Poesia Completa e Prosa
Os marinheiros invadiam as tabernas. Riam alto do alto dos navios. Rompiam a
entrada dos lugares. As pessoas pescavam dentro de casa. Dormiam em
plataformas finíssimas, como jangadas. A náusea e o frio arroxeavam-lhes os
lábios. Não viam. Amavam depressa ao entardecer. Era o medo da morte. A
cidade parecia de cristal. Movia-se com as marés. Era um espelho de outras
cidades costeiras. Quando se aproximava, inundava os edifícios, as ruas.
Acrescentava-se ao mundo. Naufragava-o. Os habitantes que a viam
aproximar-se ficavam perplexos a olhá-la, a olhar-se. Morriam de vaidade e
de falta de ar. Os que eram arrastados agarravam-se ao que restava do interior
das casas. Sentiam-se culpados. Temiam o castigo. Tantas vezes desejaram
soltar as cordas da cidade. Agora partiam com ela dentro de uma cidade
líquida.
Não temos uma arma apontada à cabeça,
dizias-me. Mas era impossível que não visses,
impossível. Eu ao teu lado com aquela dor
no pescoço, imóvel, cuidadosa, o cano frio
na minha testa, a vida a estoirar-me
a qualquer momento. Era impossível que não visses
o revólver que levava sempre comigo. Por isso dormia
virada para o outro lado, não era por me dar mais jeito
aquele lado, era por me dar mais jeito
não morrer quando nos víamos,
era para dormir contigo só mais esta vez,
sempre só mais esta vez,
sempre com o meu amor a virar-se de costas,
sempre com o teu amor apontado à cabeça.
Demoro-me neste país indeciso
que ainda procura o amor
no fundo dos relógios,
que se abre
como se abrisse os poros solitários
para que neles caiam ossos, vidros, pão.
Demoro-me
no ventre desta cidade
que nenhum navio abandonou
porque lhe faltou a água para a partida,
como por vezes desaparece a estrada
que nos conduz aos lugares
e ali temos que ficar.
portanto eu pego minha bicicleta
e como de costume você faz meu retrato
de cabelo todo desenhado no vento
em jeito de menino que está sempre indo embora
à mesma hora e que amanhã se tudo der certo
voltará à mesma hora para o mesmo amor
a mesma mesa a mesma explosão
com toda a certeza a mesma fuga
porque você e eu a gente é feito de matéria
escorregadia, i.e., manteira, azeite, geleia
e espanto.
Entre Tapas e Beijos
Ft. Camila Sobral
No começo tudo parecia perfeito tipo um filme de cinema
Mas até os filmes possui seu dilema, que pra ter emoção precisa de uma ação extrema, foi nesse sistema que nasceu esse tema
Ela parecia ser tudo pra mim, eu nunca tinha amado ninguém assim
Não dava pra esconder que dela eu era muito afim
Era nosso plano juntos pelo mundo até o fim
Ela e eu viviamos o hoje com medo que o amanhã não chegasse, não dava pra imaginar que o destino nos afastasse
Nosso contato era muito forte, nosso abraço era tão quente
Nosso coração acelerado não mente, nossa alma sente nosso amor é uma brasa ardente
Mas as horas passam, os dias viram meses, os anos nos deixam mais velhos e os problemas aparece
Nosso contato já não era o mesmo ea incerteza cresce
E agora parece que estamos no mesmo barco numa tempestade sem remo
Com os braços cruzados ea cara fechada chegamos ao extremo
Parece que nosso amor não é tão louco assim, eu tento me aproximar e ela não da atenção
Eu compro flores e ela as joga no chão
Isso me deixa estressado e faz com que a vida pareça sem sentido
Parece que nosso cupido foi sequestrado, ferido e abatido
Esqueça meus erros do passado eu só queria poder olhar nos seus olhos novamente
Estamos no mesmo ambiente, com o coração doente
A falta de diálogo entre os casais éo maior vilão da história, se não construir uma ponte forte ele vai ser o abismo da trajetória
Oque parecia uma estrada sem fim vai ficar apenas no álbum de memórias
Nosso amor era um oito deitado, talvez ainda seja mas o coração tatuado não ta tão vermelho
- Pegue sua mala e vá embora!
