Poesia Completa e Prosa

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Cores (Parte 5)

Diga-me a razão da hipnose que guardas em ti.
Um azul escuro no espaço sideral,
ratos gordos que correm por cantos escuros.
Chuva corrosiva que você fez chover em mim...

A minha loucura num impulso meu num olho meu.
Oh doce carpa, o que tiveste feito naquele aquário?
Um gato tentou te atacar ou foi só a doce menina?
Está numa situação tão dolorosa...
Talvez as gotas amargas, cinzas e corrosivas
da chuva do sorriso dela tenham feito isso.

A euforia em Júpiter, a força gravitacional...
A alegria do pulo volta intensa e dolorida.
Pescador sonhador, viu uma miragem?
Ou a sereia com olhos angelicais era real?

Não há realidade quando a ilusão domina a mente
enquanto cores intensas pulsam;
pulsam como uma taquicardia desesperada
e se agitam feito peixe fora d'água.

Cores viram sons e então uma orquestra.
Talvez uma música livre de vanguarda.
Enfim... cores não são só cores;
São sentimentos e pessoas.

SOUSA, Rodrigo. 2018

Inserida por RodrigoSousa2

Ainda

" Se aquietas a alma
aceitas as ventanias
e os devaneios do destino
todas as manhãs.
.
Ainda que rompas laços
nós, pedaços entrelaçarão
legados, portas, estradas
viagens...
.
Águas puras banham
o centro do ser.
passados e futuros
emergem nos desejos e saudades.
.
Viver a agonia
ela é tempero da vida
pulsar, pulsar, pulsar
e florescer...

Inserida por OscarKlemz

VERSOS LIVRES DOS DEZESSEIS
(26/07/2019)

A verdade mexe com a alma,
E a faz sentir harmonia e inspiração.
Tudo são como oceanos,
Que em sua calmaria, revela amor.

Sublimidade de quem vive,
Escrevendo e se ponderando!
Desejando e transformando,
Os versos em trilogias.

Ah, como o tempo passou...
Sem ter pena de voltar atrás.
Dezesseis anos se completou,
Num coração que não fica escondido.

Um mistério a envolver meu chão,
E com gratidão, confesso ao mundo:
Sou leitor muito antes da poesia,
Assim, ser humano, antes de ser leitor.

A profundidade de como cresci,
Internamente, me modelou.
Indiscutivelmente, olho para frente...
Observando o vento, e a sua paz.

Inserida por ricardo_oliveira_1

Sleep on the floor, do The Lumineers
Começou a tocar
Um dos primeiros trechos da letra
diz mais ou menos assim
“pegue sua escova de dentes,
pegue sua blusa favorita [...],
porque se não partirmos dessa cidade,
talvez nós nunca consigamos”.

Era o que eu queria fazer
pegar minha escova de dentes, minha blusa favorita
meus livros e meus poemas
e dar o fora daqui
se pudesse, eu iria correndo e só
pararia quando tivesse a
certeza de que já
não pudesse mais ser alcançada

só pararia quando estivesse
tão longe que meu rastro não poderia
ser encontrado, querendo ou não
é uma questão de agora ou nunca
de agora ou jamais
agora ou prisão para sempre

mas o agora vai engolindo o futuro
e vai se transformando em ontem
ao mesmo tempo e eu
vou perdendo tantas oportunidades e
ficando cada vez com mais medo
de já estar presa sem saber
de já estar condenada a não partir

porque nada nunca acontece
nada nunca muda e parece
que vai ser sempre assim
que vai ser sempre igual
e eu não sei mais como
ou o que fazer
para ser a diferença
para escapar da monotonia
para não ficar mais enjoada a cada dia
para ser parte daquela mínima probabilidade
que se safou disso tudo

Inserida por writerdreamer

entretanto
entre tatos e olfatos.
entre dedos.
entre idas, vindas.
entre um,
entre outro.
entre dois,
três.
verões,
novelas,
tráfego.
entre pessoas,
entre transições.
entre navios,
navegantes.
mares,
amores.
entre estádios,
jardins.
flores e,
amores.
entre mim,
entre nós.
entre.
tudo,
ou nada.
entretanto
entre.
tanto,
ou tanto faz.

Inserida por rubobrobsky

eu não sou ninguém.
vazio.
um bando de moléculas e células
e sentimentos.
um bando de palavras e silêncios
e sentimentos.
um bando de inseguranças e desejos
e sentimentos.
eu não sou ninguém,
quem deras fosse
ou melhor
antes fosse.
caducidade do cão
caduco opaco
parado
e turvo.
solta-lhe as amarras.
o cão que não é nada,
ou um bando de coisas,
que só sente.

