Poesia Completa e Prosa
QUEM ÉS TU? (2010)
Encontrei-me em Teu desencontro.
Por Tuas lágrimas, voltei a sorrir.
Na Tua solidão achei companhia.
Por Tua dor alívio eu pude sentir.
As Tuas feridas me curaram.
O Teu próprio sangue minha alma lavou.
Na Tua pobreza me tornei rica.
O Teu sofrimento me libertou.
Podias falar, mas preferiu o silêncio.
Podias fugir, Teu Amor Ti fez ficar.
Quando podias de mim desistir,
escolheu na cruz morrer, para vida eterna me dar.
Quem és Tu que ficas quando todos se vão?
Quem és Tu que amas mesmo sem ser amado?
Quem és Tu que me dás perdão?
Nada tenho eu de bom para Ti dar, nem sei agradecer.
Contudo a Ti entrego meu coração cansado e fútil.
Aceite-o, não vale muito, mas é tudo que tenho para oferecer.
NADA SOU SEM TI (2010)
Quando pensei que tudo estava bem
Veio a prova, e eu te abandonei.
Não soube Ti amar como devia,
Longe de Teus braços, infeliz eu fiquei.
Não me deixes partir, eu Ti peço!
Não me permitas da Tua presença fugir!
Prenda-me em Teus braços eternos.
Não quero jamais deles sair.
Se por um vale escuro um dia eu andar,
Carrega-me em Teu colo, deixa Tua luz me iluminar.
Nunca me deixes sozinha.
Sem Tua companhia não quero ficar.
E, se do caminho da vida eu me desviar,
Por Tua misericórdia e bondade, me faça voltar.
Sem Tua presença, Oh Altíssimo, eu não quero viver!
Sem Ti viver é a morte, viver sem Ti é morrer.
"Vejo que o jugo dos seres ultrapassa a humanidade.
Segue sem freio, sem consciência e muito menos linha tênue
Pois, o dedo julga, o pensamento retrata e mata.
Mata-se vida por aqui, independente de qualidade.
Pode ser meia dúzia de gente ou uma árvore, por acreditar que quem está à margem não tem nada a dizer.
Agora, diante de tanta beleza dessa criatura, me torno pequena e imatura ao julgar que esse ser vivo não tem nada a dizer.
Seduzida pelos seus encantos, tu agora guarda meu pranto e meu imenso querer
Mudar o mundo com as letras
Tu serás mais uma ou serás a mesma arvorê?
Mais uma vez:
Mais uma no vazio uma sala vazia e chaves na mão!
Mais uma vez faço uma lista de "a fazeres" sem saber como será, lá do outro lado, à esquerda ou à direita do desconhecido!
Mais uma vez, pernas trêmulas: incertezas.
Mais uma vez eu mudo para sempre, cheio de vontade de chegar do outro lado.
Mais uma vez, eu mascate saltimbanco, com o saco nas costas e vibrando com a incerteza das buscas.
Mas uma vez, de novo no mesmo lugar de antes...
Mais uma vez, faz um ano que mudei e agora é definitivo...
Mais uma vez, se não é "novo" é novamente de novo!
Até a próxima... e, se você não entendeu, imagina eu, um ano depois da última mudança, refletindo sobre a insustentável leveza do ser!
Não há lugar que possa correr
Se seus olhos penetram a invadir-me,
Tempestades de sentimentos caem sobre mim,
Como choro, regurgitadas,
Se seu coração bombardeia a fuzilar-me,
Emoções caem inquietas sobre mim,
Como desejos, insopitáveis,
Se seu amor eclode a refugiar-me
Redoma de acalento assenta sobre mim
Como amparo, escudado,
Não há nada que possa fazer,
Não há lugar que possa correr.
"SOLIDÃO"
Hoje me sinto sozinho
Sem teu amor, sem teu carinho.
Mas não sinto falta da frustração:
Como é linda a solidão.
Onde está meu coração?
