Poesia da Cerveja
A juventude é empolgante, eufórica como a sensação de uma cerveja. É
a plenitude estonteante de um drink servido na bandeja. A maturidade é o sossego cheio de pensamentos sábios, como o vinho complexo para ser produzido, mas que a cada ano se torna melhor e mais agradável.
Depois de umas três cervejas, os pensamentos fluem com mais leveza e estar sozinho se torna ainda mais interessante, para não dizer perigoso. Pensamentos vêm e vão como o vento e às vezes me fogem do controle. Começo a pensar mais profundamente sobre tudo o que aconteceu nos últimos meses. Vou tomar mais umas três...
Para acompanhar, um calmante para apagar talvez me caia bem;
não aguento tanto pensamento vindo ao mesmo tempo. Como um furacão, quer me engolir. Flertar com o perigo me excita e me deixa com medo ao mesmo tempo. Cerveja e calmante freiam os devaneios, mas será que vou conseguir acordar amanhã? Se algo acontecer, pelo menos vai ser dormindo...
Se eu acordar, com certeza será com uma ressaca cheia de tristeza e arrependimentos, mas que no final do dia vou querer mais desse doce flerte com o perigo.
Eu gosto de beber cerveja no domingo, para estragar a terça-feira, pois a segunda não e boa nem para aposentado e madame filha de militar que não casou, pois salão de beleza e botequins estão todos fechados.
Assinado: Segunda-feira
Cachaça.
O possível se faz tão presente, se sente e às vezes mente.
A beleza já não é rara, nem cara, esvai-se da cara.
O amor se torna tão simples, declara, declama e ama.
O Dinheiro desaparecido, já nem faz sentido, o pouco contido o torna enriquecido.
O amigo do peito, todo sujeito, trata com jeito o gargalho ao esquentar seu peito.
O tempo presente é o que se sente, sem lembranças do ontem, tudo insano, porém sem dano.
Aquilo nunca mais, a dor latejante o leva dizer somente a si: Foi a ultima vez!
Um doce engano, nem bem esqueceu, já volta a ilusão que essa mesma ação, tem toda razão.
Desperta pra vida em meio as dores e volta dizer: nunca mais vou beber!
Simples Assim.
Gosto do simples, do pé no chão, do ficar de cócoras. Gosto de água de pote, de cantiga de ninar, de beira de rio, de trote de cavalo, de pôr do sol e do brilho da lua. Olhar o entardecer e ver aquele sol quase morrendo na colina, me dá uma sensação de euforia, de saudade. Já tentou observar um ninho de passarinho? Quanta força a natureza revela naquela sutileza dos galinhos trançados. Assim vivo. Sou meio raizeiro, acredito em chá, em planta, em erva-santa e em benzedeira. Poesia de matuto? Quase choro quando escuto. Velhos sábios, cantado de porteira, espuma de cachoeira. Gosto de causos de assombro, de festa de roça e de cheiro de gente.
Dou rizadas das presepadas das crianças de pernas cinzentas e de riso doce e fácil. Gosto de criança e de cachorro. Sou assim. Quer me agradar? Me dê um beijo, um abraço apertado, um bom dia, um olá. Divida comigo um copo de cerveja, cante comigo uma canção. Morda minha orelha e diga que me ama. Deite se em meu peito e durma, porque amanhã será mais um dia feliz.
Charles Valente
Onde Ela Mora
Vou embora pra Bahia
Porque lá é onde ela mora
num cortiço do Pelourin
Beco estreito, um botequim
Onde rola um samba arretado
cerveja, acarajé e a manga rosa tarpeado
aquele gingado da danada
E o sorriso de mão beijada
enfeitiçou meu coração
flexada exata, mexeu cá minha emoção
seu rebolado d'arerê
combina com o dendê
que apimenta nossa relação
quero de volta essa preta
deitada em meu colchão
seu perfume é brisa
essencia de rosas brancas e artemisia
o Nag Champa pode até tá rolando
Mas devido a sua presença
é só teu cheiro exalando
em extrema conexão
nossos olhares mesmo distantes
se atraem
deixando assim meu coração
saudoso e ansioso
acelerado quase parado
na subida da ladeira
que ela tá me esperando.
#TARDE
Secretamente, entre a sombra e a alma...
O ocaso da vida...
Uma conversa entre recordações...
E cerveja gelada...
Separando o ontem do amanhã...
Pode ser o tempo de nossa felicidade...
Vivo entre formas luminosas e vagas...
Aqui estou eu...
Minha temporaridade...
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas...
Caminhos foram ecos e passos...
Deleite meu...
Acho que tenho tudo que quero...
À sombra de coqueiros...
Sandro Paschoal Nogueira
Cantinho da Sol
Lá na cidade
Em frente ao farol
Vejo a mocidade
No bar da Sol
Clima de Tanquinho
Faça-me o favor
Uma cerveja
Tá muito calor
Cachaça da boa
Flor de girassol
Tô rindo à toa
Carne-de-sol
Mais um freguês
Chama um torresmo
Quem foi que fez?
Fui eu mesmo
A tarde tá linda
Tem pôr-do-sol
Música boa
Canta o rouxinol
Que vida boa
Doce igual mel
Prá matar fome
Sarapatel
Na TV futebol
Ouvi um grito
Gol do Bahia!
Era Marisol
Saiu o peixe frito
Só mais este cigarro
para eu decidir
entre o desejo de ficar
e a vontade de partir.
