
O cheiro era morno, a cerveja era quente
Risadas histéricas, uma loira gelada
Dançando lindamente
O inferno acolhe em seus braços
Bancando o indulgente
As almas enfermas, de olhar embebido
Em água e sódio
Que carregam o triste sorriso do incoerente
E celebram para abortar o ódio
O inferno te envolve em um enredo
Te lambe sem segredo
Com sua língua bifurcada e repelente
Enquanto a vida, obediente
Segue o curso que seguiria se você não tivesse o medo
De viver e de ser gente.
Tudo o que você ama e preza
O inferno ignora
O vendedor do ingresso te despreza
Quem você amava, morreu
A bússula que te norteava
Agora só aponta para baixo
As crianças cresceram e não carregam nada seu.
Você agora é um morto-vivo
Que passa os dias olhando sua vida estagnada
Através de uma janela trincada pelo calor
Você não sente nada.
A música fica alta demais quando você quer descansar.
Pequenos raios dourados remanescentes do falso brilho do sol, arrancam alegria da amargura e personificam o quantum de amor que exite em todo o ódio.
Inocência que sai pelos poros da luxúria frívola daquilo que deveria ter sido amor, mas não foi, para não ocupar o lugar da doçura quente, tardia e atemporal que traz à tona a verdadeira insanidade que é o amor confrontado à realidade.
Insones conversas
Insones conversas desencaminhadas
Que mudam a vida e não levam à nada
Só eu e você enquanto a noite vira madrugada
Eu, você e nossa vida em pauta
Soluções na bandeja
Teoria musicada
O amanhecer transforma
Os garranchos em vida
jogando no lixo a certeza lírica
Da poetisa que se conscientiza
Que só o que sabe
É tornar arte
Palavras difíceis
Que nunca sentiu
Triste essa artista
Que fez do papel
Seu coração
Triste essa artista
Que recebeu o dom
De emocionar
Sem emoção
Insones conversas desencaminhadas
Que mudam a vida e não levam a nada
Que tentam viver e se perdem na estrada
É nas falácias da madrugada
O único momento em que me encontro
Desarmada
E eu, menina, sempre tão desalmada
Assumo que tudo não passa de medo
De não ser amada
ENQUANTO OS ANJOS DORMEM
O adormecer dos anjos
Desperta o desejo sonegado.
Declinamos corpo, alma e espírito
Aos prazeres do pecado.
Libertos desse dogma,
Desobrigados da culpa,
Atraídos e embriagados
Ofertamo-nos à divindade
Que habita o ser amado
O despertar da sutileza amaldiçoada
Faz desabrochar a flor nascida
Nas pegadas de Buda Gautama
Que nos conduzem ao Éden,
Entorpecem
Para atingirmos juntos o Nirvana
Enquanto lá fora os espelhos se partem, escuta por favor o meu abraço, que sai detrás da máscara que me cala gritando o amor aprisionado no coração de gelo, agora derretido, pingando as lágrimas que eu queria chorar e não consigo porque a máscara que ostento é blindada, feita para fazer com que os sentimentos me corroam por dentro.
Escuta meu abraço porque ele é a única coisa que me restou.
Há quatro horas da liberdade do corpo, a mente já percorre vales de fogo.
A fotografia é fria mas a verdade transpira implorando um gole da garrafa vazia.
Uma cerveja e uma pinga, são a chave que abre a algema.
Uma volta de carro, depois um cigarro e aí tudo bem.
O balcão e o banquinho, esse sim é o caminho que busquei a semana inteira esperando a sexta-feira.
Espero o momento perfeito do sol encontrando a lua promovendo o encontro dos amigos de sempre que percorrem a estrada do zodíaco para brindar e respirar o ar seco e empoeirado de Brasília, do Cerrado, até a lua encontrar o sol.
A liberdade gelada do fim de semana me chama, aos gritos, aos berros, mas ainda estou presa em um sistema falho, de paisagem bucólica e ares de retidão.
Mas quando quebrarem-se os grilhões,as estrelas se apagam e a luz do seu isqueiro é a única que eu vou ver.
Passo a semana inteira esperando a liberdade e a minha liberdade é me prender à você.
O mundo faz com que você acredite não ser bom o suficiente pra vencer. O mundo diz que amor verdadeiro não dura e que nada é pra sempre. O mundo diz coisas horríveis sobre ele mesmo, só pra te fazer desistir de vencê-lo.
O mundo são as pessoas. Não escute!
Meu coração é o papel em que eu escrevo incansávelmente quando sinto. Dentro dele: a vida, as pessoas, sentimentos e o mundo. A saudade é a minha maior inspiração, sou altamente nostálgica, sensível e intensa. Meu negócio é sentir, enquanto bater esse coração aqui, sentir e escrever.
E quando parar de bater: não dobre, não rasgue, não jogue o meu papel fora. Eternize em você.
Fazer planos enquanto ouço a sua voz concordando, sentir aquele frio na barriga antes de você aparecer. Quero abrir a porta e ver o seu rosto, um sorriso, um beijo, um abraço longo e apertado.
Queria ter mais fé e acreditar que essa distância vai acabar um dia, e queria que esse dia, fosse hoje.
Já não quero mais ser só…
Eu quero ser você.