Poesia Completa e Prosa
LOURO VERDE
Entre um papaco e outro
o louro verde lá do alto
esta fazendo curupaco.
Esse louro é todo verde
porque te chamam de louro
se o loiro para ti e sede.
Se seu verde é todo verde
podiam te chamar de verde
loiro não tem, em sua rede!
Mas esse louro fala e chora
se chega ou se vai embora
chora sem saber da hora.
Também dá tchau e assovia
desce do agora e do jirau
e gira ali todos os seus dias.
Esse louro todo verde
incomoda com toda aurora
em sua forma de bom dia.
Baila com sua algazarra
vê o sol, faz grande farra
saldando-o com alegria.
Esse louro, na moldura vista
silenciou-se em seu silencio
e na pintura do artista.
Agora na escassez dos seres
contem seu nome na extinção
nos louros gosto dos prazeres.
Esse louro... Quer café
... Pediu café!
Orou sua fé de pouca fé
e logo mais, pediu o pé.
Antonio Montes
BICICLETA NA VIDA
O menino da bicicleta...
Não se aquieta!
Sempre frenético,
pedala como se fosse um atleta
... Empina, rodopia...
Rascunha zero no chão
se cai, nem faz cara feia
e sai, aos abraços com o vento
nadando na emoção.
O menino da bicicleta...
Adora o seu, ie, ieh ieh,
rodando por ai...
Parece gente grande,
zanzando em suas contas
e sonhando com faz de conta...
Só quer saber de correr,
perde a hora dormir
perde o tempo de comer
... Passa o dia divagando
e quando chega a noite...
Já vai sonhando com o amanhecer.
O menino da bicicleta
parece adulto
zanzando sem hora certa
... Vai p'ra cima
vai p'ra baixo
igualzinho uma peteca.
Antonio Montes
"Colecionava um amontoado de farrapos
Que os anos me trouxeram com desdém.
Tentei me encontrar
Em meio a imundicie que é
A podridão do tempo.
Cheguei a odiar e querer fazer daquilo
O meu lugar preferido
Mas me enganei.
Me sufoquei diante dos trapos
Em cada canto daquele quarto,
Não me via mais em lugar algum
Nem mesmo dentro de mim.
Sorte a minha, pensei em fúria
Tristeza, destreza de ser quem eu era
Apesar de toda aquela mesquinhez
Lembrei que tinha alguém
Em algum lugar
Que se importava com tudo aquilo.
Família é o nome que se dá
Ao que traz paz e aconchego
Que destrói a dor e o desespero
De ser só você por você mesmo.
O amor que damos e recebemos
faz com que o tempo pare de uma só vez,
para que a gente aproveite bem o passeio
E deixe de colecionar pedaços
Que nunca te farão inteiro."
FERRÃO DE MARIBONDO
No pedaço do serrado
andava eu, desconfiado
e o maribondo me ferrou.
Um contra gosto à mim, imposto
me pegou marcando posto
com seu ferrão me marcou.
Tudo aqui, tornou-se fato
acusar já é disparato
mesmo o que, o vídeo mostrou.
Sabemos, sabemos...
No comando é só desvio
há eles isso é pavio
p'ra ganhar o seu amor.
Antonio Montes
AOS TOMBOS
Balngo-bango, maribondo
na carreira eu me arrombo
sobre poeira e aos tombos
na fumaça me escondo.
Eu vou por ai aos pombos
em ditongo, orangotango
dança o tango no losango
cozinhando ao fogo brando.
Se não dê, parto pro cano
espatifando os tímpanos
vou seguindo assim os planos
como faço com os anos?
Antonio Montes
VIVER DA CIDADE
As cidades vivem...
Em seus edifício, suas casas,
ruas ruínas, esquinas, frios e brasas...
Suas mãos entrelaçadas suas tranças
com suas, esperanças e suas sinas
... Olhares tristes e felizes
de suas, adoradas crianças.
As cidades vivem...
Seus dias de glorias
dias de luzes, noite de escuridão!
Com seus barulhos seus entulhos
seus gritos, lixos e seus caprichos
suas caretas, alegrias e suas dores,
seus pânicos, medos e horrores.
Vivem dias de angustia, dia de cão
vivem também... Dias de doutores!
Dias de promessas e dia de oração
... Vive um dia de cada vez!
Uma semana, um ano, um mês...
Tudo aquilo, que carregam em sentimento
um momento, para cada um de vocês...
As cidades vivem acordadas
e acordam dormindo...
Vivem dias de feriados e trabalhos
seus pés descalços, seus sapatos
seus olhar franco... Risos, largos e falsos,
vivem o manhã de planos e sonhos
vida de enfado, pesadelos medonhos
vivem as horas e os dias que vem vindo.
