Poesia Completa e Prosa

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Desfolhos

Do outono no cerrado e seus desfolhos
Minha saudade caia ao chão fragoso
Do meus ásperos e mirrado tristes olhos
Em tal lira de verso aflito e rancoroso

Nos ventos secos e enrugados chiavam
Os gritos da noite numa solitária canção
Onde lembranças aos astros clamavam
Esmolando do silêncio alguma atenção

Só um olhar neste brado de compaixão
Um olhar, um eco, uma mão...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/04/2016, 18'00" – cerrado goiano

Sem você

Te amo demais garota
Sem você
Meu coração sai pela boca
Pensa no caos que vai ser

Não me imaginaria no mundo
Sem você
Caiu na solidão
E de lá não saiu

Pensa no caos que vai ser
Pensa se meu coração não bater
Sem você irei morrer

Se eu sumir da sua vida
Pensa no caos que vai ser
Sem você é beco sem saída

Foi?
Foi...
Enaltecer o ganho
Abrandar o nórdico
Esclarecer o sóbrio
E engrandecer-se no pódio.

Claro?
Claro...
Não quero dizer
Audaz, vou fazer
Até as portas colapsar.

Ok?
Ok...
Acho que já é o suficiente
Digo mais, vou atrás ferozmente
Digo mais, cala-te.
Se não cair, eu faço cair!

Sobre O Dia dos Pais -

Os superpoderes de alguns super-heróis são a capacidade de amar e se doar por sua família.
A honestidade, dignidade e determinação.
A simplicidade do dito e feito é parte do seu mundo.
Sabedoria, em poucas palavras, é: fazer o necessário da melhor forma possível.
Confiar no Tempo, na justiça do Tempo, no amor.
Os verdadeiros heróis merecem muito mais que só um dia no ano: merecem o respeito, carinho, gratidão e cuidados diários dos seus protegidos.
Obrigado por tudo, meu herói!

A nossa solidão é esta avenida decotada
do passeio do acaso, furtiva e escancarada
artéria tantas vezes paralela ao coração
onde um almirante não serve a arquitetura
onde sobe a miséria do terminal do elétrico
até à igreja fronteira à sopa dos pobres
efémeros sentinelas armando cartões
nas fachadas das lojas, trastes, artigos
de ocasião (apanham-nos de dia noivos
investindo num projecto de família).
O nosso é este meio de solidão que se carrega
de qualquer coisa que não é bem perpétua
atmosfera de névoa nem sujidade, que também
é terna, pena suspensa (corvos de Lisboa, naus
gastas), saudade, porque não, sentimento
de povo sem pátria desmentido; crer creio
nisto que na indigência e vício coexiste a gente
dá-se e da carência faz-se uma disciplina às claras
e por muito pouco desprende-se quase nada
que se tem

um dia você
escreve para seus pais
falando sobre o amor
quarenta dias depois
teus pais te escrevem
falando sobre redes de pesca
e o perigo das redes de pesca
um dia você me envia uma carta
depois a outra
o rasgão explode
recordando ainda outra carta
de alguns meses antes
o postal eterno que dizia
still crazy (after all
these years)
faço voto de silêncio
mas na sacralização
horária das avenidas
eu penso que você

BORDERLINE
_
Eu sentirei a dor do meu coração vazio,
Mas percebo que a alegria não está em seus braços.
Sobre as fumaças de seus pulmões eu percebo
Que não tenho espaço para ser uma parte de seu oxigênio,
Então segure toda minha fé em suas mãos
E me guie como um lampejo em uma noite nublada.
Sempre que nossos corpos refletirem sobre as águas deste alento
Me prometa que renasceremos,
Não precisamos de correntes em nossos sentimentos
Só me prometa que manterá essa chama,
O ardor estupido do desejo em nossos corações vagabundos.

