Poesia de Carinho e Afeto por um Menino

Cerca de 12414 poesia de Carinho e Afeto por um Menino

⁠Resta esperar que os algoritmos aprendam respeito e afeto, porque
a indiferença já é um comportamento coletivo.

Inserida por luizguglielmetti

PROFESSORINHAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A dose certa de afeto
na fala mansa e pautada,
extrai o pólen mais doce;
mais delicado e secreto
que a professora conduz...
... ... ...
Que vai na luz de seus olhos
dentro dos olhos em flor...
... ... ...
Achando amor e aconchego,
são feito balas de neve,
açúcar fino e suspiro,
nos doces dons que remetem...
... ... ...
Professoras derretem no céu-da-boca...

Inserida por demetriosena

BROTOS DO AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Pode ser que me arranque do brio ferido
e me lance no abismo; num arquivo morto,
que me torne maldito; sonho preterido
entre todos que o mundo atracou no seu porto...

Se fui anjo em seu reino fui um anjo torto,
mas caí feito raio; flecha de cupido;
diluí na su´alma, sangrei feito aborto
ao sentir que sentia o que não tem sentido...

Só não pode negar que ficaram raízes
mesmo poucas e frágeis, das horas felizes;
que talvez nasçam brotos de alguma saudade...

Ou também pode ser que seja ledo engano,
porque só pelo fato de alguém ser humano,
não se pode atestar que tenha humanidade...

Inserida por demetriosena

SOCIEDADE INDIGESTA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Jamais me faça optar entre o seu afeto e um desafeto que você tenha, por questões pessoais... que são ou deveriam ser de foro íntimo. Saberei discernir questões de pessoas, sem deixar de lhe amar tanto quanto a quem lhe odeia. Ser seu amigo e do seu maior inimigo. Dar a vida por você e por quem deseja matá-lo, se ambos são meus amigos.
Compre as brigas desnecessárias que você quiser, mas não me torne seu sócio nesse consumismo emocional... nem tente revendê-las pra mim.

Inserida por demetriosena

SEDENTARISMO DE AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um odor de foi bom; mesmo assim nunca mais;
uma dor de partida que me parte ao meio;
meio termo completo a se ocultar de nós
onde a voz faz de conta que não diz aos olhos...
Sempre falta coragem quando chega o fim,
dizer sim à verdade requer exercício,
mas a nossa preguiça não deixa fazê-lo
e nos prende à promessa do velho amanhã...
Nosso amor sedentário acumulou gordura,
ganhou peso e tontura; prenuncia infarto;
se não partes não parto nem somos presentes...
Somos cais da saudade que sequer teremos
nesse mar de lembranças que o rancor polui;
já nos demos adeus e não sabemos disso...

Inserida por demetriosena

QUEIMADURA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Começaste a perder o meu afeto
que não tinha critério, início e fim,
porque vias em mim o previsível,
pela brecha notória do costume...
Não me olhavas além da segurança
dessa minha presença pronta e posta,
sem o preço comum aos que se ofertam
pela justa resposta na procura...
Comecei a sair das tuas malhas,
quando as falhas profundas de retorno
se deixaram subir pra superfície...
É a deusa que agora está sem servo;
é o nervo que perde seu entorno;
foi o morno que fez a queimadura...

Inserida por demetriosena

JOGO DE AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

É bem difícil tomarmos a iniciativa de oferecer a uma pessoa querida o benefício do afastamento, ao percebermos que a nossa presença constante, previsível, já está saturando essa pessoa. No entanto, é imperioso que assim façamos o quanto antes, para prevenirmos o desgaste maior, que não tarda e logo se agrava nestes casos.
Um afastamento suave, sem rancores, cobranças, atitudes abruptas ou passionais, e no tempo certo, logo há de ser alvo do reconhecimento, a gratidão, e quem sabe a saudade ou nostalgia da pessoa querida. Pessoa para quem somos também queridos, ou não teria existido a relação que chegou ao ponto em que chegou.
Para nunca mais viver esse desconforto, resolvi me forjar procura. Não me demonstrar oferta. Não bater à porta e me ostentar como promoção; artigo afetivo em queima de estoque. Doravante, quem me quiser faça o pedido; passe no caixa; peça entrega. Fique ansiosa, insegura e cheia de planos para cada vez que a encomenda chegar.

Inserida por demetriosena

QUEM É VOCÊ?

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Venho e trago todo afeto;
calor humano sem fim;
você olha para o teto,
ao invés de olhar pra mim...

