Poemas que Falem de Destino ou de Vida
Trilhas do Despertar
Na alvorada, meu caminho se ergue,
Cada aurora uma página, um verbo que aflora.
Não persigas os trilhos que escolhi,
Meu destino vagueia, sem rumo definido.
Não gravarei meus passos na terra,
Sou a brisa que dança, a chuva que não molha.
Em cada partida, sou o desconhecido,
Entre sombras e luz, sou o eco perdido.
Meu caminho é uma melodia sem partitura,
Uma dança sem coreografia, uma aventura.
Não busques razões onde só há mistério,
Sou o verso que flui, o sonho sincero.
Na aurora de cada dia, eu renasço,
Um viajante do tempo, um eterno laço.
Não me prendas ao chão, pois sou o voo,
Em direção ao infinito, sou o próprio eu.
Renovação da Vida
A vida é pura renovação
Uma forma de sustentação
Nada acontece em vão
Pois renovar é necessário
Nos faz um ser extraordinário
Se não passar por essa etapa
Vai levar muito tapa na cara
Não pense que a vida é ingrata
Renovar faz parte da retomada
Isso significa ter uma vida plena
Encarar tudo de forma serena
Nessa hora os erros vão ajudar
A tomar a decisão sem remediar
Pensar que servem como lição
E não podemos usar de punição
Senão vai seguir na contra mão
E o que era pra ser renovação
Se tornará como uma maldição
Agora, se fizer para merecer
Irá em pouco tempo perceber
Que bastou seguir para ver
Acreditando que vale a pena viver.
A doce ironia... de quem pensa que sabe.
Somos passageiros da nossa própria ignorância, da nossa falsa bondade disfarçada em palavras enganosas, quando queremos sabemos e fazemos o mal. Somos ardilosos e impiedosos com nossos próprios sentimentos. Causamos mais dor muitas vezes a nós mesmos do que há outras pessoas.
A dualidade da vida, ou seja, a coexistência simultânea dos sentimentos, (bons e maus) das atitudes (caridade e avareza), tudo junto e misturado num só corpo, numa só alma. Somos a prova viva do controverso que existe do começo ao fim de nossa existência.
Nossos conflitos internos (e quem não os tem), são de tal forma avassaladores e destrutivos senão soubermos como lidar com eles. Achar as soluções e as respostas se tornam muito mais assustadoras do que o próprio problema em si. Somos o problema e somos a solução também.
Quem em seus pensamentos sobre um problema não percebeu a solução, mas por vários fatores não se atentou em reconhecer a saída. Somos a duvida e a certeza ao mesmo tempo.
Alguns pensam que são donos do seu destino, que fazem as regras e traçam seus caminhos. Pura ironia de quem nada sabe, nada vê, e nada comanda. Quem nos deu a vida foi de uma expertise fenomenal em nos dar uma falsa sensação de que tudo gira em torno de nós mesmos e que temos o controle. Eis ai a dualidade, achamos que sabemos, acreditamos nisso, mas ao mesmo tempo temos a certeza que nada sabemos.
A doce ironia é achar que temos o comando e sabemos o destino, ao mesmo tempo entender e descobrir que nada comandamos e muito menos sabemos pra onde vamos. Simples né...
BARCO À DERIVA
A vida é uma jornada incerta, repleta de altos e baixos, e às vezes, pode nos levar a lugares inesperados. É fácil se deixar levar pelo fluxo e esperar que as coisas aconteçam, mas essa não é a maneira de seguir em frente.
Há uma história de um homem que estava à deriva em seu barco e é um lembrete de que precisamos tomar as rédeas da nossa própria vida e não deixar que o acaso decida o nosso destino.
Na história, ele partiu em sua jornada com um sonho, mas conforme a vida foi passando, ele se deixou levar pela correnteza e esperou que as coisas acontecessem. Ele dormiu e quando acordou, tudo havia mudado. Ele não era mais o mesmo, o lugar não era mais o mesmo e as águas não eram mais as mesmas. Ele se perguntou onde ele estaria se não tivesse conduzido o seu próprio barco.
Infelizmente, ele se deixou levar pelo acaso e acabou se perdendo no meio do oceano. Hoje, o mar o engoliu por completo e o que restou dele está nas profundezas de seu próprio oceano. E essa história serve como um alerta para que não cometamos o mesmo erro. A vida é curta e não devemos deixá-la passar sem seguirmos nossos sonhos e metas.
