Poemas Sociais
A Distância
Não mais precisamos viajar quilômetros para passar o Natal com a família, podemos estar aqui e acolá ao mesmo tempo. A propositada internet facilitou tudo. Não precisamos mais empurrar desculpas... “Ah, eu moro longe...” “A gasolina tá cara...” “A vida tá difícil...” para contatar nossos amigos e familiares. Podemos participar das festividades aconchegados em nossa poltrona favorita. Desde que a nossa frente esteja o notebook, smartphone ou tablete... São tantas formas de nos comunicar, “ao vivo”, com alguém em qualquer lugar que estivermos, atualmente. Cartões de Natal? Ainda que bonitos, se tornou costume medieval, obsoleto. E pra que? Se temos a Internet, Facebook, WhatsApp...? Nos facilitam tanto que, quando queremos falar com um dos filhos, nem precisamos ir até ao quarto ou sala, seja onde estiverem “dentro da nossa casa”, basta chamar no Face ou no WA. Podemos ainda (coisa muito útil, pois não precisamos mostrar nossa cara) enviar alfinetadas àquela pessoa que é pouco simpática, ou escancarar nossas imperfeições e se desculpar feito um réu confesso. Quem sabe até abrir nosso coração e demostrar emoções reservadas, o que jamais faríamos pessoalmente. É um tanto difícil mostrar, assim cara à cara, sentimentos tão bem guardados ou não tão dignos. No entanto, apesar deste conforto todo que os meios de comunicação nos oferecem, ironicamente, se percebe que a distância que nos separa está cada vez mais evidente e muito maior.
Twitter é a bolha da maldade;
o Instagram, a bolha da vaidade e
o Facebook, a bolha da falsidade.
Todos, a serviço da mediocridade.
Para Ouvidos Atentos
Pegue seu medo e coloque no bolso,
Ou ande com medo sem ele no bolso,
Ou ande sem medo e perca seu esforço...
Ou imponha o medo ao redor do pescoço!
Pegue sua vida e coloque na rede,
Então deite na rede pra curtir a vida,
Depois use a rede pra pescar a vida,
E não esqueça que A Rede quem te deu a isca!
Pegue seu tempo e venda a alguém,
Depois se arrependa do tempo que tem.
Então compre o tempo da mão de outro alguém,
Para usar no tempo que você não tem.
Pegue sua desculpa e enrole na verdade,
Depois sufoque a verdade por causa da culpa,
Então peça desculpa por não ter visto a verdade,
E viva na culpa por ter sempre uma desculpa.
Facebook, google, Twitter, etc
"Homines sunt ejusdem farinae", que significa "são homens da mesma farinha".
Ninguém responde o email. SAC rs
Modernidades
Óia qui seu moço, num entendo mais ninguém!
O povo tira selfie no "shopi" e não tem nenhum vintém.
Diz que tá fazendo compra, pra modo de se amostrar,
mas quando a calça fura vai logo é remendar!
Essas tar rede social é um tal de aparecer,
Tira foto das comidas, parece que nunca mais vai cumê!
E tem essa alienação da tar localização,
Marca que tá no aeroporto,mas tá espremido no busão!
E as muié então usa um tar de aplicativo, pra modo se embelezar,
Mas quando a gente topa elas num consegui identificar!
Tira foto no espelho da academia e no elevador,
será que é pra lembrar da hora que se olhô?
E as crianças meu Deus num sabe mais brincar,
ficam o dia inteirinho com os zói no celular!
Até as véia aqui da roça moço você num sabe,
as fofocas da janela, para tudo no tar de zap!
Ah seu moço! De uma coisa eu sei bem fundo,
essas tar modernidade enlouqueceu mei mundo!
Ana Jalloul
Aceitar convite em rede social é como convidar e ser convidado pra entrar na casa de alguem, vida exposta e coisas particulares
E na casa dos outros nós não damos palpite na decoração ou no tempero da comida,
Apenas aceitamos ou vamos embora.
A internet é a própria vida
É o registro daquilo que fazemos de bom ou ruim
Fazemos nossas merdas em off e depois publicamos na rede
Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!
