Poesia Completa e Prosa
Para plantar seus pés
em um terreno escondido
para encontrar o seu lugar
quando o outro é coroado
sentir sua mãe
em um gole de leite
e cumprimentar um irmão
quando nenhuma credibilidade é encontrada
Para encontrar sua respiração
em todas as formas de respiração
e cair para descansar
na sequência de uma tempestade
Às vezes a graça é terna
às vezes é duro
sussurro
e curvar-se a ambos os cortes
Levante seu arco
e pegá-lo no meio do vôo
não é um ver
quando seu coração está fechado
Para minerar suas cotações
da fenda do seu coração
e ser o ouro
quando seu solo não é
destilar seus pensamentos
de grãos de desdém
uma imagem que obstrui
é a imagem que você mantém
e quando seu tempo mudar
e o rio seca
e o único rosto que você conhece
te nega antes de morrer
para quebrar, para deixá-lo ir
e se amanhã for tarde
para encontrar um abrigo aqui
o pavor da sua espera
é onde seus tesouros viviam
e quando o trovão sombrio
te cospe de joelhos
esta é a amada Terra
saudade de ser beijada
Pois você deve provar novamente
o azedo da partida
e faça sua cara evitada
sua arte mais predestinada
e ver a raiz severa
que se delicia no escuro
nada menos que o da flor
parte mais profética 🌹 (em tempos como estes)
"Os Não-Vividos"
eu sou crença
eu retenho
para retornar
mas você permanece escondido
Você está aqui
e você não está aqui
apenas metade da maçã foi comida
Através de homens e donzelas,
você surfa sua água tão ardentemente
Ainda abaixo do fim
onde ardem a terra e o fogo,
você cansa
O vento piorou seu medo
Eu retenho e depois volto
para trazer ervas que colhi para nós
Mesmo eu, esqueci que há um feitiço dentro de nós
seu nome fugiu da minha respiração,
Sim,
depois voltou.
Você tem muitos nomes agora
medo é um deles,
a vida é outra.
E eu tenho muitas mãos para nos conceder
Venha deitar ao meu lado e vamos olhar
no não vivido
Você está morto, mas ainda não
Pois você é a história que os homens esqueceram de contar
você vê, seu alívio é talvez passageiro
não deixe isso te enganar
Nós sabemos o que o desejo faz com os dias
Não se pede crença
Como o vento sobre o fogo
Eu te explodo dos dois jeitos •
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Minha existência interna é multidimensional, maior que a caixa de Pandora.
Há camadas, infinitos e indisciplinados vetores, onde tudo se aflora.
Sou instantes além do relógio, sou sentidos confusos do primórdio e do outrora.
Componho-me e logo reformulo, vários eus numa mesma hora.
Isso é magia de antes, isso é o poder de agora.
Há dentro de mim um espaço muito maior do que o fora.
Posso parecer um humano,
mas no fundo sou apenas notas inexoráveis,
hinos desconcertantes ao nascer do sol e muito silêncio
uma noção boba
um suspiro
uma emoção arrogante
eternidade em cativeiro, perpetuação irrepreensível
curvas, não uma única linha reta
uma contradição
uma contração tola, mas necessária
uma abstração
uma piada interna
uma risadinha sóbria
um enigma
Cego em Perdição
Procurando em vão
A inalcançável expiação
Minha salvadora cintilação
A jazer em meu mundo obscurecido
Maculada em sinceridade
Nesses corredores infernais
Minha infeliz sentença
De frieza melancólica respiro
Pois as noites são iguais
Infundadas na miséria repetitiva
Meus olhos profanado
Não enxergam o além
Pupila ruborizada
Em contornos diabólicos
Buscando desesperado a perdida luz
Minha alma pintada
No lúgubre escarlate
Outrora momento, fora branca
Desonrado de fora para dentro
Insanidade costumeira e desenfreada
Rompendo de mim, mas o alvo é você
Tudo virou ao contrário
Caminho em direção oposta
Meu intento natural
Minha familiar segurança
A solitária
Pois eu sou o medo
Gerado e modificado
Transformado aos moldes de eterna brasa
Sugando desejada vitalidade
O tempo não passa
Soando agoniante
Enquanto circular o sangue da indignação
Hei de procurar a fonte da perdição
E fundirmos num corpo só
Abençoando-me na paz
Por não mais estar cego e só.
