Poesia Abstrata
PONTO DE PARTIDA
Primeiro a gente casa com a alma!
Morada abstrata, onde nascem duas histórias.
Se tu queres começar, ora! Se tu queres morar, namora!
Edifica teu endereço, constrói tua memória.
Embasa na terra, alicerça o coração
Nada funcionará se não der asas à imaginação.
Percebes o que há na dança, na leveza, no falar...
Nas artimanhas do sorrir, nas entrelinhas do olhar.
Amor que ora, amor que mora, amor que aflora, namora.
Não te afliges pobre coração, logo serão dois em um. Às vezes demora!
Tu que vives na penúria, acalenta-te agora
Não chora!
Deves saber a cada dia o que há em comum
Que de longe são dois, e de perto são um
Que tu encontres na casa a alegria de viver
Se não casas com a alma, haverás de sofrer.
“Um dia percebemos que descartar um amor verdadeiro em busca de uma realização pessoal abstrata não foi o maior acerto de nossas vidas;
Percebemos que a incoerência em nossas atitudes não trazem situações incontroláveis nos privando de benefícios sentimentais;
Percebemos que mesmo que nossa companhia não nos diga que nos ama do modo que gostaríamos, não significa que ela não nos ama com toda a intensidade de seu coração;
Percebemos que tínhamos um amigo verdadeiro, porém descartado como um guardanapo imundo;
Percebemos que tínhamos a verdadeira felicidade, e que agora essa nos faz tanta falta;
Percebemos que em nossos corações só existe um único sentimento de culpa, que nos priva de alcançar um novo amor;
Percebemos que atitude tomada em momentos errados, muitas vezes não nos proporciona um retorno para concertá-la;
São percepções como essas que nos elucidam o arrependimento de termos rejeitado não só um sentimento que nunca mais desfrutaremos, mas sim o fato de termos lançado ao vento a oportunidade de sermos realmente felizes”
Nenhum poema se faz de matéria abstrata.
É a carne, e seus suplícios, ternuras,
alegrias...
num reino
mais duro do que rocha da esperança
mais duro do que a nossa frágil carne,
nossa atônita alma...
Não há poema isento.
Há é o homem.
Há é o homem e o poema.
Fundidos.
ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
'Sou uma pessoa inteira, esquisita, Flamenguista, pisciana, abstrata, singular, indisciplinada, criativa, navegante de caminhos hóspedes, amigável, inquieta, ciclista, passional. Pessoa que não fuma, prefere Original e fala palavrão. Exemplo de clareza, misteriosa, forte, dominadora e ciumenta. Profana e sacra. Tenho defeitos que considero indispensáveis e um olhar cult e blasé. Sou multicolorida, preto no branco, excêntrica, desajustada, questionadora, com sede de conhecimento, “sou fera, sou anjo e sou mulher... sou minha, só minha”. Como toda pessoa de verdade, eu tambem sou imperfeita, e tenho meus medos e meus sonhos. Sou meu milagre cotidiano."
Super sexta e que cada um seja tambem um pouco assim....É bom!
Palavras ao vento...
Entre ruínas busco a causa
Da tua tão abstrata presença
Vacilantes brumas, sem destino.
Ao sabor do vento
Neblina desmoronada pelo brilho
De tua essência...
Um fragor ressoando numa torrente
De paixões perdidas...
Palavras revoavam quais
folhas ao vento
Na contradição distraída de serem
As lembranças perfeitas
Que continuam alem de ti...
Quem sabe talvez... de nós
Dos amanheceres...
Daqueles dias
De saudade...
De Paixão...
Dos sonhos tatuados no coração!
LETRA ABSTRATA
Cantar
e estampar um largo sorriso no rosto...
Saber
o que fazer na hora que bem entender...
Prestar
atenção em pequenos detalhes da vida...
E batalhar
pra na vida real os desejos alcançar...
Ouvir
importantes conselhos de grandes sábios...
Sentir
um frio na barriga quando o amor chegar...
Voar
pelas nuvens como num lindo sonho de criança...
E brincar
enquanto a vida não acabar...
Ser
otimista para os obstáculos vencer...
Ter
esperança de que um dia vai conseguir...
E expressar
sentimentos com o delicioso prazer de escrever.
Veja os sentimentos, eles são a prova mais abstrata que o que não podemos tocar muitas vezes é concreto.
Que o que não conseguimos entender pode explicar muito sobre nós mesmos.
E as lágrimas? Nosso corpo é formado em sua maioria por água.
E as lágrimas nada mais são do que a materialização de todo o sentimento contido, seja ele doce ou amargo.
