Poesia Completa e Prosa
Para outubro:
Descomplicar e deixar ir.
Simplificar e abraçar o fim.
Ouvir o coração quando nos dizer para seguir em frente.
Redescobrir a coragem que temos.
Lembrar que fazer o caminho de volta
Muitas vezes é voltar para nosso coração.
E assim saber que há princípios que começam com os fins
Conte-me.
Se já perdemos a noção do tempo.
Se nada mais importava por um momento.
Conte-me como hei de esquecer.
Não, não hei de esquecer!
Barreiras rompidas.
Sonhos criados, meu universo de desvarios.
Foi real, não imaginado.
Um universo de noites singelas.
Travessuras, misturando pernas com pernas.
Sorrisos encantados, corações lado a lado.
No caminhar de uma paixão.
Entornaste minha sorte, metendo os pés pelas mãos.
Meu coração ao procurar o teu, meu sangue errou de veia e se perdeu.
Na desordem de um caminho.
Uma camiseta vermelha pode enlaçar seu vestido.
Sem nenhuma predicação, inda sentindo seus seios em minhas mãos.
Desfrutando o sabor de amor que os lábios podem oferecer.
Não, não há como fazer de conta.
Quando de um coração se toma conta.
Então conte-me como hei de esquecer.
Um homem no chão da minha sala
alonga sua raiz
galo que estufa o pescoço
cana-de-açúcar e bronze
poças, chuva, telha-vã
rio que escorre na velha taça empoeirada
O homem no chão da minha sala
cidades de ouro
castelos de mel
velhas metáforas
sinos línguas gelatina
O céu no chão da minha sala
Esse homem no chão da minha sala
provoca o veneno da cobra
pulgas atrás das orelhas
mexeu nos meus bibelôs
consertou aquela estante
revirou a roupa suja
desenterrou flores secas
fraldas
chifres
quatro cascas de ferida
um disco todo arranhado
e um punhado de pelos
Aquele homem no chão daquela sala
me fez cruzar o ribeirão dos mudos
estufa de tinhorões gigantes
no piso do meu mármore
ele acordou a doida
as quatro damas do baralho
uma ninfeta de barro
e a cadela do vizinho
Daquele homem no chão da minha sala
há meses não tenho notícia
desde que virei a cara
saltei janela
fugi sem freio ladeira abaixo
perdi o bonde
estraguei tudo
vim devolver o homem
assino onde
o peito desse cavaleiro não é de aço
sua armadura é um galão de tinta inútil
similar paraguaio
fraco abusado
soufflé falhado e palavra fútil
seu peito de cavalheiro
é porta sem campainha
telefone que não responde
só tropeça em velhos recados
positivo
câmbio
não adianta insistir
onde não há ninguém em casa
eu, a amada
eu, a sábia
eu, a traída
agora finalmente estou renunciando ao pacto
rasgo o contrato
devolvo a fita
me vendeu gato por lebre
paródia por filme francês
a atriz coadjuvante é uma canastra
a cena da queda é o mesmo castelo de cartas
o herói chega dizendo ter perdido a chave
a barba de mais de três dias
Gostaria
Sim
Que você sentisse a minha falta
Como a sede que não sabe como encontrar água
Apesar de saber que ela está lá
Como o som que quer ser ouvido
Mas ninguém escuta
Que você sentisse a minha falta
Como um louco
Que ninguém mais entende.
Minha falta in "Aquário de Amor"
O que eu mais amava
O que eu mais amava em você
Nem era a cor dos teus olhos
Não eram os clássicos que você tinha lido
Nada do que pensavam sobre você
Era o que eu mais amava
O que eu sentia escondia-se
Além das percepções alheias
E aparecia no terremoto que existia
Durante os nossos encontros
Nenhum lugar viu isso acontecer
Nem as ruas dessa solitária cidade
Tampouco os olhares dos nossos amigos
Ninguém soube de nada
Só as paredes arruinadas do teu quarto
E o movimento frenético do meu coração
Que eu entregava para você
Mesmo sabendo que você fingia não saber
O quanto eu te amava.
Por que o Sol nasceu de novo?
Numa estação
Com destino a felicidade,
Notei o sentido de liberdade
De um lado o fone, na mão o microfone e na mente pensamentos a falar
Mas por que será?
O sol nasceu de novo
Repetitivo, as vezes competitivo
Sinto que estou ativo nisso
Mas a verdade vem
E a vida também
Mostrando que nada mudou
E sentido não tem, então, por que nascer de novo?
- Oliveira RRC
Nossa lua
Lembre-se de nós sorrindo
Que hoje escrevo chorando
A dor de um amor florindo
E nunca desabrochando.
Não se esqueça da taça de vinho
Que ficou pela metade
Igual ao nosso carinho
E hoje vivemos de saudade.
Mas bem sei que nunca me esquecerá
O tempo é nosso inimigo
Mas as lembranças vamos guardar
E se nunca me reencontrar
Não se esqueça que sou poeta
E meus contos tu vais morar.
@CarvalhoEscrito
A vida é uma viagem
Estamos viajando
Novos passageiros chegando
Com novas ideologias
Com um novo estilo de vida
Viajando na vida
Com o atual estilo da mesma
Enjoando de toda essa besteira
Tentando não fazer besteira
Acreditando numa nova leva de passageiros
Que aos poucos estão a chegar...
Que começaram agora a viajar...
Aprendendo com os erros de viagens passadas
Chegou a nova geração,
Geral se aconchegou
Até as malas guardou
Pena que ao terminal o ônibus logo chegou
E com isso digo,
Pare o ônibus
Quero descer.
- Oliveira RRC
Solito, solicito e dividido
Acabo como náufrago
Inunda as imundas ocas deste corpo
Sofro de novo, mesmo sem adorno.