Inserida por rubobrobsky

acho que é isso.
vivi fugindo de mim,
mas sempre foi assim,
e sempre foi tudo bem.
procurei me entender
sendo confuso.
na multiplicidade
na abstratatez.
rechacei certezas
pra mim todas obsoletas,
só precisava de disposição pra contrariá-las.
hoje, não muito disposto
só me resta força para me perguntar
mas será se é isso mesmo?

Inserida por rubobrobsky

era mais um dia comum e silencioso
cuja paisagem sonora se deslumbrava
com os roídos dos insetos que gritam.
os insetos mudos ainda pertenciam ali,
rotineiramente aprontados para mais um dia de labuta.
esta é a pequena história de uma cigarra,
da ordem dos insetos que gritam.
uma cigarra específica,
embora quase não se diferenciava das outras.
a história não é próspera, pois
não se fazem mais histórias prósperas sobre dias comuns e silenciosos.
sobretudo, a cigarra sim.
esta gritava mais que as outras.
gritava pela sua condição de esquecida.

Inserida por rubobrobsky

tem dias que o clarão da aurora não brilha.
dias que a chuva não molha,
que o sol não ilumina,
tampouco a lua.
tem dias que o milho não estoura,
que a padaria não abre,
que o porteiro não sorri.
dias que o ponteiro do relógio não sobe,
nem mesmo desce.
que os carros não engatam,
ou não param.
que os galos não cantam
e a as galinhas não dormem.
dias que as portas não abrem,
dias que o coração não bate.
tem dias que nem são só dia
ou,
são só dias que nem dia tem.

Inserida por rubobrobsky

o que seria de mim se eu não soubesse de mim?
o que seria?
perguntaria aos porcos
e eles me dariam sua lama
perguntaria aos burros
e eles me cuspiriam todo seu capim.
inepto,
ainda não sei muito desta matéria
e receio não saber tão cedo...
mas de lama e capim
fico com a aventura de viver na incógnita.
o que seria de mim se eu não soubesse de mim?
parafraseio,
me traduzo livremente.

Inserida por rubobrobsky

oh meu bem
não espere nada de mim
previsibilidade aguda
afiada me perfura
lateja na minha alma
como um dente que aperta
e sangra.
vistes a última notícia
que não de uma vida alheia?
a vida clama
grita
suplica compaixão e empatia
mas dos eruditos nada se pode esperar.
deles não,
que nem sei quem são.

Inserida por rubobrobsky

me arrisco
logo estou
correndo todos os riscos da existência
sinto o sangue percorrer em minhas veias
de maneira fervecente,
quase fogo de lareira velha
ou fumaça de cachimbo pagão.
ah de mim não saber de mim,
uma sina talvez,
um poema sem fim
ou continuado,
ou amassado,
ou descartado,
ou apenas nunca escrito,
ah deu não saber deu,
uma sina talvez,
não uma interpretação gramatical.

Inserida por rubobrobsky

quando vejo seres livres,
junto quero ser livre também
nem que o junto
signifique separado

os homens não criariam gaiolas,
nem celas
se a liberdade fosse compreendida
de uma maneira tão...
livre.
assim como ela por si só é.

não sou lobo,
sou pássaro em pele de cordeiro,
com sede de compreensão.

Inserida por rubobrobsky

era domingo
quando um cara chorou na minha frente.
dizia se arrepender de algo que fez.
não vinha ao caso o que era.
me dizia que sua mãe jogara praga na sua história
quando com 15 anos resolveu fugir de casa.
dizia a mim que gostava de elis regina.
estava tocando em algum lugar no momento dessa conversa.
me comunicava com ele pelo meu olhar.
não me faltavam palavras,
mas era tão somente o olhar
que ele buscava.
não esperava de mim uma saída pra sua situação,
o homem na minha frente só queria o meu olhar.
estremecido por dentro eu estava.
voltei pra casa sabendo que aquele homem se arrependera
do que havia feito.
era tarde demais, ou não.
mas aquele homem, magro, de cabelos pretos, olhos baixos
que chorou na minha frente
havia se arrependido.
continuei o meu caminho pensando nisso,
atravessado por uma estranha sensação de que poderia ser eu.

Inserida por rubobrobsky

" Te ver tão longe,
desfaz minha esperança
antes criança, agora ancião
mas de tudo, digo que valeu
o que ora me diz saudade
é verdade, tudo se perdeu
soma-se ao dia uma lágrima
mas haverá de brilhar um novo céu
e Deus para conversar
para ele pedirei
que numa outra vida me faça teu
tanto que não possas sobreviver sem mim
e eu capaz de te fazer feliz
tanto quanto o nosso amor merece...

