Poesia

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A vida não tem volta.
Sobra o séquito de sombras
e uma canção trôpega
atravessada no peito:
espada, rubra espada
cravada de mau jeito.
Aqueles rapazes esbeltos
ai, estrangularam-se
nas gravatas da rotina.
Ai, crucificaram-se
no lenho das doenças.
Aqueles rapazes tão belos
não fazem mais acrobacias
nem discursos inflamados
Arrastam chinelos e redes
ruminam silêncio amargo.
Um dia fui bela, filha,
digo a surpreendê-la.
Devo provar com retratos
o que tem ar de mentira.

Áureos tempos aqueles
quando na manhãzinha goiaba
colhíamos no cerrado gabirobas
ainda vestidas de orvalho.
Pés e patas competiam no capim
pródigo de carrapichos.
Gestos elásticos ultra-rápidos
assustávamos insetos e aves.
Um séquito de suaves súditos
nos seguia em semi-adoração
nós, os príncipes daquele feudo.
Depois, o asfalto rasgou o campo.
Cogumelos de concreto brotaram.
Cresceram as crianças e a cidade.
Anãs ficaram as árvores aos pés
de edifícios colossais. Sumiram
pássaros gabirobas araçás.
Fim de passeios e piqueniques.
Só ficou a fome funda das frutas
no vão sem remissão das bocas .

Pesado é o coração
do escombro de teus sonhos
e dos mortos que em teus ombros
repousam imortais.
O amor de ontem
é cinza feita chumbo.
Cicatrizes e rugas
lavram a tua carne
de aflições temperada
e a vazante das veias
irriga-se
de subterrâneas lágrimas antigas.

Se a religião e a filosofia, e todas as outras certezas do mundo nada fazem senão me distanciar de minha própria natureza, fico com a poesia,
Que faz de mim o próprio barro confuso que sou.

Reconheço, sou difícil de lidar. Talvez seja meu jeito ou quem sabe a minha falta de jeito. Vai ver, eu tenha desaprendido a entender essas coisas de sentimentos. Ou, quem sabe ainda, eu não queira ou não esteja preparada para o tanto que me ofereces. Pode ser alguma coisa ainda doendo aqui dentro, que me impeça de acreditar novamente em palavras bonitas. Sou meio quebrada, sabe? Me colei ao longo dos dias com persistência e coragem. Juntei um caco aqui, outro ali, não deu pra consertar inteira, mas me reconstruí da melhor forma que pude. Não sou triste nem descrente, muito pelo contrário. Apenas estou reorganizando o meu lado de dentro.

- Flavia Grando -

(...)

um poema
que não se sente
não é digno de admiração

um poema
só é supremo
quando rima com emoção

poesia
e sentimento
são pura coesão.

Estrela Guia

Queria ser um viajante
E coisas lindas avistar
Pra depois voltar
E ir correndo te contar

Ia sair pra ver o mar
Só pensando em te contar
Coisas lindas que vi lá
Mas que nada é melhor que te ver e te abraçar

Vem comigo
Vamos sonhar
Vamos juntos olhar o mar
Vou comprar um buquê de flores
Pra te agradar
Nossas dores e desamores
Erradicar
Vem meu amor
Vamos pra um lugar sonhar

Vamos construir um lar
Não importa onde seja
Porque somos viajantes
Vou ter amar
Onde quer que a gente esteja
Vou te esperar
No altar de uma igreja
Vamos casar
Porque eu te amo muito
Minha estrela

Menina Da Sacada

Tá vendo aquele vidro?
No 15° andar
Ele foi quebrado
Alguém se jogou de lá

Era uma linda moça
Parecia ser muito forte
Mas a vida é traiçoeira
Ela preferiu a morte

Ela não aguentou
Saber que sua família
Não tinha salvação
Aquilo a abalou
Mas ninguém percebia
Indefesa e sozinha
Não aguentou a pressão

Ela não se suicidou
A sociedade a matou
Ela só terminou
O que a família começou

Os vidros foram trocados
O suicídio esquecido
Mas o lugar foi marcado
Por uma fuga desse inferno

DOM DE AMAR
Quem tem o dom de amar
Ama sem conveniencia qualquer
Não confunde amor com emoção
Ama sem leviandade nem paixão
Creia è assim que Deus quer

Enquanto o verdadeiro amor
Reveste a alma de belas poesias
O falso amor ilude , gera torpor
E se enche de palavras vazias

Quem tem o dom de amar
Sabe respeitar limites e diferenças
Busca compreender e perdoar
Amor è dom de Deus e não crenças