Cauteloso até demais para sair bem
Astuto e perspicaz, mas não está também
Caindo de repente novamente
Arcabolso de choro: tem.
Agora só resta navegar
Nas lágrimas de desta ilusão
Quem diria que iria mesmo pagar
Pelo que os irmão mente e coração criaram.
Charles Chaplin
Ultimamente ando muito na chuva
Já fui mais feliz
Ultimamente amo a chuva
Perdi a essência, tô infeliz
Todo dia tento ressuscitá-lo
Não falo de Jesus
Não sou Jesus
Sou eu, quem falo
Devo ter perdido o sorriso
Talvez no Metrô
Aquele lindo sorriso
Hoje a máscara só funciona por trás do vitrô
Não entende oque eu falo
Muito menos oque sinto
Deve ser o destino
Aparecer pessoas que não entende o destino
Você foi embora
Só me deixou mais vago
Você era o motivo
Seja o motivo
"Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz"
- Leia o título.
Liberdade
Novamente interrompido
É que não sou querido
Nunca quis ser Quico
Não tinha nada com isso
A gente nasceu
Mas não viveu
Nunca vivi demais
E se vivo o mínimo, é demais
É preciso viver mais
Essa caça ao tesouro, tá demais
Minha loucura passou do limite?
Ou você é enganado sem limite?
Se me permite
Qual o seu limite?
Quando deixará a corrida pelo ouro
Para perceber o real tesouro?
Você que é cristão
Acredita na divisão do pão
Raciocine comigo, irmão
Na época de Adão, havia notas nas mãos?
Havia egoísmo, maldição
O mundo de Lennon ficará na imaginação
Maldição!
Ainda somos dominados por notas, irmão.
" A selva geme seus medos
pétalas bailam a valsa soberana da floresta
seus rios descem cachoeiras
banham as folhas do tempo
pássaros compõem melodias
e dançam para suas amadas
o carrocel da verdade rompe o espaço e sobe a montanha
os homens absortos, olham tudo e tentam a pretexto de progresso,
algo construir...
Tons de Marrom
Caminho por aí, ainda que permaneça aqui.
Gelado vento, congeladas palavras.
Parado momento, como aflição em garrafa.
Encho-me até que transbordo.
Corro e pulo, saltito correndo.
Tons de marrom, amarelo e vermelho.
Sou tão preenchida que vivo vazia.
Sou tão grandiosa que me torno pequena.
Eu sou eu mesma, coisa óbvia a se dizer.
Eu sou eu mesma, complicada de ser.
Borboletas pairam no ar
como se estivessem a anunciar
algo tão belo e incompreendido,
a morte de algo querido.
Deseja-se tanto que se perde no tempo,
este de fato mal interpretado.
Tons de marrom e rosa.
Sou como o tempo: imortal prosa.
Boneca de Pano
Que tal ficarmos na nossa?
Que tal fingirmos tudo?
Será que fazer vista grossa
vai silenciar o sofrimento não-mudo?
Sou marionete num jogo adulto,
vejo cordas a sufocar corações em luto.
Enceno a peça teatral perfeita
onde não sei pra que fui feita.
Todas vezes que o vigário traiu
fui atriz secundária;
a principal foi ilusão em navalha
e, a mensagem, mera falha.
Mas me libertarei.
Despedaço, destruo, desintegro
o frágil pano do qual me criei.
A coisa q mais me fascina é o romance,
Quando vejo um casal,
Quando ainda era romântico.
O romance é a fé do ateu.
O romance carrega a harmonia da vida
A essência da vida
É Deus fazendo balé.
O romance vem da alma da gente,
É de onde aquece a vida.
O romance é o pai do coração
Vivo e delicado,
Com o cheiro gentil
Cor de fazer sorrir.
O romance é a coisa mais bonita que o ser pode ofertar.
Se alguém te propõe um romance
Não ouse negar,
Nem tão pouco desperdiçar.
O mar é mágico...
A inspiração vem numa boa
de barco, de bote de canoa...
Vem como dote nas lufadas
nas fragatas e vela abanadas, na âncora afundada, carregada pelas correntes...
Vem de repente nos mastros ao vento, nos rastros dos cometas, nos braços fortes, nas areias das ampulhetas...Vem com as vagas em milhões de dobraduras, nas conchas das mãos cheias de mariscos, vem nas flâmulas estampados nos emblemas e nos coriscos, vem no tom das águas salgadas nos dilemas, nos marítimos ritmos das celeumas...
Vem de todo lugar, vem cá do som dos poemas...
Eu tô bem, eu tô zen
Tô me afastando de tudo que não me faz bem.
Tô me afastando de tudo que me faz de refém.
Tô me apaixonando por coisas que eu não fazia.
Tô me apaixonando por boas companhias.
Tô me aproximando de novas viagens.
Tô me aproximando de novas paisagens.
Tô me aproveitando de tudo que essa vida tem.
Tô me aproveitando para ser feliz também.
Tô até me entendendo mais ...
Tô até te entendendo, mais...
Ultimamente só quero me ver bem.
Tô feliz, tô tranquilo, ah eu tô zen,
aproveitando o melhor que a vida tem.
Pequizeiro no caminho
Há um pequizeiro ali
No cerrado, solitário
Onde canta a Juriti,
Num doce cenário...
Onde o vento, venta bom
Onde o tempo tem razão
E o coração cala no tom,
No horizonte do sertão...
Cá tudo é calma, espera
Quem testa, a alma adoça
O gosto é de quimera,
E o povo, gente da roça...
Na poesia, agridoce canção
Deste seco chão, de cheiro
De primavera, de inspiração,
No caminho, há um pequizeiro...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2018
Cerrado goiano