Poemas Pássaro
Martírios do Destino
Amei-te como uma pássaro perdido no breu
Perdi-te na penumbra, tornei-me teu Orfeu
Os martírios transcrevem o meu pobre destino
Desde tua partida, esqueci-me do Divino.
Não há mais brilho no céu que me foi prometido
Mas o desejo a minha cova foi friamente proferido
A esperança- de que me vale?
O amor - este nem me fale!
O término da vida é o começo da morte
Nenhum ser mundano pode ser imortal
Eu era um ser vivo desprovido de sorte
Amar foi meu erro, meu erro fatal.
CANÁRIO DA TERRA
De repente, no quintal, uma novidade:
Pousa um pássaro que tanta beleza encerra!
Um canário da terra, mas, que em nossa terra,
Já se encontra em extinção — é a realidade!
Pois a ganância, misturada co’a maldade,
Fez do homem um caçador que a vida emperra,
Pois com gaiolas, alçapões, fez uma guerra
Capturando o cântico da liberdade!...
Oh, passarinho que me faz uma surpresa!
Parecendo um solitário na natureza,
D’onde vens? de que árvore ou de que morro?...
Há um silêncio no teu bico, um desencanto...
Por que não cantas para mim teu belo canto,
Passarinho que parece pedir socorro?!
O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA
Coitado do homem da grande cidade,
Trancado em casa por trás do portão,
Qual passarinho sem ter liberdade,
Quase vivendo em igual condição!
Os dois na prisão, cantando saudade,
Pássaro e homem no mesmo refrão;
Um por causa da humana crueldade,
O outro com medo do astuto ladrão!
Coitado do homem, nem se dá por conta
Que a liberdade ele mesmo afronta,
Mantendo o pássaro em uma prisão.
Ele, na verdade, é que está mais preso
Do que o passarinho — pobre indefeso! —
Prisioneiro sem saber a razão.
Nunca deixe de sonhar
Nunca deixe de sonhar
por que a alma é um pássaro
que precisa voar,
mesmo que suas asas
pareçam feridas
e seu olhar distante perdido
nunca deixe de sonhar.
O mar é finito
Mas sua esperança é infinita
Deus deu asas para os anjos
E com certeza ele lhe dará
asas novas também.
Um Bukowski -
Todo bom poeta tem dentro de si um Bukowski.
Mas esse Bukowski é o "Pássaro Azul" do Bukowski, dentro do Bukowski.
Meu amor
Vou lhe dizer
Quero você
Com a alegria de um pássaro
Em busca de outro verão
Haverá respostas
Se vivermos por buscá-las
Encontrará quem não viver só pela vida
Como um pássaro pequeno, que não voa ainda
Aguarda em paz
E sabe mais que todo aquele
Que não vê mistério em nada
E tem sido sempre assim...eis a graça e a lei da vida
O conflito interno, a guerra, o dia ruim
A terra embrionária...flores mortas
Que visão mais torta, que dores são essas?
E, sem pressa, estrelas
Esperando lá no céu, para poder ser lidas
Vida celular oculta, secular.
Areia do deserto
A vida, uma arquiteta paciente
Aguarda um dia a nuvem vir chover lá perto
Repletas do saber de Deus
Noite alta de profundos sonhos
Enquanto a brisa leve cruza o mar à luz da lua
Desenhando um novo mundo
Que vem lá de não sei onde
Ninguém sabe a vida e o que ela traz
A parte que te cabe é tentar perceber
A melhor maneira de vivê-la
...ou viver só por viver
Eis a graça e a lei da vida
Edson Ricardo Paiva.
... gosto de observar as coisas!
Gosto de observar os pássaros.
Gente devia ser mais pássaro.
Gente devia alcançar voo,
Gente devia assemelhar-se aos pássaros,
... gente também sabe voar,
e não o fazem porque não sentem oque sente os pássaros.
Mas devia se perceber voando, afinal não é necessário tirar os pés do chão.
O PÁSSARO
Logo ao acordar pela manhã...
Enquanto eu caminhava em meu jardim...
Um pássaro veio me falar da liberdade...
Seu canto me lembrou de tempos esquecidos...