Veja bem, já não preciso disso,
Já não me incomodo com isso:
Como é linda a solidão.
Cometi uma calamidade,
Que os deuses me perdoem,
Inventei de ceder à vontade;
Vontade de viver,
Que os deuses me perdoem,
Viver sem você.
Quarto escuro
As paredes perderam suas vozes
As janelas perderam suas luzes
Os dias perderam suas cores
Tornou-se um inverno aqui dentro
Tudo tá tão escuro e frio lá fora
A casa reflete os ecos da quarentena
O quarto tá vazio como uma sentença
Lá fora tá escuro, e vejo o reflexo das estrelas
Lá fora tá deserto, e sinto a distância das certezas
O quarto tornou-se um cubo
Vou fazê-lo um santuário de reza
Pra me conectar no meu refugio
Vou acender a minha vela
Nem mais, nem quais, vou me aquietar
Pra voz de dentro assim soprar
Os anseios, as perguntas, responder
O que nada pode garantir a não ser o poder de crer
A fé me guia com todo seu poder de oração
O quarto escuro tornou-se o lugar de iluminação.
Amor e guerra
Marte rubro, por lutas fervoroso
Tanto sangue por ele derramado
Em Batalhas tão forte e belicoso
Não pensou que seria derrotado
Venus áurea, de corpo gracioso
Tantos homens e deuses tendo amado
Teve seu coração belo e formoso
Pelo Senhor da guerra apaixonado
Como podem tais deuses se juntarem?
Venus amar quem causa tanta guerra?
E marte abandonar grande rancor?
Não podem paixão e guerra se apartarem
Pois não há força maior nesta Terra
Que leve a disputa senão o amor
A VIÚVA NEGRA.
Uma noite inteira na camauma vida inteira para ama-la vestia-se de viúva negrapara devorar suas presas.
Solitária saciava-se comos próprios dedos na camaduas fendas uma chave uma
venda para cegar suas vítimas.
Sobre as mãos um chicote para atiçar o corpo,na outrapossuía um terço onde
confessava seus pecados.
Chamava-se de viúva negrapor que matava o desejosde todos que ó possuíasaciava-se da sua vontade de mulher.
A MARIONETE
Havia uma menina,
Que carregava o mundo no peito,
E a insegurança na mente.
Seus pensamentos eram conturbados,
Não importavam os fatos.
Logo, passou a acreditar no que falavam sobre ela;
Sem veracidade, ela nunca foi prioridade.
As memórias não importavam,
O que diziam era lei.
Foi tudo questão de tempo, até ela se afogar;
Ela não fazia questão de se priorizar.
Destinada a viver com a culpa, que não era sua.
Quando se deu conta, já estava em alto mar;
O triste da história, é que ela não sabia nadar...
EXPERIÊNCIAS
Já fiz de tudo um pouco,
Não fiz quase nada!
Já vivi mil vidas;
Não cheguei na metade da primeira.
Já vivi mil romances;
Nunca conheci meu príncipe.
Já morei em vários paises, ruas, cidades;
Entre quatro paredes sempre vivi.
Uma mente.
Infinitos sonhos.
Minhas experiências?
Nem começaram.
O passado já passou;
O futuro não está em minhas mãos, como briza suave, não posso prever, mas é certo que virá.
Meu presente? Só me resta aproveitar.
AMIZADES
Haviam dois amigos,
Que se conheciam como ninguém.
Nas desventuras da vida humana, houveram mudanças;
Juraram fidelidade na amizade, cuja base era sinceridade.
Cometeram o erro de achar que seus sentimentos eram rasos e facilmente decifraveis,
Movidos pela razão, acharam que se conheciam o suficiente.
Em consequência se afastaram, recolheram os cacos de seus jovens corações.
Estavam ligados, mas o desinteresse e a suposição os condenou.
Ninguém estava errado, apenas precipitados.
Não eram pedras,
iriam se recompor,
pois ali,
naquela amizade,
existia o amor.
Ela escreve poesias que adoro ler, mas quando pego na caneca, só me vem à mente minha vontade de morrer.
Ela me fala sobre a vida e como ela é bonita; acho tudo isso lindo enquanto olho para minhas feridas, ainda abertas, ainda doloridas.
Gostei daquela parte em que você dita... para falar a verdade, às vezes isso me irrita.
Um truque de mágica só é especial quando não sabemos como é feito, assim como tudo aqui na terra. A paz é para os mortos; a vida é uma guerra
Você chegou de repente
E eu com meu peito carente
Abraçou o teu gostar
Com o teu sorriso na minha mente
Me deixou foi dependendo
Com sua forma de amar
Eu quis saber de onde tu vinha
Dos passos que tu caminha
Esse quero conhecer
Tu toda faceira me respondeu
Que caminha no rastro d'eu
Sem medo de se perder
Me convidou pra dançar um xote
Dei logo um cheiro no cangote
Arrepiou da cabeca até o pé
Com carinho me tocando
No seu corpo eu viajando
seja lá o que Deus quiser
Quem me dera poder sentir
O pôr do sol minha pele aquecer
Ouvir tua voz o momento enaltecer
Deixar a paz do instante fluir
Separados! estamos assim
O crepúsculo que outrora nos uniu
Sol da meia-noite se tornou e nos baniu
Como a rosa vermelha carmesim
Efêmero, brevemente, fugaz
Sentimento lindo que se vai
No infinito do ápice levou a paz
Cá estamos seres viventes de luz
Um é noite, calmaria e solidão
Outro é sol, radiante que reluz
As Galácticas
Aventuras do
Homem-Relativo
Sabe o que me faria perder o ar,
O que me privaria de oxigênio,
Me faria perder o chão
E levitar em gravidade zero ?!
Sabe o que dobraria o espaço-tempo,
O que me transportaria
Na velocidade da luz
E me faria vencer a atração do buraco negro ?!
Você sabe o que queimaria
Nosso pessimismo supermassivo,
Em um bilhão de graus ?!
Ficarei verdadeiramente impressionado,
No dia em que a humanidade
Criar um foguete,
Que leve comida aos famintos
E conforto aos miseráveis.
Caos climático
É temerário descartar
a memória das Águas
o grito da Terra
o chamado do Fogo
o clamor do Ar.
As folhas secas rangem sob os nossos pés.
Na ressonância o elo da nossa dor
em meio ao caos
a pavorosa imagem
de que somos capazes de expor
a nossa ganância
até não mais ouvir
nem mais chorar
nem meditar,
nem cantar...
só ganância, mais nada.
Nem todas as flores
vivem gloriosamente em flor.
Uma delas sobrevive
catando os nossos restos
juntando os nossos pedaços
do playground à lixeira
marGARIda-amarela
marGARIda-do-campo
marGARIda-sem-terra
marGARIda-rasteira
marGARIda-sem-teto
marGARIda-menor
pela terra mais garrida
de maio a maio arrastando
o seu carrinho de GARI.
Catando os nossos restos
juntando os nossos pedaços
vai e vem uma marGARIda
brotar no seu jardim
Saúdo as minhas irmãs
de suor papel e tinta
fiandeiras
guardiãs,
ao tecer o embalo
da rede rubra ou lilás
no mar da palavra
escrita voraz.
Saúdo as minhas irmãs
de suor papel e tinta
fiandeiras
tecelãs
retratos do que sonhamos
retratos do que plantamos
no tempo em que nossa
voz era só silêncio.
O que tenho pra te oferecer amigo
Enquanto bebo tua fonte que me espera.
São palavras, são sentidos, são perigos
Ou são silêncios profundos de uma era
O que tenho pra te oferecer amigo
Enquanto sugo de teus olhos uma velha história.
São prazeres, são amores, roucos gritos
Ou sussurros de vencer até a vitória