Poesia Completa e Prosa
de estado estático contempla-se o caos
calmo como um inseto ao exercício de seu nicho
olhos espalhados por corpos em sinestesia
compartilho da vibração
tudo é energia que há de fluir incessantemente
o pulsar dos corações vazios
acompanharão as caixas em estresse
grave que estremece a areia
fechei os olhos...
e lá estavam sua cores em negativo
sua silhueta refletida em mim
minguante.
POR ACASO
E se por acaso, eu não te encontrar
Envelhecido, sentado eu na esquina
Do tempo, com um disperso tal olhar
Poetando mesmices pra dar propina
A ilusão, por não contigo assim estar
No coração, na emoção e na paixão...
E se por acaso neste exato momento
Perceber que rápido passou e, então
Palpitar saudade sem ter um fomento
De esperança, que acredite na razão
Do ainda é possível ter tal sentimento
E que não seja só uma mera presunção
E sim, o que importa, ter no argumento
Da vida, valia com total determinação.
Se por acaso...
Não advir, tentei e, despido será o contento.
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
PISA, PISA
Pisa menino, pisa...
Pisa porque se não, lhe dou uma pisa
para que possa voar nos passos
ir n'um pé e voltar n'outro
solto e leve como pássaro
rápido, como nave no espaço.
Pisa menino pisa...
E eu fico aqui com minha cisma
a muito, isso foi minha sina
voar como se tivesse asas...
Pisar como se pisasse em brasa.
Pisa menino pisa...
Não deixe o tempo lhe pisar
não se doe de bonzinho
nem ame, mais do que possa amar
porque se você não pisa
leva pisa pra respirar
e amando irão te esmagar.
Antonio Montes
Garota dos olhos belos
Como faço para te ver?
Quando abres esse sorriso
Meu coração começa a bater
Como moras em outro Estado?
E te sinto bem perto, aqui
Vou agora, vou correndo
Para ficar pertinho de ti
Tens também nome bonito
Acredito que tem algo a ver com brilho
Porque não olhas o significado?
Espero não estar enganado
Se enganado eu estiver
Sobre sua beleza acredito que não é
Mas somente no significado do nome
Mas o brilho, este sim não some
O sentimento mais que puro
Separados apenas por um muro
Muro esse que se chama distância
Mas onde há amor, há esperança
Fiz este versinho singelo
Almejando oque eu mais quero
Não sei se achastes legal
Mas foi para ti, meu amor virtual.
MIL AMORES
Esse olhar que me zomba...
Terá ondas que me tromba
como bala atirada das sombras
em miragem de léguas, que me leva
como restos de dejetos, sobre a terra.
Esse olhar que me enterra...
Me colocando nas trevas, aterra-me.
... Já esse olhar... Ah esse olhar!
Esse olhar que me olha como se eu fosse
um horizonte florido...
Esse olhar me carrega sobre o céu,
me vê como diadema, e me enche de cores
Me olha cintilando como estrelas no ar
e me entorna em carinho de mil amores.
Antonio Montes
JOÃO DO MUNDO
O João do mundo
já faltando parafusos...
Pegou o mundo furado,
bateu o seu cadeado
e jogou a chave no lago
das esperanças e sonhos...
De um mundo cheio de marca
e de um povo demarcado.
Depois saiu a rodar
pelo mundo, já cansado
rodando em passos sem fundo
e por tudo que tem no mundo
girava atrás de um futuro
de um mundo sem escuro
e de passos todos seguros.
Antonio Montes
Papel e tinta...
(Nilo Ribeiro)
Papel e tinta,
base do escrever,
se o amor não "pínta",
verso o sofrer
dava um haikai,
e não uma poesia,
mas se o amor se esvai,
escrever vira ironia
papel e tinta,
já não tem serventia,
minha vontade está extinta,
não escrevo mais poesia...
ONÇA SONSA
Uma onça sonsa...