Outro dia tenho a sorte
de apesar do meu temor,
encontrá-la em outro porte;
até com senso de humor...

Quando penso que já sei
que você é mesmo duas,
subestimo a própria lei
do planeta; o céu; as luas...

Você enche, míngua, cresce,
se renova com vertigem,
esquenta, gela, incandesce,
é cerrado e mata virgem...

Cansei de passos no escuro;
nos vãos de sua maré;
agora só lhe procuro
ao saber quem você é...

Inserida por demetriosena

TODAS AS LÍNGUAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Já usei com você,
todas as línguas do meu afeto.
Usei as falas e os sinais;
também silêncios e presenças...
mas me cansei.
Calei o peso do seu nunca
e despertei meu nunca mais...
minhas reticências...
aprendi a linguagem das ausências...

Inserida por demetriosena

EMOÇÃO RECICLÁVEL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Apostei noutro afeto sem cisco e poeira;
sem estética, selo, padrão nem carimbo;
numa feira de sonhos e tons em comum,
nossos olhos expostos às exposições...
Foste o filme perfeito que assisti sozinho
sob traços da tela de um rosto forjado,
li em teu pergaminho falsos mandamentos
nos quais era pecado ver pecado em tudo...
Pela tua verdade que mentiu pra mim,
fui ao fim dos meus nãos e me lancei em ti
feito rio que pousa no colo do mar...
Eras cópia de alguém que se fez na ilusão
desta velha carência que permuta os alvos,
quando minha emoção envelhece outra vez...

Inserida por demetriosena

PAPEL DE PRESENTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Apostei no que fomos, o meu afeto mais sincero e profundo. Fiz isso, até já não sermos. Foram anos e anos de sonhos que eu poderia julgar em vão, mas não o faço, porque mesmo assim fui feliz... porque tive a miragem que gerou raiz em meu coração, cresceu e deu frutos.
Sou quem viveu de verdade; quem se doou de fato, porque fiz da quimera um enredo perfeitamente palpável... meu aqui, meu agora, o presente futuro num papel de presente que a saudade sempre afagará, das mais doces formas de nostalgia. Terei sempre o que reviver, para ser feliz de novo, junto ao ser feliz como sou neste momento, pelo meu poder de acreditar.
Hoje, além de viver do presente, usufruo dos juros daquelas juras de afeto, que saíram falsas de seus lábios e chegaram reais ao meu íntimo. Preservei o que fomos, e o faço quando já não és. Tenho asas para voltar ao passado somente meu e suprir a esperança de um novo dia, cada vez que os meus olhos se fecham para uma nova noite no céu das minhas expectativas.
Enquanto perdias tempo enganando a ti mesma, ganhei tempo construindo história. Renovei meu império sentimental, enriqueci ainda mais meu mundo, e fui ao centro de tudo para me reaver; me recriar. Pesquei para mim, todos os tesouros do tempo que perdeste.

Inserida por demetriosena

ESTILHAÇOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Quis fazer nosso afeto encantado e perene,
ser alguém muito alguém pro teu mundo e teus olhos,
pra criar uma história de amor tão só nossa;
meio jazz, bossa nova, sem data limite...
Fiz por ser um amigo tão fundo e presente,
bem amante, amador pros contextos de amores,
levar flores nos olhos pra fazeres mel
que jamais faltaria nos nossos momentos...
Iludiste o meu sonho do laço sem nó,
foste um dó destoante que me pôs de ré,
pé atrás nas questões dos afetos profundos...
Dediquei muitos anos a gostar demais,
fui demais pro teu jogo de praticidade,
quando a minha verdade questionou a tua...

Inserida por demetriosena

FORMOL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Hoje quase me curvo de formalidade;
modulei meu afeto pra não te assustar;
fiz a minha verdade se calar no peito,
pra depois refluir cautelosa e solene...
Ao podar os meus modos não toco teus medos;
o carinho contido soa confortável;
entre palpos e dedos te livrei dos riscos
do calor mais humano e da presença estreita...
Aceitei o formol que julgaste adequado
e ficou acertado ser melhor assim,
nos tonarmos mais algo e bem menos alguém...
Aprendi a dosar o melhor de quem sou,
já não dou tanto eu em razão de nós dois
que afinal somos dois e me fizeste ver...

Inserida por demetriosena

CURA DOENTE


Demétrio Sena, Magé - RJ.


