Poesia Completa e Prosa

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CASCALHOS

Pelos cascalhos do cerrado
Caminhei pela sequiosa luz
Hoje me resta temor calado
Na saudade que me conduz

Pelas tronqueiras de ser feliz
Passei por vagalume alado
Quis ser sábio e nunca juiz
Do amor por mim poetado

E no que me resta, vou além
Porém, o afeto levo também
Pois, ele no peito me seduz

Como não querer a mudança?
Se as dores são de esperança
E na alma se é um aprendiz...

Luciano Spagnol
Agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ronda (soneto)

Esta noite com a lua vou confidenciar
As minhas lembranças mais secretas
Numa vigia nas memórias prediletas
Que na vida me fizeram assim sonhar

Nestes eflúvios aos sons de trombetas
Do crepúsculo do cerrado, quero poetar
Nos braços da emoção, então devanear
Em suspiros, delírios em cores violetas

Sim, serão sensações na alma a enlear
De um amar nos jardins das borboletas
Das ilusões, assim, ter vontade de voltar

E aí, então, neste cenário de profetas
Quero nesta ronda poder eternizar
O soneto: em linhas, curvas e retas

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CORTEJO

De que vale evitar a morte, indesejada
Se para o silêncio do chão é o fado
Pois, o que parte, no óbito é calçado
E com solidão a personagem é levada

Com que cortejo desfilar no cerrado
Se o culto deveria estar na jornada
No forrar o cascalho da árida estrada
E não suspiros ao morto derramado

Que importância terá a vida finalizada
Se o elo no amor, então, não foi selado
E tão pouco, a vida, daquele, foi amada

Pra nada adianta ter tarde vazio agrado
Se de volta ao pó, a alma é consagrada
Deixe as rosas de lado, e avance calado

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUM ATO

Em ti tem de mim pedaço
Num espectro multicor
Emergido passo a passo
Num coração ao dispor

Em ti encontro compasso
No olhar que oferece flor
Por ti o meu afeto é laço
Num sonho terno e coesor

O meu corpo por ti é espaço
Sinto em ti desejo condutor
De calor no apego e abraço

És tudo neste ato maior
No meu mundo, regaço
Na emoção, o meu amor!

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Não se sinta idiota por ser verdadeiro em um mundo de mentiras,
que ser normal é ser doente, tomar remédios para dormir, para sorrir, para ficar dormente...

Não se sinta bobo por ser meio Don Quixote, enfrentar dragões de catavento, de amar além do momento... Eternidades estão nas pequenezas dos gestos, no sorriso ao estranho, num bom dia honesto.

Em um eu te amo na presença do afeto...
Não se sinta mal por muito sentir, ir além do curtir, demonstrar afeto da alegria à tristeza, somos humanos e é preciso zelo para cuidar dos achados que não te abandonam...

Amigos, amores, são nosso jardim da vida, a rara flor querida... E se és assim, te orgulhe da loucura nos dias corridos gritando seja normal! Conforme-se!

- Não! A felicidade está na necessidade de enxergar que Amor... É uma linda via de duas mãos... Um vasinho que trinca, quebra e caí no chão, mas quando colamos juntos a quatro mãos, mais amor terá em cada pedaço uma história de superação.

Inserida por devaneador

ANDOR DO AMOR

Quem não quer, não estar sozinho
Na noite fria acobertar-se de calor
Estadear estórias e paixão compor
E ter a cumplicidade pelo caminho

A solidão é sentir no vazio, amargor
É grito sem eco, mimo sem carinho
Avitar a rosa por ferir-se no espinho
Querer no azedado ter doce sabor

Cada qual traz ideal no seu cantinho
Um oferece o abraço em laço e flor
Outro doa afeto num olhar mansinho

Pois, não se é perene no retiro opressor
Nem tão pouco um solitário mesquinho
Que não orne de rosas o andor do amor

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO VAGINDO

Na saudade a alma não canta
Chora, e triste fica o triste riso
O peito pulsa numa dor tanta
Que o nada se torna conciso

A memória vem e nada espanta
A vida se encolhe num improviso
A alacridade deixa de ser santa
E a solidão surge sem dar aviso

Quando a saudade se agiganta
O olhar se perde nu, no infinito
Tão frívolo, que não hei escrito

Aí um nó se enlaça na garganta
A lágrima pela face sai a procura
Dum vagido, pra banzar a tristura

Luciano Spagnol
09/08/2016, 06'20"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ausência

Meu silêncio grita,
Tu não ouves,
Meus olhos choram,
Tu olhas, mas não vês,
Minhas mãos soam inquietas,
Sangro por dentro.
Onde tu andas?
Onde está teu pensamento?
Dizes: está em ti.
Mas não,
Procuro lá, não me encontro.
Não estou em ti,
Nem em teus pensamentos,
Nem em teus lábios,
Nem em teus braços,
Estou aqui, para ti, por ti,
No vazio, esperando,
Ansiando teu amor.