Em eras atrás já perdidos...
E sua canção me dizia assim:
Esqueça do mundo lá fora...
Feche seus olhos e sonhe...
E tudo ficará bem...
A hora sempre é agora...
Sonhar é permitido...
Mas fazer é decisivo...
O vento vai e vem...
Um dia ele me ensinou...
O que canto para ti agora...
Viver é muito bom...
Ser grato a tudo....
E louvar ao Criador....
Ninguém existe ao acaso...
Não há fado tão cruel...
O vazio não existe...
Contemple o céu....
Se a dor hoje lhe aflige...
Vou te contar para compreender...
Toda ação, uma reação...
Dessa lei ninguém consegue fugir...
Pelas estradas e caminho que tu fores...
Tenha muito cuidado...
Em meio a fortes espinhos...
Nascem as mais belas flores...
A ilusão é uma bela dama...
Que te convida a passear...
Põe em seu coração desejos...
Em abismos vai te empurrar...
Você não tem asas como eu tenho...
Em meu ninho logo cedo...
Aprendi a voar...
O homem também voa...
Quando se põe a amar...
Após terminar sua melodia...
O pássaro partiu...
Entendi naquele dia...
Que através de um pássaro...
Um anjo em minha vida surgiu...
Sempre Deus conosco fala...
É a grande verdade...
Sabei então ouvir...
A voz da divindade...
Se em caminho dos justos andar...
Deus contigo...
Sempre estará...
Não temas...
Segue adiante...
Seja feliz...
Em novo horizonte...
Sandro Paschoal Nogueira
De Repente
.
De repente nos damos
De cara, com a cara
Na cara um do outro.
De repente o pássaro explodiu
E enfeitou o céu
De um mel de fogo.
De repente o que é já se foi
E o futuro será um passo
Além de mim.
Eu pego no hoje
Pensando no amanhã
E que se dane o passado!
De repente você fugiu,
Sumiu o povo.
E eu sou apenas um
No meio do povo.
Quero ri do povo,
Não sou o povo,
Não quero ser pouco
E de repente eu rio de mim.
De repente um muro alto
Separa a gente
E uma certa torre se inclina
Querendo cair.
Uma estátua grita:
Liberdade, liberdade
Num país da tecnologia inútil,
De guerras, de armas sem tréguas.
De repente são as contradições
Que nos há de iludir.
De repente você diz que me ama
Numa cama que não é minha.
De repente as coisas acontecem
E se eu pudesse
Nada seria, nada teria
E eu não existiria
E ninguém morreria,
Viveria sem estar aqui.
De repente o de repente
Seria planejado
E nada sairia errado
E todo mundo podia dormir.
Simplesmente voava,
como pássaro,
abraçada em seu mistério,
aterrissando em algum galho,
sentindo o perfume do verde
e o roçar das folhas,
flores dançavam ao vento
e ali bem escondida,
sem lamentos,
assistia o espetáculo de uma quimera
nada poderia interromper aquilo,
o coração e os olhos presos
à espreita , dócil fera,
que em seu interior
alguns pedidos em preces fazia,
que a estação nunca acabasse,
que tudo fosse sempre assim,
um voo, um carinho, um pensamento,
que a primavera finalmente
trouxesse quem amava
até ela...
Um pássaro sem asas
Enclausurado em uma jaula
Ainda precisa crescer
Ainda precisa se desenvolver
Para um dia voar
E enfim se libertar
MEU PÁSSARO
Tenho um pássaro no peito
que não sabe nem cantar...
Mas que fica cochichando
poesias sem parar
Eita pássaro intrigante
que eu nem sei a sua cor,
imagino as vezes branco
ou um pássaro marrom...
Sei que ele é um segredo
que aparece sem dizer
Nunca sei se ele dorme
ou se vive a escrever...
Muitas vezes me alivia
da tristeza e da dor
Dá bicadas no meu peito
e me pede por favor...
Pra eu ter muita fé na vida
não pensar em desistir
Nas tempestades me ensina
que o remédio é sorrir
Esse pássaro inquilino
me aquieta o coração
Mesmo sem ele cantar
imagino sua canção
Suas penas me envolvem
e me dão a impressão
Que esse pássaro amigo
me salvou da solidão...