O que me move?
O que me move? Uma eterna ânsia de viver...
A incerteza do futuro, do amanhã me coloca em um estado constante de liberdade...Liberdade de ir ou vir onde meu coração mandar. De voltar, quando ele me chamar. De sorrir de situações inusitadas, de bobagens, de tudo e até de mim mesma. Sorrir, sorrir e sorrir...porque não???
Liberdade de ser quem sou, sem medo de errar ou de me sentir tolhida quanto aos meus desejos, atos ou escolhas. Liberdade de chorar quando o coração sufocar de dor, de tristeza, de mágoa, de saudade, de alegria, de emoção. Liberdade de bradar a quem quiser e quando quiser meus sentimentos sem medo de mostrar quem sou. De gritar, dar gargalhadas, sem medo de ser julgada por isso. De ser criança e olhar o mundo estupefata, maravilhada com as coisas mais simples. Liberdade de não ter medo de arriscar quando penso que realmente vale a pena. De fazer escolhas que pra mim soam como prenúncio de felicidade. Ser livre pra pensar, agir, ser... Se a felicidade existe, ela só pode ser alcançada enquanto um estado de liberdade plena. Mas não uma liberdade isenta de respeito pelo outro. Uma liberdade egoísta é eterna prisão ...
As certezas que o agora pode virar cinzas amanhã, mas eu gosto de pensar que tudo deve ser feito na hora em que se tem vontade e com a euforia de um nascimento. E elas, as coisas, verdadeiramente são vida...
Vanessa Fontana
Uva
Sua existência benigna e amarga
Cega-me ao insondável desejo
Corrompem os soberanos
Mantendo-me prisioneiro de sua vontade
Em minha decadente fortaleza astral
Cheiro inimaginavelmente traíra
Minha existência escarnecedora
Amaldiçoado pelo cálido deleite
Absorto eternamente em dor
O sabor quente e úmido da vontade
Une-se diabolicamente ao meu ser
Fervendo insanamente na loucura
Outrora, os salões eram cheios
Cidades vizinhas adoravam-nos
Recheados na alegria e fartura
Filhos e filhas que brincavam sem parar
Pais orgulhando-se das conquistas em batalhas
Mães sorrindo sem parar
E eu a tocar gracioso
A minha divina lira
Sem o tempo eu contar
Incessante busca ao arrebatamento
Aprisionou-me ao desalento
Agora já perdido
O mundo após estes portões
Enjaulado ficará, em doença e guerra
Pois punição divina não há
Esperançoso falho é o que virei
E assim me punirei
Em meu último gole mortífero
Aguardando enfim
O ato final de minha canção.
O Ser Egoísta
Seu cerne conflituoso
Seu cerne despedaçado
Deseja a luz, porém teme se queimar
Deseja a salvação, porém teme acordar
De seu pesadelo sem fim, o amargo pesar
Da ilusão á prisão corpórea e espiritual
Seguro em sua fortaleza de espinhos
Da felicidade falsa, ele bebe da fonte
Inconsequente sem mudança
Subjugado na consequência lasciva
Pois arrependimento não há
Derramando desenfreada fúria
Afogando-se em si próprio
Ele inunda o distorcido mundo
Aos confins de seu ser doloso
Desesperado, ele clama socorro
Sozinho a afundar mais e mais
Diante de si mesmo ele se vê
Enjaulado e desesperançoso
Seus semelhantes o abandonaram
Assim como ele os abandonou
Dando adeus a qualquer traço humanitário
O ciclo odioso deve continuar.
Céu Purpura
Sob ruas nevoentas, não enxergo justiça
Sem horas para contar minha insônia
Divago louco, envolto no pálido tato
Segurando a linha tênue da vida
Em pele conflitante a minha
A morte possui senso de humor
Rindo ele esteve, do nosso genuíno amor
Pintando-a, assim, de provocador roxo
Jus as suas vestimentas fúnebres
Destoante de seu cerne perfeito
Forçado estou, ao fardo doloroso
De carregar a obra-prima mortal
Sublime aroma angelical a fugir
De seus cabelos sem luz a revirar-me
Sua essência absoluta, do meu lado a ficar
Zombeteira aos olhos impudicos
Sua posição transcende sangue e carne
Me isolando de ti, abriu celebres asas
Largando a existência antiga
A qual amei perdidamente
Mas pouco me falta
Não serei capaz de dá-la a terra
A mim sempre pertenceu e assim será
Dissipado em eterna aflição
Deita-se em mim sem mais tensão
Inabilitado do pensar
O que me resta é apreciar
Juntos as suas preferidas Violetas
O céu purpura de seus lábios.
