Poesia Completa e Prosa
Lembranças
Em meus sonhos insisto em lembrar sua imagem
E te rever enternece meu ser
Reinvento a cada noite o final
como se nunca o fim nunca tivesse existido
É que os sonhos reinventam a realidade
E o passar dos dias trazem constantes recomeços
Teu nome fez-se epígrafe dos dias vindouros
E a tatuagem do nome lapidada na pele tingiu a alma
Lembrar a sonoridade desperta a memória em forma de litania
E encanto-me como se fosse normal essa eterna lembrança
Consisto em ti
Como nos sonhos mais secretos
Ou nas lembranças mais ousadas
E erige o que já estava perdido
Então lembro que estava consútil em ti
E os sonhos tonam-se meu heróis
É que a possibilidade do esquecimento faz-se impossível
Sonhos, memórias, lembranças despertam meu passado
E o passado então invade o presente quase que inconscientemente
E rumino cada momento como se tudo que me restasse fosse lembrar você.
" Rego tua flor, no oásis sagrado da vida,
em meio às ondas, sorrisos entoam,
vozes doces, suores macios,
ardem mãos sedentas de juízo.
num recital, tal qual Demóstenes,
purpurinas ávidas de nexo,
embaçam a vidraça,
molduram a graça.
a lua linda majestosa sorri para o desejo,
há beijo que não houve na face,
nem é hora..
talvez alguém grite,
entre gemidos e suspiros, ai meu Deus!!
e será tudo, imenso e puro prazer..
Desalinho
Sinto falta daquele pequeno defeito
É que tudo parece perfeito
Essa mania de se passar uma imagem irreal me faz mal
Como pode essa tal aparente perfeição?
Será que não se percebe que os desalinhos compõe a produção
Todo dentinho torto tem seu charme
Temos que parar com essa mania de criar padrão
Porque o branco é mais bonito se a palheta é tão mais extensa?
Porque o exótico não me faz refletir que carrega em si mais identidade?
Esse hábito de padronização tira a graça da diversidade
E a multiplicidade enriquece a composição
Por isso indico
Desalinhe o que está alinhado e tudo será mais interessante.
Vanessa Fontana
Inimigo Virtual
Era mais que amigo
Um acompanhante
Um querido
Além do palpável
Estava no virtual
Me tornava viral
E seu teclado derramava likes sobre meu corpo
O nu era quase exposto
Cada toque era um gosto
No entanto certo dia
Tanta poesia virou agonia
Como poderia possuir-me se era apenas fantasia
Se minha criação confundiu-se com a realidade
E a tecla delete tornou-se banal
E sem a menor linha
Apagou toda linha do tempo
Como se a cibernética fosse mais real que a carne
Como se o sangue não fosse todo esse fluxo de informações e mutações constantes
E em forma de rebeldia
Deletou aquela história pública com um simples toque
E tudo que foi construído então parecia desaparecer da memória
Esqueceu que a CPU é um coração virtual
E que formatar deixa marcas n’alma
E o bloqueio apenas deixou o seu choro mais exposto
A realidade vai muito além do virtual
E os cabos que foram rompidos
Tiraram apenas a imagem do monitor
Mas o coração grafou antes nas memórias eternas espelhadas em outras linhas de tempo
E o que pareceu desaparecer com um simples delete
Ficou eternizado na internet.
Viagens pra que te quero!
Em cada porto algo novo se apresenta
um cais de saudade,
pedra sobre o mar
cheiro de marés que se repetem
no vai e vem de diferentes ondas.
O mar com seus bateis,
místico ao por do sol
ou nas noites lunares.
Em mim, embrenha-se o desejo de aventurar-se.
Sobre trilhos viajo nas probabilidades
prados, paisagens,
janelas para o extraordinário.
Descortinam-se as possibilidades...
Comboios sempre partindo,
pessoas sempre chegando,
meu coração serpenteia e,
em cada estação
se deixa ficar, resolve partir
inquieta_mente!
Do alto, as cidades parecem brinquedos
e as nuvens
desejos infantis de algodão doce,
alvas, sensoriais, inalcançáveis.
A nossa pequenez agiganta-se!
Através do vidro nos debruçamos para o infinito.
Somos tão efêmeros!
O escuro asfalto abocanha
minhas fantasias.
O velocímetro mede os quilômetros .
Quais caminhos nos levarão ao destino?
As curvas sinuosas abraçam a paisagem
E meus olhos vagam desassossegados.
Esta mesma estrada foi percorrida tantas vezes.
Somos meros viajantes.
Em cada canto apalpo a cultura
Os olhos enchem-se e guardam
o encanto.
Por esse Brasil afora
junto os meus vitrais, colores, fotos, impressões.
Toco a madona, viajo em telas,
vivo malabares.
Sob os dedos recrio a sabedoria
da minha gente.
Cultura, fé, beleza
ciência
aprendizagens sem fronteiras
Muitas são as possibilidades!