Amar não è ter a pessoa perfeita
Aquela que na mente projetamos
Também não existe receita
Para conquistar aquele que amamos

Quem tem o dom de amar
Não tem a formula do amor
Apenas sabe compensar
A dadiva que recebeu do Criador
Fatima Queiroz

Tu amas
Tu podes atè não se dar conta disso...mas amas.
Tu amas ...porque amar è a essência da vida humana.A finalidade da vida
è aprender a amar...fracassar no amor è fracassar na vida.
Sei e tu sabes também que não è fácil amar,muitas vezes nossos amores fracassam;
talvez por um simples desentendimento,depois vem o egoísmo de uma das partes;ou mesmo o orgulho que nos impede de pedir desculpas...afinal o conselho antigo
da Escritura sagrada que diz: “que o sol não se ponha sobre vossa briga” será sempre atual.Nao se deve padecer por amor,quando se confunde amor com sinônimo de posse, aì sim;aparecem os mais atrozes sofrimentos,o que nos faz sofrer è o instinto de propriedade,que è o oposto do amor.
Entendo que o amor è um fogo,que necessita ser alimentado continuamente,pelo combustível que se chama carinho,elogios,entusiasmo,atencão...essa è a condição da autentica felicidade,pois o amor não è apenas dois numa so carne,è mais.È dois numa so personalidade,sua expressão total não se encontra em dois coracões que batem unanimemente,mas em duas vontades que buscam sempre a harmonia e os mesmos ideais.
Pesquisas cientificas provam que as pessoas que amam
e não tem dificuldade em demonstrar esse amor,são bem mais felizes...nao deixe de declarar seu amor nem um dia sequer,encontre sempre uma forma de faze-lo.
Amar faz bem para a alma,para o corpo e para o espirito.
Fatima Queiroz

Bem casados sem casar
Tem quem jure que para um casamento dar certo é obrigatório ter uma cerimônia perfeita, vestido branco, benção na igreja, muitas testemunhas e o sobrenome do outro agregado ao seu.
Acho tudo isso muito bonito, mas o que faz dar certo mesmo é bem mais simples e se chama AMOR.
Porque no fundo, bem no fundo todo o resto não faz diferença alguma.

Alguns momentos não se repetem.
Pelo menos não com a intensidade que gostaríamos.
As vezes estamos no lugar certo e com a pessoa certa...
E simplesmente deixamos o momento ir embora.
Cada momento é único e ninguém pode vivê-lo por nós.
Por isso entregue-se inteiramente a cada instante.
A vida não oferece replay.

A SEPARAÇÃO

De repente e não mais do que de repente,
tudo converteu-se em pranto,
e aquela profunda admiração
Esfarelou-se em desencanto.

Onde havia risos e descontração,
hoje nem tanto
E do casal que estava sempre junto
Não há nada que lembre aquela paixão.

As juras eternas de amor
Que desbravaram pelo amanhecer
Deram lugar a palavras de mágoa e rancor
E os amantes já nem parecem se conhecer.

Quem um dia os viu se declarar e dizer
Palavras doces e promessas de felicidade
Jamais poderia conceber
Que dessa relação não reste um fragmento de saudade.

Se o futuro que se desenhava prometia
Um laço eterno de profunda harmonia
Esse elo um dia se quebrou, desafinou
E daquele casal em que predominava a alegria,
sequer o respeito sobrou.

Cantemos pois (fragmento dos Três Contos)

Trôpego à esmo em labirínticas vielas.
Corpo em espasmos devido à frialdade.
Pensamentos inconsistentes à realidade,
São lindas pinturas de feias aquarelas.

São olhos que vêem qual anjo o algoz.
O qual tece a arte tão bem aceita,
"se há o plantio tem de haver a colheita ",
E deixam aos deuses a vergonha por nós.

E choram um brado de ignota agonia.
Se sofrem é de uma mental patologia.
Prefiro a poesia que há no caixão.

Deita ao lixo tua bela sinfonia.
Guarda teu canto, amante da hipocrisia.
Chegada é a hora de cantarmos podridão.

Versos Podres - fragmento dos Três Contos

Quão podres são estes meus versos,
Que quando os recito me vêm ânsias de vômito.
Após o término revivo atônito,
Outrora felizes, momentos perversos.

Me vêm à tona pensamentos submersos,
Estando desperto ou num sonho cômico,
Peço mais um litro de meu forte tônico.
Nos meios que busco tenho resultados inversos.

E o quanto peço, e à quem peço nem sei mais.
Vejo-me abandonado em labirintos desconexos.
Não sou ator e nem participo de meios teatrais.

E me acho nestes sonhos não-complexos,
Pesaroso pelos sonhos não serem reais.
E constato quão podres são estes meus versos.

