Poemas para quem Partiu dessa Vida

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A vida é uma coisa muito complicada. E toda a questão de ser ou de não ser consiste em encontrar-se nesta confusão.

Talvez amar alguém seja o único ponto de partida para tornar nossa a nossa vida.

O instante só tem um lugar estreito entre a esperança e o desgosto, e esse é o lugar da vida.

A maioria dos biógrafos empenha-se em explicar a obra a partir da vida, quando o correto é exatamente o contrário: trata-se de explicar a vida a partir da obra.

Se ficarmos reparando os defeitos das outras pessoas nunca iremos participar da vida, pois vamos nos contentar com as nossas desculpas.

Não sei como é a vida de um patife, nunca o fui; mas de a de um homem honesto é abominável.

O bem-estar na vida obtém-se com o aperfeiçoamento da convivência entre os homens.

Considera como maior infâmia preferir a vida à honra / e por amor àquela, perder a razão de viver.

A aurora do amor é a quadra de devaneios e fantasias, em que a vida do coração principia e exerce sobre nós o seu mágico influxo.

A vida, quando é miserável, custa a suportar; se é feliz, é horrível perdê-la. Uma coisa equivale à outra.

Nós não o conhecemos, mas sentimos: existe um irmão barco para a nossa vida que leva uma rota completamente diferente.

O prazer do amor dura apenas um instante, os desgostos do amor duram toda a vida.

O material da vida não é a estabilidade e a harmonia quieta, mas a luta permanente entre os contrários.

Vive cada dia como se tivesses vivido a vida inteira visando justamente àquele dia.

Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, por que a abreviamos com os nossos vícios?

Você não conseguirá acrescentar uma única hora ao curso da sua vida por andar tão ansioso.

Se considero quanto me custa a ideia de deixar a vida, devo ter sido mais feliz do que pensava.

Com os seres vivos, parece que a natureza se exercita no artificialismo. A vida destila e filtra.

A vida é fictícia, as palavras perdem a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar. Estamos aqui como peixes num aquário. E sentindo que há outra vida ao nosso lado, vamos até à cova sem dar por ela. Estamos aqui a matar o tempo.

Sê alegre apenas depois de dares a volta à vida toda. E regressares então a uma flor, ao sol num muro, a um verme no chão. A profunda alegria não é a do começo mas a do fim.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001