Poemas Sylvia Plath
Um pontinho no meu corpo ouvia o chamado e voava em sua direção. Senti meus pulmões inflarem, invadidos pelos elementos da paisagem: ar, montanhas, árvores, pessoas. Pensei comigo: “ser feliz é isso”.
Não teria feito a menor diferença se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa ou um cruzeiro ao redor do mundo, porque onde quer que eu estivesse – fosse o convés de um navio, um café parisiense ou Bangcoc –, estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.
Talvez quando nos encontramos querendo tudo, é porque estamos perigosamente perto de não querer nada.
Broto de esperança
O poema Figos de Sylvia Plath,
fala de uma velha figueira verde,
onde na ponta de cada galho tinha um figo gordo e roxo,
e cada um deles era um futuro maravilhoso acenando para ela.
Um tipo era o marido , um foi feliz e filhos ,
outro era a Europa , Africa e a America do sul [...]
Infelizmente ela não conseguiu escolher,
apenas ficou sentada e olhando os figos a murchar e escurecer,
um por um , despencar sobre seus pés.
Como ela,há várias pessoas que não conseguem escolher um figo para comer ,
mas às vezes conseguem , só que depois se arrependem,
ou no final , sempre se perguntam como seria se estivessem escolhido um outro figo.
No meu caso , meu figueiro era seco e sem folhas,
quase morto, eu sempre regava o com esperança dele melhorar e dar um figo,
porque apenas um seria suficiente para mim ,
mas não adiantou de nada.
Mas apareceu você , e bastou você aparecer que meu figueiro ficou lindo e deu um figo ,
e nele eu via um futuro maravilhoso ao seu lado ,
onde todos os meus sonhos se realizam ,
porque eu estava com você.
Mas você foi embora e esse figo murchou ,
e caiu, eu peguei o ,
coloquei em um buraco,
e cobri de terra e todo dia eu rego o ,
torcendo para ele brotar e crescer ,
e se tornar um lindo figueiro,
e os figos que der,
seriam gordo e roxo,pelo futuro maravilhoso que teria junto com você.
A única diferença de um figo para o outro ,
seria que em um a gente poderia estar no Canadá,
outro em Paris,
um com filhos e um golden,
outro com apenas um filho e vários animais de estimação[...]
Só que , cada dia que passa ,
eu sinto mais saudades de você,
e , fico mais pessimista ,
pensando que esse figueiro nunca irá crescer ,
e tendo sempre manter as esperanças ,
mas,cada dia que passo longe de você ,
minhas esperanças vão desaparecendo nessa escuridão que é ficar sem você.
Como precisamos de uma outra alma para nos agarrar, um outro corpo para nos manter aquecidos. Para descansar e confiar; para dar sua alma com fé. Eu preciso disso, eu preciso de alguém onde me derramar.
É um daqueles dias que você tenta descrever, mas nunca consegue. Tem algo de cheiro de roupa lavada; de grama secando depois da chuva; tem algo do brilho quadriculado da luz do sol no pasto; do gosto fresco das folhas de hortelã na língua...
O silêncio me deprimia. Não era o silêncio do silêncio. Era o meu próprio silêncio.
Não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência.
Escorre pelo muro
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho
Vermelho, fornalha da manhã.
Espelho
Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro —
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.
Escuridão e faces nos separam mais e mais.
Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,
Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.
Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha
Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.
"Lembrei da personagem da Sylvia Plath em sua Redoma de Vidro. Por que? Bem... Eu havia ganhado aquela brincadeira de quem fica mais tempo embaixo d'água. Queria sorrir e gritar uma provocação jocosa, mas não sentia nada. Não sentia nada há alguns meses.
Por isso mergulhei de novo, já não tinha certeza se o que de fato banhava o meu rosto eram as ondas."
Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.
Tenho escolha: fugir da vida e me desgraçar para sempre, pois não posso ser perfeita de cara, sem dor e fracasso, ou enfrentar a vida em meus próprios termos e "fazer o melhor possível".
Chega de me encolher, gemer, resmungar: a gente se acostuma com a dor. Isso machuca. Não ser perfeita machuca. Ter de me preocupar com trabalho para comer e ter uma casa dói. Grande coisa. Estava mais do que na hora. Este é o mês que encerra um quarto de século para mim, vivido sob a mesma sombra do medo: medo de que não chegarei à perfeição idealizada: sempre lutei, lutei e venci, sem perfeição, com a aceitação de mim mesma como alguém que tem o direito de viver em meus próprios termos humanos e falhos.
Minha vida, sinto, não será vivida até que haja livros e histórias que a revivam perpetuamente no tempo.
Quanto ao livre-arbítrio, resta ao ser humano uma fresta tão estreita dele para se movimentar, esmagado que é desde o nascimento pelo ambiente, hereditariedade, época, local e convenção social.
Odeio dar dinheiro para as pessoas fazerem o que eu poderia estar fazendo com facilidade. Me deixa nervosa.