Uma última cerveja
para pensar com clareza
se seguro todas as cartas
ou as coloco sobre a mesa
Só mais esse baseado
para eu entender melhor
se o que me tornei me afeta
ou poderia ser pior
Um último suspiro
uma última lágrima
um grito de súplica,
quem sou eu?
quem eu vou me tornar agora?
ou será que só me resta o esquecimento?
Não posso decidir sem ao menos,
um último...
Entorpecimento.
IPIRANGA
Entre amigos,
gargalhadas,
poemas a declamar,
ouvidos atentos.
Néctar fermentado,
não me faz tremer,
poema citado,
agora podemos beber.
Beber e ler,
antes do sol nascer,
do bar fechar e
o som desligar.
Pés errados no meio fio,
visão embaçada,
palavras dobradas.
Somos tão jovens,
Como Renato,
selvagens.
Bexigas cheias de cerveja,
banheiros do posto am/pm
pensamentos embaralhados,
ser-veja.
Sentir-se sóbrio após mijar,
apenas mais um efeito do álcool,
que resulta em poesia.
O calor fazia com que as pessoas saíssem de suas casas, como formigas do formigueiro. Se reuniam em bares. Eu andava sobre a calçada, pois precisava, senão nunca escolheria fazer isso.
Os beijos, os abraços, as conversas e os sorrisos me incomodavam.
E eu continuava com os olhos do inverno. Cabisbaixo e com o olhar esquivo. Andando pelo canto da calçada, beirando os muros. Procurando o frio da minha casa e me acalentando ao encher o peito de fumaça, em me embriagar sozinho.
O que mais me deixava infeliz era perceber que acendi o último cigarro ao contrário... E também que a vida continuava.
Comprar um violão 300,00
Encher o saco do irmão para ensinar a tocar R$ umas brejas
Chegar a conclusão que sou uma analfabeta musical não tem preço....
Eu queria sair tocando ... Legião Urbana, Cassia Eller..
Mas não saio do... mi...Sol... e ritmo cade ? passou longeee socorrrrroooo
Vamos agradecer muito zelosamente,
aos homens e mulheres que nos fazem
felizes imensamente.
Eles são garçons e garçonetes que
nos servem com a cerveja da alegria,
aos fins de semana e também todos os dias.
- Garçom: Uma "cerva" bem gelada por favor...
Porque ainda que não seja sabão ou carregador de celular, ela lava alma e dá uma nova carga ao espírito.
Borracho
Com as chaves nas mãos
Entrei pela porta da frente.
Não!
Entrei pela porta da frente depois de arrombá-la com os pés.
Não!
Meti o pé na porta e ninguém entrou na frente.
Não!
Entrei na ponta dos pés
Pela porta de trás
Depois de a porta da frente não abrir de jeito nenhum.
Malditas cervejas! Malditas chaves! Malditas portas!
E maldita parede, que não para de se mover.
Toma seu copo
Você faz todas as minhas vontades
E quer me dar até o que não preciso nem queria
E irrita-se se eu negar seus presentes
E quando tô ébrio vem pra cima e se incita
Mas olha, tô do seu lado
Não vou daqui ultrapassar
Quando nego suas graças
Estou dizendo, além disso, não vai rolar
Pare, pare um pouco de me chamar.
A cerveja esquenta
O corpo esfria
A mente viaja
E chega noutro dia
Quando o corpo era quente
E a mente, de repente, ficava vazia.
A rapinha da garrafa.
Dois dedos translúcidos
mergulhados em energéticas bolhas
douradas.
E já, já seguirei
o habitual caminho do prazer.
Os balcões dos bares costumeiros
aguardam pelo cuidadoso atracar
do meu cotovelo esquerdo.
Lá vou eu, já vou eu
colorir meus olhos marrons
com o brilho ensurdecedor da multidão
vazia.
Procurarei princesas pálidas,
ou cervejas gélidas,
ou a saciedade gordurosa
de um x bacon.
No canto daquele bar
Eu pensei sem parar
Em você me amar
Novamente chorei, no canto do bar
Te encontrei em cada gole
Me perdi em cada olhar
Supliquei para que volte
Chorei, no canto daquele bar
Em cada gole veio uma lembrança
E feito uma criança desprotegida
Clamei aos garçons
Tua presença em minha vida
Céu estrelado na volta pra casa
Cada vulto era estranho
Cada lembrança tão prosaica
Cada lágrima, um banho
Toda calçada, inacabada
Chegando em casa
A porta me fugia
Como teu olhar um dia
Me deu aquelas asas
Entrei em meu lar
Fugi para a cama
Pela janela escorria o olhar
Lembro
Chorei no canto daquele bar.
Que inveja eu tenho
Do teu espelho
Ele te viu em dias ruins
Dias de zelo
Dias de coragem
Dias de medo
Dias sem maquiagem
Dias chegando cedo
Outros, tarde
Dias no aconchego
Os dias sem eu
Os dias com teu ego
Dias que estive perto
Dias que estive longe
Dias que me quis perto
Dias que me quis longe
Falando sozinha
Ou no silêncio de um monge
Teu espelho
Que inveja
Cada momento embaçado
Cada momento na tua mesa
Às vezes jogado
Como eu e esta cerveja.
O que estão pensando?
Elas me olham se perguntando
Sem querer
Seus olhos riem chorando
Mas continuo pensando
Elas me olhando
Dupla curiosa
Não que eu não seja
Trocaria uma prosa
Mas e essa cerveja?
Deixo em cima da mesa?
Mal sabem
Que em mim habita cada tristeza
Não olhariam tão curiosas
Se soubessem o que tem atrás dessa mesa.