Poemas de Paul Valéry

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Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade.

Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir.

Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo e o próprio conteúdo.

O número dos nossos inimigos varia na proporção do crescimento da nossa importância. Acontece o mesmo com o número dos amigos.

O que nos força a mentir é o sentimento da impossibilidade de os outros compreenderem inteiramente a nossa ação. Mesmo a mentira mais complicada é mais simples que a verdade.

Pois se o eu é odioso, amar ao próximo como a si mesmo torna-se uma atroz ironia.

A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.

Deus criou o homem e, não o achando bastante solitário, deu-lhe uma companheira para o fazer sentir melhor a sua solidão.

Convicção - Palavra que permite pôr, com a consciência tranquila, o tom da força ao serviço da incerteza.

O homem feliz é aquele que ao despertar se reencontra com prazer e se reconhece como aquele que gosta de ser.

Meditar, em filosofia, é encaminharmo-nos do conhecido para o desconhecido, e aqui defrontar o real.

Os homens distinguem-se por aquilo que mostram e assemelham-se por aquilo que escondem.

Toda a discussão reduz-se a dar ao adversário a cor de um tolo ou a figura de um canalha.

Em poesia, trata-se, antes de mais nada, de fazer música com a própria dor, a qual diretamente não importa.

O que tem sido acreditado por todos, e sempre, e em toda a parte, tem toda a probabilidade de ser falso.

A meditação é um vício solitário que cava no aborrecimento um buraco negro que a tolice vem preencher.

Só se pode chamar ciência ao conjunto de receitas que funcionam sempre. Tudo o resto é literatura.

A vaidade, grande inimiga do egoísmo, pode dar origem a todos os efeitos do amor ao próximo.

É por vezes um espinho oculto e insuportável, que temos cravado na carne, que nos torna difíceis e duros com os outros.

O estado de espírito de negação precede frequentemente a ocasião de negar. Antes que tenhas falado, se me és antipático, a minha negação está pronta, digas o que disseres – pois é a ti que eu nego.