Poesia Completa e Prosa
BOLHA DE GOTA
Para que, esse olha,
não olha...
Esse molho, esse olho,
olhe o malho... Alho orvalho
Tire a toalha do varal!
a chuva esta vindo, veja o temporal!
Ainda é tempo...
Não pense na gota,
na bolha...
A moldura da sua calçada,
pode esta zarolha,
enquanto, não molha as rolhas!
Recolha.
Antonio montes
LOUVOR & HORROR
Os dados foram dados...
Mesas postas, apostam com louvor
e na contrafeita, apostas feitas,
agora... Tudo é questão de jogo
de um piscar, de um vacilo...
Eu fico com tudo aquilo que
você nunca falou!
Do que adianta esse amor...
Se o poder por aqui é abrasador...
As orações estão fazendo sucesso
e pela fé, pobres estão enriquecendo.
Vamos para a igreja, vamos orar
a esperança nos espera com show business
os aliados então contracenando
e os nossos pastores...
Estão pregando horrores,
e até chora para enricar.
Antonio Montes
BRILHO DA INOCÊNCIA
Passos dados, dados jogados
a mesa esta coberta de horror
Você aposta eu aposto
esperamos que as ofertas
abra a nossa, trancada porta.
Eu vou sorrir para ludibriar...
Eu vou chorar para você cair,
eu só quero ganhar!
Se possível chorarei por você
farei de tudo para me propagar,
nos degraus do seu tre-le-le.
Vou ofertar p'ra te pegar!
Me fingir de bom...
Assim como doce bombom
o qual, primeiro você sente o gosto...
depois, perderá o brilho do seu batom.
Antonio Montes
A VOZ DO SILÊNCIO
Os degraus são da dor e do sofrer,
Só os calam as vozes da virtude,
Mas o lodo da vil vicissitude
Faz o tolo, de início, esmorecer.
Quem se prende a esta lama sem saber,
Gasta muita beleza e juventude,
E, depois da total decrepitude,
Se despede da vida sem viver.
O brotar dos sagrados germes n’alma
Do andarilho, na dor e paz, o acalma
Entre os juncos do ser que é sua senda.
Cada vício é o riso de uma hiena,
E a virtude é a voz meiga e serena
De quem forja na queda a própria lenda.
CARA TORTA
Há um sinal atrás da porta,
piscar de uma cara torta
uns entram, outros entortam
Psiu! Você ouviu?
Será uma voz ou,
corrente macia de um rio...
Rio, sem elo, sem velo
sem linha, sem novelo...
Seria melhor telo.
Cadeado sem cuidado
passos, alinhados sem fado,
vamos marcar a musica...
Rodopiando no quadrado.
A noite assim é pequena
como uma menina serena,
sereno de uma brisa fina
lua cheia, noite rima...
ouça o pio da coruja
enquanto a estrela brilha
junto a lua, lá em cima.
Antonio Montes
CONGELO DE FELICIDADE
Eu vou tirar, a foto do seu rosto,
um prisma, meigo, contente, rindo...
E d'essa forma, eu congelarei a sua
alegria. Quem sabe assim, eu terei
a sua imagem de felicidade, tal qual
um arco-íres, escancarado só para
mim. Eu vou colocar, a sua foto
na moldura, e logo, pendurarei, na
parede do meu quarto. E quando
lá eu me achar só... Eu tenho certeza
que minhas lagrimas caindo se
levantarão só para fitar na parede...
O sorriso da minha paixão.
Antonio Montes
QUA, QUA, QUA
Nem que, que, qui
nem, cá qua, qual...
O que p'ra que?!
aqui acolá, de quem?
P'ra que vão, onde não cabe,
p'ra que ficar p'ra bailar,
se a zica é covarde...
Compadre, deixe rolar.
A noite densa, se faz crua
soluço lagrima na rua
promessa aos pés da lua
na encruzilhada... sarava.
Se o rio se faz corrente
canoeiro passa remando
e o amor de lá, de cá, dá li...
Qua, qua, qua!
Antonio Montes
ALARIDO
Lá vem a boca da noite...
Vem de baixo, vem de cima
vem para eles, vem para elas...
vem tecendo a sua, fúnebre rima.
Mandíbulas abertas, sem trela...
Rápida arisca, como se fosse uma gazela.
Ela vem mordendo o tempo,
sem seus dentes, mascando vida...
Toda banguela! Vem...
Dando dentadas pelas ruas escuras
espreitando figuras, de agruras,
sombras que assombram, almas inseguras.
O bêbado, de bafo azedo, cospe,
e fala grego, todo abobado...
O menino no lixo, chora congelado
ladrar de cão, frio de lua...