Antonio Montes
GRATIDÃO
É preciso agradecer o tempo
Que no fragor foi-se o sossego
E do silêncio achou-se alento
No barulho fez-se o desapego
Que se fez poesia
Que se fez essência
Flores nas dores, harmonia
Em Deus, na fé evidência
É preciso a gratidão
Da vida, do ser, Divina providência
Pois tudo é amor, é união...
E na diversidade o vário em cadência.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
DORMINDO ACORDADO
No rascunho rascunhado
rascunhei todo condado
sem nunca sair do lugar...
Em sonho, sonhei deitado
voando solto e alado
com sentimentos ah voar.
Com olho abertos sonhando
dormindo estava acordado
com os sonhos ah me levar.
Me encontrei alem do mar
nos braços que estavam cá
sem pensar em acordar.
Antonio Montes
Lágrima...
(Nilo Ribeiro)
Penso em toda dualidade
que pode conter uma lágrima,
ela pode vir de uma felicidade,
ou da tristeza que molha esta página
mas não quero assim abordá-la,
é da sua forma que quero falar
quero por outro prisma poetizá-la
descrever seu jeito de derramar
esta delicada gota,
percorre um caminho pequeno
nasce nos olhos, morre na boca,
admirá-la me deixa sereno
não que eu seja insensato,
ou duro simplesmente,
mas ela é linda de fato,
e vê-la me deixa contente
ela está carregada de mistério,
e também de muita personalidade,
chora-se quando está sério,
chora-se quando tem saudade
as lágrimas podem homenagear,
podem representar a dor,
por tudo, pode-se lacrimejar,
até mesmo pelo amor
existe lágrima na calma,
existe choro na emoção,
ela vem quando machuca a alma,
ou quando aperta o coração
a lágrima não tem disfarce,
é nítida, clara e transparente,
quando ela desliza pela face
reflete o que a alma sente
lágrima para desabafar,
lágrima para aliviar a dor,
lágrima para extravasar,
lágrima para saudar o amor
lágrima, não é só tristeza,
para os olhos, é limpeza,
para a alma, é pureza,
para o amor, a grandeza
quando esta poesia nasceu,
uma lágrima logo apareceu,
e pelo meu rosto escorreu
lágrima, de mim, você faz parte,
na minhapoesia, você é a arte
REBULIÇO DE TEMPO
Oh meu espelho... Não precisava ser
tão duro! na sua pureza tão pura!
Quando sobressai, da sua tela escura,
mostrando-me como sou, fazendo rebuliço
de sentimentos em mim, empurrando-me
sobre o tempo para assistir o meu fim.
Oh meu espelho! todavia tens a mágica
de fazer o tempo escorregar pelas lacunas
dos sonhos e as vezes, até repugnar-me de
mim mesmo! Mostrando-me, de como eu era
n'aquela foto amarelada a qual está como
rede, pendurada na parede... A mesma foto
que as aranhas, telham as suas telhas, e fica
assim como se estivessem representando
as telhas da minha vida.
Falem o que quiserem falar, mas o meu
espelho é... O vermelho da sinceridade!
Ou quem sabe... O sinistro da obscuridade!
Todas as vezes que olho nele, ele mostra-me
o que meus olhos não querem ver...
As rugas da derme, as verrugas do tempo
essa carranca que desbanca o meu alento...
Mostra-me que outrora, eu era assim
como verde... Tinha ar e tinha sede...
Todo dia eu era visitado pela alegria!
Hoje tal qual como estou, assim desprovido
do amanhã. Com passos curtos pela
estrada da vida, eu estou murchando...
Murchando como se fosse folha a secar
exposta sob o ar.
Hoje o tempo que eu almejo, é o mesmo
que repugno-me, uma espécie de amor
e ódio... É meu espelho, te confesso... Que,
o mesmo tempo que eu preciso
para seguir adiante, é o tempo que você
me esboça acabando comigo,
criticando-me triunfante e triturando-me diante da esperança.
Antonio Montes
PERFIL
Aquela foto no seu perfil,
me viu...
Me viu radiante, como o céu
transbordando a cor do anil...
Sem rugas, sem nuvens...
Nevoou meus sentimentos,
enfunou meus costumes...
E soprou aos ventos
todo tipo de azedume.
Aquela foto no meu perfil,
te viu... Te viu no ontem,
radiante no horizonte do
futuro e hoje, aquela foto,
em nosso perfis, decidiu...
Que nada é seguro, e
de repente... Sumiu!
Antonio Montes
SIMPLES ASSIM...
