Poemas Sylvia Plath
Talvez quando nos encontramos querendo tudo, é porque estamos perigosamente perto de não querer nada.
Um pontinho no meu corpo ouvia o chamado e voava em sua direção. Senti meus pulmões inflarem, invadidos pelos elementos da paisagem: ar, montanhas, árvores, pessoas. Pensei comigo: “ser feliz é isso”.
Não teria feito a menor diferença se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa ou um cruzeiro ao redor do mundo, porque onde quer que eu estivesse – fosse o convés de um navio, um café parisiense ou Bangcoc –, estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.
Como precisamos de uma outra alma para nos agarrar, um outro corpo para nos manter aquecidos. Para descansar e confiar; para dar sua alma com fé. Eu preciso disso, eu preciso de alguém onde me derramar.
Não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência.
É um daqueles dias que você tenta descrever, mas nunca consegue. Tem algo de cheiro de roupa lavada; de grama secando depois da chuva; tem algo do brilho quadriculado da luz do sol no pasto; do gosto fresco das folhas de hortelã na língua...
O silêncio me deprimia. Não era o silêncio do silêncio. Era o meu próprio silêncio.
Escorre pelo muro
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho
Vermelho, fornalha da manhã.
Espelho
Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro —
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.
Escuridão e faces nos separam mais e mais.
Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,
Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.
Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha
Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.
Tenho escolha: fugir da vida e me desgraçar para sempre, pois não posso ser perfeita de cara, sem dor e fracasso, ou enfrentar a vida em meus próprios termos e "fazer o melhor possível".
Chega de me encolher, gemer, resmungar: a gente se acostuma com a dor. Isso machuca. Não ser perfeita machuca. Ter de me preocupar com trabalho para comer e ter uma casa dói. Grande coisa. Estava mais do que na hora. Este é o mês que encerra um quarto de século para mim, vivido sob a mesma sombra do medo: medo de que não chegarei à perfeição idealizada: sempre lutei, lutei e venci, sem perfeição, com a aceitação de mim mesma como alguém que tem o direito de viver em meus próprios termos humanos e falhos.
Minha vida, sinto, não será vivida até que haja livros e histórias que a revivam perpetuamente no tempo.
Quanto ao livre-arbítrio, resta ao ser humano uma fresta tão estreita dele para se movimentar, esmagado que é desde o nascimento pelo ambiente, hereditariedade, época, local e convenção social.
Odeio dar dinheiro para as pessoas fazerem o que eu poderia estar fazendo com facilidade. Me deixa nervosa.
É uma grande responsabilidade ser você mesmo. É muito mais fácil ser outra pessoa ou não ser ninguém.
Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.
Acho que meus poemas surgem imediatamente das experiências sensoriais e emocionais que vivencio, mas devo dizer que não consigo me identificar com esses gritos do coração que são inspirados apenas por uma agulha, uma faca, ou qualquer outra coisa semelhante.