Era bom me doar como quem morreria,
ter afeto insondável pra distribuir,
não temer as mentiras, nem as mais prováveis,
mesmo assim não mentir como frágil defesa...
Era ter um sentido que a vida perdeu,
uma dor que fazia o viver mais intenso,
fui mais meu nesse tempo em que fui tão de alguém
que bastava aos meus olhos e minha ilusão...
Mas o tempo me trouxe uma cura doente,
minha mente venceu as emoções do peito
e me deu equilíbrio pra me tornar frio...
Hoje tenho saudades de sentir doer
a saudade que outrora me fez mais humano;
remoer um amor, correspondido ou não...

Inserida por demetriosena

AFETO OCULTO

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Gosto mais de você do que é certo,
mas guardei o gostar só para mim,
no deserto insondável do meu eu
lá no fim do sentido que não faz...
Fecho a dor, é preciso me trancar
pra manter o placebo da presença;
ter o ar que você também respira
e jamais lhe perder pra seus temores...
Não me deixo legível pra você,
quando alguma oração me denuncia
numa linha facial descuidada...
Gosto mais de saber que não lhe tenho,
mas manter meu engenho de quimera,
do que nem lhe sentir ao meu redor...

Inserida por demetriosena

PECADO SACROSSANTO

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Foste minha versão de afeto extremo
sem extremos dos quais me arrepender,
nau e remo num mar de calmarias
anti-ouvidos, olhares e suspeitas...
Minha cega esperança em colo amigo,
confiança irrestrita e desarmada,
meu antigo segredo sempre novo;
emoção que o silêncio manteria...
Um ingênuo pecado sacrossanto
entre gestos contidos, conscientes
das correntes e cercas abstratas...
Eras minha saudade do futuro
em um porto seguro que não tive,
mesmo assim ancorei minha ilusão...

Inserida por demetriosena

APELOS MODESTOS

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Quem tiver um amor sobrando aê,
uma sobra de afeto – qualquer um,
qualquer prisma, soslaio dum olhar,
venha ver quanto bem lhe faço em troca...
Serei grato por gestos e palavras,
por afagos discretos nos cabelos,
minha lavra de sonhos e carências
tem apelos modestos e sutis...
Eu aceito até beijo em minha testa;
faço festa por mão mais generosa
e não vou exigir além da conta...
Tenho tempo; quem sabe lhe seduzo,
mas me privo de abuso e peço aê,
sua esmola de afeto inicial...

Inserida por demetriosena

CONTAGEM REGRESSIVA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Meu afeto por ti foi bem mais expressivo;
de não ver a passagem da hora mais lenta;
foi daquelas versões de adesivo nos olhos,
para nem perceber que sentia sozinho...
Era tão consistente, sem arma e defesa,
que não tinha segredo; nada pra esconder;
tive minha certeza do quanto sabias
que não tinhas razão pra temer tanto afeto...
Guardo ainda resquícios daquele sentir;
poderia mentir, nem mentiria tanto,
mas ainda não sei me camuflar pra mim...
Entretanto é verdade que já vejo as horas
e não dói como antes; não sangra saber
como sabes me ver com frieza e distância...

Inserida por demetriosena

REVISÃO DE AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Você teve temor do que nunca existiu;
evitou iminências sem fundo e raiz;
preveniu amanhãs que jamais nasceriam,
como nem madrugadas pousaram por lá...
Teve tanto juízo sem necessidade;
gastou preces e preces contra males falsos;
inventou cadafalsos, previsões de culpas,
enforcou a pureza do meu bem querer...
Você não mereceu cada gesto bonito
que de fato não fiz, recolhi bem a tempo,
atendi ao seu rito infindável de fuga...
Retirei de seus medos o melhor de mim;
respondi sim ao não e me tornei mais um
dos afetos comuns que nem afetos são...

Inserida por demetriosena

⁠ALFORRIADO

Demétrio Sena - Magé

Para mim não há vida, se o laço dá nó,
se o afeto não pode respirar sozinho;
quando já me sufoca, prefiro ser só;
a gaiola de luxo não supera o ninho...

Quero cama que nunca me roube o caminho;
tomar banho e de novo me cobrir de pó;
vestirei os meus trapos, caso a seda, o linho
manipulem no contra; dominem no pró...

Que ninguém se nomeie senhor ou senhora
do meu tempo, meu vir e do meu ir embora,
pois me prendo e me solto pela minha chave...

E ninguém se pretenda ser meu adivinho,
decidir quando passo da pinga pro vinho,
se viajo de sonho, de charrete ou nave...

Inserida por demetriosena