- Fim sem Início

Do fim ao Inicio
poemas que levam ao vício ,
Quedas da vida mais um início ,
Levantar sem ser Oprimido ,
Opressores não se expressão falam
Falam asneiras e se acham em vantagem ,
A vida de uma pessoas não passa de uma mera miragem ?
Você levanta e nada disso aconteceu
Somente sua mente mente pra você .

Dominador Solitário

Ela tão viciante, sentir
Tudo em mim implorava, pensei
Aguardei por dias não ligou
A companhia da sala muda
Nunca mais tocou, silêncio

Nada disso queria, angustiava
Quanta impotência, medo
Tão linda sem mim, perfeita
Era o que escreveu num papel
Onde embrulhou sua indiferença

Quando acordei, atordoado
Apenas o chicote me esperava
Relatou da minha insensatez
Descreveu com exatidão

Disse-me que ela implorou
Gritou a safe, não foi respeitada
Amarrada não pôde se defender
Que gemia não pela dor

Pelo desprezo sem explicação
Pela falta de segurança
Nem mesmo era humilhação
Não era uma punição

Ela na última chicotada sorriu
Que depois de desamarrada partiu
Calçando seu salto Chanel
Desfilando sua bolsa sexy Prada

Dizendo que nunca voltaria
Recompondo sua liberdade
O largou prostrado no piso
Altiva escrava foi embora

Agora ele era o escravo
Da vergonha que passou
Como um filme de cinema
Viu o chicote sorrir
Apesar de ser dia, acordou na escuridão

Leopardo Dom

Soltem-se todos os pássaros presos,
que existem dentro de nós!
Para que enfim desfrutemos,
a solidão do voo a sós!
Que possamos planar sobre um mundo
todo azul, verde, branco.
Onde o silêncio lá no fundo
Tem em si um doce encanto.
O encanto de conhecer,
Independente do ser
e até do mais saber,
a delícia do Viver!

O grande ato
Todos os dias conto as horas, minutos e segundos, aguardando Ansiosamente o cair da noite. Para poder me ver diante do esplendor do universo.
[...]
Deitado no gramado, sentindo o vento batendo no meu corpo, vejo estrelas cadentes caindo sobre o infinito; Admiro a beleza reluzente da Lua, na noite serena o orvalho cai sobre mim, e esfria o meu corpo quente que pelas estrelas foi tocado.
[...]
A beleza do cosmos me fascina loucamente, de uma maneira tal que o tempo passa tão rápido que nem o percebo.
[...]
E quando dou por mim, o espetáculo da noite vai chegando ao fim, e com o raiar do dia as palmas são os cânticos dos pássaros; que iniciam o segundo ato do espetáculo.


(Juliano B. Fraissat)

Quem garante a livre convicção
e o senso de justiça perfeito?
Se toda regra induz uma exceção,
quem somos nós para fazer Direito?

Estudamos, a princípio, a Ciência Jurídica
como uma unidade sistemática, robusta e coerente.
Porém, nossos pensamentos e ideologias são flexíveis,
não são como normas aplicadas em superfície carente.

Chame o legislador, o doutrinador, o professor…
quem tem razão quando o mundo é controverso?
Onde está a corrente majoritária ao nosso favor?
Qual a solução para o contraditório inverso?

A nossa causa de pedir fundamenta-se no saber ilimitado,
quem é aprendiz não se convence com o trânsito em julgado.
Nós somos a prova principal do mais importante inquérito,
pois temos no princípio da dignidade o nosso mérito.

A cada instância da vida, agravamos nossa vontade de sorrir.
E diga-nos: qual legitimado não tem esse interesse de agir?
A certeza não é o julgado procedente à argumentação,
a única certeza é a dúvida que nos leva à reflexão.

Com base nas cláusulas pétreas fortalecemos a boa-fé
e de ofício alcançamos voo além da previsão legal.
Toda a ética profissional entregamos sem contrafé,
pois não vivemos pelo litígio, e sem pelo convívio com a paz social.

Quem garante a livre convicção
e o senso de justiça perfeito?
Se toda regra induz uma exceção,
quem somos nós para fazer Direito?
ou melhor,
quem somos nós para NÃO fazer Direito?

Somos vários cidadãos e uma sociedade,
somos todos intérpretes da solidariedade,
somos os direitos e deveres da legislação,
somos pura assistência, a sábia proteção.

Nós somos pedaços de um ‘Vade Mecum’ sem final,
nós somos os capítulos da Doutrina atual,
nós somos a prudência da sentença judicial,
nós somos a esperança do que for constitucional!