(II) - O farol
Quando minhas mãos alcançaram a costa,
O mar tentou me tragar
Mas você me guiou como um farol,
De alguma forma graças a tua luz
Me aproximei cada dia mais
Por agora, toda vez que avisto o farol
Eu fecho os meus olhos...
imagino a felicidade com teus contornos
E pela primeira vez, sei quem realmente sou neste mundo.

( I ) - O mar
Tão triste é saber que pessoas me amam,
Mas ainda me sinto sozinho.
Qual nome tem esse sentimento!?
Pois Estou regredindo!
Ao mar de desagrados...
talvez entre os naufragios,
Difícil se reconhecer neste grande espaço.
Mas todos os dias o sol renasce,
uma pequena esperança resplandece,
e com ela o desejo de retornar à costa aparece.

(...)

Almardente

Trinta cavalos a galopar,
quarenta colmeias a zumbinar.
Cem cães de caça a uivar,
cinquenta hienas a debochar.

“Como é o dia perfeito?”
Frívolo, furibundo, frio.
“Afinal, o que define algo bem-feito?”
Tudo aquilo que, em minh’alma, crio.

Duzentos violinos a orquestrar
este macambúzio imortal.
Ora, ora! Que abuso!
Tu só sairás quando eu mandar.

Tempestade, queime alegremente
tudo aquilo que era frio. Faça-o quente!
Dessa forma, em minha face surgirá sorriso demente
pois renascerá minh’almardente.

“Afinal, o que é uma alma?”
É tudo que compõe tua anticalma,
é sentimento alógico justaposto com adama.

Ensurdece-te com a frequência
alucinante que toca na minha cabeça.
Rasteje. Berre. Implore.
Trevo ser, suma! E, por mim, ore.

Eu me sentia perdido e solitário,
Para a minha vida não via solução.
O pecado me separou de Deus,
Nenhuma esperança havia em meu coração.

Mas algo inexplicável então aconteceu,
Descobri que Jesus por meus pecados morreu.
Pagou um preço tão alto, que era para eu pagar,
Por Seu amor infinito morreu em meu lugar.

Todo esse amor me invadiu e surpreendeu,
A esperança em meu coração então renasceu.
Hoje tenho plena felicidade, serenidade e paz.
E sei que tudo isso é a presença de Deus quem trás.

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

Primavera

Todo o amor que nos
prendera
como se fora de cera
se quebrava e desfazia
ai funesta primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

E condenaram-me a tanto
viver comigo meu pranto
viver, viver e sem ti
vivendo sem no entanto
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
o que nos dão a comer
que importa que o coração
diga que sim ou que não
se continua a viver

Todo o amor que nos
prendera
se quebrara e desfizera
em pavor se convertia
ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

AMAR

Quando o amor nasce na cerne da gente
É como se estrelas ofuscassem o olhar
Dá uma vontade de dançar de repente
É no universo do ser amado se afogar...

O tempo ganha ares de " para sempre"
O céu se torna mais claro e o dia sereno
Euforia e calmaria são paradoxos presentes
Os medo da vida, num segundo, mais ameno.

Há uma musicalidade constante no ar
As margaridas são ainda mais viçosas
E cores mais azuis ganham as ondas do mar

É como se em vigília se estivesse a sonhar...
Suspiros e risos tomam conta da alma
Tudo pela loucura e a doçura de amar!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)

ENTREGA

Nada há em mim nada que não te pertença
Todo o meu querer
Todo o meu sofrer
Minhas saudades
Minhas verdades
Minhas loucuras
E minha razão!

Amo te como só os loucos amam
Sem pensar
Sem pesar
Sem culpas
Ou desculpas
Num desejo puro
Que não se corrompe
Que se entrega
Com simplicidade
Na carnalidade
E no sentimento.

E é assim que te pertenço
Não forçosamente
Não sem desejar
...sou o que sou
Quem eu sou
Toda a minha essência
Toda a minha carência
Minhas certezas
E ambivalencias ...

