Poemas sobre Água
"Sofrimento"
Essa merda de ódio
me faz caminhar na chuva
sem sentir uma gota de água
sem ouvir o vento gélido
que pelo meu ouvido passa
me faz sentar na relva
molhada por águas passadas
sem pensar em nada
sem perceber
que a minha alma
vazia estava.
E sem entender o que comigo se passava
deixei o momento se prender ao tempo
enquanto minhas lágrimas
dançavam livres
com a tempestade
que é o sofrimento.
Um dia desses...
Sol radiante, pássaros surfando ao soprar dos ventos,
água cristalina, um belo rosto se vendo no seu espelho,
linha solta, um coração ganhando o espaço,
chinelos no chão, uma rede balançando e no passar das nuvens uma Lua cheia e sorridente.
Me disseram que o azul do céu é uma ilusão
Só um reflexo da água do mar
Então o amor deve ser como o céu
Reflete o que a ele é exposto
E que bonito esse espelho do mundo
Tão doce parece esse sal
Me desligo da alma
Me desligo da raça
A raça é um gole d´água
Prefiro a rua do que uma taça
A brindar a vitória de uma desgraça
Infeliz alma que branda e joga sua lança
Não era um jogo, era um sonho de uma nova aliança
Novo frio na barriga, novo amor, novas lembranças
Não quero competir, mesmo assim me encho de esperanças
Em seus braços Gaia me pegou e em seu colo voltei a ser menino. No balançar da água me senti protegido como criança perdida após pular nos braços da Mãe. Protegido e amado você me ensina como ser bom e livre.
Obrigado, te deverei eternamente.
IDEIAS
I
Se uma pedra levitar
E do coração sair sangue
E se da pedra sair água
E sobre água nascer um lago
de sangue e água.
II
E os olhos brilham
A boca treme de desejo
O corpo geme de vontade
Os gritos
O silencio.
III
Sobre o trigo
E o sol
As pedras se levitam.
-
Jamil Cioffi Siqueira
23 de dezembro de 2013.
O verde é responsável por manter a nossa água limpa;
O verde é responsável por gerar o ar que nos dá a vida;
O verde traz ao solo fertilização, gerando a cura em nosso mundo;
Nossa terra é um presente
lugar que se vive bem
aqui o mar tem água quente
e o sertão é um harém
é fácil falar da gente
difícil é viver contente
sem ter o que o nordeste tem.
Eu e Tu
Eu nasci para ser tua
E tu ser amado meu
Sou tua fonte de água
E tu a água que me enche.
Sou a noite, e tu a brisa
Sou poesia e tu a canção
Sou o tempo e tu a vida.
Sou o amor e tu a paixão.
Sou a caça, e tu o caçador
Sou o espelho, e tu o reflexo
Sou a flor, e tu o beija flor
Sou o doce e tu o mel.
Sou o jardim e tu o jardineiro
Sou teu corpo e tu minha alma
Sou felicidade e tu minha razão
Somos juntos um só coração.
As plantas sem Água murcham.
O corpo sem a Água desidrata.
Os Rios sem Água os peixes morrem.
As nuvens sem Água não chove.
Não molha à terra para as plantas.
Não enche os mananciais para matar a cede.
Não inunda os rios para os peixes.
Assim sou eu sem você.
Só você Jesus é a minha principal fonte de água viva.
Criamos crianças sem valores e atitudes
Vivemos em mundo violento e sem cores
A água está contaminada e a terra poluída
Mas quem se preocupa?
Consumimos sem pensar, gastamos sem poder
Matamos por dinheiro, julgamos os verdadeiros
Nesta imoralidade tal,
Reinam os chulos e aguentam os pobres
Protegemos os maus e ignoramos o povo
Mas quem se preocupa?
Crianças sem juízo, idosos esquecidos
Nem a fé compreende, esta doença do ser humano
Destrói o que é belo, admira o que é desprezível
Mas quem se preocupa?
“As Últimas Considerações”
Na água escrevi para notar a minha caligrafia
E em tudo o que notei pouco fez sentido
Porque foi como se eu tivesse colocado uma venda nos meus olhos
Tentando enxergar o que nunca existiu
As ilusões me iludiram
Quando acreditei que as estrelas levitavam no céu
Quando duvidei que o brilho do sol chegaria na terra
Ideias fixistas transformando-se em conspiração
Dizem que precisamos do oxigênio para respirar
Mas dele hoje consigo escutar o som da respiração
“No meio do inverno sombrio"
Últimopensador
amar-te é como se luz
(luzindo fráguas
qual água até que fura)
morando nos teus olhos.
é dançar abraço dando
no piar de um ninho em cama
(que nos faz dançando
o chão fugindo)
pisar um céu de luz e chama
e o universo dançará à volta
(enquanto a luz for brilho
envolta no piar do ninho)
no balançar de um riso à solta
mas se tu não estiveres aqui
que farei da água
que farei com os barcos
que viajam no meu coração
e buscam as palavras
mais íntimas
nas charnecas nos baldios
e nas noites inquietas
e como hei de fabricar
o próximo inverno
se não estiveres aqui
se já não puderes contar-me
Todos os dias eu dou água a minha flor
Todos os dias eu converso com ela
Cuidar dela é um prazer enorme
Mas me doi saber que ela nunca vai me agradecer
Nem se quer saber meu nome
Mas embora minha flor não cuide de mim
Não posso evitar de cuidar dela
AMOR EM ÁGUAS TURVAS
Seu amor era rio de água corrente,
Amainava o calor no dia mais quente.
Era piscoso e atraente...
Era navegável, límpido e perene.
Suas águas eram abençoadas,
Calmas e cristalinas.
Tinha desenvoltura,
Sorriso e postura.
Samambaias à margem, alegravam o passageiro,
Cascatas, ao som de cristal
Desfilavam elegantemente no desfiladeiro.
Suas cores variavam conforme a luz do sol,
Seu olhar marcante, belo como o girassol,
Dava guarida ao amor do amante.
Pena que tudo acabou!
Suas águas não são mais perenes,
Pede socorro ao som de sirenes.
O que era piscoso ficou viscoso,
O que era doce se acabou...
Suas águas cristalinas ficaram turvas,
Seu leito foi desfeito,
Seus meandros não têm mais curvas.
Seu perfume não cheira mais jasmim,
De seu verde, não sobraram nem relva e nem capim.
A culpa pode ser minha, pode reclamar de mim,
Não cuidei do jardim, como cuida o jardineiro,
Não semeei o verde, apenas colhi o maduro.
Não cuidei das formigas, abandonei o formigueiro,
Achando que não tinha culpa, pequei pela omissão.
Élcio José Martins
Caboclo índio.
Eu,
Eu sou aquele menino índio,
Um indio sonhador,
Tomo água de coco,
Sou caboclo sinsinhor,
Nasci em uma ilha,
No arquipelago do amor,
Na minha palhoça,
Moro eu,
E comigo mora também Deus,
Tenho um cachorro vira lata,
Que de mim nunca se apartou,
Sou eu que colho os frutos,
E degusto com sabor,
Não sou assassino,
Não mato os animais,
Sou roceiro e muito trabalhador,
Sou de uma visão muito aguçada,
E carrego comigo meus trapulhos,
Sou como uma ave,
Que voa alto como condor,
Corto cipó e pulo de galho em galho,
Aqui é meu parque de diversões,
Não uso lamparina,
As estrelas cadentes me conduzem,
E o luar é meu lampião,
Tenho uma baladeira,
Para as onças espantar,
Não sou de cantar sozinho,
Pois já choro com os passarinhos,.
A floresta é meu lazer,
Quando eu vou dormir cansado,
Me estendo no relento,
Cultivo lavouras,
E a natureza me da o que preciso
Enquanto eu for um indio,
Minh'alma,
Estará sempre evoluindo....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa
"Na minha carroça carreguei água na seca e o meu trabalho para vender nas feiras toda semana”
Senhorinha Maria de Araújo (1895-1986)
Devota de Nossa Senhora do Rosário
O presente e os seus presentes
Sentir a chuva sobre o corpo, a água quente do chuveiro aquecer nosso corpo, a brisa do vento acariciando o nosso entorno, a textura dos alimentos ao se envolverem na boca, o toque do outro, o beijo, abraço, caricias, as próprias palpitações e a do outro, sentir a formação do sorriso após um beijo antes mesmo dos lábios se distanciarem... o movimento do início ao fim... Escutar o som da chuva... As ondas se chocando contra as pedras... O som da ebulição do café... O som do café ou qualquer outra bebida sendo posta sobre o recipiente... Escutar um sorriso, pássaros cantando, uma boa música... Os passos na madrugada, o tique taque do relógio, a respiração ofegante dos corpos se envolvendo na mais pura e íntima sintonia... O balançar das árvores ao vento... O sussurrar ao pé da orelha... O sabor dos alimentos, do beijo... O cheiro da terra molhada, do café pela manhã, do perfume daquele querubim, o cheiro gostoso de bebê e aqueles cheiros que marcam épocas de toda uma vida... E poder ver tudo isso e muito mais... Observar os relâmpagos, as estrelas, as labaredas de uma fogueira posta ao redor de pessoas... O por do sol... A praia com um azul esverdeado...
As trocas de olhares que dizem muito como também podem dizer nada... Tornando o momento intenso e misterioso... Viver o presente... Com início, meio e sem fim...
MINHAS PEDRINHAS DE JOÃO E MARIA
Telhas d’água cobrem casas
copas, vagas, matas.
Dos poucos vãos que restam,
réstias beijam testas.
E, no palheiro da imensidade,
continuo a procura do pássaro perdido.
Perco-me como já perdi o chão tantas vezes.
Mas ouso adiante ir, porque é busca
de uma vida...
As margaridas silvestres da beira da esteira,
semeei-as para marcar o caminho da volta.
Talvez eu retorne pelo cheiro do ouro vivo,
talvez pelo brilho das estrelas rasteiras.