Vou seguir esse conselho
Mas quando estou indo ela chora pedindo pra mim ficar de joelho
Um amor absurdo eu amo odiar ela e ela odeia me amar
Nossas brigas, um dia a gente vai se cansar, precisamos parar e pensar até quando vai durar
A gente precisa se acertar mesmo que seja pra se calar
Linda fique mais um pouco eu quero mudar, perceba a sinceridade na minha fala por favor me deixe tentar
Da proxima vez eu prometo ser diferente, ou melhor, não vai ter proxima vez
Prometo nunca mais ficar nervoso e dizer aquelas palavras com acidez
Eu peço desculpas por ter sido um furacão que tirou sua paz
Porem mesmo que seja atrasado nunca é tarde pra se arrepender dos erros que a gente faz
Mas ela é a unica mulher que me aguentou nessa estrada confusa
Uma dose de chocolate com pimenta a gente não recusa
Mesmo com os palavrões ela ainda é minha musa
Ela dorme na cama e eu no sofá
Qual o motivo da gente não se afastar? Esse é nosso filme e ela sabe explicar
(Camila Sobral)
- Explico!
Ele chegou daquele jeito e fez meu coração acelerar
com tanta vergonha fez meu rosto corar
ele pegou em minhas mãos e disse que nunca iria me abandonar
A princesa inocente se apaixonou pelo principe
disse que sonhava em me ver de vestido no altar e que comigo queria se casar
o tempo foi passando e tudo envelhece eo nosso amor estava empoeirando, ele estava cada vez mais frio e me ignorando
as doces palavras que ele dizia estavam ficando amargas e tóxicas o ar estava pesado
nossos corações quase parado!
o aconchego estava bagunçado!
o laço que nos prendia cada vez mais apertado!
O que eu posso dizer pra ele agora?
no fundo ainda existe uma esperança ou sera que ficamos cegos demais pra ver?
apesar de todas as tempestades ele sempre foi meu porto
eu sinto falta de quando ele me trazia conforto
Sinto falta do romantismo
Sinto falta das brincadeiras
Sinto falta do contato
estamos pertos mas tão longe ao mesmo tempo, isso é fato
ele sempre foi uma mistura de Don Juan com Robin Woody
do tipo que facil te ilude, cada dia ficando mais rude, deixei o tempo passar como eu pude?
Mas as vezes o príncipe erra tanto que ele se torna um lobo
ele sabia agir em silêncio, nada bobo!
a princesa um dia abre o olho e percebe que o unico inocente da história éo cavalo branco
hoje os cabelos quase branco eo cavalo ficou manco
mas aqui estou sendo a atriz desse filme e quem sabe o final ainda não chegou, muitos capítulos ja se passou
não é um conto de fadas
é uma série com varias temporadas
enquanto as cortinas não se fecham a gente fica entre tapas e beijos, entre a raiva eo desejo
Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.
Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.
Eu gostava de poder dizer
que entrei no teu corpo como um pássaro
espreitando através de invisíveis ruínas
e que o som da tua voz bastava
para me salvar
mas de nada serve inventar palavras
quando as palavras que inventamos
não passam de frágeis lugares de exílio
dos gestos inventados fora de horas
delimitando o espaço de tantas mortes prematuras
de que jurámos ressuscitar um dia
- quando os deuses se lembrassem
de acordar ao nosso lado
De todas as palavras escolhi água,
porque lágrima, chuva, porque mar
porque saliva, bátega, nascente
porque rio, porque sede, porque fonte.
De todas as palavras escolhi dar.
De todas as palavras escolhi flor
porque terra, papoila, cor, semente
porque rosa, recado, porque pele
porque pétala, pólen, porque vento.
De todas as palavras escolhi mel.
De todas as palavras escolhi voz
porque cantiga, riso, porque amor
porque partilha, boca, porque nós
porque segredo, água, mel e flor.
E porque poesia e porque adeus
de todas as palavras escolhi dor.
'OS ACENOS DO AMOR...'
A amor novamente acena cintilando os escombros
Lençóis embrulhados com nódoas
Tempos de assombros levando os amores de outrora.
O amor sucumbiu,
Despencando os olhares...
Decerto,
O Júbilo momentâneo perfurou corações
Navegando no antes [no agora e no depois]
Ele vai acenando
Nas suas ruas de granizos...
O Amor derrama seus novos espinhos nocivos
Coadjuvante subalterno manda flores
Tornou-se criança,
Cheio de esperança na escadaria de sabão
A visão o fantasma perfura-lhe...
A liberdade carcerária é imanente
O Amor corrói em todas as direções contrárias
E as almas se apaixonam novamente
Fervilhando prerrogativas no almoço,
No café da manhã...
O Amor sequioso agora ganha forças
Partilha alegrias extraordinárias
Mas novamente as maresias cristalizam mágoas,
E vem a solidão no almoço,
Outras fomes no café da manhã...
'NÃO DESISTA... '
Sonho esparramado no amanhecer.
Na alma,
caminhos sem rumos.
Rotatividade devorando o pôr-do-sol.
E uma insônia impregnada no peito...
Olhos fechados,
sonolentos à procura de grãos de areias.
Estrelas são diariamente ofuscadas.
Salobro o café da manhã não vê sentimentos.