Inserida por OscarKlemz

menino franzino da mente malhada
olhos atentos e a língua afiada
ouvido macio, alma brilhante
coração colorido, peito cintilante

ohh menino
nas ruas do mundo a quiçá
ohh menino
crê que não se aprisionará

menino no rio nadando com esperteza
vê gente igual vai contra a correnteza
seus olhos atentos faz vê a esperança
buscais lindas flores meio a tanta lambança

ohh menino
não te desanimes com a humanidade
egos são maleáveis
independe de idades
não te cale que não falhas
acreditar na mudança é enfrentar as batalhas.

Inserida por rubobrobsky

dos dias que não se quer ser

era mais uma madrugada
dessas tempestuosas.
noite estranha era aquela.
não sentia o cheiro da chuva.
diferente de outras,
não existia relação ali,
entre mim, a água que ruíra na minha janela e a madrugada.
noite atípica.
o frio se acomodava latentemente aos arrepios da estranheza.
quando dei-me por conta,
estava lá, fitando uma poesia,
que temerosamente me desaparecia.
quando nossos olhares se cruzaram,
lembro-me de querer vorazmente devorá-la.
era estranho,
a madrugada que não escolhi,
a poesia que parecia ser eu.
nem me lembro mais quando esqueci de lembrar que era uma madrugada atípica,
dessas que só se dorme.
num átimo, estava completamente seduzido pela poesia.
imerso,
já nem sabia o que era noite, o que era poesia,
o que era eu.
minha respiração ofegava,
lembro-me de apavorar por isso,
mas era certo,
quanto mais apavorava mais escrevia.
e foi assim que eu danei-me a escrever.
escrevi, escrevi, escrevi
escrevi, escrevi, escrevi,
escrevi, escrevi, escrevi
escrevi, escrevi.
lembro-me de escrever tanto, mas tanto, que a poesia já não tinha mais nada,
nem uma palavra sequer.
em exaustão me apaguei
sem ver a cor das três madrugadas seguidas.
depois dessa, vieram muitas outras madrugadas,
outras poesias.
mas nada como aquelas.

Inserida por rubobrobsky

o choro

era domingo.
passava pela rua Janice
com sua filha de mãos atreladas.
olhos bem abertos e verdes.

era domingo de ventos
num desses
um cisco
num outro Janice
a moça de olhos bem abertos e verdes

cisco que pousa em olhos bem abertos e verdes.
dessa vez era o de Janice.
lágrimas desciam

a polícia passava
e Janice a moça de olhos verdes e grandes não parava de lacrimejar

Janice era branca, mulher fina
e muda.
sabe-se lá porque que na tentativa de acalmar as lágrimas dos olhos
seu dedo flechava Muriel

Muriel. quinze anos.
fazia compra para sua mãe Katia na feira.
provava das uvas das senhoras que lhe oferecia uvas.

uvas, sorriso não.

sabe-se lá o que fizera na vida Muriel.
se nascer não bastasse.

volta-se ao fato não previsto por Janice,
nem mesmo pelas senhoras da uva.

Muriel terminaria estirado numa das tabas com as uvas,
uvas acopladas de sangue.

num desses domingos de vento
Muriel sentia pela última vez o cheiro de uvas
e na calçada do morro
punha-se a chorar Katia

o choro.
o choro da viúva, mãe de dois filhos
empregada doméstica
e moradora da periferia.

invisível que era
só se via lágrimas a descer.
lá do alto.

Inserida por rubobrobsky

CHOVE

Acordei
E vi que chove
Observei
Que não era só lá fora
Revestido de breu
Minha alma
Também chora
Dengosa
Amorosa
Reclama do olhar
Da sua beleza singular
Sua essência
Desta sua silenciosa ausência
Não importa os desencontros
A sua irreverência
Não diminui o meu amor
Nem a dor
De sua indolência
Onde está?
Os sonhos sonhados
Os beijos por nós calados
Curvo-me diante desta ferida
Aberta
Sofrida
Tocada sem nenhum pudor
Nenhuma compaixão
Nenhum valor
Acho que foi só ilusão!
Agora solidão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Rio de Janeiro, 30/08/207
05'30"

Inserida por LucianoSpagnol

Eu te quero
Eu desejaria todo anoitecer olhar as estrelas com você.
E ao amanhecer acordar em seus braços.
com o brilho do sol,
Seus olhos castanhos acordariam como paixão.
Os traços de teu rosto seriam a melodia de meus lábios.
O movimento de carícia de teu corpo , ao perigo da incerteza.

Inserida por izadora_ortega