Poemas sobre Livros

Cerca de 3386 poemas sobre Livros

⁠Vestida de palavras
Era uma vez... (e toda vez, nas difusas da imaginação,
começa assim) um quarto, e ele guardava um espelho grande que se agarrava à parede revelando as verdades.
Do lado impertinente e absoluto, descansado sobre a cômoda, um relógio quieto, mas veloz.
Sobre a cama, derramando intensidade, um vestido vermelho
que o tempo do relógio desbotou, mas o espelho mostrava que ele tinha ainda encanto guardado em lembranças.
Hesitante, perambulando pelo quarto, a mulher ia, de um
lado, ao outro, querendo enganar o relógio, fingindo sua aparente angústia ao espelho que apreciava o vestido, e ele se incumbia de carregar sonhos.
Frente ao espelho descortinou sua nudez, sua brancura. Abriu a lateral do criado-mudo e retirou um pote de creme. Espalhou sobre sua pele para acetinar o trincado do tempo a disfarçar e enganar o espelho por minutos naquele dia.
Recolheu o vestido sobre a cama e se cobriu dele. VERMELHO corajoso ajustado em seu corpo, abraçando os parágrafos de suas curvas, sem brigar por espaço.
Olhou para o relógio, o tempo, ele sim, brigava com ela,
apertava sua alma, não a largava nem um minuto sozinha para decidir e refletir.
Enérgicas são as horas, mostram o compasso.
Ela se mirou vestida ao espelho, olhou o pote abandonado sobre a mesa de cabeceira.
Abriu a porta e saiu do seu mundo, pôs na bolsa a sua
fantasia e decidiu acima das horas, dos segundos e minutos e não enganou a si mesma.
Lembrou-se de alguma frase, riu, saboreou, se revestiu dele,
Fernando Pessoa:
“Mas eu não tenho problemas, tenho só mistérios.”
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Convivendo no meio literário, um dia eu topei com uma escritora que, quando tinha bloqueios criativos, costumava logo buscar um culpado e colocava a culpa de estar assim nas pessoas com quem convivia e conversava no momento. Fosse quem fosse. Desde amigos, novos ou velhos, inimigos e até familiares. Sem dó, nem piedade! Uma loucura! Até eu saí como culpada um dia!
O meio literário não é brincadeira, não; cruzamos com cada louco/a!... Mas também com gente muito "sã" e "sadia", de mente muito "sã" (mas que parece "sofrer" de síndrome de Münchausen, ao mesmo tempo em que parece esconder-se atrás das próprias doenças e usá-las, sempre se vitimizando no fim, sempre saindo e ficando como a vítima da história, para conseguir algo ou chegar a algum lugar!) que não aceita de boa vontade assumir os seus erros e sai culpando os próximos...
Espero sinceramente que aquela escritora com quem um dia topei tenha mudado esse jeito com o qual costumava agir!

Inserida por RoseGleize

⁠Miseráveis
E a vida passa lenta como uma procissão lagarteando à margem da vida, cheia de mulheres adornadas de preto vestidas de morte, viúvas da felicidade .
Agarradas ao terço como se fossem lembranças perdidas, murmurando frases inaudíveis, confusas numa convocação de um encontro logrado no tempo de amar.
Choram as dezenas de anos como mistérios não revelados perfurados pelo tempo.
Todos os dias são Quarta-Feira de Trevas perseguidas por homens encapuzados, carregando “seu Cristo” ferido no andor intermitente a vida inteira.
Não olham para as calçadas da existência, são o extermínio querendo chegar de costas e surpreender a infelicidade.
Algumas nunca saem da procissão, do cortejo escuro atrás de sentimentos que somente sangram.
Adoradoras do infortúnio e da miséria.
Choram sangue e caminham com a indigência, desconhecem “O Deus da Felicidade e da Fortuna”.
Não rezam, lamentam.
Jamais convocam, murmuram frases.
Não confiam, esperam acontecer.
Sempre com receio; em atrição. Deslembradas da contrição.