Ninguém viu nada!
Todos estão na casa, na sua.
Mendigos? Estão perdidos, largados
como se fossem descarte de mercado.
Assovio estridente, de um beco qualquer...
arrepios, desencadeia um aviso
Mulheres vagam pelas áreas de riscos
balas sem nome, nem código de barras
saindo, sem asas com seus estampidos!
Mais um projétil esta perdido.
um caso para o seu doutor, espanto, alarido...
Mais uma fêmea sem marido.
Antonio Montes
Fixa-me,
Como fixo-me em tua direção!
Sorria e brada, ativamente!
Assim diz meu coração.
Você basta,
Não és metade de nada e de ninguém!
Não és o acaso,
Nem miragem,
Para chamar-te de seu maior bem!
Tal como sonhos doces,
Que cultivam-se às vezes sem querer.
A poesia veio como se fosse,
Não querer nada além de ser somente você!
Porque tu és intensidade,
Menina!
Tu não anseias metade alguma de ninguém,
Porque já és completa de verdade!
Um coração de um em 100.
Que te transborde,
E somente te faça sentir e sentir a reciprocidade!
Que tu vens e trazes sempre linda,
Em teu fixo olhar que as vezes julgo:
É de verdade?
Porque já te imaginaram num quadro,
Mas, és irredutível para caber numa moldura.
Já te imaginaram numa canção,
Mas, nem todos sabem ler uma partitura!
Já te imaginaram num Outdoor,
Mas, logo de ti se esqueceria.
Já te imaginaram até em um curta,
Mas, em poucos minutos falar de ti não caberia!
Já te fizeram equação,
Mas, você não pode ser definida!
Já pensaram em ti até como teoria,
Mas, você fica melhor sendo vivida e sentida,
Não refletida!
Porque assim és!
Um pedaço de céu e além mar.
Que se escreve ao por do sol num dia qualquer,
Só para ter a graça de sorrir ao lembrar!
Quem sabe se por isso,
Exista beleza a mais na nostalgia.
O poeta te imaginou eterna,
E assim te fez nessa poesia!
" Quando você ouvir o som do encontro
eu estarei lá, pois nunca fui de partida
sou sinfonia da esperança, barulho de paixão
quando nossas mãos, forem ao encontro do tempo
eu poderei estar cansado, mas estarei lá
olhando, como a olhei na juventude
amando, como amei e a amarei desde a primeira vez
quando você pensar no futuro
minha querida
lembre-se de nós
e tudo quanto fizemos
por nosso amor
fique sempre comigo
eu quero você
e estarei lá...
DORES DA VIDA
A dor passa pelo quarto,
pela calçada da velha rua...
pela praça do abstrato
de uma vida toda crua.
Passa por entre os dentes
e pelas famílias dos outros
pelos meus e seus parentes
e o futuro d'aquele garoto.
A dor passa pelo seu corpo
na viagem do além
trespassando cães e loucos
e o sopro dos santos também.
Passa lá pelos jardins
campos de guerra e concentração
por aqui e pelos confins
d'aquela triste paixão.
A dor passa pelos trilhos
dessa vida toda torta
passa por aquelas janelas
e pelos trincos dessas portas.
Pela cama da saudade
nos quatro cantos do mundo
por mentira e por verdade
e por aquele amor profundo.
No frio da noite, a dor
passa pelos vagabundos
no lixo o choro do horror
no escuro olhos do mundo.
Passa a dor n'aquele voou
e na carreira da ambulância
no choro que hospital chorou
e no tapa dada à criança.
A dor passa pelos ventos
com a arte da poluição
pelo verde todo sedento
e pelas válvulas do coração.
Passa lá pela atitude
e ao ataúde fúnebre
necrosando a velha saúde
com bactérias e febre.
Passa, a dor já a cavalo
pelos ventos do destino
careta moldando embalo
em artimanha de menino.
A dor passa pela juventude
de um viver e tempo passado
pela vaidade, liberdade, grude
e sentimentos desconfiados.
Passa, querendo voltar
ao alicerce de todas as linhas
aos bilros de todas as rendas
e aos novelos das contendas.
A dor passou pelos currais
mourões chibata de couro
passou pelo povo de ontem
e hoje, passa de novo.
Quanta dor passa calada...
Sem suspiro choro ou vela
seca sem nem uma lagrima
dor minha d'ele ou d'ela.
A minha dor, passou e passa
assim como passa a sua
passa triste ou com graça
com belo sol ou com lua.
Antonio Montes.
