Poesia Completa e Prosa
O meu mundo
Sou um mundo de idiossincrasias
Que nas raízes dos meus desejos
Expressando-se em lampejos
Surgem minhas manias
Na imensidão do meu céu
Onde vagueiam pensamentos
habitantes inquietos ao léu
Arquitetos dos sentimentos
Chegue, entre, sente, se apresente
Olhe as formas das estrelas
Veja um universo diferente
Com poesia ao fundo
E um amor insistente
Eis o meu mundo
O sofrer da menina!
Menina sofrida,destruída e ferida
Se entregou ao amor
E ele há rejeitou
Suas lágrimas a rolar
Sem estrelas há brilhar
No seu céu nada há
Corra agora menina
Busque o seu pensar
Não deixe o atordoar
Seu coração a se calar
Deixe para lá
Isso irá lhe machucar
Busque o seu viver
Viver é amadurecer
O desconhecido.
É na sociedade que este mal se aparenta,
Que consequentemente inquieta-se
Que consequentemente ñ se apresenta.
Escrever é ñ ser desconhecido,
Mesmo sendo autor anónimo
Só se omite um ser adormecido,
Em ti privas o antônimo.
Há quem escreva, há quem pinte.
É um mundo que pouco se sente.
Moda é um extinto,
A vocação é subjacente.
De um ébrio
Às vezes paro e penso:
o passado já era,
o futuro é escuro,
o presente é o que me resta; é o que nos resta,
é o que resta a todos condenados à morte.
O velho Baldelaire
está certo: é melhor existir menos e viver mais.
Se Deus existe, se escondeu de mim,
enquanto carrego os
meus restos para o fim...
Oh, só os poetas compreendem os poetas!
Nem a mulher, a quem jurei amor, me compreende.
Falta pouco para eu acabar esta tóxica garrafa de cerveja...
EU QUERIA SER UMA DESTAS PEDRAS
Ah, eu queria ser uma destas pedras que não te abandonam, Hannah, Hannah, Hannah... E este silêncio? E estas plantinhas aí?
Após a morte de Joplin,
um fã falou: " A morte é uma puta!"
Não, puta é a dor!
No teu túmulo, eu sinto amor,
mas sabedoria também.
Eu queria ser uma destas pedras. Mas não fui puro, suficientemente puro para ser uma delas...
À Hannah Arent
DUAS PERGUNTAS
Não há palavras soltas!
Um enorme vazio nos cobre, e uma pequena esperança sequer molha nossos lábios.
Mas estamos vivos!
O melhor caminho para sermos grandes é aquele que nos torna pequenos.
Sonhar nos braços da mulher amada, diz Rilke,
já nos basta.
Que dia é hoje?
Que importa?
Este belo sentimento tão fecundo
Faz de um simples cidadão a um doutor
Indivíduo realçado em qualquer meio
Instrumento do querer do criador
Seja um negro, branco, ruivo ou moreno,
grande, magro, volumoso ou pequeno
são iguais sobretudo no amor
Dá no mesmo ser patrão ou zelador
Independe de patente ou serventia
Seja um padre, um ateu ou um pastor
O amor não requer teologia
Não se compra ou se acha em cartilhas
Basta plantá-lo, pra colher suas maravilhas
que o Senhor nos dá de graça todo santo Dia
PROFESSORA CHATA
Estava na sala de aula,
A professora passou um exercício,
Era para fazer um poema,
Com amor e muito capricho.
Lembrei de uma pessoa especial,
Logo comecei a escrever,
Assim que terminei,
A professora veio ler.
Um belo poema,
Nele falava de flor,
Que rimava com amor.
Após ler os versos,
Disse que não gostou.
Ainda bem que o poema não era para ela!
" Brilha mais aquela ausência
notada pelo espelho
que os girassóis de plantão
ronda no peito aquela vontade
de reviver o céu azul
onde o plano era bonito
vejo e não acredito
na noticia de quem na hora da verdade
era certo como o futuro
hoje não sei se ele vem
sigo cantando
feito louco, dançando na chuva
cada vez mais, sem medo de ser feliz
o segredo?
a vida revela quando diz
aproveita menino
tudo está perto do fim...
LÁPIDE
Talvez ainda não saiba quem sou,
mas sigo como seguem os ventos.
Há um mar para olhar,
as libélulas sobre o rio, as borboletas, que numa manhã qualquer,
me animam os olhos.
Nada sou... Apenas um homem em busca de si, mesmo quando me encontro.
É duro morrer, ser cadáver, ganhar plástico preto no corpo, e não fazer nada.
Não quero reza, velas, velório, caixão, nada...
Um túmulo me basta com uma lápide dizendo assim: "Para ter que morrer um dia, este que aqui jaz, preferia não ter vivido."
ZOE
Você não sabe quem sou
ou não me conhece.
Não temo, não peço, só amo!
Carrego comigo o sangue dos vikings, e o calor dos poetas antigos.
Não minto quando digo que sou capaz de te engravidar com apenas um beijo, tal é a fúria dos meus hormônios.
Louco como as mentes mais sãs, posso, sim, te proporcionar orgasmos
que só Zeus é capaz.
O Sol para quando peço,
a Lua chora em meus braços...
E eu, de violino na mão,
apenas ordeno que a noite se ajoelhe, Zoe, cantando a canção que você mais gosta...
E numa esquina do acaso
às vezes
avista-se o amor.
E então, inevitavelmente,
a alma emudece
o coração saltita
o olhar paralisa
as mãos se agitam
o corpo, em êxtase ,sorri.
O instante esperado
a certeza do achado
a emoção do encontro.
Como descrever em palavras
o que não cabe no infinito?