O pranto é o movimento involuntário do nosso coração, é a luta da nossa alma pela libertação de toda mágoa.
Podemos dizer que algumas pessoas são como os mares, com seus altos e baixos...São livres!
Outras são como os rios, uma parte calma, outra agitada, numa hora transbordam, mas algumas vezes ficam secas.
E por mais que nossa alma tente se libertar da dor, usando as lágrimas ou nossa voz como instrumento de auto-reparação...
Algumas vezes somos represas, prendemos nossas emoções e sentimentos, esperando que eles ocupem o nosso vazio interior...
Mas não ocupam, no final resta uma cordilheira de escombros, ou pior: fica cheio de coisa nenhuma.
E a qualquer momento a água contida transborda...
Nós construímos muros e reclamamos da solidão, diferente das pontes, os muros reprimem,
As pontes libertam.
Solte sua represa interior, liberte-se e desista de levar o peso sozinho,
Compartilhe seus sentimentos, doe um pouco de você mesmo.
A recompensa é incalculável...
"Página abstrata"
Nesse nosso diário, o futuro de nós dois
ficará numa página em branco, abstrata; sonhada
mas não escrita, mas muito vivida em nossos sonhos.
E quando a realidade nos chamar, vai ficar um vazio;
saudade dos sonhos,
de um futuro não vivido por nós dois.
Do concreto abstrato
Uma saudade tão abstrata
Que de tão absurda
Tornou-se concreta
E cimentou em meu peito
A dor da separação
Agora sopra a brisa vespertina
Balançando as roupas no varal
Que esperam para serem tiradas
Enquanto sopra os pensamentos
Na direção do desconhecido
Logo o manto da noite cobrirá
O dia que se finda
As lembranças se misturam
Fazendo a argamassa da saudade
Pesar concreta e sem descanso
A brisa é tão branda
Não consegue levar embora
A dor dessa saudade
Que teima em ser absurda
E ficar...
(Nane-01/12/2014)
Amor
Amor é uma figura abstrata
É um sonho sem fim
É como ter a visão arrebatadora
de uma cascata
É viver rodeado do cheiro do alecrim
Será possível amar
Sem nunca sofrer?
Será possível alguém se apaixonar
Sem para isso nada fazer?
Amor é querer sentir alegria
Contudo por vezes a desilusão
é demasiado fria
Se abstrata é a vida
O que dizer de uma tal de poesia
Sem algo forte dentro de si
Um outrora poeta, é apenas mais um homem
Instrumentos sem uso, acumulando o pó do tempo
O papel
Triste história de uma árvore
A caneta
Um simples e banal objeto
E a mente...
...uma paisagem
O amor, enquanto figura abstrata, é inexplicável, ilimitado, indefinido.
Símbolo de vida plena, de sentimento nobre e de espírito despido e livre.
Mas o amor sempre vai depender da maneira de como será vivenciado.
E isso está intrinsecamente ligado àquele que dá e àquele que recebe o amor.
Assim como a vida pode ser simples ou complicada, boa ou ruim, o amor pode trazer alegria ou sofrimento.
Em suma, cada pessoa é quem detém o poder de zelar pela essência do amor, mantendo este sentimento na sua forma imaculada, ou tornando-o eivado de vícios.
E se isso for apenas obra do acaso afável.
Por que me disse que essa ideia é abstrata?
Um amor tão verdadeiro e domável
As vezes irônico, sem chão, platônico.
Não conto o tempo pelas ciências exatas de Pitágoras, conto pela ciência abstrata de Drummond.
Charles Valente
Abstrata...
Quando esta abstrata ideologia
Vivenciada for interpretada
Então, teremos por consciência
O quanto somos enganados
Portanto somos escravos
Desta única realidade...
Que a vida nunca seja abstrata.
Que as diferenças possam ser assemelhadas.
Que sejamos dotados de entendimentos para que nossa
passagem por essa vida, não nos tire a essência da alma.
"Amor. Como entender? É uma forma abstrata de se viver.
Amar e ser amado, isso é difícil de ser encontrado.
Amar e se amar, a forma mais gostosa de se encontrar.
Pergunto-me todo dia: isso é dor ou alegria?
Ame perdidamente, eu, o outro e toda a gente."
Mesmo que na a realidade abstrata dos meus sonhos
Mesmo que forças ocultas tentem reverter
Mesmo que a religião pensa solucionar
Mesmo que meu confronte com o Divino se acabe
Ainda assim
Sentirei saudade.
BCP-07/02/2017