Poemas sobre Relógio
Botões Filosóficos
O relógio do tempo anuncia que é hora de partir.
Adoravelmente nostálgica a noite se despede e, entre as brumas do amanhecer silenciosamente se afasta.
Um dia que nunca existiu surge nos braços da aurora, envolto num manto de cores quentes e reluzentes, como um bebê recém saído do ventre acolhedor da mãe sendo entregue aos cuidados do pai: o tempo.
O tempo o recebe em seus braços poderosos de pai sábio e dominador.
A natureza em euforia comemora o milagre do novo.
Humanos sonâmbulo perambulam em torno de si mesmos, como bichos adestrados. Orgulhosos exibem a taça do prazer que deve ser bebida até o fim do dia.
Eu, contrariada com a despedida da noite converso em tom nostálgico com meus botões filosóficos sobre essa tirania do tempo.
Inconformada por ter sido literalmente arrancada dos meus sonhos, finalmente acordo para entrar em um outro sonho.
Ainda bocejando, esfrego os dedos sobre os olhos, como criança mimada, assim que sinto os primeiros pensamentos pousarem sobre minha cabeça como pássaros insones. E ali eles fazem seus ninhos.
Um corvo atrevido infiltrado no bando murmura aborrecido uma frase que faz todos os outros pensamentos levantarem vôo de mim: nem sempre um novo dia traz consigo um dia novo!
E cá com meus botões filosóficos mais uma vez ponho-me a resmungar: odeio ter de admitir que esse corvo tem razão!
O relógio persegue-me o tempo inteiro, vigia-me, me cobra, acusa-me, condena.
Há dias, que a pressão psicológica é tanta que eu não consigo ouvir outra coisa além do seu tic tac compassado e tão certeiro que não me deixa esquecer sua existência.
Por mais que eu tente fugir, acabo sempre presa em suas teias como um inseto indefeso.
Essa perseguição rouba-me a espontaneidade, limita minha criatividade, gera uma ansiedade medonha, faz-me prisioneira das horas e escrava do tempo.
Mesmo à noite quando deito-me, ali está ele vigiando o meu sono inquieto, roubando-me os sonhos, fabricando pesadelos.
Antes que eu tenha tempo de descansar, lá está ele me lembrando que já é hora de acordar e começar tudo de novo.
Vida
""Escuto gemer ao longe,
o relógio que não para
é só mais uma badalada
na cicatriz que já não sara
Daqui a pouco virá a solidão
Com uma estupida bengala na mão
moldar as rugas que já temos na cara.
E eu fico aqui pensando
nas horas que vão se passando
Enquanto o sonho desperta lá fora...""
Como gostaria de parar o tempo
Entortar os ponteiros do relógio da eternidade
Só para ficar mais uma vida com você meu amor
Ah !! como gostaria de ter essa força
Daria muito mais abraços e beijos
Cantaria mil vezes aquela nossa canção
Ah se eu pudesse parar o tempo
E voltar os ponteiros pelo menos uns instantes
Confiaria mais
Contaria todos os segredos escondidos
Até por que a vida ,
A vida é uma obra de arte
E uma vida apenas
É o tempo que tenho para desenha-la
É pouco, precisaria de mais uma vida para contempla-la
Contemplar a beleza da vida vivida
Do choro chorado
Do riso sorrido
Do abraço abraco
Do beijo beijado
Contemplaria o querer de ter te querido
"" Se fosse apenas uma vaga lembrança
como tinir do relógio em cima da estante
se fosse o silêncio profundo
numa tarde de verão
onde a alma voaria em busca de infinitos
onde os beijos seriam pétalas dos lábios dos anjos
se fosse apenas impossível
irreal, sonhado nos sonhos juvenis
seria sempre obra do acaso...
mas era um sino de catedral
a dizer que serão inesquecíveis todas as lembranças
nas badaladas de um coração que continuará dizendo sim...
" Bomba relógio
depressão
de pressão
panela de pressão
quem sabe o ideal seja dar uma
escapadinha (na pressão)...