Um país entregue a corrupção
Quem vende o país governa
Vai preso aquele que rouba um pedaço de pão
O povo omisso fica calado
E ainda os reelege na eleição
Clamam por justiça
No dia do voto se vendem por qualquer tostão
Tem muita gente culta que repete essa frase
Só que se vende mais caro, por algum benefício ou cargo de sua intenção
Esse é meu Brasil, caminhando rumo ao abismo
Com ele vai a sua nação.
Eu apenas me pergunto
Nossas crianças que futuro terão ?
Com esse exemplo de educação
Não respeitam uma fila
A furam e ainda acham que tem razão
Nem sequer dão uma descarga
É o branco contra o negro
O heterossexual contra o homossexual
o homem contra a mulher
O católico contra o evangélico
O rico contra o pobre
E vice-versa e o país sendo roubado por uma mídia corrupta em conluio com banqueiros
Sob regime de crime organizado por politiqueiros.
Nossa Amazônia
Já está nas mãos dos estrangeiros
DEPOIS QUE TE VI
Oi amor...
Estou lhes enviando o meu coração,
todo apertado,
N'uma caixinha de peito...
depois que eu te vi,
todas as vezes, que visualizo você!
ele pulsa satisfeito.
Oi amo, ao te ver descobri...
Que sem ti, não tem felicidade
e que meu coração,
não bate mais por mim,
e essa minha vida, virou saudade.
Depois que eu te vi...
O meu coração,
anda por ai, todo perdido...
Aonde quer que estou!
Ele esta contigo.
Tenho certeza, que eu estou aqui,
por esse vasto espaço...
Sem asa sem chão
vagando, remando até você!
apenas seguindo o desespero
d'esse coração que abraça...
Essa tensa e loca paixão.
Antonio Montes
VIDA VIVENDO
A vida vive, esta vivendo
por ai até nos horrores
eu vi vida n'aquelas flores
nas gramas, erva daninhas
e nos bochichos dos rumores.
Nos desenvolver dos tumores
e nos gestos dos tenros amores...
Eu vi vida em você...
envolvendo-te nos dissabores.
Na sua doença, te levando
eu vi vida, n'aquelas faces das ruas
cheia de prosas e poesias
nos olhares dos olhos vivos
nas rimas de todos os dias.
Lá nos sinos das catedrais
nos ventos solto assoprando
vi vida nas mãos do musico
dedilhando os velhos pianos.
Nos acordes d'aquela musica
no alvorecer da aurora
no crepúsculo d'aquele dia
vi vida, na hora pulsando agora.
Eu vi vida n'aquela ira
nas guerras mortíferas insanas
na rítmica da vil sátira
n'aquelas manobras tiranas.
A vida esta morrendo
sob a vida da desgraça
outras vidas encolhendo
p'ra vidas no palco da praça.
Eu vi vida na esperança
sobrevoando a vida da morte
no olhar d'aquela criança
no tombo d'aquele forte.
A vida vive e esta vivendo
em tudo que esta vivo
pela superfície do mundo
pelos pesos, medida e quilo.
Pelos buracos, pelos fundos
no desvendar dos shows incríveis
n'aqueles olhares inseguros
e nas causas do impossível.
A vida esta viva e vive,
nos dóceis sabores da vida
no amargo d'aquele ser...
Na razão que foi vencida.
No dia ao anoitecer de um dia
nos mares dos oceanos
nos contos da Ave-Maria
nas quinquilharia dos donos.
Na mandíbulas de todas as feras
nos trilhos e margens das estrada
na esfera d'essa terra
na fauna na flora e nas águas.
Eu vi a vida que voava
como asa e passarinho
a vida viva na nevasca
vivendo com seu jeitinho.
A vida apos a morte
na fé de todo fanatismo
no sonhos com seus enfoque
no empenhar de tudo aquilo.
Eu vi a vida no gume
da espada traiçoeira
o viver com, o tapume
sob o olhar da coleira.
Eu vi a vida subindo
para o embalo da descida
a vida empurrando vida
sem ter tempo para vida.
Antonio Montes
SE ROBÔ EU FOR
Se eu me for, e retornar,
eu quero voltar robô.
Desse jeito assim...
prestarei socorro sem amor,
e ninguém vai odiar a mim
Porque... viverei sem viver,
trabalharei sem receber
não terei pensão nem aposento
nem saudades de você.
Assim, robô...
Não terei hora nem historia...
escadas, degraus nem gloria
não caberás honras em mim
nem minha foto na moldura
não terei dia feliz, nem infeliz
nem remédios para minha cura.
Se eu me for, e retornar...
Eu quero voltar robô! Assim...
Não terei lei nem salário,
doente não ficarei...
Nunca vou rir nem vou chorar
e nem vou entender do seu baralho.
