Poesia

Cerca de 32132 poesia

Sua ausência passou por mim
Como a linha através de uma agulha
Tudo o que faço é costurado com a sua cor

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humihante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

A crueldade tem humano coração,
E tem a intolerância humano rosto;
o terror a divina humana forma,
o secretismo humano traje posto.

O humano traje é ferro forjado,
a humana forma, forja incendiada,
o humano rosto, fornalha bem selada,
humano coração, abismo seu esfaimado.

A CERTEZA DO TEMPO

Quando a noite o silêncio ensurdece e
A solidão é apenas mais uma praga.
O relógio, infame, a negra renda tece
Sudário de ouro, cobrindo a adaga.

E do fundo da cisterna úmida e fria
A dor da existência amofina a cerne
O pêndulo nunca trouxe paz e alegria
Necrose dos ossos!_ Vigia o verme!

Julga incivil meu dialecto de vil poeta...!
Espera, então a insanidade da velhice...
Onde o tempo é morte. Lenta. Mas certa!

Quando já não há sol nem luz no nascente
Tudo é tal e qual quanto fora sempre...
Fastio penoso. Apatia. Fim decadente!

Solidão A Dois

A solidão abraça como uma serpente.
O silêncio é o veneno presente
Na rotina que surgiu imprudente.
Dia e noite surge a indiferença amargando como sal cortante

Ao som de uma lagrima evidente...
A inundação é como uma torrente,
já não existe beijo ardente.
Solidão a dois apagou o amor fulgente.

O carinho se tornou inexistente
o toque se fez ausente.
A dor consome lentamente...
Frio do vazio abraça forte como uma corrente.

Não custa nada tentar
Tentar não vai doer
Por que será que é tão difícil
Tentar ao outro compreender

Odeio esta vida
Odeio o fato de nascido ter
Odeio porque o inferno existe
Odeio,odeio viver

Odeio o fato de não poder
À vida por um fim
Odeio o fato de ter que aguentar
Um mundo feio assim

O mundo é as pessoas
Pessoas idiotas,malvadas
São poucas as que prestam
Essas são abençoadas

Não que eu vá fazer isso
Mas entendo quem desiste de viver
É muito difícil viver neste mundo
Neste mundo de sofrer

Se não fosses mulher

Meiga, delicada, espontânea,
alegre e descontraída,
Concentrada, forte, impetuosa,
decidida e surpreendente,
Às vezes frágil, nervosa,
tímida, distraída e retraída,
Prefere ficar sozinha,
mas fica triste por estar só,
Ri sem qualquer motivo,
mas chora sem ter razão.
Mesmo complexa ou complicada
é muito interessante,
Apaixonada fala uma coisa
querendo dizer outra,
e fica muito mais linda
quando está brava ou irritada,
Se não fosses mulher
seria uma poesia.

Desculpe o transtorno
Estou em reforma

Aqui dentro
está uma bagunça
Joguei fora
Tudo o que faz mal

Entre incerteza
Decepções e medos
Fiz uma limpeza

E no meio de tudo isso
Encontrei a paz
Que é essencial

Em breve, voltarei.
E será para MELHOR!
Desculpe o transtorno.

Seu olhar

Um simples olhar, pode mostrar
Um sentimento que não
quer se expressar...
Uma dor que não quer aparecer
Um amor que está prestes acontecer
Seu olhar diz muito sobre você.



O tempo perdido
Pode ser recuperado
A solidão é a ausência
De alguém não encontrado
Deixe o passado no passado
Viva com as marcas
Disperse o medo
não chore, ainda é cedo
Não sinta-se só
Insista, tem solução
Há medo ao teu redor
Há coragem no teu coração
Ouça a coragem
Desate o nó.

Entre fios de letras soltas
e trapos de linhas livres
remendo palavras
envoltas no manto
bordado da poeira de poesia...

A chuva cessou,
E o que restou
Foi eu.
Coração quebrado,
Lágrimas quentes rolando no rosto.

Imagino cada pessoa,
Todas com sua chuva.
Cada uma com sua garoa.
Cada uma com sua tempestade.

Será que essa tempestade
Que reina em mim
Cessará?
Será que algum dia
Apenas uma brisa
Libertará minha alma
Desse frio, dessa nevasca,
Que minha alma está?