Em cada viagem deparamos com o inusitado
" Ao forjares impetuoso riso
quem mais além da alma poderá curtir
aquele compasso doido do coração
aquela sensação de vai por mim
quem pode moldar os esmos da saudade
se em tuas andanças sonhos ficaram
havereis de ser blindada
em lua de mel seremos os reis
mas se por ventura, castigando vieres
saibas que o pranto não amoleceu
todo barulho que a verdade molda
toda sentença, que no meu peito ardeu...
Compreenda
O tempo não volta
Não da pra mudar
Temos que seguir em frente
SÓ pra começar
Vou ficar até o vento mudar
Quero Seguir um caminho novo
O antigo não me cabe mais
não cabe meus sonhos e planos
Sempre compreendo e que diferença faz?
Hora de seguir em frente
Deixar o que ficou pra trás
Quando doer, sorrio
Quando cair, levanto
Quando quebrar, conserto
Se o caminho acabar
Abro uma trilha
Parar e voltar cansa de mais
Chega de olhar pra trás!
Publicado em Antologia de Poetas Brasileiros - vol 161
há sempre algo, para além do ver-se
o que para além do verde, é espanto
e tanto, que só sentindo pode ter-se.
como se cada cor custasse doer-se...
de que valeria a dor, sem sentirmos
se só sentindo faz do Ser, ser-se...?!
e no entanto, sentir-te é o espanto
o acalanto que de tumulto se veste
esta esperança... este supor-te...!
A sombra se encanta pelo sol todos os dias, segue-o pelo chão, rasteja na saudade a cada novo crepúsculo,
quando em alquimia transforma-se em noite cálida,
até o alvorecer,onde tudo recomeça
desde a eternidade do tempo que não sabemos,
sombra e luz,
sol e lua,
você e eu,
tão perto e tão separados...
Ele era um homem de pele escura
simples, trabalhador como tantos
ela era corajosa
Maria era nativa,morena, assim como ele
e todos os meus pensamentos
agradecem aos céus
a morenice deles, corre em minhas veias
como repente cantado pelo sertanejo
que fica martelando a imaginação
Maria Biscaia que não conheci
Sebastião um Silva
e provavelmente Neto de escravos
Sebastião da Silva Neto, baiano, meu avô
por parte de mãe
Maria Biscaia Klemtz minha avó
por parte de pai
honrados e corajosos sangues nativos
que correm em mim
dão vida ao descendente de alemão que sou e me orgulho
um alemão preto...
Terrenos felizes
no sereno da noite ou no crepuscular
quando lá pela tardinha sabiás
se deleitam porque já ar de tarde
inunda a atmosfera terrestre
é que o celeste nos concede
o belo que nos embriaga
e logo mais nos traga
feito um dragão-de-komodo
o ocaso do dia que não tarda
um lindo pôr do sol num êxodo...
e vou aguardando por aqui
no céu do meu lugar
um motivo a mais pra sonhar
um dia para agradecer
amor e amar para amanhã ser...
Amor.
DIALÉTICA
Qual minha linha poética?
Linha poética?
Não a tenho...
tenho a alma poética.
Serve?
Em mim a poesia nunca se conclui
Estou sempre me transfigurando
Hoje crisálida
amanhã
perversão...
...Amor
revolta
ilusão
Sonho
Melancolia
Raiva
Utopia
Borboleta?
Quem poderá saber?
Sou tantas no poema, meu bem...
E o poema é tudo em mim!
Ele me liberta de todo
Pré( conceito)
Não o escrevo para agradar à ninguém
Não o escrevo nem mesmo para me agradar
É uma necessidade. Entende...?
Varro as madrugadas em busca constante do poema
Sou dependente do poema
Das suas leituras de mim
Perdoem-me por eu ser assim...
Intensa demais
Loucura demais
Dor demais
Afeto demais
Amor,
ah, se soubesses...
Quanto amor
Demais!
Mas não sabes
E nem poderás, jamais
saber...
Mas não importa
Não muda nada
A poesia em mim é tudo o que sou
O que fui um dia
e o que talvez nunca venha a ser!
Razão de ser...
No mais
nada mais a dizer...
Elisa Salles
UM POEMA CHEIO DE RAIVA
Só de raiva vou escrever
Vou escrever a raiva de não alcançar o poema
De não ter visto poesia alguma no meu dia
Por não me deslumbrar ante a vida, hoje
Por não enxergar o sol atrás das nuvens escuras
Por me deixar intimidar pela ausência do toque
Do beijo
Do abraço
Do carinho
Da afeto
Pela ausência da tua transparência
Pela ausência do teu desejo
Pela ausênsia do teu amor
Que imenso terror ser poeta de dor!
De melancolia
De nostalgia
De noite fria
De cama vazia
Até mesmo de boemia
Que Azia!
Dói-me o estômago até o âmago
... Ser poeta de saudade
Ser poeta que escreve o que sente sem fingir
o verso que sente em verdade.
