Poesia de Lua
Era verão ou qualquer troço assim,
lua cheia ou algo parecido.
Uma saudade ou quase a mesma coisa,
era amor ou mais ou menos isso.
Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.
SONHOS DE MENINA
A flor com que a menina sonha
esta no sonho?
ou na fronha?
A lua com que a menina sonha
é o lindo do sonho
ou a lua da fronha?
Late Ilusão
Em noite de lua cheia
geme ao meu lado o meu cão
acabado de chegar
late ilusões ao meu ouvido
e meu sentido
diz que ele veio pra ficar
Mas a vida passa e vira
páginas da folhinha
o que era cheia e domingo
foi minguando em segundas e terças
e meu homem, minha besta
voltou novo e repetido
como se fosse ficar até sexta
três dias de ele chegando de madrugada
Três dias de ele nadando na minha água
Conversas de homem e mulher
beijo na boca
tirar a roupa
novos latidos de ilusão no meu duvido
meu homem partiu na derradeira manhã
todo agradecido
dos momentos de amor que uivou comigo
eu fiquei lua sozinha no céu com aquela saudade amarela
e ele na terra cantando latindo partindo
uivando pra ela.
Eu confessei à Lua
Tudo aquilo que eu sentia
E ela leu em meu olhar
O que falar eu não conseguia
Pois o amor nos torna transparentes
Claros feito a luz do dia
Ficou sabendo, pois, a Lua
Que eu te amava e para sempre eu te amaria
Quando eu morrer e no frescor de lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixa-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!
Quero é ficar com algumas poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...
Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr de sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas...
E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...
A Lua (dizem os ingleses),
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.
E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.
Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.
A lua silenciosa passa ignorando os latidos; Assim os homens probos, calmos e honrados sorriem dos insultos e das línguas hipócritas.
Eu descobri que a solidão é o grande amor da minha vida
A minha companheira fiel
A mãe que sempre me estende o colo
E o consolo sempre almeijado.
Não tenho outro conselheiro
Ela sempre esteve ao meu lado.
Paixões vão e vem na vida
Amores nunca são esquecidos
Lições sempre são aprendidas
Oportunidades nunca são perdidas
A razão de tudo que existe está no desconhecido
Viver e saber viver são duas faces opostas
Eu aprendi que não há dor que permaneça
Não há amor que dure eternamente
Não há ferida que não sare, embora fique alguma cicatriz
Não há problema sem solução
E não há como não viver depois de uma ilusão
Todo acontecimento e pessoa que passa por nossa vida
Nos remete a um aprendizado e nos faz professores de alguma experiência que tivemos
Compartilhar sentimentos e momentos é engrandecedor e doloroso
Sempre chega o momento em que você já aprendeu aquela lição
E isso implica na passagem para uma nova fase
Um novo desconhecido
Eis minha dama. Oh, sim! É o meu amor. Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que és mais formosa que ela!
Não desfrute somente o sol, aprecie também a lua. Não desfrute somente a calmaria, aproveite a tempestade. Tudo isso enriquece a existência. A vida não acontece somente dentro de uma casa, de uma cidade, de um país: ela tem de ser experimentada dentro do universo.
Eu gosto de andar pela rua, bater papo, de lua e de amigo engraçado. Eu gosto do volume, do perfume, do ciúme, do desvelo e de abraço apertado. Eu gosto de artistas diversos de crianças de berço e do som do atchim. Tem gente, muita gente que eu gosto, que eu quase aposto que não gosta de mim. Eu gosto de quem sempre acredita a violência é maldita e já foi longe demais. Eu gosto de inventar melodia, da palavra poesia e de palavra com til. Eu gosto é de beijo na boca de cantora bem rouca e de morar no Brasil. Eu gosto assim de quem é eterno de quem é moderno e de quem não quer ser. Eu gosto de varar madrugada, de quem conta piada e não consegue entender. Eu gosto de quem quer dar ajuda e acredita que muda o que não anda legal. Eu gosto é de ver coisa rara. A verdade na cara é do que gosto mais. Eu gosto porque assim vale a pena, a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais. Eu gosto é que Deus cante em tudo e que não fique mudo morto em mil catedrais.
O voo até a Lua não é tão longe. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.
Se o sol e a lua sabem a hora de sair de nossas vistas, por que algumas pessoas “agradáveis” não seguem o ciclo da natureza?
A lua batia nas árvores, algumas nuvens erravam por entre as estrelas pálidas, o mar falava às coisas da sombra, a meia voz, a cidade dormia, do horizonte subia uma neblina, a melancolia era profunda.
O que temos a ganhar viajando para a lua se não conseguimos atravessar o abismo que nos separa dos outros? Essa é a mais importante viagem de descoberta; sem ela, todas as outras são não apenas inúteis, mas desastrosas.
E quando a máscara cai, a surpresa, não havia nada por baixo, só vazio, tudo ilusório, um ser fictício habitava ali.
XLVIII
Dois amantes ditosos fazem um só pão,
uma só gota de lua na erva,
deixam andando duas sombras que se reúnem,
deixam um só sol vazio numa cama.
De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios senão com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.
O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,
tem direito a todos os cravos.
Dois amantes felizes não tem fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
tem da natureza a eternidade.
Identidade
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.