Chega um dia em que tudo chega ao fim
Até mesmo o amor que damos e que não ganhamos
Palavras duras atiradas à esmo
A margarida que não veio
A lágrima que não deixou de vir
O dedo que não tocou a face
A boca que não beijou os lábios
A rima que faltou ao verso.
...Tudo,
tudo nesse universo tem um fim
se não for cultivado,
se não for cuidado,
se não for retribuído.
Amores...
Amizades
e até poesia.
Cultiva-se poesia pelo caminho
Aduba-a
Beleza carece de beleza
Gentileza de gentileza
Afeto, de afeto.
De outra forma, com o tempo, deforma
e o que era para ser eterno
um dia foge pela porta aberta.
Porta que não foi trancada pela indiferença
Pelo presente prometido e não cumprido
Pelo carinho negado.
Não vale à pena cultivar flores em chão de cimento
Elas morrem
e as sementes,
ah,
elas são levadas pelo vento
e caem na senda do ontem.
A vida é assim meu bem...
... O que um dia vem,
um dia pode ir.
Simples assim!
SIMPLES ASSIM...
Chega um dia em que tudo chega ao fim
Até mesmo o amor que damos e que não ganhamos
Palavras duras atiradas à esmo
A margarida que não veio
A lágrima que não deixou de vir
O dedo que não tocou a face
A boca que não beijou os lábios
A rima que faltou ao verso.
...Tudo,
tudo nesse universo tem um fim
se não for cultivado,
se não for cuidado,
se não for retribuído.
Amores...
Amizades
e até poesia.
Cultiva-se poesia pelo caminho
Aduba-a
Beleza carece de beleza
Gentileza de gentileza
Afeto, de afeto.
De outra forma, com o tempo, deforma
e o que era para ser eterno
um dia foge pela porta aberta.
Porta que não foi trancada pela indiferença
Pelo presente prometido e não cumprido
Pelo carinho negado.
Não vale à pena cultivar flores em chão de cimento
Elas morrem
e as sementes,
ah,
elas são levadas pelo vento
e caem na senda do ontem.
A vida é assim meu bem...
... O que um dia vem,
um dia pode ir.
Simples assim!
SEMPRE E AS VEZES
As vezes é a poetisa lúcida
As vezes a mulher louca
As vezes a lucidez poética
Outras,
a loucura
E ainda mais outras a lucidez
...Mas sempre é a poesia.
Esta bendita que não atrofia o verso
solta e livre,
ou em camisas de força!
Elisa Salles
@Direitos autorais reservados
ALFORRIA PARA A ÁFRICA!
Sinto tamanho pesar por ti minha Rainha...
Quem guiará teus passos rumo à igualdade?
Quem ousará livrar-te da tirania mesquinha?
Há tempos ouço o clamor sentido da tua voz
Dói em minh'alma o desespero do teu grito...
Tão maligno o poder que te submete. Algoz!
Assassinam-te aos poucos de sede e fome
Pestes medonhas roubam o vigor da tua raiz
Quem, óh mãe, calcará na vitória teu nome?!
Tu que pairas, guerreira sobre o mundo...
Se recusas, ferrenha a render tuas forças
Que mal abismo espectral este... Profundo.
Quantos ainda lavarão de sangue o teu chão?
Que ousados, se erguem sobre seus ossos
Como és bela, pura e forte, primorosa nação!
Quando contemplarei seu riso leve em alvor?
Liberto dos "apartheids". Açoite mortal e frio.
Tombam teus guerreiros aos mil ante o terror!
Levantam-se os poetas de Castro, dia após dias
Gastam as tintas de suas canetas em papel branco
Mas mãe, por ventura tem pigmento a poesia?!
Não mãe!_ Mil vezes não. O verso é incolor!!
Assim como é acromática a alma de todos nós
E tudo o que nos marca e nos une deve ser o amor.
Ergo aos céus minha voz de bardo. Abro meu peito.
Que os que pregam o ódio à liberte. Opressão...
Deixem-na voar pelos céus alheios ao preconceito!
Pois és bela mãe África. És amada e bendita!
Não és melhor nem pior. Teus céus são iguais...
O Deus de todos e tudo em ti reina e habita.
Sim. Sinto por ti tristeza, mas jamais piedade
Louvo-te as árvores e o chão de terra vermelha
Serás um dia o clarão de honra, paz e verdade.
Que os homens de bem bradem junto à mim
E que em uma única voz retumbem pelo mundo
Alforria aos filhos da África__ Liberte-a enfim!!
Elisa Salles
@Direitos autorais reservados
Plágio é crime!
Canta alto canarinho,
Canta o que eu não sei falar,
Canta alto canarinho,
Canta o que eu só sei pensar...