Não espere que a vida faça acontecer, segure os remos e não os solte um só minuto. Não deixe que o acaso decida seu destino, você é o único responsável pela sua jornada. Então, se você ainda tem a chance, não perca tempo, pegue os remos e comece a remar em direção ao seu sonho.
O que importa é o caminho.
Que caminhos podemos tomar se nem ao menos sabemos a direção a seguir. Doce ironia do destino que nos confunde a saída com a chegada, e vice versa, mistura o princípio meio e o fim e embaralha a cabeça dos mais incautos.
Nestes caminhos, quem mais pensa que sabe é o mais perdido. Especialistas em desvendar que nada sabem sobre causa e efeito e muito menos a razão desta direção.
Caminho posto e direção definida sem nunca sabermos o porquê, como e quem definiu. Se concordamos ou não, não importa, não é relevante no contesto para que estamos inseridos.
A vida segue por caminhos que mal conhecemos e nem de longe sabemos o porquê de estarmos nele e o que realmente devemos fazer. Duvidas sempre existirão, e respostas menos ainda. A certeza de que o proposito existe e faz parte de um projeto muito maior que nossa capacidade pode compreender e saber a razão de muitas coisas.
Novos caminhos são definidos independente do que queremos ou achamos, mas sempre teremos uma dúvida.
Seguimos um destino traçado ou temos como escolher um próprio?
O que importa não é o caminho, o percurso, os desafios e os problemas que nos são impostos, o que vale é estar nele e cumprir com dedicação, obediência e principalmente com paciência aquilo que viemos fazer, sabendo ou não, compreendendo ou não. Muitas coisas não nos cabem saber ou ter conhecimento do porquê, mas entender que fazemos parte de uma grande obra que se realiza a todo momento em nossas vidas.
JORNADA DA VIDA
No dia em que
nascemos começa
uma linda jornada
chamada vida uma
jornada veloz com
destino ao fim cada
dia que vivemos é um
dia a menos nessa
jornada louca porém
maravilhosa chamada
vida buscamos tantas
coisas e no fim não
podemos levar nada
"Na linha do papel esse “trem” de poesia
Na linha de embarque, partidas
Na linha das mãos, o destino
Na linha do destino, a vida.
Na linha do horizonte, a rosa-dos-ventos
Na linha imaginária, o Equador,
Na linha do meridiano, Greenwich
Na linha do sentimento, o amor.
Na linha do bordado, a agulha
Na linha da agulha, o croché
Na linha do tempo, a arte
Na linha da arte, você."
Viviane Andrade
Essa vida é uma viagem
Num avião de passageiros
É um passeio de navio
É o zarpar de um cruzeiro
É um carro na estrada
Numa rota já traçada
Com um destino certeiro
A vida tem muitas trilhas
que temos que percorrer...
é como andar no escuro
sem saber o que vai haver.
Se pisar em um espinho,
mantenha o seu caminho
até a sorte aparecer!
Mastigação
Deixando os sonhos de lado
Com que a pouco sonhava
Por causa dum desagrado
Com o meu eu, eu brigava
Dizia então: és um danado
- eu? E assim retrucava
Amanhava tal a um arado
O coração dor transportava
Quem mais penava (coitado!)
Era o devaneio. Gritava!
Todo amarrotado
Angustiado estava!
O tanto, porém, largado
Porém pouco se levava
O ganho que for tirado
Perde. E a alma não será escrava!
E, ao fim, deste fatigado
Dilema, eu me encontrava
Com a plenitude no fado
E o resto, a poesia mastigava...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
OCASIÃO (soneto)
A coerência lá se foi tão espantada
por um tropel de vândalos da rudeza
E mesmo o depois de tanta clareza
quedam robóticos, sem mais nada...
No escarcéu disperso, contos de fada
O veras, sem exatidão, e sem defesa
expõe toda a burrice e a estranheza
do revelado na dada outra jornada...
Sobra “Inania verba”, nenhum intento
ao mourejar hercúleo do lhano cidadão.
Indiferentes, só importa o seu contento!