Somente por raiva escrevi este poema horrível
E não vou termina-lo com leveza alguma
Hoje não houve levezas
Nem ventos nas roupas nos varais
Nem o cantar de pardais
Nem a panapaná à revoar sobre a margarida
Hoje não houve vida
... Juro,
não houve
Ou não vi ( se houve)
Ou não senti ( se houve)
Só esta raiva de não ter tido tua presença
E esta ausência é a ausência de tudo
Porque tu és tudo
Alheio à ti,
esta raiva,
este dia cinzento.
Nada mais.
Pronto,
só de raiva escrevi.
DESVELO...
Venha querido
Vem amar-me em meio às estrelas
Não peça permissão às horas,
nem à Deus
...nem à mim.
Ama-me mesmo quando eu não disser sim.
Tu entendes os meus silêncios
Ouves o meu olhar como ninguém mais
Entendes o dialecto do meu corpo
Decifras todos os meus enigmas
Tu, meu doce bem,
é todo o bem que há em mim!
E quando eu estiver quieta
faça festa nas minhas entrelinhas.
Estando eu séria, borda sorrisos na minha boca
com a boca tua...
Cheira meus cabelos
Beija a ponta do meu nariz.
Ternura que eu sempre
quis.
...E quando eu estiver pronta, me leva às nuvens,
tão alto, tão alta,
embriagada na tua saliva,
inocentemente lasciva,
eternamente cativa
do amor teu
nos versos e mundos meus.
Sim meu bem...
Ama-me até a lua se despedir do céu de breu
e o sol nascer nas curvas do meu corpo saciado,
devaneado,
pelo apego teu.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
Que admiraçãosinto
peloschefes de cozinha,
que com umas tirinhas de carne
doistomates e temperinhos,
criam um prato apetitoso,
todos comem lambendo os beiçinhos
Aqui, com meio boi -coitadinho-
quilos de cogumelos,
molhose tudo mais,
faço um prato que as cobaias
chegam perguntando, desconfiadas:
- O que é isso?kkkk...
e com coragem enfrentam o rancho
de capacete, luvas e armadas!
Toda linda
Toda linda.
Desejo de ti? Tornar-me a sombra preferida.
E; com a mesma intensidade?
Desejar o amor, espalhando-se em folhas.
Em volta de uma grande flor.
Por tanto tempo escondida.
E permitir-me,
expressar-me enquanto noite.
Mas, nunca desejei assustar.
Apenas abraçar meu cravo.
Que cravado em meu coração.
Realizaria todas as noites.
A dança da Vida.
A dança do Amor.
Aonde me realizei para encontrar.
Marcos fereS
ESTRELA
Uma estrela precisa de outro astro, para continuar a brilhar, e para dançar no espaço.
Na valsa do tempo: um par para encantar.
Precisa de canções ao pé do ouvido
Namorar com a luz de algum cometa,que a qualquer momento pode cruzar o céu.
Depois descansar sob o manto da noite no aconchego e, nos braços do astro luminoso,
que elegeu seu par!
FIOS PEROLADOS
E, se a gente for pescar estrelas
auxiliados de anzóis suspensos por fios perolados.
estrelas que são como brilhantes em águas de madrepérola
onde a lua reflete sua beleza rebelde
acariciada pela noite
devorada pelo dia
alcançando os planetas
seduzindo astronautas
embalada pela dança das estrelas cadentes
na quietude de um rio, que invade o mar .
RIME DEL BUON VIVERE
Molti anni di vita ancor hanno da venire
Molto tempo per piangere,
Molto tempo per sorridere
Se avresti la leveza di una piuma
La belleza di una farfalla
Il candore d’un sorriso infantile: manterresti la belleza giovanile.
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Rime del buon vivere
Molto tempo per piangere,
Rime del buon vivere
Molto tempo per sorridere
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Ma, da che serve la gioventù?
Se per viverla dobbiamo tèssere il nostro futuro
E, molte volte, scegliere il camino più duro?
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Non basta appena vivere,
Abbiamo l’obbligo della felicità
Senza sentirci il grande peso: dell’età.
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Rime del buon vivere
Molto tempo per piangere,
Rime del buon vivere
Molto tempo per sorridere
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Se avresti la leveza di una piuma
Il candore d’un sorriso infantile
manterresti per tutta la vita la belleza giovanile.
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Perché non siamo appena numeri
O, date inespressibili...
Siamo come libellule: essenzi di vita.
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Rime del buon vivere
Molto tempo per piangere,
Rime del buon vivere
Molto tempo per sorridere
Quem sou eu?
Eu sou a confusão
o delírio
a dor
a tristeza
a decepção.
Eu sou a paz
o amor
a paixão
o vento do mar que te acalma,
posso ser também
a mosca voando no seu ouvido,
te irritando.
Eu sou quem você quiser.
A heroína
a mãe
irmã
prima
amiga
a rainha.
Mas, eu sei
quem eu sou.
Só eu
ninguém mais.
Só eu e meu amor.
Que pra ele me entreguei
de alma
corpo
e dor.