Poemas sobre Si Mesmo

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Assim que a gente entrega a alma, tudo continua com mortal certeza, mesmo no meio do caos. Desde o princípio, jamais passou de outra coisa que não o caos: um fluido que me envolvia, que eu respirava pelas guelras. Nos substratos, onde a lua brilhava constante e opaca, era liso e fecundante; acima, confusa vozearia e discórdia. Em tudo eu via logo um oposto, uma contradição, e entre o real e irreal, a ironia, o paradoxo. Eu era o meu pior inimigo. Não desejava fazer nada que fosse melhor não fazer. Mesmo em criança, quando não me faltava nada, queria morrer: queria render-me porque não via sentido em lutar. Sentia que nada se provaria, consubstanciaria, somaria ou subtrairia pela continuação de uma existência que eu não pedira. Todos á minha volta eram um fracasso, ou, se não, ridículos. Sobretudo os bem-sucedidos. Estes me entediavam até as lágrimas. Eu era excessivamente compreensivo, mas não por simpatia. Era uma qualidade totalmente negativa, uma fraqueza que desabrochava à simples visão da infelicidade humana. Jamais ajudei a quem quer que fosse esperando que isso fizesse algum bem; ajudava porque não podia agir de outro modo. Parecia-me fútil querer mudar a condição das coisas; convencera-me de que nada se alteraria, a não ser uma mudança de opinião, e quem conseguiria mudar opiniões dos homens? De vez em quando, um amigo se convertia: coisa que me dava engulhos. Eu não precisava mais de Deus do que Ele de mim, e se houvesse um Deus, dizia-me muitas vezes, eu O enfrentaria com toda calma e cuspiria em Sua cara.

(...) Esperando porque é o que resta mesmo, não é falta de coragem, não é de se fazer, é de se sentir e só.

Eu me aprecio bem mais do que costumo; contigo no coração, valho mais que eu mesmo(...)
Vou a qualquer lugar como quem se carrega de armas e sortilégios, que todo perigo afugenta".

O passo mais importante para chegar a concentrar-se é aprender a estar sozinho consigo mesmo.

O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem

A crise da autoridade , começa em casa , quando temos medo de dar ordens e limites ou mesmo castigos aos filhos. Estamos iludidos por uma série de pscologismos falsos. Muito crime , pouco castigo! Leis antiquadas, ou insuficientes. Assim chegamos, como reféns em casa ou ratos assustados na rua.

Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo.
Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez, uma vez...

A vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância diante da eternidade do amor de quem se ama!

Nando Reis

Nota: Trecho da letra da música "Por Onde Andei"

Mesmo que as palavras sejam esquecidas, que a presença não seja constante e que os caminhos sejam diferentes: pode ter certeza te amarei pra sempre.

Quando eu penso, estrago tudo. É por isso que evito pensar: só vou mesmo é indo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Um dia, quando eu era; bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. Minha mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."

Sempre que fizer algo, mesmo que ninguém venha a saber, faça como se o mundo estivesse olhando para você.

E mesmo que tudo dê errado, mesmo assim, não tem problema. Eu deito no telhado de uma casa qualquer, olho pro céu e invento uma nuvem que chove sorrisos, bem em cima de mim.

No fundo a Fotografia é subversiva, não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa.

O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho.

Toda a busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso, porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. Balanço Final. Nova Fronteira, Rio de Janeiro

Estou cansado, no final da estrada (...) Mesmo assim, vejo com alegria o que fiz, sem me intimidar com a opinião dos outros.

Arthur Schopenhauer

Nota: citado em "A Cura de Schopenhaeur", de Irvin D. Yalom

Há criaturas como a cana: mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura.

Triste mesmo é a gente nem saber que o fim ainda nem começou e que perdemos a pessoa amada logo no começo.

Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés. O mesmo sempre, graças ao céu e à terra. E aos meus olhos e ouvidos atentos. E à minha clara simplicidade de alma...