Mas não é meu. Se afasta da tal meta
de parceiro, de irmão, fazer a ocasião
Cria-se curvas, e não a essencial reta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PER VIVERE DI NUOVO (soneto)
Se aos iguais pesares me convidas
Com as mesmas dores dilacerantes
Para mim saudosar pelas horas idas
Na lembrança de tempos vibrantes
Não me digas nada! Já são perdidas
As recordações. Ilusões dissonantes
Desvanecidas pelas outroras vidas
E à emoção, outras razões de antes
“Per vivere di nuovo”, - o que importa!
Desatrele do passado… - vida nova!
Pois a nossa estória já trancou a porta
Amei-te! Mais que os amores tantos
E se apartado, resta está única trova
Não mais por ti evocarei meus prantos...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
OS SESSENTA (soneto)
Os sessenta anos duma alma inquieta
Cabelos brancos, a face vivida, poente
Os olhos no qual se trova inteiramente
Bagatelas, onde mora a emoção poeta
Um sonhador de sentimento profeta
De palavras que falam, inda inocente
Versos que do peito saem de repente
Docemente, em uma parição secreta
Uma determinação tão só, tão largada
Que o silêncio urge, no invento venta
A sorrir, e ou a chorar, lhe é camarada
E se na parada se senta, pouco tenta
Aquieta, numa má sorte da derrocada.
São os encantos de se ter os sessenta...
SER QUEM SOU (soneto)
Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto
E o tempo vai passando, veloz, enquanto
O pensamento recusa ser apenas um ato
Cintila. E, saudoso, o trovar é um pranto
Na solidão de ser, em um poetar abstrato
Direis agora: Incoerente e louca quimera!
Que não quero ser quem sou? Que sentido
Pois ser quem sou, deixei de ser o que era...
E eu vos direi: Amando o amor sou valeria
Pois se amei, o meu afeto não terá partido
Assim, pude ouvir e entender minha poesia
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
REMORSO II (soneto)
Às vezes, um poetar me espera
E os amores e temores infando
Me padecem, doem, até quando?
E assim, em branco vai a quimera
Inspiração, emoção, vou sufocando
N'alma, sem a doce ventura sincera
Oh! Como este gozo no poetar quisera
Mais suspirar, viver e amar trovando!
Ah! Quão dura é a vera realidade
Desespera, ao encarar a vetustez
Te traz remorso e tira a suavidade
Das paixões que deixei por talvez
Da timidez do olhar na oportunidade
E dos versos quererem só a lucidez!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/08/2019, 06'55"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
No Tempo
O tempo já não muito importa
as horas, segundos, quantos?
O que foi já não abre porta
e os sonhos, estes tantos...
O que vale é o que vem
se ainda tem, os recantos
onde a alma se sinta bem
e no ir além, terá encantos
Porém, lembre-te de amar
pois nestes acalantos
tua passagem irá marcar
cada teu minuto
teu dia, um olhar
um sorriso, teu atributo
As rugas, ah! deixe-as ter
é o fruto
de que pôde viver!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, outubro
Cerrado goiano
vida
como toda história tem parágrafos
e todo capítulo tem conteúdo e narrativas
as vírgulas, reticências e ponto final não sejam apógrafos
e sim, teor para afável leitura, essência de vida e tentativas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2016 - Cerrado goiano
Minha vida
O breve é quem dita a minha vida
A vida da minha vida tem vida peculiar
Elege chegada, permanência e partida
Pulsa na minha vida sem se importar
Vive a sorte, independente, sua linha
Sem que eu quisesse ou não quisesse, vive
A minha vida, sem vida, eu não teria vida minha
Não teria arte, dor, suspiros, cor, amor inclusive
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril de 2016 – Cerrado goiano
Além
Para além do tempo, a quimera
Para além da era, o amor
Para além da dor, a lágrima
Para além das palavras, porfia
Para além da vida, a glória
No epílogo da alma em poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio de 2017 – cerrado goiano
ECLOSÃO
Há no afeto um momento de pureza
que é o do olhar no olhar, um infinito
descobrindo ao toque toda a leveza
do querer, enamorado e tão bendito
Uma poesia d’alma e de profundeza
de dois corpos se fundindo erudito
do encontro, e de prazerosa viveza
pondo o agrado no ápice do espírito
Um mistério de força dos amantes
Cada carícia, aflitos, e amima luzidia
beijos, sensações e o desejo em laço
Porque, entre dois seres delirantes
encena um ato com a sua melodia
musicando o amor num compasso
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/12/2019 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando