Poesia Completa e Prosa
Melancolia
Sombria melancolia que me
assola ao meio dia,
a meia-noite me desafia,
deixa a manhã fria,
à tarde me causa paralisia.
Via que me tira alegria,
quero dias e noites de sabedoria,
uma vida sadia sem terapia,
outra vez a primavera que minha
vida floria com eufonia,
o inverno que você aquecia,
o verão que amor entre nós havia.
AUSÊNCIA
Sua ausência me deixa sem essência,
tira a indecência,
me rouba toda coerência
sem clemência
com violência
em forma de advertência!
Difícil convivência sem tua presença.
Levo meus pensamentos a ti para te sentir.
Batalho com desejos escondidos a me ferir,
impelir a saudade que mora em mim.
Já podei meu jardim,
para resumir admiti que não me desprendi.
Não consigo reduzir um amor que vive a ressurgir,
não aprendi partir...
Permaneço consumindo-me aqui.
Quando penso que sei tudo de mim,
Há muito a descobrir,
Nunca imaginei viver assim..
SINTO FALTA I
Sinto falta de muita coisa ou de quase nada,
Sinto falta do que era simples, inocente,
Sinto falta do que não entendia
e de contos de fada,
Sinto falta da poesia,
Do sol poente.
Sinto falta de Castro Alves a Manoel Bandeira,
Sinto falta de Gonçalves Dias a Tom Jobim,
Sinto falta dos frutos de minha goiabeira,
Sinto falta da inocência que chegou ao fim.
Sinto falta de poemas e versos,
Que um dia fiz e hoje perdidos ou dispersos,
Sinto falta de amigos, de minha mãe e de meu pai,
Sinto falta de sonhos e tenho saudades que do coração não sai.
Autor: Agnaldo Borges
24/04/2005
NA LUA
Ih!!! Tem muito lugar p'ra ir
e eu vou... Vou sair daqui
vou por ai...
Quem sabe se lá p'ra onde,
se, a pé, ou se, de bonde.
Aonde a gente se esconde?
Sozinho , ou com o conde?
Eu não sei se vocês, mas...
Tudo que sei de mim,
É que estou, próximo do inicio
e muito mais do fim,
e que, qualquer dia
... Desse mês...
Chegará a minha vês
E eu... Há, eu vou sair por ai,
com aquele velhos giz...
Colocando pingos nos is.
Antonio montes
PASSAGENS
O que dizer a vocês...
Direi que vida é isso, vida é assim
... Um tempo mais,
outro tempo menos,
um dia somos embalados,
outro dia freados...
Se hoje rirmos muito...
Amanhã choramos.
A vida é isso, isso é vida!
E diante da vida, teremos que esta,
preparados para viver.
Particularmente, eu não culpo...
A mim, a ninguém,
muito menos a você...
Estamos vivos e viver é errar e acertar,
isso é vida!
E diante da vida, não podemos ser iguais,
nem os dedos das mãos podem!
Que feios seriam se fossem.
Avante gente, avante!
Saúde, vamos a luta...
Vamos está, vamos marcar ,
estamos passando, por aqui
vamos deixar as nossas marcas fluir...
Uma vês saindo daqui,
nunca mais voltaremos a existir
nem por segundo...
Momento, minutos hora ou mês
Não se esqueça que...
Só se vive uma vês.
Antonio Montes
Cenas
Eu gosto mesmo é de
abacate com açúcar.
Saborear tal gostosura,
é experimentar um pedaço de céu.
Me impressiono com as abelhas,
zapeando ao redor do mel.
Seriguela desce pela goela,
eu eu, pego da tigela, pro
suco fazer.
Mae grita da janela:
"-Descasca e moe, que eu
coou procê!"
Cenas do interior,
lugar calmo,cheio de
aconchego e calor.
Sagração
Era uma tarde chuvosa de fevereiro,
a janela aberta revelava um céu alvacento
enquanto escutava melodias suaves de piano e flauta.
Uma poetisa apareceu-me de repente. Uma senhora nascida num final de primavera.
Conversamos. Ela declamou-me poesias e, como mágica, as palavras tinham cores e sons.
Eu disse a ela que seus versos me falavam de Deus. Confessei-lhe também que a poesia é mais redentora que os dogmas da religião.
A senhora sorriu um sorriso interrogador aguardando a minha explicação.
Respondi que os dogmas são sempre certeiros. Infalíveis. Escritos por teólogos que sabem definir o Mistério.
A poesia não. A poesia não define o Mistério, a poesia o torna sagrado. E em seguida o lança nos ares do imaginário.
Os teólogos sangram a vida com preceitos. Os poetas, ah, os poetas sagram a vida que o teólogo sangrou.
Então a senhora dos versos sagrados se lançou no desconhecido de minhas próprias palavras e desapareceu.
Eu agradeço...
(Nilo Ribeiro)
Tudo posso escrever,
a qualquer hora, qualquer dia,
pois você me deu este prazer,
fazer da vida uma poesia
posso falar de religião,
posso falar da crença,
pois você é a direção,
é a cura da doença
posso versar a família,
posso rimar a flor,
pois você é a orquídea,
é um jardim de amor
posso falar do trabalho,
também falar do tempo,
pois você é a gota de orvalho,
que refresca meu pensamento
posso falar do mar,
poetizar a natureza,
pois você sabe confortar,
e amparar com certeza
posso escrever sobre o futuro,
isto ninguém duvida,
pois você é o porto seguro,
é a luz da minha vida...
FAMÍLIA, FAMÍLIA
Meu pai,
minha mãe... Família!
Família, mostrou, a minha trilha.
Nesse mundo,
N'essa strelitzia vazia
Esse mar de maresia
essa pia, quanta azia!
Família, minha alegria,
Meu caminho, minha guia
preenchimento d'essa vasilha
vasilha torta, toda esguia...
Família, minha família.
Antonio Montes
ESCORREGO NO CHAMEGO
Me escorrego no chamego,
escapulo do meu ego,
Vesgo no meu apego, não négo.
Me apego, como prego
se me levo nesse leve escorrego
fico sonso, fico grego.
As vezes, insisto no perigo
eu existo, eu persisto...
Também, sou filho de cristo.
Se escorrego no meu apego
nesse apego eu me aprégo
no meu prego, me escorrégo.
Nesse eco igual ferro
do meu breque, eu desbeiço
pelo této, pelo beiço e pelo berro.
Antonio Montes
A BUSCA
Agora que já vim...
Estou aqui assim, mas para ti,
nada... Nada além de mim.
Devolva meus beijos
meus apertos e meus abraços,
devolva-me, meus desejos...
D'aqueles gostos gostosos
dos chamegos e calhamaços.
Devolva-me...
Os carinhos carinhoso
o escondido nervoso
e as horas dos nossos ensejos...
O crepitar tremulo do corpo
aquele enrosco louco
que a muito tempo eu não vejo.
Agora que já vim!
Devolva para mim, apertados...
aqueles fungados molhados
junto ao tempo passageiro
nossos momentos caliente's
o desinibidamente da gente
e os segredos por inteiros.
Agora que já vim, devolva-me...
o outrossim das nossas chamas
a volúpia d'aquela gama
o isolamento do nosso tempo
nos lençóis d'aquela cama,
devolva as frenesias
faça eu voltar n'aqueles dias
aonde vivi alegrias.
Antonio Montes
Fotografia
Atento ao olhar de luminosidade
Esquadrinha a geometria de um flagrante
Magnífica captura de um insight
Doce acalanto da imortalidade evidente.
Uma imagem em clara objetiva
Reflete cores, luz, harmonia e sensibilidade.
Dá o tom de alegria em simetria
Misturando lembranças à doce saudade.
Testemunha de muitos olhares
Observa a intimidade ilusória
Sentimento original, real e evidente.
Consagração da ficção das memórias.
Retrata escritos, sons e imagens
Esplendor e a dádiva da natureza.
Compõe a cena em um clique pleno
Essências de emoções e de muita beleza.
Num instante torna-se a preferida
No seu feitio, a mais doce poesia
De tornar real uma evidência
Fotografia, o seu nome é Magia.
CHIBATAS DE VOLÚPIAS
Se me chama com sua chama...
Essa chama que se esparrama
e com sua labareda, me encandeia...
Estapeia-me com seu afago
nessa anciã que me inflama
como lobo na lua cheia.
Se me chama com sua chama...
É essa centelha de fogo de sereia,
as vezes me queima em lance de dama
E se esbalda em nossa cama
como se fosse grãos de areia...
Sob ventos na praia
e chibatadas de volúpia na peia.
Antonio Montes
NOTICIAS QUENTES
Olhe o jornaleiro!
olhe o jornal!
Por ser de hoje, esta quente...
Traz noticias do bem e do mal
aborda as questões do lixo
e a corrupção do hospital.
Abrange pela cidade
o espanto que quer que seja
fala das atrocidades
ate mesmo das igrejas.
'Lá no lixão tem um corpo
e um nenezinho ensacado
o povo estão mesmo locos
compactuando com o diabo'.
A política é um desfruto
dando frutos aos marginais
a coerência esta em bruto
o amar virou carnavais.
O salário todavia pequeno
com um só aumento anual
o povão vive de sereno
tratado como animal.
Olhe o jornaleiro!
Olhe o jornal...
Fala da ficha critica
e da tal corrupção
e os eleito no limpa, limpa
sem caratê para nação.
São chamados de desviadores
levando tudo que tem aqui
depositando lá fora horrores
de din, din do nosso país.
Tem adeptos dos evangélicos
estrupando a direito e a torto
o populismo demográfico bélico
estão tentando parar com aborto.
Trabalha-se dia e noite
para pagar o aluguel
paga-se imposto torto
paga-se também o fel.
Enquanto marido trabalha
vizinha no pula, pula
a vida virou gandaia
e articula pela gula.
Tudo virou prestação
de carro, casa, água e luz
nem vêem que a mão do cão
esta lado a lado com Jesus.
Olhe o jornal...
Olhe o jornaleiro!
O que acontece por aqui
esta acontecendo ao mundo inteiro.
Antonio Montes
Linda menina,
És tão pequenina,
Ao mesmo tempo tão frágil e tão forte
És agridoce,
és vida e morte.
Tuas delicadas mãos
Não suportariam
O fardo que trazes no coração
Tantas dores;
Tantos amores;
Tanta Ilusão.
Óh doce menina,
De rosto singelo
De coração sincero
E sorriso amarelo, que não engana ninguém.
Sim, bela mocinha
Que finge ser forte
Para a tua sorte
Eu sei que não és.
Enxergo a tristeza
Que trazes no olhar
E não a alegria
Que queres externar.
Enxergo tua dor
E o teu sofrimento,
Toda a angústia
Todo tormento
Que os outros insistem em ignorar.
Quando és injustiçada
Não tens ninguém pra te defender;
Quando desamparada
Ninguém pra te socorrer;
Te sentes sozinha, sem ninguém pra te proteger,
Mas não esqueça menina
Jamais abandonarei você!
Eu te farei justiça;
Eu te consolarei;
Te amo desde a eternidade
És minha princesa e eu sou teu Rei!
Por que me perturbas, ó vil cavalheiro?
Por que despertas em mim tal sentimento, outrora adormecido?
Por que me fizestes crer que é recíproco, algo que só existe em mim?
O meu querer se resume a te querer;
As minhas utopias a fantasiar nós dois;
Os meus pensamentos estão absortos em ti;
Devaneios tolos, eu sei, porém involuntários!
Creio que ignoras o que sinto;
Que esse turbilhão de emoções que me provocas te é indiferente.
Não percebes que o meu olhar me trai quando te vejo?
Que titubeio ao mais trivial diálogo contigo?
Que te admiro de soslaio, ao desfrutar da tua presença?
Não dissimules, não engane-me!
Súplico-te: se não me amas deixe-me em paz!
nem que ao partires leves contigo as ilusões.
Prefiro viver de verdades, mesmo que esta tenha por nome solidão.
(Juliana Patriota)
O pão é o vilão
fast food,mc,na brasa
meu irmão
tantos conservantes que nem sei
se transgênico ou ilusão
tudo rápido, preparado
gostosuras mil
esquece tudo, vamos de dieta e diet
carboidratos não
senão onde iremos parar
com tanta modernidade.
que não seja na balança da frustração...
"" Meu caminhar indica futuros incertos
na contramão, certezas em qualquer coração
há atalhos, cheios de orvalhos
és doce manhã
viver a intensa partitura da alma
nossa música entoa contra cativeiros
certeiros amotinados num canto qualquer
dividem nossa oração
a emoção é verdadeira,
por nós, amanheço e canto...
"" Se você é criticado, continue
certamente está incomodando alguém que pensa que sabe...
.
Será?
Gosto
não gosto
pode melhorar
.
pode melhorar
gosto
não gosto
.
não gosto
pode melhorar
gosto...
"" Não critique o que não gosta
nem apoie tanto o que aprecia (o julgo pode ser duvidoso)
mas se puder, se proponha ajudar a melhorar...
SE
E se você tivesse ido?
Como teria sido?
Se tivesse falado tudo àquilo que pensava? Na lata!
O que teria acontecido?
Se estivesse causando em vez de escondido?
Como seria?
Se naquele bom dia, tivesse sorrido?
Se não tivesse ficado calada?
E se tivesse corrido, em vez de deitado?
Se o seu foda-se tivesse ligado?
O que teria feito? O que teria dito?
Se pudesse decidir ser você,
desde o princípio, seria o quê?
Se pudesse ser o que quisesse?
Tipo, Homem-Aranha, astronauta, comissária de bordo,
professor de artes, vendedor de tapete em Angra dos Reis,
seria feliz?
Se pudesse desenhar seu próprio caminho a lápis, errando e acertando,
sem que ninguém lhe apontasse o dedo,
pra fazer o que de bom acordaria mais cedo?
Se tivesse coragem de chegar sem medo,
em quem chegaria?
Se você descobrir, do dia para noite, que pode fazer um monte de coisa
que antes você não podia? Faria o que tem de ser feito?
Se descobrisse que você, por mais conhecido que seja, não é o centro das atenções? Ainda sim, se preocuparia?
Se descobrir que, se você pintar seu cabelo de verde, as pessoas vão até olhar, mas o mundo vai continuar sendo mundo. Que se você cometer uma gafe, o mundo vai continuar sendo Mundo. Que se você fizer sucesso, alguns irão gostar de você, outros vão te xingar, e o mundo vai continuar sendo mundo. Se te esquecerem, o mundo vai continuar sendo mundo.
Se descobrisse, que independente do que você faça, dos seus medos e das suas escolhas, o mundo iria continuar sendo mundo, faria o quê?