Inserida por RosanaFleury

⁠Nem doce,nem amargo


Na cozinha, as notícias chegavam mais depressa ao fogo ameno. As criadas afagavam, pajeavam uma geração e fraseavam o inominável. Lembro-me de suas mãos quentes alisando minhas meias e eu sonolenta, bagunçando os cabelos em cachos nas almofadas do sofá da sala de minha avó. Elas me sacudiam e diziam:
– Se não ficar inteira para a missa, não tem doce de cidra nem novela
à noite.
As missas eram sonolentas e as pessoas vestidas do “primeiro dia da semana” se espreguiçavam em minha mente até ao almoço.
Era um dia morno, não havia novelas e a circunferência dos doces era vigiada e eu me frustrava com a falta das babás.
Verdadeiramente, não precisava delas, mas elas me bendiziam de suas falas e eu, como elas queria decifrar esse desejo.
E elas sabiam das promessas, do artifício, da magia de como chegar ao altar.
E sabiam muito mais, do veneno, da nudez debaixo dos lençóis bordados com capricho em ponto cheio.
Ninguém conversava sobre “isso” e, quando perguntava, tinha resposta certa:
– Já é hora de você dormir!
Na minha imaginação nada repousava, ficava na fantasia, esta geografia indecifrável e a língua solta de minha bisavó.
– Minha filha o “it” fica debaixo das saias.
Eu levantava as minhas, debaixo as anáguas e barbatanas e achava tudo tão incrédulo.
Acordava, e a novidade do dia: não entendia como, mas a vizinha havia “pulado a cerca”. Havia um falatório metafórico na cozinha não percebia onde estava o “cerco” onde só existiam muretas.
O “it”, o charme, o magnetismo, o encanto pessoal ainda são um mistério que abrocha do ser repentinamente.
Ferver, pular, ainda pode ser afetuoso e cítrico como doce de cidra. E o descrente ainda perdura nos amores alambrados.


Livro: Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Código

Havia em você uma ética e um código que nunca decifrei
Havia alamedas em seu falar onde nunca andei

Havia sabores em seus beijos que nunca experimentei
Havia muito mais
Que nunca descortinei

Medo
Muito medo

Você não sinalizou
E me perdi

Hoje você passa
Me desconhece
E no paralelo
Desse desencontro
Vestígios

Alucinada
Inesperada
Incendiária
Inconseqüente
Eu fui
Em avançar sobre você

Não me inscrevi
Assediei
Havia exercícios
Que nunca professei
Simplesmente
Tropecei
Na ordinária declaração
Do regulamento

Abri meus braços
Meu coração
Depus minha oração
E você
Não me viu

Me desculpe
Por favor
Não se assuste
Isto passa
Com o tempo

Vira páginas
Mas repagina
Meu
Viver.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Exercício

Não posso ver
Mas posso sentir
Não posso tocar
Mas posso vibrar


Não posso falar
Mas possuo imaginação


Não posso caminhar até você
Mas posso voar até você


Não posso vociferar seu nome
Mas posso flutuar em suas palavras

Posso
Posso
Posso


Até que tudo passe
Vire outra paisagem
E nesta
Miragem
Você ainda
Me pertence.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Meu Deus

Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás

Lá ando nu
Pelas savanas
Escondo-me no capim dourado
Vestido de bicho bravo

Quero ir embora, meu Deus.
Quero ir para o meu Goiás
Ficar debaixo do sol
Manobrando meus instintos
Atento aos ruídas do dia
Beber água do absoluto Araguaia
Ficar lá só e somente

Onde nada toca insistentemente
E tudo roça levemente

Ai, meu Deus,
Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás

Onde a lua cheia
Clareia as queda d’água
E polvilha de choro
Que as avista
Quero ir embora, meu Deus.
Mergulhar à noite
Em seus grãos dourados
Sentir-me empoeirada
De ventas de todo Brasil

E neste batismo
Quero ir para o meu Goiás
Chegará planície
E nesta lonjura
Avistar a chuva
Esconder nas vielas
Cheirar outros tempos
Amainar a saudade.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Inverno Intenso

Não era verão
Mas choveu

Era inverno
E a água desceu

Não era hora
Mas agora
Aconteceu
E com a terra encharcada
O que há de se fazer?

