Poesia

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Declaração de amor eterno

Eu te amo...
Eu te amo como a montanha ama o sol que lhe permite fazer parte do entardecer
Eu te amo como o mar ama a tempestade que lhe liberta da calmaria
Eu te amo como o pássaro ama a aurora que lhe autoriza o cantar
Eu te amo como a lua cheia ama o poeta que lhe veste de prazeres
Eu te amo como a amizade ama a aliança do abraço
Eu te amo como o tempo ama a fortuna da cumplicidade
Eu te amo simplesmente, como o lavrador ama a terra que lhe alimenta
Eu te amo e só.
E quando não puder mais sentir o doce toque do meu amor, encontre-me no amanhecer, que é o momento do milagre. Ou me busque na sombra das estrelas, que é onde mora o que é eterno.

''Eu vejo um mundo aonde a gente tloque o R pelo L
E ao invés de fazer as coisas com ARMA faremos com ALMA.''

Eu não tenho uma vida perfeita a te oferecer
Eu não tenho uma promessa de um perfeito amanha
Eu não te garanto um final feliz
E muito menos tenho o mundo pra te dar
Mais tudoo que eu tenho de mais valioso é seu

Rapaz acorda para a vida e vê se ficas atento,
Eu não quero ser uma lenda,
só quero fazer parte da história e do movimento.

nem sempre irão te amar como
você merece, e você sabe disso

mas cabe somente à você
a escolha de permanecer
em espaços pequenos
onde é preciso se diminuir
para fazer morada

(não se diminua para poder amar)

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Perdoar é trazer em si a solução.
Porque, se tudo tem dois lados, receber
Vai ser reflexo de oferecer perdão.

Allan Dias Castro
“Voz ao verbo”

Fazes lembrar a alegria
de um risco na parede
desenhado a carvão
pela criança da manhã
É no verde dos teus olhos
que eu treino a disciplina
de uma explosão sossegada

Da calma e do silêncio


Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.

Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.

Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.

Violeta
Sempre teu lábio severo
Me chama de borboleta!
-Se eu deixo as rosas do prado
É só por ti-violeta!

Tu es formosa e modesta,
As outras são tão vaidosas!
Embora vivas na sombra
Amo-te mais do que às rosas.

A borboleta travessa
Vive de sol e de flores...
-Eu quero o sol de teus olhos,
O néctar do teus amores!

Cativo de teu perfume
Não mais serei borboleta;
-Deixa eu dormir no teu seio,
Dá-me o teu mel -violeta!

“Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia”.

(Trecho extraído de “Matéria de Poesia” do livro em PDF: Meu quintal é maior que o mundo)

A beleza está nos olhos de quem enxerga com a alma.
Cada nova idade é um acréscimo de experiências, amadurecimento, novos valores e conceitos.
A cada segundo, envelhecemos um pouco,
a cada sorriso ou gargalhada, nossas rugas, aos poucos são marcadas.
Um dia a juventude, na flor da idade,
desabrocha, perfuma lugares e deslumbra olhares.
As pétalas, a cada troca de estação, se desfaz, murcha e cede lugar para a nova temporada, para novas folhagens.
Por isso, regue-as com sabedoria e otimismo.
A alma é como flores que perfumam e alegram o jardim da caminhada chamada vida.

Primavera (Walmir Rocha Palma)

Um rouxinol acorda os outros passarinhos
Como um maestro, ele conduz o seu coral
Pintor de todas as manhãs, o sol morninho
Seduz as flores com seu beijo matinal

Olho que vê tamanho encanto da janela
Não sei se meu ou se o de Deus está em mim
Estou setembro, vinte e um, é primavera!
Meu coração amanheceu feito jardim

Num alegreto inusitado, as borboletas
Vão espalhando grãos de pólen a granel
A terra fértil, mãe feliz, e tudo aceita
Há comunhão nesta estação, entre ela e o céu

Fascínio assim, de flores, já não há quem pinte
Só mesmo o traço inconfundível de Monet
Ou o delírio extasiado de Stravinsky
Para com sons a primavera conceber

Mas que mulher exuberante, a primavera
Ela é a prima mais querida do verão
E embora o outono morra de paixões por ela
É o inverno que ela traz no coração

Obs.: Este poema foi musicado por Rosa Passos.

Oceano Nox

Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...

Antídotos matinais,
o primeiro cigarro
e xícara de café,
as pernas bambeiam,
a cabeça fica leve,
é como experimentar
o seu amor de novo
por três segundos
toda manhã.

para o menino que sobreviveu.
obrigada por me inspirar a ser
a garota que resistiu.
você tem
um raio na testa
para mostrar isso,
e meu corpo inteiro é
uma tempestade.

Nuvens passam e se dispersam.
São essas as faces do amor, pálidas irremediáveis?
É por tanto que agito meu coração?

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.

FUNÇÃO DA ARTE E DO ARTISTA

A importância do escritor está, sobretudo, na função que ele exerce de tornar a experiência expressável. Porque a linguagem é o único recurso que o ser humano tem para isso. E tudo o que não é verbalizado nos domina. São aqueles estados obscuros que existem dentro de você e você não sabe o que são, aquele lusco-fusco, aquela coisa meio fantasmagórica. Quando você se expressa, tudo se ilumina e cai sob o teu domínio. Então, uma sociedade que não tem um número suficiente de poetas, romancistas, dramaturgos não é capaz de verbalizar a sua experiência verdadeira. Resultado: cria-se um abismo entre a experiência vivida e a fala. A experiência vivida torna-se obscura, opressiva e incompreensível; e a fala só repete estereótipos. Quando você não sabe o que está acontecendo, você fala do que não está acontecendo. Isso é um estado totalmente esquizofrênico e gravíssimo.

Quem ama sofre como criança
Pelo sentimento não correspondido,
Tenta recuperar-se da trama
Falha, triste ser abatido...

Quem ama não escolheu amar
É logo pego de surpresa:
— Oh, amor cruel!
Sentimento de incertezas.

E o que penso desta sensação?
— Verdadeira armadilha do diabo!
Acomete os fracos corações
Que acreditam ser amados.