Inserida por maiaraangels

SONETO DA SORTE

Onde foi que eu errei, se errei
Quem pode responder, diga
Se pecado cometi, prossiga
Pois, na sorte os dados rolei

Já sofri, por tanta e tal intriga
Que no peito nem mais poderei
Ter vencedor ou vencido, freei
Agora quero palavra amiga...

Se perder é o destino, tolerarei
Mas, a injustiça não será viga
Nem tão pouco um fator de lei

Quero estar onde o amor abriga
No jogo da vida, ali então estarei
E quem me quer, então me siga...

Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TOLICES

Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices

Não tenhas pelo juízo descaso
só bons intuitos trazem ledices
pois futilidades são só sonsices
e na vida se tem um curto prazo

Sê sensato, saia das mesmices
não gaste o tempo criando caso
nem tão pouco com tagarelices

Tudo é precioso, e o mérito é raso
pra desperdiçar com parlapatices
pois o banal pode virar compraso

Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NO ENTARDECER

Sai o dia, vem à noite no cerrado
treva fria, palia o sol na cor bisonte
breve e leve, tão encantado, é fonte
num manto real no tempo dourado

Ó sombra que se esvai no monte
do entardecer na noite aterrado
desnudando o planalto aluado
numa luz sidérea em desmonte

E no turvo motim no céu calado
surgem alvas estrelas, defronte
ao cais da vida, num ato fiado

Assim como num beijo simbionte
a noite abarca o dia tão esfalfado
para lhe adormecer no horizonte

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CIRCO DE ILUSÃO (soneto)

O amor opõe ao que o desprezo dizeis
pois, palavras reles dissolvem-se no ar.
Pra que no afeto tenhais o que quereis
conjugue no presente o verbo amar...

Só assim, que o bem terá cetro de reis
que será uma verdade, uma voz a falar.
E na alma te encontrarás, e nela fluireis
fique atento, acaso lhe venha chamar!

Pois, nos teus braços não se é alguém
a mais, é plena emoção, e se vai além;
é o coração sorrindo cheio de atenção.

Então, entenda o poder que ele tem
porém, cuidado com o infiel desdém.
Sob a lona do céu há um circo de ilusão

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA VOLTA

Estou de volta, intento por aqui ficar
nos caminhos busquei novos planos
no passado ficou a chaga a sangrar.
Sim tive erros, e também enganos...

No perdão, pude então saber perdoar
tudo é veloz, e passa por nós os anos
assim, o fado me atendeu para voltar
pois, nas orações remi de meus danos

Nas minhas desventuras, soube amar
nas tristuras, agora quero dias ufanos
por lá fechei o ciclo de ter que cuidar

Na mala, pouco trago pesares tiranos
pois, aqui está a meada, o meu lugar.
Estou de volta, sem enredos profanos

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

FELIZ DIA DOS PAIS, aos presentes e ausentes, em nossas vidas contundentes...

SONETO AO MEU PAI

Oi pai, escuta minha voz dai distante
A saudade é redundante, é impotência
A falta de teu tom forte me é constante
A vida sente a lacuna da tua existência

A roseira do jardim é lembrança radiante
Ter tido os teus ensinamentos, essência
guardadas no peito aqui tão palpitante.
Neste dia dos pais, a minha reverência

Ei pai, perdoa as falhas por mim operante
Se fui negligente foi por pura contingência
Pois, no meu amor és um amor gigante

Nas minhas veias corre a tua aparência
Na concepção o que sou, teu semelhante
No coração, a nostalgia de tua ausência...