"Num movimento lento e rígido
Teu sussurrar sem esforço
Hipnotiza o segredo
E faz o relógio do mundo parar."
Rogério Pacheco
Poema: Conspiração de verão
Livro: Vermelho Navalha - 2023
Teófilo Otoni/MG
Sei Que Não estarei ao seu lado.
Mais Quando o relógio der 00:00
Tenha certeza que você será o meu primeiro pensamento...
Eu perdi um relógio.
Mas relógios vão e vem.
Não é o único relógio do mundo.
Eu não sou a única pessoa que perdeu um relógio.
E coloco esse relógio no lugar certo dentro de mim, perdi, mas não vou perder mais do que já perdi!
Quando ano na cidade
Vejo gente apressada
Correr contra o relógio
Em disputada acirrada
Mas nessa competição
Só o tempo é campeão
Ele ganha "de lavada"
Quero seduzir o tempo
Para ir mais devagar
Subornar o meu relógio
Para deixar de girar
Achar a infinitude
A fonte da juventude
E a vida eternizar
cadência
no pêndulo
do relógio
fique e vai
vai e fique
na hora o tempo atrai
pra brincar de pique...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/11/2015, 19'58" - Cerrado goiano
O RELÓGIO...
Na solidão do aposento, moribundo
Na penumbra que, no vai e no vem
Range o tempo segundo a segundo
Neste silêncio, só penso em alguém
Instante que tilinta tão profundo
Fundo, que reverencia ninguém
Tem ou não tem, querer fecundo
Do meu amor, no qual quero bem!
E de ti, “Tic Tac” pulsa o coração
Tudo parece urdir contra mim
Na lira do velho relógio carrilhão
Indago: - infeliz é minha emoção?
O ponteiro circulando diz sim
E o pêndulo balançando diz não...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/03/2021, 14’18” – Araguari, MG
paráfrase Salomão Jorge
Registro
Toda está saudade comovida
Meu relógio toca, hora a hora
É dura dor, badalada e doída
Toando solidão, ao ir embora
Como é vazia toda despedida
Incontida aflição, então, chora
Aperta a alma, se faz sentida
Soando numa privação sonora
O ponteiro marca cada sensação
E, seus minutos, tão singulares
Pulsam na cadência do coração
Ah! toada em toada, os olhares
De segundo a segundo, ilusão
Não mais há tempo de voltares!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 agosto, 2023, 13’18” – Araguari, MG
O TEMPO.
Vou pegar o tempo vou colocá-lo dentro de um relógio, dentro do tempo vou guardar várias coisas minha, vou chamá-lo de relógio do tempo, com o passar dos anos vou mostra-lo ao vento tudo aquilo que o tempo passou e não levou, são coisas que guardei para mim.
Cadência
No pêndulo
Do relógio
Fique e vai
Vai e fique
A hora o tempo atrai
Pra brincar de pique...
Luciano Spagnol
Vai e vem
O pêndulo do relógio no vai e vem
É o tempo em sua marcha
Segundos minutos horas... Vai além
Onde não se pode usar a borracha
O relógio marca
12 horas no cerrado
não sei de qual arca
só sei que estou calado
quantas mais vou precisar
pra esquecer,
e novamente ser amado?
Quem viverá vai ver!
15/05/2016, 12'00"
Cerrado goiano
Os ponteiros do relógio que levam
As boas horas do nosso bem viver
Também assinala as que elevam
E retine no tempo, pra sorte saber
SONETO EM PRECE
Chia o dia na vida afora o muro
Num barulho no seu vai e vem
Tinindo o relógio o som também
Num soar seco e deveras duro
Passa a hora e no tempo refém
As saudades, realidade e futuro
E nesta velocidade fico inseguro
Aí eu me agarro no que se tem
Parto em busca do que procuro
Nada sei e não é nenhum desdém
Pois, como cego trilho no escuro
E nesta de cair, levantar, ir além
Vou com fé e prece, então, aventuro
Assim, quem sabe, diga: Amém!
Luciano Spagnol
01 de agosto, 2016
Cerrado goiano