Poemas sobre Relógio
Já tentei parar o tempo
Tirei a bateria do relógio
Mas o tempo não parou
Já tentei voltar no tempo
Até atrasei o relógio
Mas o tempo não voltou
Já tentei estar à sua frente
Até adiantei algumas horas
Mas, percebi que tudo permanecia no mesmo lugar
Já me esforcei pra que o tempo passasse mais rápido
Já me contorci pra que ele fosse mais devagar
Mas o tempo não me atendeu
No mesmo ritmo ele caminha
Do nosso começo ao nosso final
Não adianta perder tempo
Ele não vai deixar de ser o tempo real
Aprendi que...
Querer controlar o tempo é perder o tempo de viver todas as coisas.
Mães não deveriam ter pressa nem cabelo escovado. Não deveriam usar calças brancas ou sapatos com salto. Principalmente não deveriam ter medo de chuva nem relógios de pulso.
Qualquer tipo de relógio deveria ser banido do tipo mãe, já que pra elas estes deveriam ser itens supérfluos, dispensáveis, irresponsáveis.
Pois é uma irresponsabilidade contabilizar minutos de afobamento diante da eternidade que a infância representa.
Mães não deveriam ter sono e sua fome deveria ser somente de algodão doce, pipoca e quindim.
Mães deveriam ser somente pacientes_ com casacos difíceis de abotoar, bolsos cheios de tranqueiras, paradas repetitivas para recolher objetos enigmáticos pelo caminho, cadarços desamarrados e preguiça de tomar banho.
Mães não deveriam ter obrigações oficiais ou judiciais. Seu ofício deveria ser simplesmente adivinhação, mímica, teatro de fantoches e pintura a dedo. Pra elas não deveria ser necessário manicure, depilação ou baby liss. Seu sorriso deveria ser sempre uma risada barulhenta e sua voz, um convite à fantasia.
Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio da parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.
Mário Quintana, in Caderno H
Idas e vindas
De idas e vindas
A vida me surpreende
De nada achar, retorno.
O vento me traz da mesma forma
Que me levou
Agora, mais forte.
Seguro nas asas do meu presente
E espero
Não se atrase,
O tempo tem pressa e eu também
O relógio corre sem parar
Tento alcançá-lo e não consigo
Por isso não se atrase
Tenho pressa e o tempo também.
A vida e o tempo
A vida não cabe no tempo
Temos tanto para viver
Que não cabe nos números do calendário
São tantos planos, desejos e sonhos para conquistar
Que não cabem nas horas
E nos minutos que os relógios marcam
Há tantos amigos para abraçar
Muitos sorrisos a oferecer
Conversas permeadas de risadas, para se alegrar
Vinhos para beber
Pele para acarinhar
Lugares para conhecer
Faces e bocas para beijar
Livros para ler
Eu te amo para falar
Cheiros para sentir
Músicas para cantar
Você é linda para ouvir
Pessoas para amar
E flores a ofertar
Há tanto por fazer
Porém, pouco, ou quase nada, conseguimos realizar
E ainda nos damos ao luxo
De o tempo desperdiçar
Como se essa a vida pudesse se repetir
Ou o tempo fosse se expandir
Por isso, guardemos naquela gaveta
Onde nada conseguimos recuperar
Todos os relógios e calendários
Que querem nos escravizar
E a partir de então
Não se preocupe com as horas e os dias
Muito menos com a idade
Beije, sorria, abrace
Cante, dance, viaje
Sonhe, cheire, afague
Apaixone-se, ame, se embriague
Assim, quando a “indesejada das gentes”
Vier nos encontrar
Ela não levará a nossa vida
Mas apenas um corpo
Pois a vida, nós a teremos vivido
Essa vida, que não cabe no tempo
Essa vida, que não cabe num poema
Para os almanaques
No meu relógio, de uma para outra hora,
quando o ponteiro menor sai a levar lembranças ,
passa-lhe a frente o grande, transportando intrigas
Não há como retornar ao que já não existe nem como adiantar o relógio para se chegar rapidamente ao que ainda não é.
Quando se trata de amor sempre tem um relógio fazendo tic-tac, sempre há uma contagem regressiva.
Não basta amar alguém, você precisa chegar a tempo.
Daí a eterna impaciência, e adoro ver seus olhos de rapariga rondando a enfermaria: eu, o relógio, a televisão, o celular, eu, a cama do tetraplégico, o soro, a sonda, o velho do Alzheimer, o celular, a televisão, eu, o relógio de novo, e não deu nem um minuto. Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus, para pensar no galã da novela, nas mensagens do celular, na menstruação atrasada.
O tempo está passando...
O tic-tac do relógio
faz a mente questionar...
será que nos perderemos
ou nos encontraremos pela vida?
Eu gosto do que um pai disse ao filho quando lhe deu um relógio, que havia sido repassado por gerações. Ele disse: "Eu lhe dei um mausoléu de toda esperança e desejo. Que irá atender todos seus desejos pessoais melhor do que fez por mim, ou fez pelo meu pai. Eu lhe dou, não para que lembre do tempo, mas para que se esqueça por um momento, de vez em quando, e não perca o fôlego tentando conquistá-lo."
Era o relógio de meu avô, e quando o ganhei de meu pai ele disse Estou lhe dando o mausoléu de toda a esperança e todo desejo; é extremamente provável que você o use para lograr o reducto absurdum de toda a experiência humana, que será tão pouco adaptado às suas necessidades individuais quanto foi às dele e às do pai dele. Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhum batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão dos filósofos e néscios.
O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.
Amar dói tanto que você tem vontade arrancar o coração e colocar no lugar um relógio ou uma pedra. Afinal, músculos não deveriam doer com sentimentos ou egos feridos.
A paixão é aquele êxtase momentâneo mais forte que a razão e o amor. Dura pouco no relógio, mas é infinita num coração em transe prestes a explodir pelo exagero da volúpia desvairada.
Não lembrava com precisão que horário o relógio dizia, tampouco quantos minutos ele disse. Não lembrava exatamente por quais ruas passaram. Se havia gente caminhando por elas, não viu. Os outros carros todos, ônibus, caminhões, motocicletas, apenas vultos. Não fazia a mínima ideia do número de sinais fechados que encontraram, se é que houve algum. Não viu a Lagoa, não viu o Cristo, mal recordava do Túnel, com certeza atravessado. Até mesmo do papo que aconteceu, guardava uma frase e outra, uma pergunta e outra, um bocadinho de resposta, algum silêncio. Mas lembrava com nitidez do que sentiu e contou que toda vez que lembrava instantaneamente sorria, como se vivesse de novo.
Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria: "tempus fugit..."
Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será...
O relógio devia me dar um tempo ou parar até eu me resolver.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)