E assim continuemos juntos

Quero nada mais nada menos que palavra escolhida,
Quero olho no olho e toda a verdade do mundo,
Quero todo o querer e poder estar junto,
Menos distante, poder beijar, amar, viver cada dia
Em flor. Quero que transborde em nossa vida
Poesia, poesia em toda a nossa volta, circulando
E circulando, circulando... Quero poder sempre
Viver cada dia, e assim poder experimentar cada momento,
Cada segundo, cada instante, como se estivesse
A degustar uma taça de vinho, olhando sua doce face
De mulher, quero não apenas dizer eu lhe amo,
Como quero viver em seus braços eternamente.
Que nada seja efêmero, que ao menos fique em nossa
Memória, todo o retrato, do que se passou,
E que renovemos, meu bem, e assim continuemos juntos!

Valter Bitencourt Júnior
Passagem: Poesias, 2017

Ninguémsabe quem sou
e nem de onde venho,
só eu carrego a minha dor,
luto muito pelo que tenho
Ninguém pode imaginar
tudo que na vida já passei,
andei depressa e devagar,
mas bom caminho tracei,
Sigo sempre pela reta,
para conseguir ser melhor,
viver bem é minha meta,
sou da paz e do amor...

Ame...
como se fosse ondas,
amando a areia,
como se fosse o luar
que ama a noite
na lua cheia
Ame...
não tenha nenhum receio,
ame, como o próprio fogo ama
e ele mesmo se incendeia

Irei licitar o seu amor
eis a minha solicitação
o recurso é um carinho sedutor
Você é um edital sem contestação.

Não sei se ganharei o seu amor
o único item da licitação,
e na sessão credenciei o meu temor,
de você abandonar essa paixão.

E sem poder dá meu lance,
prevaleceu o seu valor e minha homologação
dessa vez é a minha chance
de aditivar para sempre seu coração.

Licitei o seu amor,
e na ata reza a minha contemplação,
iremos viver em todo esplendor,
um louco amor , sem explicação.

O processo está homologado
pela deusa do amor e da ilusão
e agora é assinar o contrato
e viver uma inesquecível paixão.


Geraldo Neto

Poder é perigo
e hoje acordei
rindo

Dom é tom
e hoje acordei
rindo

Querer é criatura
e hoje acordei
rindo

Na cara a boca
na pia o prato
sujos de feijão.

Amor de Irmãos

Amor assim
Não tem igual
Pois esse amor
É algo lindo de se ver
Quem tem esse amor
De tristeza não vai morrer
Irmão é algo bonito de se falar
Alguns tratam isso de brincadeira
Outros falam com amor, sem pensar
Quem nunca teve um irmão
Talvez seja feliz, sim
Ou não
Alegre é aquele que tem um
Que quando está triste
Ele vem e nos alegra
As vezes pirraça
Ou conversa
Ouvindo isso
Parece um sonho,
Pois nenhum irmão é perfeito assim
Sempre tem aquele irmão
Que é de um jeitinho e fim

O amor soube então que se chamava amor.
E quando levantei meus olhos a teu nome
teu coração logo dispôs de meu caminho.

Mundo

No mundo circula uma grande corrente
De sentimentos,
Este mundo que sequer conseguimos
Abraçar.
E ela é mais um mundo
Que penso ser pertinente
Ao meu coração.
Seu olhar faceiro,
Seus lábios cor de lis
Meu mundo confuso,
Seres em guerra,
Disputa por entre a vaidade e o ego,
Seus cabelos soltos
Brincando com o vento.
O mundo é grande, não dar
Para abraçar, o mundo governado,
Pessoas limitada em seus quereres,
Censura. E ela,
A despertar meus desejos,
Sequer percebe
O que meu olhar diz,
E meus lábios sequer solta
Palavras.
O corpo dela é o mundo
Onde penso navegar,
O mundo de curvas,
Por entre o perigo
O prazer.
O mundo é louco,
Os seres também,
O mundo meu e o mundo dela,
O oposto se atraem - diz o ditado.
Países brigando entre se
- Nem sempre o ditado é o que diz,
Bombardeio, crianças e adolescentes
Mortas, escolas fechada,
O mundo gigante,
Precisa de um abraço,
Sozinho jamais poderei abraçar
O mundo.
E ela, aquela mulher na esquina
Foi embora,
E eu sozinho, percebo que o meu
Mundo desaba...

Ali distante a fome,
A vida não é um romance,
A vida é efêmera
Viver torna a vida durável
- Feliz aquele que escolhe a vida,
E sabe viver.
Ela não se foi,
O mundo não acabou em 2000,
Neblinas vejo
Por entre a memória,
Onde ela caminha,
Para onde não sei.

Valter Bitencourt Júnior
Germinando Poesia: Antologia, 2018.