Grita canarinho,
O que meu pensamento grita
Grita canarinho
Mas não se atrase, pois assim minha mente frita...
Canta canarinho
Pois eu quero ouvir
Ouvir o que eu não ouço,
Ouvir o que me faz sorrir...
Quero solução pra tanta ansiedade,
Canta canarinho
Mas canta a verdade...
A verdade verdadeira,
Não o que quero ouvir,
Cante mesmo se doer,
Depois da dor tem um sorriso...
Vai cantando canarinho
Cante com harmonia,
Sou amante do seu canto,
E apaixonado com sua poesia...
A solidão invade fazendo engolir seco, um cafe e um cigarro servem de remédio,
O céu se torna uma tela onde as cenas são reais, pois reflete os pensamentos que atormentam o coração.
O cigarro ilude a alma e o café é pra forçar, dar o doce pro amargo, um falso acordar..
Acorde garoto, não adianta mais chorar, a solidão não ouve, a solidão só sabe falar..
Grita alto pensamento, que um dia fico surdo,
Grita alto pensamento que um dia fico mudo...
Não te ouvirei, não falarei, não pensarei...
Um homem rodeado de pessoas é o mais solitário, pode ter um milhão do lado, mas não adianta se não for notado...
Tudo que é ruim, vem de dentro de você, são coisas que se sente e ninguém consegue ver...
O pior de estar só, que se esfrega isso na cara, o coração avisa que tudo isso mata...
Ninguém acredita por que quando acontece já morreu,
Se o pensamento não mata, mata esse cigarro seu...
A MALA DO MALA
O mala, com a mala, embala
... Pelas marés do mar,
pelos ventos em sua cara...
Já é costume o mala,
carregar a mala, com ela um dia...
O mala em sua ingeria, levou bala
agora, o mala com essa mala
as vezes fica mudo
as vezes se cala, não fala
e nós e que pagamos o preço
pelos adereços d'essa mala.
Essa mala, já levou bala
navegou pelo ar
flutuou pelas águas
e o seu dono, não esta nem ai!
Se essa mala afundar, ele cala,
pois na mala, nada é dele,
e o povo, só sabe reclamar sem cara.
O dono da mala, se apertar encara
pois sabe, que tudo se resolve na fala
e agora, ele tem a proteção da mala!
Com a mala, ele compra tudo
o mundo e as poses de cambraias
e depois, poderá mudar de lugar
desde que tenha...
As chaves da mala.
Antonio Montes
TINA DA TINA
Tina, oh Tina!
Cada presepada tonta,
que a Tina atina
que mesmo sem ser hora pronta
ela as vezes desatina.
Outro dia a dona Tina
entrou na tina... Na tina por sina,
com Água
... Saiu pingando sem pinga,
sem toalha, molhada, toda espuma,
e foi mostrando o sorriso
como se não fosse nada.
Se não e de ti, p'ra que carranca
nada é da sua conta!
não se faz de tonta,
se é minha ah apronta
me roga praga.
Tina oh Tina!
Eu me lembro ainda,
você pequena, menina
olhares por riba
e o povo dizia... A tina tem sina
tem auto estima
a Tina tilinta e pinta com sua tinta
os seus cento e trinta.
A Tina acredita no que pinta!
Assim como na poesia da sua rima
... E o poema que em ti, tilinta.
Antonio Montes
AÇOITE NEGREIRO
Nasce a índia nasce a negra
jogam o laço e as cobiças, atiça
... E a cima da pele morena
na rua com sua noite escura
nasce a cura do capeta.
Pé de morro, pé de plano, Socorro!
grito no cume da vida, é estorvo
sem alforria p'ra inocente, doutor
só para mim que sou negro, sou autor...
Vou pagar... Vou pagar com minha dor.
E a lama? Foi pra mim o que sobrou
dos gritos abafados de uma noite
censura enclausurada do horror
o goro o show... O mal do olho,
flecha no peito expressão do senhor
O som amargo, que a vida amargou.
Minha barra me barra na barraca
e roda nas águas, que morro derribou
minha esperança, feita de velha lata...
se amassa e enferrujam amassadas
na calada, da noite calada.
Minha garrafa sem vinho, teve cartas...
Bilhete de pedido, socorro, salvação
fiz oração sob escuro de um porão
lúridos, escondidos dos tinidos
e dos ouvidos, do meu terrível irmão.
Já fui negro no negreiro sem amor
tive esposa, tive filho meu senhor!
Que as águas e o vento me levou
sobrou para mim, esperança iludida
e o mourão, açoitando a minha dor.
Antonio Montes