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

INFAME AMOR

Amo sem restrição, sem contrição,
história sempre escrita, sem aflição,
você chega vestida de pele com riscos
pretos, azuis, verdes, de toda cor
e na sua boca me jogo, me arrisco,
feito pedra atirada com peso de flor.
Falo devagar palavras que o coração diz,
sentimentos que me chamam, feliz.

E por gostar desse tanto, que não meço
apenas te peço que me dê apreço,
me acolha em teus seios e meios,
por inteiro, sem medos ou receios,
que me inscreva no teu bem querer
com a tinta que corre e percorre tuas veias.
Quero ser sua melhor invenção, intenção
existente entre a mulher e a sereia.

Vem, me fotografa com teus olhos profundos,
me lança na chama que o desejo reclama
e inunda com teu orvalho quente e fecundo
que perfuma como um jardim nossa cama,
me leva pelo teu corpo, feito semente
a se esconder pequena e se revelar imane
quando chega o prazer mais conveniente,
que faz de nós dois felizes amantes infames.

Inserida por PersioMendonca

INFAME AMOR

Amo sem restrição, sem contrição,
história sempre escrita, sem aflição,
você chega vestida de pele com riscos
pretos, azuis, verdes, de toda cor
e na sua boca me jogo, me arrisco,
feito pedra atirada com peso de flor.
Falo devagar palavras que o coração diz,
sentimentos que me chamam, feliz.

E por gostar desse tanto, que não meço
apenas te peço que me dê apreço,
me acolha em teus seios e meios,
por inteiro, sem medos ou receios,
que me inscreva no teu bem querer
com a tinta que corre e percorre tuas veias.
Quero ser sua melhor invenção, intenção
existente entre a mulher e a sereia.

Vem, me fotografa com teus olhos profundos,
me lança na chama que o desejo reclama
e inunda com teu orvalho quente e fecundo
que perfuma como um jardim nossa cama,
me leva pelo teu corpo, feito semente
a se esconder pequena e se revelar imane
quando chega o prazer mais conveniente,
que faz de nós dois felizes amantes infames.

Inserida por PersioMendonca

SONETO TEMPORAL

Querer os sonhos dos dezessete
Quando já passou dos cinquenta
É quimera que pouco se aguenta
Já as horas, nos estende o tapete

De repente, tão frágil, e tão atenta
A vida nos põe atrás dum colchete
Deixa de dar rosas num ramalhete
Pra dar a proximidade dos setenta

É o tempo no tempo por um filete
Pensamento com voz barulhenta
E expectativa grifada num bilhete

Os passos tintos na cor magenta
A idade lenta, o querer em falsete
O amor, ah o amor, este ementa

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ESPELHO (soneto)

Este vulto no espelho na minha frente
Serei eu dividido numa só consciência
Desta visão exata, é outra referência
De um tempo de longa data, vertente

Que ilusão quer iludir minha inocência
Refletindo cabelos alvos tão aparente
Num eu outro, ignoto por minha mente
E tão desfigurado nesta contundência

Será meu eu, além de mim, reluzente
Se não vejo em nada alguma ausência
E precisa é a reverberação ali poente

É! Terei que me deixar nesta essência
Ser dois neste espelho integralmente
E uma só pessoalidade em gerência.

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CICATRIZ (soneto)

Vou tirar você da minha história
Arrancar-ti do meu olhar infeliz
Se ainda insepulto tenho a raiz
Porque vivo estava na memória

Mas agora, te poetarei com giz
E na trilha outrora contraditória
Desta dor não terei escapatória
Se não sair, pois pouco me quis

E não ouse ter alguma rogatória
Te doei muito, e muito por nós fiz
Nesta toda tão pugnada trajetória

Tenhas sorte na sua nova diretriz
Pois eu terei, e não é só vanglória
É a certeza da cura desta cicatriz

Luciano Spagnol
13 de agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Algumas certezas simplesmente surgem ...
Não me pergunte, só quero algumas respostas também.
Entender o que se passa nas profundezas dos pensamentos, já tentei ...
Mas algumas coisas surgem como o sol que nasce todos os dias.
Seja naquele brilho constante, na alma viajante, sei lá.
Nesse mundo de incertezas, surge aquela certeza que só o coração sabe.
Ou aparecem como as ondas do mar, constantes e inconstantes.
Na poesia escondida, nos versos escritos nas entrelinhas de um sorriso.
Só fechar os olhos para compreender ... a alma decifra o que as palavras não dizem.

Inserida por flaviabarros