Lembra-te do tempo da procura
dos olhares medindo o carinho
Lembra-te da casa cheia
das crianças correndo
e a algazarra no sofá
lembra-te de tudo que sonhamos
Lembra-te do canto escuro, onde juramos amor
onde nossas mãos guerrearam
e venceu a paixão
Lembra-te!
não esqueças nada
porque aqui saudade é o tempo
que acaricia demais o coração...
Que poder libertador poderá nos socorrer
a vida leva e trás o que quer
ontem a noticia era esperança
deu no jornal
hoje a gasolina subiu
a luz apagou
o ralo da essência usurpou nossos medos
estamos atolados nas lamas que descem dos asfaltos podres
a vida por um fio, pede remendos
alguém ri, das coisas que vê
sem saber que ri de si, quando crê
que está imune ao que dá na tv
não há solução
está chovendo lá fora
todos irão se molhar
o poder libertador cobra altos impostos
na bagagem leva propinas
e diz que é a salvação...
Nostalgia
Numa noite fria e morta
Você bateu em minha porta
Em teus olhos, histeria
Sabor de vermelho, sinestesia
Em teus lábios, gosto de vinho
Em tua mente, muito espinho
A cada toque um nascimento
Fez-me viva para matar-me em outro momento
Os teus traços, poesia
Teus sussurros, sinfonia
O teu gosto, nostalgia
Numa noite fria e morta
Você bateu em minha porta
Sugou o que restava
Incendiou enquanto nevava
O corpo vazio
A alma no cio
Num golpe de sorte
Matou-me e afastou-me da morte.
Para esta minúscula aventura, escolhi Andrés Segovia como pano ou pane de fundo.
Um piano ao cair da tarde, era um programa antigo de rádio.
Procurei uma lapiseira, questão de gosto, compõe o modus operandi do tagarela que não vos fala, mas agora escreve.
A cena é de certa forma bizarra, no mínimo pitoresca
Numa avenida, uma mulher, feliz pelo semblante, humilde pela vestimenta, passa... empurrando um carrinho de supermercado, dentro dele um cachorro, naturalmente pouco a vontade e sem nenhuma ação em comum com quem o carreia mundo afora.
Parou no canteiro entre as duas vias e conversava animada e afetuosamente com um conhecido ou amigo dela sobre o que não imagino, não consegui prestar atenção.
Isso durou alguns minutos, uma dezena de copos de cerveja e uma coleção de interjeições verbalizadas.
A impressão que eu tinha é que ela literalmente não se conectava com o mundo que eu via, era o mundo dela que valia a pena e talvez nem existisse outro...
Sim, foi um alívio ver que não foi xingada nem atropelada, ela continuava feliz...
Me dei por satisfeito.
Sorri como outros tantos que ali estavam.
Não sabia exatamente se podia definir aquela demonstração de afeto e puro “non sense”, acho que continuo sem poder, continuo sorrindo.
Não a vi mais, nem o cachorro...
Preciso fazer umas compras no supermercado.
Era uma vez um sonho
(O poeta e um anjo)
Era uma vez um sonho...
Era uma vez um sonho
Um sonho de amor que eu sonhei
O poeta e um anjo
Uma história de amor que imaginei
Ela parecia uma princesa
Seu coração eu amei
Ela tinha a voz de uma sereia
Uma vez sonhei que a beijei
Era uma vez um sonho...
Era uma vez um sonho
Um conto de fadas
Uma poesia de amor
Um anjo com suas asas
Que tocava uma linda melodia
Com o doce toque da harpa e da lira
No paraíso e em seus campos floridos
Eu olhava o brilho de seu lindo sorriso
Era uma vez um sonho...
Era uma vez um sonho
Um poeta que se apaixonou
Por um lindo anjo
O coração do poeta amou
E sonhou com um doce beijo
Daquela que era sua amada
Com o brilho de seus olhos ele sonhou
Mas foi tão triste quando acordou
Era uma vez um sonho...