Porque não há nada em mim que não te pertença!
...Minha alegria
Minha apatia
Meu eu
E minha poesia!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)

SIMBIOSE

Vamos nos misturar.
Nos tornar um
Transladar nossas essências
Numa indecência inocente
Sem pudor, declarar
o nosso amor...

Não há dúvida ou paradoxos
Não há medo, não há dor.
Na saliva e no suor
Há beleza
Há arte
Há poesia
Uma harmonia que preenche o cosmo
Paixão em homogeneidade
Minha pele na tua
Minha nudez nas tuas mãos
Na compleição dos gestos
Na pureza dos complexos
Nos movimentos aleatórios
Simbióticos
Com plexo e sem nexo
Somos o côncavo e o convexo
Somos razão e emoção
No meu
No teu
Coração.

MOÇO PRIMAVERA

Tens este rosto de menino tão belo...
A primavera já se insinua por tua pele
Numa sandice que tudo deixa, nada repele
É todo o primor de beleza que anelo!

Na boca rubra o sabor antecipado do beijo
Nos olhos azuis céus e mar se fundem
Por tua causa moço, minhas ideias confundem
Entre ternura, meiguice e desejo...

E quando vens com as flores silvestres
Adereço minhas mãos com rendas e rena
Para afagar tua face de marfim_ serena.

Portanto não há lugar onde eu queira estar
Senão perante tua presença que é todo encanto
No verso pleno de poesia e sem pranto!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

não posso te culpar pelas
expectativas que eu mesma criei
não posso te culpar pela
esperança que só eu alimentei
nem pelas imaginações que a minha
mente sempre tão mirabolante criou

não posso jogar a culpa
no destino ou no momento errado
nem em mais ninguém
não posso lançar a culpa ao
universo como se ele tivesse
alguma coisa a ver com minha
realidade entediante que me faz
escapar para meus mundos paralelos
onde tudo é passível de acontecer

não posso te culpar por misturar o
mundo paralelo com a realidade e
achar que o que acontece lá
poderia -deveria- acontecer aqui

a culpa é minha e dos produtos
dessa minha mente
a culpa é minha e das expectativas
que eu não soube controlar
a culpa é minha e é tão difícil encarar
porque é tão mais fácil
quando se tem alguém para culpar

-Milena Farias

Instagram: aquiloqueeununcafalei

Tudo que sou e tenho

O tempo é uma caminhada, muito pó na estrada, a verdade da direção existe, coberta de um turbante triste, a mulher árabe, a vaca indiana, o buda, a quem bate um papo com Maomé, ui, calafrio, aqui no meu Brasil, arrepio, a livre expressão, seria a bela canção, mas a imagem está comprometida, muita balela envergando o caráter da família, bom, o vento do norte, cheiro forte, o pecado, a morte, ai quem não admira uma princesa de bicicleta, uma Dinamarca discreta, valorização do garí que vence a desigualdade e esse reinado sucumbido, falo que pode ser e não tem sido, o pensar diferente, trafegar na mente de um novo progresso, pois esse imenso universo carente de Salomão e Davi, que ainda possa emergir, quero estar aqui, pelo silêncio que dita, que a arte não minta e possa esculpir, lá do sertão que o canal morreu, a poeira corroeu e ainda que não se reconheça, que a garganta que arrebenta e nada diz, ao que clamo e aguardo, a petição composta, quem sabe se o pensar fugaz e a poesia confere a sensatez impedindo o desdenho por tudo que sou e tenho, a poesia que sente, fala e não mente.

Giovane Silva Santos

A grande Inteligência é sobreviver.
As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam;
SIM, a ciência.
Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida,
porque a artesanal tartaruga,
a espontânea TARTARUGA,
permanece sobre a terra mais anos que o homem.
Portanto,
como a grande inteligência é sobreviver,
a tartaruga é Filósofa e Laboratório,
e o Homem que já foi Rei da criação
não passa, afinal, de um crustáceo FALSO,
um lavagante pedante;
um animal de cabeça dura. Ponto.