Tudo vai se distanciando...
Não desista dos distantes corpos celestes.
Tampouco dos sonhos que há de se conquistar.
Trilhe os caminhos de ausências,
e sinta-se forte o bastante para transformar vidas.
Cultive o amor próprio já esquecido...
Seja sedento por transformar sua jornada cervical em pulsos eletrizantes.
Junte os sonhos jogado nas calçadas.
Não desista de transformá-los um a um.
Deixando o coração aberto às descobertas
E um peito suspirando vida...
POR-DO-SOL
SÃO SERES HUMANOS
Apenas isso!
Contemplando o pôr-do-sol
Quebrando infinitos planos
Maresias turbulentas...
PARA ONDE VAI PUJANTE CREPÚSCULO?
Contratempos minúsculos
Discursos de ausências
Outrora fabuloso
Vagarosa dolência
Antigas canções de ninar...
MÃOS EM SEDENTÁRIO PIANO
Verbos naufragando
Faz guerras irascíveis no tempo
Inventando contratempos
Entardecer aparente
Lentamente
Ambos se esvaem ...
‘VALE DO TAPAJÓS: UM BREVE RELATO...’
Meu bairro tem apenas doze anos. Passou a minha idade! Tenho dez, mas sou muito pequeno para o meu tamanho. Tem um lago aqui próximo onde juntos quase moramos. Quase todos dias me levam lá! Aqui não tem água encanada ou esgoto para jogar resíduos. Ninguém está imbuído em ajudar o bairro que eu amo…
Não tem praças para meus amigos me levarem ou brincarem. Quando chove é o melhor dia, na brenha da mata, fazendo alegrias, adoramos brincar na lama! A rua é querido abrigo, tão largo, tão vasto, tão plano. Serviço público aqui só promessas, já há todos esses anos. Sei não! Mas acho que o atual está se recandidatando. Muita gente gosta dele na cidade que eu canto. Pode ser bom lá nos outros, mas aqui é ledo engano…
É um bairro periférico suburbano. Posto de saúde não tem! É uma tremenda agonia. Sempre me levam em outros, quando vou lá todo dia. A principal é cheia de buracos e quando chove? Ah meu Deus quando chove! Ir à escola mais próxima é engano. E quando lá chegamos, não tem merenda! O professor está revolto, é tanto baixo o salário que nós quase não reclamamos. A vida aqui é bonita, mas turbulenta e esquecida. Vejo a rua sempre larga, imagino cada casa, às vezes fico voando…
Mamãe foi para casa da patroa. Ela é meio à toa, fica igual a eu sonhando: com uma escola bem pertinho, um pouco de água tratada, famílias com boas moradas e uma creche para o meu maninho. Amanhã faço onze anos! Nunca tive aniversário e nem cultivo. Mas isso não me deixa bobo. Sou contente com o pouco, ´só queria ter mais anos. Alguém para escutar os gritos, ver meu Vale bem bonito, e voltar para casa andando…
FAREWELL
Vai morrendo assim! Morrendo a cada dia
Assim! de um vazio assim!
A força, tácita e fria
Fria! silenciando tu e eu, olhos calados
Esvaindo dos meus os teus beijos gelados
E numa hora assim! Um assim! E assim não quisera
Tudo acaba, tal o bucólico fim da primavera
Sonhos, inspiração, rasgando o fundamento
Flores pelo chão, solidão, o som do vento
A alma apertada em um canto despencada...
E, aqui no peito... medos, quimera em retirada
Nós dois... e, entre nós dois, o austero adeus
Decompondo os desejos meus e os teus...
Eu, com o coração retalhado, - tão ocupado
De ti, e no desespero, de não mais ter-ti do lado
amarguradamente,
Me vejo com sentimento tão ardente
Estes que um dia foi nosso!
E eu afastando! E afastando... posso! não posso!
A noite, o dia, a doce poesia, num troço
E tão solitário, em um palpitar de despedida
Despeço de ti, e me ponho de partida!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, junho
São Paulo
Olavobilaquiando
Dias de intensidade.
Foram dias que jamais serão esquecidos.
Foram dias, talvez os melhores dias vividos.
Foram dias em que nada podia se explicar.
Foram dias em que lado a lado bastava estar.
Foram dias em que nada fazia sentido.
Foram dias em que apenas um sentimento era permitido.
Foram dias que não podia se entender.
Foram dias que o sentir era sinônimo de viver.
Foram dias cúmplices de um amor.
Foram dias em que o medo de amar jamais causaria dor.
Foram dias em que um simples olhar me atirava à cama.
Foram dias só entendidos por quem ama.
Foram dias, dias de intensidade.
AUTORRETORNO
Eis um póstumo chegando aos esgotos do paraíso para viver sua eternidade!