Era uma vez um sonho
Uma estrela que brilhava no céu
Uma rosa orvalhava amor
Uma noiva rumo ao altar, e seu véu
Do branco mais puro tinha a cor
Um doce sonho de amor o poeta sonhou
Mais doce que o mel era seu amor
Mas chorou quando seu anjo para longe voou
Era uma vez um sonho...
Era uma vez um sonho
O poeta e um anjo
Era uma vez um sonho
O poeta e um anjo
Era uma vez um sonho
O poeta e um anjo
Era uma vez um sonho
Era uma vez um sonho...
Exílio Nublado
O lençol me afaga a pele
Suave, mas é traiçoeiro
Ele me cura a angústia
Mas é na cura que ele me fere
E eu me levanto ao avesso
Triste, mas com esperança
De evitar o pedregulho
Que já me causou o tropeço
E eu insisto nas erratas
Ingênuo, mas já sabendo
Que o caminho que percorro
Já tem minhas pegadas
E eu não estou sozinho
Isto é, fora eu mesmo
E eu tento me abraçar
Mas eu sou só espinhos
Poema Veilleusense
Enquanto alguns dormiam
nas horas noturnas eu cantava
Fazia espetáculos, dançava e
dominava a noite e alegrava.
Uma noite, quando eu voltava para casa,
fui abordada por uma criatura com dentes pontiagudos e asas.
Sugou meu sangue sem parar
Me deixou no chão sem respirar.
Na noite seguinte
fiquei mais forte e voltei a cantar.
Eu cantei e dancei sem parar.
Minha força dobrou.
Meu corpo melhorou.
Sua vida é preciosa como diamante,
meu eterno amante.
Quero viver e seu sangue tomar.
Sem os machucar e sem a vida tirar.
Me chamam de Veilleuse, a vampira Dragqueen.
14-04-22
Tristeza, noite que se aprofunda em escuridão,
trazendo sussurros de mais além, do vale e dos ermos,
vozes que flutuam em sustenidos em tristes ais,
é difícil sermos felizes e despreocupados, quando sabemos,
que há em algum lugar deste planeta lindo,
uma guerra que destrói e mata, levando inocentes,
que dão seu último olhar para o céu, pedindo paz...
Você sabia que eu te amo?
Talvez eu nunca tenha dito através das palavras, mas em cada gesto meu podes notar a imensidão desse amor?
Você alguma vez voou?
Pelo menos em sonhos, você já teve essa sensação?
Eu posso voar, flutuando entre as asas da minha imaginação.
Guardo meu coração pra ti.
E escrevo a mais linda poesia de amor.
Saudades da solidão
Prezo a ser refém da solitude
Pois só penso em o que pensam
Pois eles não pensam como eu penso
Desejo da intimidade venerável
Mas já foi discriminada a confiança
Estimando a voltar com quem tenho intimidade
Pois na confiança da solidão há integridade
Almas Negras
Corpo cândido, fraqueza natural
Caída sob meus braços, num impulso natural
De meus agudos caninos, meu ser adentra a ti
Morte não significa fim, por mim viverá
Milhões de anos serão noites sem fim
Suas rezas surdas foram ouvidas por mim
Condenada a eterna escuridão, providenciando maldições
Massa cerebral desprovida das falhas humanas
A virtude em preto e branco
Lapidada com o véu da morte
Nossa fusão agora é sepulcral
Perseguidores sanguinários
Provamos do sangue, alimentando o insano
O alvo é você, a indefesa serventia é comida
Meus pecados não significam nada
Os fins justificando os meios, não há Deus sob céu
Em meu caminho desdenhoso te faço seguir
O rasgo maldoso cobriu sua frágil pureza
O seu sangue percorre como combustível
Prisioneiros da penumbra, era das trevas prevalece
Vivencia desafiadora, minhas presas clamam luxurias
Por marés de sangue viajaremos
Ambos perdidos no esquecimento
Alienados totalmente dos ensinamentos
Não recebemos ordens divina
Só obedecemos ao nosso credo
Vencidos pelo desejo carnal
A grande paixão melancólica, provida do sorumbático luar
Nossos desejos mundanos
Reflete o mais sagrados dos desejos
Olhos santificados não enxergam nossa justiça
De olhos julgadores, somos os juízes
Abaixo para todo sempre
A Lua negra é o nosso único lar.