Não sentirei dor nem sentimentos
Não terei que pagar água
aluguel, gaz luz e comida,
passarei pelo passado sem lembranças,
não reclamarei do tempo,
nem das malhas d'essa vida...
Não precisarei de chuva nem de sol
nem ventos pelo arrebol.
Quando eu voltar robô...
Nunca darei enfoque a lambança!
Não terei recordação da juventude,
nem nunca saberei se fui criança.
Antonio Montes
Eu voltei
Tentei me encontrar nessas voltas que a vida faz, encontrei-me em teu mundo. Pergunto-me, essas voltas foram todas em vão? Encontrei teu calor nessas voltas e, nessas voltas, encontrei meu refúgio! Pergunto-me, essas voltas foram todas em vão? Fugi dessas voltas que me levaram a ti, mas entre outras voltas… reencontrei o teu ser e nada mudou! Ele está como sempre foi. Pergunto-me, essas voltas foram todas em vão? Caminhei vagamente por um tempo tentando não voltar por onde passei, mas essas voltas serão infinitas, mesmo que eu não volte hoje! Essas voltas me levaram de volta onde terei que voltar. Por tantas voltas que a vida faz, voltei por onde tu passas, voltei a mergulhar em teu oceano, voltei a enxergar teu olhar… essas voltas não foram em vão! Eu voltei por essas voltas para de volta te lembrar que nenhuma delas ocultou em mim o desejo de te amar.
Se tenho mãos por que não luto?
se tenho pernas por que não corro mais?
mais o problema é que me inludem
com a Tv e os jornais.
a familia se reune
pra eleger corrupção
a verdade, já nao justa
primo distante da nação
e nessa festa pobre
o dj não paga imposto
a vergonha é vulgar
na batida de um som
é pra fazer revolução
e levantar uma nação
que na próxima ocasião
os seus filhos fazerão ''revolução''
Quando cair levante-se o mais rápido possível
Quando quiser chorar,sorria
Se estiver a ponto de se matar, viva
Quando estiver a ponto de perder seus sonhos, agarra-os
Quando estiver na escuridão procure a luz
Se estiver desacreditado, acredite
Se estiver sem amor, ache-o
Quando estiver com medo, coragem
Se estiver triste, alegre-se
Quando estiver com dor, cure-a
Mas lembre-se que tudo depende só de você.
ROGAI
Nossa Senhora mãe de tudo...
Mãe do mundo, alto e fundo!
Mão do pai, mãe dos rios
dos trilhos e dos filhos.
Mãe do povo da gente...
Dos sonhos dos amores,
mãe das dores e das flores
dos jardins e dos horrores.
Nossa senhora!
Mãe da procissão e precisão
da tarde do cedo, da oração...
Das pedras dos espinhos das lãs
dos caminhos, trilhos, procissão
Nossa senhora mãe do agora
mãe do passado mãe do amanhã,
das folhas e dos ungüento...
E do cheiro doce do hortelã.
Nossa senhora mãe de Deus!
Rogai pelo sol, pela lua,
rogai pelo cabelo da menina
que o vento farfalhou na rua...
Rogai pelos meus
rogai pelos seus
pelos indecisos demagogos
rogai, rogai...
Rogai pelos fariseus.
Antonio Montes
FEITO DE GADO
O que é feito d'aquele gado
tocado, lá no alto do sertão
piola, boiadeiro bravo
berrante tocando fado
estralo na palma da mão.
O gado que passou porteira
ploc-ploc, pelo chão...
Cruzou rios com piranhas
alvoroçou grandes façanhas
... Poeira amor e paixão.
O que é feito d'aquele gado
do sol quente pirambeira
lua fria escuridão...
Que passou pelos quatro ventos
curandeiros e seus ungüentos,
coloral pimenta açafrão.
O que é feito d'aquele gado
e do pasto secando no campo
d'aquele ar tísico no tempo
da distancia ao sentimento
das lagrimas enxugando encanto.
D'uma saudade adoidada
vivendo os sonhos do amar
d'aquela flor na estrada
do amor por quase nada
chorando além do mar.
O que é feito d'aquele gado
que passou pela corrente
do rio cheio de peixe
do rastos da estrela cadente...
do sangue brotando n'água
da fogueira conto de fada
da chuva nascendo semente.
O que é feito d'aquele gado
do sol escaldante do dia...
Da sombra d'aquele oitão!
Do segredo e da paixão,
que sentiu dona Maria...
O que é feito d'aquele gado
que embarcou nas quatro rodas
deixou p'ra traz, ribeirão...
Campo, bosque e a grande grota
deixou lá no rancho o seu João
vivendo a vida que gosta.