“Recevez en retour cet être qui est votre création.” – assim falei para um barbudo
sisudo sentado sobre uma nuvem de merdas…
Claro! Descarreguei minha raiva porque não queria estar ali
naquela situação idiotizada, diante duma besta que me pretendia julgar
pelos feitos – bons e maus – duma vida que só queria que fosse minha.
O canalha divinizado ouviu-me impassível como se Deus fora!
Olhou-me e descarregou uma gargalhada celestial – mas demoníaca!
Pasmo fiquei diante daquela insanidade divinal, de miserável sabedoria.
Afinal, quem pensara ele fosse para me dar – a mim – aquele tratamento!?
Porventura, não sabia aquele idiota – que tudo sabe! – ser-me um poeta!?
Imaginei-me estar diante do meu outro Demiurgo – tão criador!… tão criatura!…
E logo percebi que aquele demônio era pura e tão somente uma ilusão!
Merda suculenta nos esgotos das veias da Hybris de nossas criaturas.
Sou…
A flor da pele transpirando emoção
A mão que fuça a doce ilusão
Uma duradoura paixão...
Sou...
A noite que se faz dia
A madrugada de pura revelia
A chegada, a partida, fantasia
Sou o olhar estendido
Sou o coração partido
Sou alma de uno sentido
Sem hora nem lugar...
Sou um eterno amar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
07’39”, 04/06/2013
cerrado goiano
Hoje peguei meu violão.
Fiquei pensando em te fazer uma canção.
Que pudesse expressar toda minha emoção.
Pudesse tocar seu coração.
Aos poucos os acordes foram surgindo.
Notas suaves e sincronizadas.
A canção aos poucos foi surgindo.
Como uma poesia, um doce poema.
Dedilhando as cordas, uma a uma.
Acordes suaves.
Como um suave carinho.
Aconteceu esta canção.
Fazer uma poesia
Transformá-la em uma canção
Pensando em você
Me trás muita alegria.
Ouvindo seu coração.
Seus pensamentos.
Me trás inspiração.
Abraçar-te com carinho,
Coração com coração.
Um simples carinho.
Um afago em teu rosto.
Simplesmente segurar suas mãos.
Sem outra intenção.
Somente dedilhando meu violão.
Surgiu esta canção:
“Sentimento puro”
Senti hoje você por perto
Seu perfume
Seu toque
Seu abraço forte
Seu beijo suave e carinhoso.
Quase perdi meu norte.
Sou forte.
Apaixonado sim
Sem mesmo te conhecer
Sinto que tem tudo a ver.
Deixar acontecer.
O teu carinho comigo, é mais que amigo.
Queria agora estar contigo.
Dar-te-ei flores, meu coração.
Esta canção.
Minha emoção e meu sentimento
Espero ansioso chegar este momento
Uma, apenas uma lágrima!
(Luís Felipe)
Naquela noite,
Todos já estavam dormindo.
Me levantei, fui até a cozinha.
Abri a janela e comecei a observar...
Céu nublado, escuro, poucas estrelas visíveis.
Terra úmida, plantas regadas.
Aquele aroma pós chuva.
Olhei para algo e...uma lembrança!
Fechei a janela, sentei na cadeira e,
Só conseguia ouvir o motor da geladeira
E o tictac do relógio que iam sumindo aos poucos.
Me perdi nos pensamentos.
Quando me dei conta,
Estava lá, sentando, sozinho,
Corpo anestesiado, olhar fixo no nada,
Coração pulsando e...
Não entendi o por que:
Uma, apenas uma lágrima!
" Sempre dei valor a quem me ajudou mostrando meus erros, por isso meu pai foi insubstituível, ele sempre me apoiou, mas nunca passou a mão em minha cabeça quando eu estava errado...
" O que você acha de quem elogia, mesmo quando estamos errados?
.
desconfie de pessoas que elogiam demais...
Outro poeta
O poeta sempre é outro
não esse que se propõe.
Não essa fissura aberta
no intermeio do verso,
não esse suposto vago.
O poeta é outro, sempre outro.
À parte da teogonia de Hesíodo,
só essa camada de fibras e folhas,
só um ser assim sem as premissas,
o poeta não é esse suposto e visto.
O poeta é outro, sempre novo.
É sempre esboço, tem de ser,
sempre garatuja que se mostra,
busca que se deixa exposta,
desencontro, aniquilamento.
O poeta não é todo sentimento,
às vezes ele é régua e compasso,
às vezes é aço, ferro e cimento,
pátio vazio, concreto em branco.
O poeta é outro, sempre torto.
Viés de caminho, voz de dentro,
oblíquo, adunco, gauche, penso.
A dissidência, a vida mundo, vida
poesia nos pedaços desse tempo.