Poesia Curta
Hoje é Dia do Poeta, poeta sei que sou
Não porque escrevo poemas
Mas porque acredito no amor.
Há poesia nas palavras
Mas a poesia, em seu esplendor,
Está mesmo nas coisas pequenas
E naqueles que as dão valor.
Eu não ligo mais para o Cupido ,
sempre que percebo - mando embora ,
e com sua flecha de enxerido ,
não quero papo, estou fora !
Cê tá com medo de quê? Eu não mordo não viu? Num mordo não só xupo viu?
Tendesse?
Não precisa ficar com medo não.
Você é cah oque? Cahvalo.
Denize com Z
A Leoa não é outra coisa
Senão ela mesma.
Ela não mata por ódio
Ou por prazer,
Ela só o faz por necessidade
De sobrevivência.
Ela protege os sentimentos,
Enquanto ataca emoções para viver.
Vagamundo
Carrego cicatrizes
(...e quem não as tem?)
De algumas esqueço,
enquanto outras sangram
porque feitas de punhais-palavras.
A cada (a)talho, vago pelo mundo
para driblar esse mal
chamado coração.
Dores d’África
Eh, meu pai!
Em vez de prantos
é melhor que cantemos.
Eh, meu pai!
É melhor que cantemos
a dor contínua
a solidária luta
de poetas-bantos
contra a tirania
Comei e bebei!
estas palavras são meu corpo
nem alegre, nem triste
só um corpo
Comei e bebei!
Nestas palavras minh'alma
talvez a mais próxima
de um revoar de sonhos
Mas se este ofertório
te parece pouco,
ide ao verso-reverso
onde o nosso sudário
continua exposto
AGONIA DOS PATAXÓS
Às vezes
Me olho no espelho
E me vejo tão distante
Tão fora de contexto!
Parece que não sou daqui
Parece que não sou desse tempo.
PANKARARU
Sabem, meus filhos...
Nós somos marginais das famílias
Somos marginais das cidades
Marginais das palhoças...
E da história ?
Não somos daqui
Nem de acolá...
Estamos sempre ENTRE
Entre este ou aquele
Entre isto ou aquilo !
Até onde aguentaremos, meus filhos ?...
Sou mulher que ainda chora
Por tão grande escuridão
Minha essência está aqui
Dentro do meu coração
De um Brasil ensanguentado
Onde ninguém é culpado
Mulher da mesma nação!
LIÇÃO
A luz da lamparina dançava
frente ao ícone da Santíssima Trindade.
Paciente, a avó ensinava
a prostrar-se em reverência,
persignar-se com três dedos
e rezar em língua eslava.
De mãos postas, a menina
fielmente repetia
palavras que ela ignorava,
mas Deus entendia.
É meio-dia em minha vida.
Um mensageiro inesperado
Vem prevenir que apresse a lida,
Como se fosse anoitecer.
Vento da noite, ainda é cedo!
... e nem lavrei a terra agreste.
amor
bateu
para ficar
nesta varanda descoberta
a anoitecer sobre a cidade
em construção
sobre a pequena constrição
no teu peito
angústia de felicidade
luzes de automóveis
riscando o tempo
canteiros de obras
em repouso
recuo súbito da trama
o amor só entende
o osso
o sacro
o ísquio
o ílio
suas cavidades
e fossos
o amor só atende
ao osso
seus canais
e cristas
suas linhas
e esboços
o amor se distende
em osso
suas ligas
forames
seus
ramos
seus poços
o amor só se rende
ao osso
há muito que os dinossauros
não andam nem sobrevoam
esse mundo
há muito que as coisas
se quebram sem conserto
no entanto fósseis de brinquedo
fabulam outra realidade
a mulher presa ao poema
se extingue e ressuscita
em movimento perpétuo.
"[...]Está nas estrelas
Foi escrito nas cicatrizes dos nossos corações
Não estamos quebrados, apenas curvados
E podemos aprender a amar novamente..."
Do frio da neblina ao infinito do além,
Ame, mas me ame,
Adore mas adore meus cachos,
Se divirta com meu sorriso,
Te droge com meus olhos,
Te derreta de paixão por mim,
Entre na estrada mas siga nosso amor,
Me ame,
Mas me ame,
Pode sentir ódio, mas me ame,
Te enlouqueça mas me ame.
As poesias e seus destinos.
Tu é algo que eu sabia que ia existir
Que ia me apaixonar no instante em que te vi,
Que ia lembrar de algo que ja vivi,
Que ia me enlouquecer de amar,
Que ia me encantar ao te olhar.