O frio seria intenso
Com a terra molhada
Brota
Tudo brota

E eu nesse sentimento
Nesta terra sem tempo exato

Vou trocar de roupa
Viver outros sentimentos
Outros tempos
Passar
Outras horas
Até que tudo se resolva
No tempo exato
Do coração.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Espera

Você me cozinhou
Não sei dizer se
Por aflição
Ou compaixão

Cozinhou
Verbalizou
Sentiu e
Aconteceu
Do seu lado

Do meu lado
Aqueceu
Dourou sentimentos
Te esperou
Te agradou
E escorreu

Pelo meu rosto
Subscrição
Apalermada
Abalada
Assustada

Do seu rosto
Ousado

Audacioso
Arrojado
Atrevido
Abalanceado

E no tremor
Do quebra-luz
Aquém
Do subornável
No agitar dos sedimentos
Estremecimentos

Nós
Apesar de tudo
Vivemos o todo.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Saber dizer “NÃO”, vai muito além de uma adaptação na melhor forma que lhe convém para se dizer “SIM”, pois, demanda sentimento de maturidade e gratidão.

Virtudes, consideração e prudência, é o que determina a maturidade de uma pessoa para saber dizer “NÃO”!Não se diz “SIM” para gratidão . . .
“Gratidão”, se demonstra!

Inserida por AdrianoAlmeidaB

⁠Biblioteca

Entre gritos abafados
no silêncio da Babel
Pensamentos empilhados
entre sonhos de papel

Ideais catalogados
deuses, reis empoeirados
Um inferno! quase céu...

Inserida por mnora

⁠Sei de tudo que você sente(quase tudo), eu sei que tenho que te cuidar como ninguém, eu juro fazer meu melhor, cuido de você até mais que cuido de mim, as vezes julgo te amar mais do amo a mim mesma, mas também sei sair como errada
-antes você do que eu.
Posso ser alguém sem medos, posso até nem chorar,
-mas eu também minto muito bem.

Inserida por Ale_Ramos027

Estado Terminal

Com as mãos retalhadas pelo cabo da enxada,
o pai se despede do filho.

O coração cortado destino a nova cidade em busca
do canudo, o filho parte.

Sustentado pelo árduo trabalho da produção de mandioca
do pequeno sítio de seu pai.

Se aproxima a formatura, onde o desejo do pai ver seu filho
vestido de Doutor.

Dai a indiferença de seu filho que comentara na Faculdade
de que seu pai era um grande fazendeiro.

Já de regresso e Doutorado encontra seu pai no estado
terminal.

Uma massa tumoral instalou-se no corpo de seu pai,
não sendo possível salva-lo. Mesmo com a formação
acadêmica de medicina.

Inserida por harry001

⁠Uma biblioteca é o órgão que contém todos os sentimentos e emoções de uma unidade escolar, tanto nas páginas dos livros, como em toda a sua estrutura física. Estrutura abalada pelo tempo, pela chuva,pelas infiltrações e pelo descaso.
O vírus que corroeu as entranhas das paredes do coração da escola foi também cruel o suficiente para fazê-la entristecer. Chorava constantemente durante muitos invernos, às vezes encharcando livros e outros pertences,
como estantes e armários. Livros também entristecem quando é um vírus chamado descaso que invade seu
espaço e estremece suas bases atingindo sua real importância.

