Poemas sobre Virtude
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Virtude e dever são duas coisas diferentes.
O dever é uma coerção, a virtude uma liberdade.
Ambas necessárias, claro, solidárias uma com a outra evidentemente, mas antes complementares.
O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna.
Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.
Até a glória e a virtude têm inimigos, pois parecem condenar procedimentos contrários postos em confronto com elas.
A estupidez não está de um lado e o espírito do outro. É como o vício e a virtude; sagaz é quem os distingue.
Chamamos pomposamente de virtude a todas aquelas ações que favorecem a segurança de quem comanda e o medo de quem serve.