37 poemas sobre o tempo para pensar na passagem dos dias
Ainda há pouco era dia.
Eu asilava na sombra
a estirpe dos antepassados.
Temia a chegada da tarde
com seus pássaros, vertigens,
cortejos, fantasmagorias.
No entanto, sem sabermos,
caminhávamos, ombro a ombro,
evitando as largas veredas.
E quando afinal a tarde desceu
entre labirintos, vales e cristais,
entrelaçamos as mãos inseguras.
Juntos, partilhamos o tempo,
reconstruindo pedra e pedra
a vida que quedou imediata.
E súbito compreendo o primeiro não:
meus frágeis pés tocaram a água fria
e vi, descidos dos retratos ovais, rostos
que entulhavam a despensa de histórias.
E súbito compreendo o primeiro não:
meus braços cingiram a madrugada
rejeitando nomes, tão pouca terra
para tão grandes desaparecimentos.
E súbito compreendo o primeiro não:
o tempo avança do agora para o anteontem.
O tempo
O tempo , passa rápido de fato
De um jeito inesperado
É um grande fardo a ser carregado
Pois é complexo e incerto
Pouco tempo , sempre vamos dizendo
E tudo ao redor vai acontecendo
Gastando-o atoa e dizendo que voa
Mas usá-la com sabedoria
Seja o ato certo , a cometer todo dia
Mas é relativo sua importância
Para outros o muito têm
Mas ninguém , o entende da mesma forma
O importante não é ter todo tempo
Pois ele passa e não volta
E o arrependimento bate na porta , por não da-lo ao outro que se importa
Como se diz a palavra sagrada
Um dia é como mil anos e mil anos é como um dia
A sua complexidade foi dita
TEMPO... perder e/ou ganhar, neste viver!
Que pena é perdermos tempo na vida;
Quando com alguém falamos, ou vivemos;
Pois perder, tal preciosa e tão querida;
É morrermos, neste viver sem vivemos!
Perdermos a noção do pouco que temos;
Neste viver tão curto que nós teremos;
É vivermos neste viver, sem morrermos;
É sonharmos, sem morrer, é renascermos!
Mas podermos ganhar alguém que perdemos;
É dobrar, nosso viver ao vivermos!...
Seja gente, seja vida que tivemos;
É o bom, que deste viver, levaremos.
Feliz quem ao viver der bom sentir;
Pois é Ser, que nem a morte vai matar;
Por em si, ter toda a vida que há-de vir!
Na saudade, por com tod@s ir ficar!
Com Carinho
A memória lê o dia
de trás para frente
acendo um poema em outro poema
como quem acende um cigarro no outro
que vestígio deixamos
do que não fizemos?
como os buracos funcionam?
somos cada vez mais jovens
nas fotografias
de trás para frente
a memória lê o dia
Já estamos todos muito velhos
As conquistas de outros tempos se acumulam
Nos caixotes de papelão e isopor
Nas malas que moram na parte de cima do armário
Vasculho papéis que perderam sua função
Fotos documentos recortes
Rostos amarelecidos em uma existência remota
Uma quase não-existência familiar
E temporal
– palavras fatos já não-meus, penso
(é preciso alçar a indiferença)
“que importa quem fala, alguém disse...”
É preciso rasgar
Estancar o sangue
Tentativa de habitar algum presente em meio ao bolor
Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,
Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,
Na rosa oblíqua de um chamado puro,
Na vastidão precária dos instantes.
Beleza
A estética é como uma fruta no dia de feira,
atrai todos os olhares e paladares que ficam
numa fissura de experimentar,
Mas no passar de um tempo, se torna apenas mais um caco de podridão.
Eu não queria esperar de joelhos
Em uma sala calada pela espera.
Uma sala onde ouvíamos a respiração
que incha, o chiado na sua garganta.
Não queria as orquídeas nem as bandejas
De comida destinadas a fortificar esse silêncio,
Nem rezar para ele ficar ou ir
Finalmente em direção àquela luz extática.
Não queria acreditar
No que acreditamos nessas salas:
Que somos abençoados, deixando partir,
Deixando alguém, qualquer alguém
Escancarar as cortinas e nos elevar
De volta para nossas claras e ofuscantes vidas.
Quando acreditávamos no submundo, enterramos tesouros para nossos mortos.
País de cães e criados, onde fantasmas com mantos costurados com ouro caminham.
Amores antigos aparecem em sonhos, ainda lívidos com cada desfeita. Mostre-os a saída,
A cama está cheia. Nossos membros se enredam no sono, mas nossas sombras caminham.
Talvez um dia será suficiente viver algumas estações e regressar às cinzas.
Sem filhos para levar nossos nomes. Sem pena. A vida será uma breve, oca caminhada.
Quanto tempo ainda resta ?
Eu não posso saber
Tudo que fazia sentido
Agora não parece fazer
Minha alma não existe
Minha essência me deixou
Tudo que aqui reside
São os cacos que restou
De quem é a culpa ?
Ninguém é culpado
Apenas eu
Por odiar não ser libertado
A liberdade tem um preço
Talvez eu tenha que pagar caro
A vontade de voar é intensa
A chance de cair é imensa
Com asas quebradas
Sinto o frescor do ar
Do alto de um penhasco
Minhas asas vão trabalhar
A última tentativa
É uma grande aposta
Talvez eu me arrependa
Vocês não vão ter a resposta
"O presente leva-nos para o futuro,
Onde os sonhos podem ser realidade.
O passado vem ao encontro do presente
E, desperta, dentro da gente,
Uma infinita saudade..."
(Maria do Socorro Domingos)
Tinha tempo
Tento caducando
Levar a vida
Lançando rima
Parei de rimar
Parei
Agora vou escrever
Sem puxar rimas
Porque esse lance de poetisar
É um lance meio doido doído de ser cupido de ficar formando pares com as palavras
Vou acabar ficando sem tempo
O teu coração está onde pode, onde você o leva.
Recite os verbos da afirmação.
Veras que a melhor forma é plural.
Nela estaremos todos.
É presente, o passado e, como no futuro.
No presente perfeito, como em todos os tempos verbais.
Se assim é, e é, caminhe conforme o Verbo.
Eu não sou, eu estou.
Como uma vela, no escuro do amanha.
O tempo não dá tempo
Quanto mais tempo você espera
O tempo vai passando
O tempo é esperto
Te deixa confuso
E de cabelo branco
O tempo que passa
O tempo que vem
O tempo que espero
Espero que o tempo
Me dê mais um tempo
Pra eu me organizar
O restante do tempo
No ser da alma
O tempo é o infinito
Está no início do fim
E no fim do início
A alma não se cansa
Até abrir a janela de seu ser
E na eternidade se encontrar
Para o céu seu coração conhecer
Em sua vasta existência fará escolhas
Amar a lua e apaixonar-se por suas fases
Ou ter a (des)ilusão de ter as estrelas para si
Não há lógica e nem ordem cronológica
Para o ser que vive é um mistério que seduz
Enquanto o que morre o desespero lhe conduz
TORMENTO
As horas passam,
Só não passa essa vontade,
Que permanece em mim.
O tempo passa,
Só não passa esse desejo,
Que insiste em ficar aqui.
Horas e tempo passam,
Vontades e desejos existem,
Cada vez maiores dentro de mim.
Horas e tempo,
Vontades e desejos,
Que me tormentam assim!
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