(Livro: Relatos do projeto de contação de histórias Estrela estrelinha -a biblioteca e a bibliotecária 2° edição)

Inserida por Cleude

⁠O livro é o melhor transporte que existe. Com ele nas mãos e nos olhos é possível viajar por lugares diferentes, conhecer histórias e culturas diversas, além de proporcionar autoconhecimento e deixar o passageiro “preparado” das mais poderosas ferramentas para se
defender das armadilhas que existem no meio do caminho
da vida.
Existem fatores que devem ser considerados por
uma auxiliar de biblioteca que tem o livro como algo sério
e ao mesmo tempo o atribui ao conceito de leveza das asas
de um pássaro.
Livros e pássaros não se dissociam ao abrir asas.
Um mediador de leitura é um elo entre alçar voo e
alcançar as nuvens. Sou uma mediadora de leitura por
amor às asas e ao voo.
Outro lugar onde livros são capazes de nos levar é o coração humano. A humanidade precisa de pessoas
dispostas a caminhar até encontrar esse caminho.
Eu encontrei e estou começando a percorrer por ele.
Isso mesmo, meu projeto é apenas o começo de uma longa jornada. Entre o primeiro passo e o pico da montanha
certamente vou encontrar pedras e espinhos.

Inserida por Cleude

⁠Desenvolver o hábito da leitura
não é um exercício somente para aqueles que
desejam ser mais intelectuais, mas a principal ferramenta usada por aqueles que desejam ser menos ignorantes.

Inserida por AlanBazilio

Há palavras que não precisa ser dita...
Há imagens que não precisa ser mostrada...
Há coisas que não se precisa fazer...
Há livros que não precisa ser lido...
Há filmes que não precisa ser assistido...
Há lugares que não se precisa ir...
Mas saber escolher é fundamental, visto que fazer escolhas é inevitável, pois quem não escolhe, escolheu mal...

Inserida por VALubas

Depois que passou doeu menos
E a faca cortante partiu
Um ferimento profundo
Doído de se ficar senil

Não pude prevenir
Estourei minha idade
E a felicidade Divergiu
Fugiu correndo da felicidade

O que ficou
Pássaro levou
Para outros ares
Longos Lírios afastados do céu

Não sei o que senti
Só sei que parti
Na direção da melodia
Entre fermatas e curtas pausas

Me apaixonei pela vida
E me acompanhei de meu amor inócuo
Um deleite que não me priva
Meu constante amor próprio

Inserida por Lupaganini

420

Mesmo distante serei sua,encarnarei minha alma a sua e terei seu pensamento, sentirei seu corpo em orações longas e me amaziarei de seus medos.Meu corpo fervera a seu prazer e serei seus delirios em frases úmidas de amor.

Lupaganini
3/11/17

Inserida por Lupaganini

418
Não tolha sua criança
Ela quer esperança
E anda sem fazer lambança
Querendo um carinho ganhar

Não agrida sua inocência
Que quer somente viver
E mesmo andando sem saber
Tenta
Tenta
sem poder escolher

Não desentenda com esse pequenino
Que mesmo sendo tão menino
Sabe do futuro
Quer ser maduro

E no vai e vem do mundo
São tantas imperfeições a corrigir
Que se pensar bem
Nem tem tempo de sorrir

Entenda hoje a criança tanto faz
Porque se tanto ela desfaz
Acabará se tornando um adulto qualquer um
E isso não é bom demanda juízo

Demanda tanta calma
Que a criança cresce sem alma
Procurando sempre a superação
E quando não se tem apoio
Vem e vai desilusão
A criança cresce sem ação

Assim sem encantamento algum
Seguem crianças tanto faz
E adultos qualquer um
Porque lá atrás
Quando não faltou o pão
Deixou-se faltar o insubstituível carinho
Aquele que abriria o caminho
E mudaria o destino
E uma criança tanto faz
Não se tornaria um adulto qualquer um jamais.

Luoaganini

Inserida por Lupaganini