Tenho um pássaro no peito
que não sei o que ali faz
Mas peço a papai do céu
pra dali não sair mais...
E depois me arrependo
me achando um egoísta
Pois o pássaro merece
ser livre por toda a vida.
Então fecho os meus olhos
e abro bem meu coração
Pra que ele possa voar
e viver um sonho bom
E ele sai assim tão rápido
que eu nem noto a sua cor
Nunca sei se ele é branco
ou um pássaro marrom...
Acontece que ele volta
Entra sem eu perceber
E de repente me acorda
me pedindo pra escrever...
Eita pássaro misterioso...
EXCESSIVO PÁSSARO
Existe em mim uma carência que se renega quando encarada, faz da fuga uma jornada; um bocado de entorpecentes astrológicos. Língua solta em escrita-queixosa. Piada, piada, piada.
(Sol Sagitário-Capricórnio/asc. Câncer/ Lua em Áries/Vênus, Mercúrio, nod. Norte em Sagitário)
Por excesso de inteligência/lúdico/criatividade as transformações ganham justificativas ou são quantificadas no meu paradoxo. Sustento há pouco tempo essa teoria. Muitos dias de terapia frente ao espelho! - não necessariamente Narciso vi. Aliás, quis ver.
Qualquer emoção eu cegamente sei nome y origem. Amo sem receita. Muitas justificativas que dei [pra mim mesmo] tornaram-se poemas. Algumas composições são meramente fantasias-reais. Perceba eu justificando. Perceba-me poetizando.
Tenho muito apreço pelo uso de hífen. Ensinam-me à tudo separar.
Falar no/do passado me estanha a saudade. Mistura de tesão, drama, banzo, verdade. Medito peridiocamente. Tomo banho de Anil. Acendo vela com copo de água. Uso guia. Presenteio com búzio. Rezo Ave Maria. Vejo Oxum.
Não é bem "pássaro" a metáfora biográfica. Piava! Oito e Oitenta. Infinito. Hipócrita. Aprendiz.
Quando demoro em alguma casa, logo penso na finitude. Defendo o aluguel, sou quem esbraveja o neoliberalismo do arbítrio. Já acordei em muitas casas. Em termos de moradia, mudei poucas vezes. Por ter muitas relações, acho que posso fazer escola dos relacionamentos. Até posso, mas inclino à autoestima ou excesso de segurança - acabo vasto na solitude. Fico pouco tempo porquê aro e mexo em Terra, construo logo outra casa...viro cidade: mapa astral.
Junto!
PÁSSARO GOTA-GOTA
portar um tempo pra repouso
a tolerância ao estático
sustentar o aqui-agora
parece quase um obstáculo
o bicho pássaro
desconhece a demora
virou um outono sem urro
asa delta sem vento
misturou-se à indiferença
conheceu Canário-da-terra
um pintassilgo
uma rolinha
dizem que nós vamos voltar
y há rejeito à extinção
esvoaça teu cabelo
espécie de liberdade
mar que conhece o chão
chamasse pra conversar
piou, ruminou, cantou MPB
fez festa/faz festa
dançou ijexá em minha BOCA
foi-se embora com espelhos
(também gosto
presença
gota
em
gota)
Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões.
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratórios
E das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mãos.
Pássaro Preto
Logo cedo ouvia seu canto
uma triste melodia
parecia alguém em prantos
um sentimento de melancolia.
Pássaro preto, preso em uma gaiola
já nasceste na prisão
refém do capricho humano
não conheceu o voo livre
nem o balançar dos galhos de uma árvore.
Olhava o céu e os pássaros livres
e sonhava estar naquele espaço azul
dez anos se passaram
e o capricho humano
lhe arrancou de sua rotina
não podia mais ver o céu azul
nem os livres vizinhos de penas
que o visitava
Deprimiu-se
desistiu
sonhou
e agora voou
porque a morte o levou.
AH! O AMOR...
Ah! O amor
Que nos dá asas
Para voar como pássaro
Nos dá força
Ou então fraqueza
Nos dá eloquência
Ou trava a língua
Nos faz heróis
Ou simples escravos