Escondida na pedra
com sua roncada manca,
enquanto dorme, tonta...
Manda seus olhos de bronca
para aquilo que te afronta.
Com suas pálpebras de enfoco
jogada por cima da ires
não se atrapalha com focos
nem se enrosca em seus desvires.
Uma onça sonsa...
minguada... de sal, insossa
sem os inteiros temperos
olha o bocado fadado
já salgado em sua boca.
Se já viu, tem que pegar
tudo é seu em seu terreno
o seu bote é de amargar
sua dentada é de veneno.
Antonio Montes
SONETO DA FÉ
Da devoção, o devoto em ser
Tenho Deus Pai na fé demais
Que paz no coração me traz
Virtuoso, no meu lhano crer
Se suscetível, desistir jamais
A tua palavra robora o viver
Tua ternura absolve o perder
Onde o teu amor nunca trais
É fé que supera, e no faz ter
Inabalável indulgência sagaz
Que liberta e bem vem trazer
É apoio nesta crença e tais
Que encoraja o robustecer
Da fé em meus sinceros ais
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
"" Somos todos loucos para que algo aconteça
não sabemos ao certo o que, mas queremos muito
por isso olhamos pelas janelas
é natural a espera de algo maior, imensurável
a própria essência dos seres humanos é assim,
evolutiva e esperançosa
talvez aí habite Deus
e a vontade de renascer
somos sementes...
"" Quando eu era jovem, não tinha muito sono,
acordava e levantava a qualquer hora, sempre com muito vigor,
o tempo foi passando, continuei levantando com alguma facilidade, porém não como antes,
hoje é um sono pesado, para levantar tem que bater muito na porta e ainda assim levanto com um sono danado. Hahaha. coisas da vida....
EU (soneto)
Existem vários eus no meu eu
E de tão perdido, anda sozinho
No sonho joga sorte, coitadinho
E assim, sem ter norte, é plebeu
Se sou mal interpretado, fulaninho
É do fado este fardo triste e forte
Tal ímã do azar que rêdea a morte
Bulha quem sou na fé e no caminho
E que destino este agre e de recorte
Da alma esfarrapada e sem colarinho
Que chora os porquês, sem ter porte
Porém, sou o que sou, além do mocinho
Alguém de coração que com amor importe
E que nesta tal vida, andeja de mansinho
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
05'55", cerrado goiano
"ESTEPES" GOIANAS (soneto)
Mergulhei nas "estepes" goianas, por acaso
Foi um pulo no meu destino nunca imaginado
Cá vim, então, em missão para o cerrado
E aqui as quimeras ficaram fora do prazo
Um infinito onde o céu é bonito, fui abandonado
A poesia virou companhia, e o luar, com prazo
Pulsações e confusões no meu fado, um arraso
Onde amar e perdoar tornou-se hábito silenciado
A paisagem esfumou-se e confundiu-se no olhar gazo
De uma poeira fina, varrida do coração embaçado
Deixado de lado, sonhei, e com os sonhos desenhei parnaso
Assim, perdi-me nos atalhos do devaneio inquietado
Nas braçadas da saudade o ribeirão tornou-se raso
E nas "estepes" do Goiás, o meu lírico plangor foi dissipado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
O grito...
(Nilo Ribeiro)
Perdi meu próprio rumo,
não encontro uma ponte,
bato de frente ao muro,
não bebo em tua fonte
eu que já fui exemplo,
já fui até referência,
agora o nada eu contemplo,
sou pura ausência
não tenho o que escrever,
nem mesmo o que comentar,
depois que perdi teu prazer,
não tenho nada para amar
perdi meu caminho,
perdi minha direção,
sem carinho,
sem paixão
me renovo com prece,
a oração me segura,
tudo em volta fenece,
sou hoje a loucura
um poeta sem escrita,
é o mesmo que nada,
a sua alma grita,
mas não sai palavra
crise, agonia,
deslize sem poesia...