Paciência
A paciência que muitos procuram
Complicada de se achar
Poucos tem e muitos aturam
Diz a lenda que está em ouvir
Mas antes temos de mudar
Nos destruir e reconstruir
Nossas vontades e nossas verdades
Mas onde realmente ela está?
Falam que está dentro de nós
Mas em nós só existe floresta
Em que muito estamos sós
Mas as árvores devem ser cortadas
Para que as luzes sejam exaltadas
Mas não tema com suas árvores
Pois está por vir muitos fulgores
Lutas desinteressantes
Nossas lutas, nosso empenho
Refletem a vontade que tenho
Pois vê-las bem é o que quero
E através disso sou sincero
E por isso travo minha luta
Mas diante disso pouco me escuta
Minha luta amadurece e corrige
Mas diante disso muito se exige
Cortes deixados pelos embates
Isso ocorre em ambas as partes
E no fim a que resultado trouxe?
Para alguns algo se obteve
Mas para muitos pouco se teve
Então para que tantas lutas serviram?
Sendo que todos mal sentiram
Muitas lutas desnecessárias são
Pois muitas delas nos afetam o coração
Lutas para destruir
Ou paciência para resistir?
Temos o que afinal?
O que realmente temos?
Se tudo isso é uma fase mortal.
Por que hoje estamos.
E amanhã, será que estaremos?
Se hoje eu tenho algo.
Amanhã posso não ter.
Mas quem sabe posso entender.
Que o “ter” não se pode apalpar.
O “ter” pode somente se sentir.
Pode-se conhecer.
Mas vamos admitir.
Quem não gosta de se enaltecer?
Mas lembre-se
Pois o “ter” pode ser ilusão.
E muitas vezes só causa desunião.
Não te proíbo de ter, tenha!
Mas tenha coisas que não se pode ver.
Pois assim estará livre.
E assim então, se desenvolver.
Tempo perdido
Vejo vários dizendo perderem tempo
Mas de onde se tira todo esse sustento?
Será perdido de fato
Ou será algo que isso em nós é nato?
Mas de nada se adianta
Pois não há como perder
Pois também não há como guardar
Então…o que perdemos afinal?
Perdemos de aprender
Perdemos de entender
Perdemos de nos surpreender
Em nossos momentos tudo é singular
E de todos eles podemos nos aprimorar
Então calma, pois não a nada a perder
Pelo contrário ha muito a se conceder
O tempo não se perde
Pois a nós ele não pertence
E assim o tempo se passa
E nós passamos por ele
VOCÊ QUER PERDER OU QUER PASSAR?
VINDICANDO A LIBERDADE
Há juízes que se acham
Mais do que a própria lei,
Quando outros esculacham,
Determinam como rei.
Vai notando os meus versos.
Eu não cito instância ou nome.
Pois se aplicam a diversos
Que a lista até some.
A justiça não é deles,
No entanto se arrogam
Imputar crime naqueles
Que seu parecer revogam.
Mesmo o que seja inerme
Consideram como ataque.
O leão que teme o verme
É o juiz que acusa o baque.
Não aguenta a esbarrada:
Determina que é um murro!
E em disputa acirrada
O cochicho diz que é urro.
Mas aqui deixo minha rima,
Não me calo ante aos tiranos.
Ao que é justo minha estima;
Meu contempto aos insanos.
Tentação
Quando te vejo
Eu sinto um arrepio
Coração acelera
Dá até calafrios
Teu corpo é como brasa
E com ele quero queimar
Nem o suor do nosso corpo
Será capaz de nos parar
Seu gemido é como cachoeira
Não me pede pra parar
Em cada curva do seu corpo
Que eu quero passear
Suas pernas ficam trêmulas
Seu fôlego mais ofegante
Minhas costas com suas marcas
De uma noite elegante
Cair na tentação
De te querer por um instante
Se depender caio de novo
Pra não ficar muito distante.
Jovem romancista
Sentimentos na ponta da caneta
Sonhos na sola do sapato
Esperança é hipocrisia em tempos de inércia
Vida insana te engana
Conceito ou colapso?
O que mais nos cativa é a memória das falsas vivências
Renegando o passado em nome do amor
Você me faz feliz, eleva o nível pra além do real
Dividindo espaços nossa ligação é inalterável
Divindo memórias transcende dimensões
Parodiando Renato Russo,
Hoje nos perguntamos
Que país é esse?!
Em que se idolatra boçais
Em que a religião justifica preconceito
Em que armas são a "solução" para os problemas
Em que vidas negras são perdidas , porque militares "se enganaram"
Em que a educação não é valorizada
A cultura desprezada
E a arte é incompreendida
Que País é esse?
Em que as bestas estão no poder
E as ovelhas , defendem o lobo
Onde o povo sustenta a corja de patifes burgueses
Que País é esse?
Em que homens covardes, matam mulheres, porque acham que elas pertencem a eles
Imbecis!
Que país é esse?
Em que o diferente não é aceito
E o amor não é livre
Onde a justiça é falha,
pune inocentes, pela cor que tem ou pela quantia que não tem
e absolve criminosos pela cor que não tem e pela quantia de dinheiro que tem
Que País é esse?
Onde vidas indígenas são perdidas
para o avanço massacrador do agronegócio
Que País é esse?
Brasil!
O País onde os que defendem a moralidade, são imorais
E os ditos intelectuais, são ignorantes
Onde a Bandeira é exaltada pelos "patriotas",
que defendem o lema " minha bandeira jamais será vermelha",
Mas deixam ela sangrar
Hoje o verde, amarelo, azul e branco
foram trocados pelos escarlate do sangue de inocentes
E o "ordem e progresso" se tornou loucura e regresso!
Que País é esse?
Brasil...
Tão doente Brasil