(in “Cristais Partidos” 1915.)
A sociedade construía muros
e o menino, castelos de esperança;
a sociedade construía viadutos,
e o menino, pontes de ilusão;
a sociedade construía prédios,
o menino, uma cidade de sonhos;
A sociedade construiu escolas,
o menino, o desejo de saber;
a sociedade barrou o menino,
que construiu um coração de pedra.
O menino construiu a revolta,
a sociedade, a prisão.
A sociedade construiu muros
em volta das esperanças do menino,
que nada mais construiu,
foi subtraído s seus sonhos,
que triste destino!
19/11/2015
Talvez hoje eu pudesse escrever sobre os últimos dias 30 anos que vivi. Mas que tal falar dos próximos 30, 40, 50?
Daqui 50 anos, quem terá vencido? A Guerra ou a compaixão?
A tecnologia vai tá mais avançada que o amor das pessoas?
Vamos continuar recebendo mais convites de redes sociais do que Abraços?
Será que vamos repassar mais sorrisos dos que correntes?
Sempre sonharam com carros voando, pra nos aproximar dos lugares. Mas e a amizade, ainda vai nos aproximar das pessoas?
Um elogio vai ser mais importante que uma crítica?
Haverá protesto quando não tiver amor?
Vamos cumprir nossas promessas assim como cumprimos cadastros em sites de relacionamentos, redes sociais?
Ainda vamos nos preocupar c as pessoas distantes, assim como nos preocupamos quando o celular tá no outro cômodo?
Ainda vamos dar e receber Abraços, do mesmo jeito que damos "curtidas". Aliás, vamos curtir mais momentos juntos?
Estaremos andando de mãos dadas com uma pessoa querida ou a extinção também vai existir no aperto de mãos?
Daqui 50 anos as respostas virão e saberemos realmente se evoluímos em prol das máquinas ou das pessoas.
O povo se revolta mais com o bloqueio do whatsapp do que com a roubalheira do governo.
Calma gente, são só dois dias e não 4 anos!
Whatsapp (e redes sociais) está para usuários frenéticos assim como o bolsa família está para os beneficiários sem noção... O importante é comer, cagar e postar selfie comendo e cagando. Dane-se o resto! Viva o Brasil!
*Sobre o bloqueio temporário do whatsapp que indignou o povo brasileiro no dia 17/12/2015.
Todas as faces de uma poesia anacrônica
De qual poesia estamos falando?
Da sua, da minha ou da de Drummond?
A qual classe social pertence os teus versos?
Pois se falas de um sobrado com vistas para o mar,
a poesia é uma.
Se falas de um puxadinho a beira córrego,
a poesia é outra.
Se escutas o estampido seco dos disparos ao longe,
mas não vês a cor do sangue que pinta a calçada de vermelho
e o choro triste da mãe que escorre em silêncio de seus olhos avermelhados
e envolve o corpo morto de seu filho, ainda (adolescente), caído na sarjeta
a poesia pode até te dizer algo, talvez, não te diga tudo.
E o mais provável é que não te diga mesmo tudo!
Mas dirá algo com toda certeza.
Mesmo que pense, (in)conscientemente, não ter mais nada a ser visto.
Se não vês o sangue urdir a tua consciência
e tomar-te de indignação por completo
de certo, talvez até critiques o que lê.
Pois não sabes de que poesia se está falando.
Não sabes de qual estética poética falo
e eu de certo, na mesma medida que ti,
não faço ideia de que versos você se veste
quando investe sua ira contra mim.
De quem é a poesia?
De quem a escreve,
de quem a lê,
de quem?
Dizem que a poesia não tem classe social, gênero, cor, raça, etnia, religião...
Tudo mentira!
A poesia é pretensiosa, escolhe e se faz escolher, manipula.
A poesia se disfarça e se versa em faces diversas,
só para manter o disfarce, da grande farsa que somos todos iguais.
Inclusive quando escrevemos versos.
Eu minto, tu mentes, ele mente...
Drummond, não.
Cuidado com as postagens.
Você posta algo, não precisa direcionar para alguém e mesmo sem querer acaba atingindo pessoas que não são de fato seu "alvo".
É o tal do "fikadika".
Tome cuidado pois você poderá estar magoando alguém e fechando uma porta importante.
Então, a minha dica é: poste sempre algo bom para as pessoas e quando quiser afetar alguém... converse diretamente com ela ou mande um email. Assim você estará construindo algo bom.
O Facebook é uma rede social interessantíssima,
desde que você se cerque de pessoas interessantes,
curta páginas interessantes,
e participe de grupos interessantes.
E o melhor: você nem precisa ser tão interessante assim
- apenas interessado.
A vida continua...
Faz duas semanas que me afastei de tudo. Por um lado não foi por vontade, no entanto, quando certas coisas me são impostas, simplesmente se convive com a ideia e se deixa levar pela corrente. A verdade é que, embora não queira, necessitava. Necessitava estar sozinha, completamente isolada das chamadas, das mensagens, de todas as redes sociais, dele, dos problemas, do que as pessoas dizem, do prognóstico, das coisas que me oprimem mesmo quando eu não percebo. Estive comigo. Talvez seja por isso que ontem eu chorei como se estivesse passando pelo mesmo inferno; quem sabe chorei, porque me encontrei entre chamas, queimando. Eu tive que ter esse tempo, eu tive que me reconhecer e escutar um pouco a minha mente que às vezes entre o trabalho e a vida cotidiana, permanece ignorada.
Não tenho o que devo ter pra seguir ignorando que não estou bem, que me irrita o fato da solidão comer meus calcanhares e não ter ninguém pra contar o que está acontecendo, não ter alguém em quem confiar; alguém que queira ter tempo, mesmo não tendo, somente pra conversar. A vida está passando, e eu só quero compartilha-la. Eu penso assim todo a momento. Não vou dizer que, de repente a clareza me veio, porque não é verdade. Porém quero corrigir. Quero me sentir bem, linda, agradável, humilde, valente, forte. Como se realmente valesse a pena lutar por mim.
Onecina Alves
Deixamos de enxergar a olho nu para ver por meio de uma tela.
Não mais presenciamos os acontecimentos, apenas filmamos através da lente de um aparelho, para deixar aquele momento no fundo de um baú eletrônico, perdido.
Chats, salas de bate papo nos tornam descolados, seguros, até que os olhos se cruzam e o assunto acaba.
No que estamos nos tornando?
Hábeis dominadores das máquinas, sistemas, redes.
Homens inabilitados a lidar com o calor das mãos, o brilho dos olhos, o timbre da voz.
"Curtidas" substituem sorrisos, "Compartilhamentos" substituem a sua atenção.
A sua fé é mensurada por uma imagem onde, curtir e compartilhar, lhe darão o reino dos céus.
É fantástico o que nos trouxe a revolução tecnológica!
É real e irreversível!
Mas, ainda prefiro CURTIR a sua companhia, COMPARTILHAR com você o bom da vida ao vivo e COMENTAR o quanto é fascinante sua companhia.
Viver ou conviver com as diferenças é diferente de nivelar seus anseios por baixo.
Virou moda apregoar que devemos aprender a conviver com as diferenças.
Muitos confundem a obrigação absoluta e verdadeira de não ser racista, ou em aceitar a pobreza como realidade e não como fatalidade e tentam impingir, em quem evoluiu, a obrigação de viver na ignorância e conviver harmonicamente com os mal educados.
Classes sociais não são uma invenção dos ricos nem uma obrigação de submissão dos pobres. Assim como se classifica a escolha de um profissional da saúde para integrar os quadros de um hospital, pela capacidade em entender os problemas e e atender aos pacientes, a classificação social serve para estudar o grau de evolução de uma região, de um povo e da humanidade.
A expressão “ave de pena rara voa junto” não significa que a gente escolhe com quem vai andar porque se veste da mesma forma. Só voam juntas aves da mesma espécie, que migram para um mesmo lugar porque têm os mesmos anseios, envergadura e capacidade de voo para alcançar o seu destino.
Vejo com preocupação a reserva de quotas para negros, índios e outras minorias, numa tentativa honesta de levar e elevar, mais e mais gente dessas raças a um bom patamar de cultura e educação.
Ao mesmo tempo, vejo que estão prejudicando quem não faz parte das minorias, prejudicados na igualdade de condições entre todos os indivíduos em busca de um ideal.
É inaceitável tentar obrigar quem já evoluiu a regredir para fazer parte de uma maioria ignara, em nome da convivência harmoniosa.
Isso não tem nada de inteligente, de louvável, nem é fantástico.
"Comente aqui" "Faça uma pergunta" "Escolha um número - resposta no chat" "Curta que eu te chamo" "Curta que marco a pessoa" "Essa eu gostei" "Entrei na brincadeira" "Foi bom me conhecer?" "Ano está acabando"... #PARAQUETÁFEIO!
Tudo isso representa nossa "carência". Estamos vivendo tempos de loucos amores só é FELIZ quem SABE o que QUER como diria saudoso #Chorão. Tá tenso, vivemos cheio de "amigos" nas redes sociais e ainda choramos sozinhos em nossos quartos. Estamos cheio de "contatinhos" no whatsapp mas sem conteúdo para desenvolver o papo. Estamos cada vez mais conectados e ao mesmo tempo tão distantes uns dos outros.
Que geração é essa que tem medo de fazer uma nova amizade real? Tem vergonha de conversar? Não sabe puxar assunto? E se esconde atrás dos perfis das redes... Que não se encontra mais para um piquenique, não joga mais bola no quintal. Quando vai em um amigo antes de perguntar como esta pede a senha do wi-fi e ficam ali, tão perto e tão distantes...
Claro que eu curto redes sociais, claro que também vivo com o telefone na mão, mas como eu gosto de encontrar as pessoas, de abraçar, de incomodar, de mostrar que tô ali, de ser chato mesmo e curtir os momentos. Umas das coisas que mais gosto é conhecer pessoas, é ouvir suas histórias e ver como somos tão parecidos, como existem pessoas boas para serem conhecidas, mas que estão se escondendo com a intenção de serem vistas. Galera! Vamos viver! Vamos nos ajudar, vamos fazer novos amigos, a vida é de fato curta, frágil e de uma hora para outra acaba e o que fizemos dela enquanto estávamos aqui?
Socializar social
Qual o problema com as pessoas? Elas te constrangem? Você tem medo da forma que elas vão reagir diante da sua atitude? Se elas vão te julgar? Qual o problema disso tudo? Eu só enxergo um! Eu vejo vergonha de não conseguir o resultado esperado sendo que você jamais tem tentado.
Se você quer um sorriso, sorria! Se quer um olhar, tire essa porcaria de celular da sua frente e olhe para alguém ao seu redor, se quer conversa pense em tentar conversar com alguém! Eu não tinha entendido tão bem o significado de procrastinar quando comecei a reparar coisas simples, mas insanas de nossos dia-a-dia!
O ser humano tem colocado essa coisa de tecnologia tão à frente da sociabilidade que deixa de ser social em um dia comum cercado de pessoas e isso destrói a finalidade inicial de ter mídias sociais, pois pessoas tentam mostrar para telas de celulares e computadores uma realidade distante e até mesmo impossível só para se sentirem bem sozinhas, mas tudo isso só atrapalha.
Hoje você vê uma garota interessante na rua e pensa em mil coisas sobre ela, mas não tem a atitude de fazer uma, então o que me diz? Vai ficar ai parado em frente a sua tela “social” enquanto oportunidades passam se deslizando pelos seus dedos? Canse de cair, mas nunca se canse de se levantar”! Se você quer fazer algo que realmente mude, comece conversando presencialmente, tendo presença, fazendo dias diferentes com pessoas diferentes! Conheça, explore e cresça!
Faça disso o seu lema:
Conheça, explore e cresça!
O mundo já está cheio de pessoas que são manipuladas por ferramentas que prometem socializar, mas só fazem o contrário.