SONETO DESCRENTE
Dor que amarga o ser contente
Ilusão tanta aos de expertise
Tanto, nada ou um só deslize
Para se desenhar o descrente
O legado é bom, infiel é a crise
Se no coração há brecha vertente
Que inflama a fé na crença poente
E aos sonhos leva pra uma eclise
A sós não se está sozinho, se crente
Pense com emoção, não só analise
A razão está em ser integralmente
Então, suporte, e o melhor avalize
Não se fica pior, a vida é discente
Num sobe e desce, ato e reprise
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Em Busca
Mochila nas costas,
mapa nas mãos.
As ruas são desconhecidas.
O olhar repentino para os lados,
busca conhecer o desconhecido.
As pessoas estão imóveis,
poucos andam pela rua
na manhã de céu nublado.
O café quente da xícara,
esquenta a alma do ser inquieto.
A mente em movimento,
ás vezes, acaba ficando dispersa.
O mapa é complicado,
não diz onde vai parar.
O objetivo fica cada vez mais longe,
e aparenta ficar cada vez mais perto.
Pausa para um café,
observando o casal na outra calçada.
Ela tem cabelos vermelhos,
eles pintam o cinza da manhã.
Por fora, ele é frio como este vento gélido,
e seus olhos demonstram o quando a ama.
Calor no coração...
O casal some, o café acaba, a conta é paga.
Olhos no mapa, rumo ao objetivo.
Pela rua, pela floresta, pela estrada
que aos lados não se vê nada.
A música que toca diz:
"Se começar foi fácil, difícil vai ser parar..."
E move o corpo que vai em busca do novo,
do desconhecido, do belo, do indecifrável.
Do objetivo que está no mapa,
que nos leva ao que aparenta ser impossível,
inconquistável.
Às adventures...
-Chris Reis
INEXO
Os leões eleitos...
Rugem em seus tronos,
regem leis em suas alcovas
e chegam ao nirvana
com seus profanos planos.
Os leões eleitos...
Uma vez no comando
inicia o seu desabono...
Se propagam com a misera
dos outros, e tão logo no pedestal
entram em delírios com os ossos.
Antonio Montes
SONETO ESSENCIAL
Enxergamos tudo aquilo que está ao nosso alcance
"O essencial não se vê com os olhos" vai além
Duma paisagem, uma flor, um caminho, porém,
Podemos sentir com a emoção toda e qualquer chance
O que se sente não precisa ser visto, e sim, o que contém
A aridez, o calor, um perfume, o afago, que no sentido trance
E na alma desenhe o real e concreto da vida, em romance
Pois, sentir é o que captamos mesmo não vendo, também
Pode se estar vendo, mas o que julgamos é invisível
O conteúdo, a essência, ideais, aos sentidos impossível
Aparências não revelam a importância no sentir dum olhar
O olhar engana, miragem e nem sempre ao sentimentos compreensível
No entanto ver e sentir, no fado, será sempre compatível
Se ao ver e sentir, com o coração e, com ele, ter capacidade de amar...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry
Meu jeito de escrever
Senti vontade de voltar a escrever, acho que na verdade esse é meu jeito de se expressar, esse é meu jeito de ser, o poder de me comunicar, na arte do saber.
Criar poesias me faz bem, acho que na verdade essa é a minha intuição, escrevendo me sinto num harém, no país da emoção.
Descarrego no papel tudo aquilo me traz inspiração, acho que na verdade esse é meu jeito de desabafar, essa é minha paixão, é a arte de me declarar com a caneta na mão.
IMPOSTADO
No baque do quebra mola
quebrei a mola das molas
na ingeria desse amola
valei-me Nossa Senhora?!
peguei a pedra de amolar
amolei o fio da hora.
Prejuízo a mim posto
sem gosto, fiquei insosso
e com os ossos todos soltos
dos sopapos, ai seu moço!
Aonde parou o imposto?
impostado pelos outros.
Antonio Montes